Esta história é, para mim, a mais triste pois ocorreu com meu pai... Vamos lá!
Meu pai se formou geólogo na Universidade Federal do Rio de Janeiro no início dos anos 1960. Segundo meu tio, naquele ano o Brasil formou apenas TRÊS geólogos. Meu pai, recém casado, aos vinte e poucos anos foi disputado a tapa e escolheu trabalhar numa empresa que prospectava minérios na região da amazônia ganhando, em dinheiro de hoje, o equivalente e R$ 600 mil/ano.
Ao que parece meu pai ficou pouco tempo no trabalho. Segundo quem conviveu com ele na época, ele curtia muito a vida de aventura e exploração na floresta, mas minha mãe não topava a vida numa cidadezinha de merda no meio da floresta e o fez abandonar o emprego. Ao que parece ninguém ponderou que com a renda que o sujeito tinha seria muito mais do que suficiente para manter duas casas, uma em Rio ou SP e outra sabe-se lá onde no meio do nada. A primeira oportunidade de ouro foi perdida.
Como a escassez de técnicos persistia, meu pai foi convidade a trabalhar numa empresa europeia que prospectava minérios no Brasil. Os ganhos eram similares a oportunidade anterior e o cara ainda iria viajar muito, mas ficaria baseado em SP. O problema? Parte das informações da empresa chegava em francês e parece que meu pai se negava a aprender a falar francês. A segunda oportunidade de ouro foi perdida.
Como a escassez de técnicos persistia, meu pai foi convidade a trabalhar numa empresa europeia que prospectava minérios no Brasil. Os ganhos eram similares a oportunidade anterior e o cara ainda iria viajar muito, mas ficaria baseado em SP. O problema? Parte das informações da empresa chegava em francês e parece que meu pai se negava a aprender a falar francês. Pediu as contas pois considerava "um absurdo este negócio de aprender francês". A segunda oportunidade de ouro foi perdida.
E assim passaram os anos... no total QUATRO oportunidades de ouro foram perdidas por BESTEIRA E ESTUPIDEZ. O cara tinha TRÊS FILHOS e nunca se preocupou em construir segurança para a família. Minha mãe, retardada, não ajudou em nada...
Ao final dos anos 1970 o Brasil já formava mais técnicos e estes salários malucos já não eram mais realidade. Ao inves de passar quinze anos juntando e investindo, o sujeito passou este tempo criando picuinha onde não havia. Se achava a última bolacha do pacote... mas, agora, havia bolacha de sobra.
Então meu pai resolveu empreender com terras raras (neste ponto, foi visionário!). Montou todo um plano e levou para uma empresa europeia indicada por um amigo próximo. Esta empresa comprou a ideia e topou encomendar um volume imenso de produtos, pagando sinal que seria suficiente para iniciar as operações. O que o sujeito fez? Literalmente terceirizou o negócio para um picareta, foi passado para trás e teve que devolver a grana para os gringos. Em valores de hoje, cerca R$ 1 milhão. Não é tanto assim... Enfim, perdeu a QUINTA oportunidade de ouro da vida.
Quem socorreu a família foi meu avô, pai de minha mãe, que deu força para as despesas da casa e dos, agora, quatro filhos. Daí em diante o nome de meu pai foi para lama... Aí veio divórcio, distanciamento de todos, penhora de tudo etc, etc...
Meu pai passou 20 anos em empregos simples e mais 20 anos vivendo quase em condição de rua. Esta última foi a fase lunática. O velho - LITERALMENTE - traçava planos para encontrar os ETs que supostamente viviam na Terra Oca cuja entrada ficava na Amazonia...
Rabugento, ranzinda e ainda se achando última bolacha do pacote. Não fosse meu irmão, meu pai teria vivido os últimos anos como morador de rua. Morreu sozinho, aos oitenta e poucos anos vítima de uma explosão - o velho fumava como uma chaminé, mesmo tendo perdido um pulmão para o câncer, bebia e usava balão de oxigênio. Todos sabiam que, eventualmente, entre um gole e um trago, o oxigênio iria explodir. Dito e feito... O velho virou uma dose e ascendeu um cigarro enquanto inspirava oxigênio. A chama do isqueiro derretei parte do tubo plástico do respirador e BUM!