Translater,O Tradutor escreveu: ↑09 Jan 2020, 11:51Isso o certo. Mais se somar os trabalhos por fora da p aumentar. Mas ainda sim e muito pouco. o colega conseguia fazer mais de 30 k por mês aqui ? Empresário?
Estive pensando mais profundamente sobre sua colocação... São caminhos e escolhas diferentes estes que trilhamos você e eu em nossas carreiras.
Imagino que você tenha férias, décimo terceiro, seguro, horário para entrar, horário para sair, possa tirar licenças, se estiver doente pode ir ao médico, etc. Presumo que você tenha um algo grau de segurança sobre se seu salário (seja este qual for) irá estar tal dia na conta. Você pode, em casa, controlar apenas suas despesas pessoais e familiares.
Minha vida é diferente. Trabalho para mim desde os 20 anos. Tenho 39. São 19 anos sem férias, sem horário e sem segurança financeira ou cobertura trabalhista. Há dias em que estou tranquilo, que trabalho três ou quatro horas e passo o resto do tempo passeando de moto, indo ao cinema ou fazendo TDs. Porém há domingos em que tenho que trabalhar 16 horas. Já sofri um burnout sério, o que me levou a mudar totalmente de ramo. Quando as coisas vão bem eu ganho sim muito bem. E preciso guardar parte desta renda para cobrir momentos menos favoráveis. Antes de pagar as contas da minha casa eu pago funcionários, fornecedores, impostos, materiais de consumo, etc. Se sobrar, eu ganho algo. Se não sobrar, eu tenho que tirar da minha reserva para cobrir. E some-se a isto o risco jurídico de ser empresário num país beeem complicado.
Quando tudo dá certo o bônus vale sim muito a pena. E me esforço ao máximo para que tudo dê certo. Mesmo sendo um profissional com disposição, formação e preparo muito acima da média dos brasileiros, me deparo vez em quando com situações que fogem ao meu controle e que constituem ônus imprevistos. O crash de 2015 foi um momento que, olhando para trás, poderia ter me afetado muito mais, mas ainda assim foi muito difícil. Minha vida mudou totalmente. Sofri um burnout e no dia seguinte estava iniciando um novo negócio - não tenho para quem pedir folga ou licença, se eu não fizer, não há quem faça. 2016 e 2017 foram anos bem complicados. Cheguei a trabalhar 16 horas ao dia por 120 dias ininterruptos sem trazer nenhum centavo para minha casa. Em 2018 a coisa começou a tomar forma e em 2019 parece que houve uma consolidação e já me permitiu alguma renda - próximo dos USD 40 mil/ano mencionados pelo outro colega. O ritmo de trabalho continua forte, mas já tenho uma equipe minimamente funcional que me auxilia e ganha por isso. No ritmo em que está, acho que em 2021 recomponho minha renda e depois, espero, que a coisa melhore ainda mais.
Você pode sim ponderar sobre o quanto entendo ser uma renda satisfatória, sobre o quanto ganhei e sobre o quanto espero ganhar. Mas pondere também sobre o quanto é necessário criar, trabalhar e construir para permitir isto, sobre os riscos e investimentos demandados. Já passei muitos anos ganhando bem, mas também já investi bastante e sem nenhuma garantia de retorno.
O fato que busco é o patamar quando o negócio se torna capaz de andar sem que eu mesmo precise estar envolvido em todos os processos. Já vivi muitos anos nesta situação e sim, minha vida era muito boa. Eu trabalhava seis horas por dia, normalmente em questões estratégicas, comia muito bem fora todos os dias, fazia TDs de luxo sempre que queria, viajava de moto com os amigos... Porém antes desta fase houve, como há hoje, um momento de construção. Espero em até três anos retomar esta rotina, contudo sem construir esta realidade bloco a bloco, ela não se fará presente.
Vale a pena? Este é um ponto que com frequência me pego questionando. Quando em vôo de cruzeiro a resposta é simples: vale muito. Porém nos momentos de turbulência bate sim o desespero e a vontade de buscar um emprego onde haja segurança. No ano passado eu contratei uma consultoria de colocação profissional e me arrumaram algumas ótimas oportunidades. Rendas entre R$ 15 mil e R$ 25 mil/mês, mas eu teria que assumir buchas de outros, lidar com estruturas engessadas e também trabalharia muito. Pensei, pensei... e resolvi ficar com meu negócio que, nesta fase, me dá menos, mas que muito em breve, poderá me dar muito mais. Em dois ou três anos é possível transformar uma iniciativa! Você sai da ideia para a realização e segue ganhando a partir dai. Quanto tempo alguém precisa trabalhar para outro para ver o salário aumentar cinco ou dez vezes?
São situações diferentes. Não vejo certo ou errado. Muitas vezes invejo quem tem segurança ou rotina mais previsível. Meu mundo, quando tudo está caminhando, pode ser incrível, mas também é volátil. Você pode viver um dia-a-dia mais contado, mas não precisa de quatro ansiolíticos.