Belezinha isso, não fosse o fato de tanto a Presidente quanto o Ministro Brito terem desmentido categoricamente em notas oficiais que esta coversa tenha ocorrido do jeito que o jornal noticiou.oGuto escreveu: Em relação a ingenuidade, seria interessante, então, saber o porquê dessa avalição da presidente Dilma e dessa declaração do líder do PT na Câmara (já que basta um chá de camomila):
Vera Rosa e Tânia Monteiro, de O Estado de S. Paulo
Preocupada com o acirramento dos ânimos às vésperas do julgamento do mensalão, a presidente Dilma Rousseff disse que o governo não entrará na briga entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.
Dilma avalia que a situação é perigosa, tem potencial de estrago que beira a crise institucional nas relações entre Executivo e Judiciário, e transmitiu esse recado na conversa mantida nesta terça-feira, 29, com o presidente do STF, Ayres Britto. O encontro durou uma hora e dez minutos, no Planalto.
Curioso seria sabe quem foi que repassou a conversa pro jornal... Ou seja, ou o jornal ou alguém que falou a este inventou ou então um ministro do STF e a Presidente da República são mentirosos.
Plausível? Mas me diga, o que exatamente o Gilmar poderia fazer? Ele não é presidente do supremo, pra mandar em nada, não é relator da ação, não é revisor desta. Que poder ele tem? E porque Lula não iria até os ministros que ele mesmo indicou? Alguns são até seus amigos! Pra que diabos ele iria até o Gilmar? Bastava ir nestes com quem ele tem mais trânsito. Muitos até defenderam ele nessa história, dizendo que Lula nunca falou deste assunto com eles. Será que não falou mesmo? Se falou, estes o protegeram. Com tantos outros fazendo isso, pra que diabos ele iria até o Gilmar? Seria só mais um, um desafeto dele que teria a maior possibilidade de melar a coisa e Lula não teria muita chance de ganhar nada com isso! Onde é que está a plausibilidade disso tudo??oGuto escreveu:Mas, como do outro lado está alguém como o Gilmar Mendes, pior ainda, visto que é isso que cria a mínima possibilidade de realmente ter se tentado avançar sobre o STF.
Ou seja, se o Lula quisesse fazer o que fez, seria somente em cima de quem, porventura, tivesse algo a temer.
O que torna muito plausível essa estória toda.
No mais a imprensa continua agindo de forma linda nessa história...
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... dro-fortes
Análise de um factoide, por Leandro Fortes
Enviado por luisnassif, qua, 30/05/2012 - 20:58
Comentário de Leandro Fortes a respeito de matéria da Folha sobre Lula (a matéria está logo abaixo do comentário)...................................................................
"Minha humilde contribuição de professor às aulas do cursinho de trainee da Folha de S.Paulo.
1) Na manchete, assim como no lead (primeiro parágrafo do texto jornalístico), lê-se "membros do governo" e "integrantes do governo" unidos numa certa avaliação resumida em um "tiro no pé";
2) Ao se ler a referida reportagem, contudo, percebe-se que os tais "membros" e "integrantes" se resumem a uma declaração em off, entre aspas, onde se lê: "Quem vai ter coragem de segurar o processo [do mensalão] agora?'', questiona UM INTERLOCUTOR do Planalto.
3) Também na reportagem somos informados que a informação primária vem da coluna "Painel", da Folha, assinada pela jornalista Vera Magalhães. Então, algumas considerações para discussão em sala de aula:
- A manipulação da informação por meio de manchetes desconectadas do texto, apesar de ser um recurso antigo, é uma canalhice fora de moda. Com a internet e as redes sociais, essa estratégia cai sempre no ridículo. Não façam.
- Muita gente usa, mas evite lançar mão de aspas em off. Quase sempre é um recurso de repórteres sem escrúpulos e/ou preguiçosos para inventar frases que, normalmente, eles não conseguiriam arrancar de ninguém.
- Vera Magalhães é esposa de Otávio Cabral, um dos autores da reportagem da Veja sobre o encontro de Lula e Gilmar Mendes na casa de Nelson Jobim. Nesse caso, creio, deveria se declarar impedida de produzir notas sobre a matéria do marido.
Grato pela atenção."
__________________________________________________________________________
Membros do governo avaliam que atitude de Lula foi 'tiro no pé'
Integrantes do governo sustentam que o voluntarismo do ex-presidente Lula com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes acabou virando um tiro no pé.
"Quem vai ter coragem de segurar o processo [do mensalão] agora?'', questiona um interlocutor do Planalto.
A informação é do "Painel", editado por Vera Magalhães e publicado na edição desta quarta-feira da Folha (a íntegra da coluna está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Gilmar Mendes diz ser alvo de 'intrigas' por parte de Lula
Presidente do PT associa Mendes a suposta manobra contra Lula
Procurador vai enviar caso de Lula para primeira instância
Lula diz estar 'indignado' com notícia sobre reunião com ministro
Réus do mensalão já haviam ficado perplexos e furiosos com o que consideram descuido de Lula.
Ontem, declarações de Mendes elevaram o tom de seu confronto com Lula, iniciado no fim de semana com a revelação pela revista "Veja" de um encontro que eles tiveram em abril no escritório do ex-ministro do STF Nelson Jobim.
O ministro afirmou que Lula fomentou intrigas contra ele para constranger o tribunal e tentar "melar" o julgamento previsto para ocorrer neste ano.
Mendes disse que Lula agiu como uma "central de divulgação" de informações sobre sua ligação com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) e o empresário Carlos Cachoeira, acusado de chefiar um esquema de corrupção.
"O objetivo era melar o julgamento do mensalão", afirmou Mendes, ao chegar para uma sessão do STF. "Dizer que o Judiciário está envolvido numa rede de corrupção."
Segundo o ministro, o ex-presidente disse que o julgamento do mensalão deveria ser adiado para depois das eleições deste ano e sugeriu que poderia garantir proteção na CPI que investiga Cachoeira.
Em nota na segunda-feira, Lula se disse "indignado" com a versão de Mendes, que não foi corroborada por Jobim. A assessoria do ex-presidente disse ontem que não se manifestaria sobre as novas declarações de Mendes.
O ministro do STF disse que as pressões para que o julgamento do mensalão seja adiado seguem uma "lógica burra, irresponsável, imbecil" e voltou a defender a realização do julgamento ainda neste semestre. "Nós vamos ficar desmoralizados se não o fizermos", afirmou.
Lula chegou ontem a Brasília e se encontra hoje com a presidente Dilma Rousseff.
E o Gilmar, não parou de fazer comentários que ficam cada vez mais esquisistos. E a cada comentário, todo mundo desemente o sujeito. Deve ser uma grande conspiração contra ele. Só que além disso, ele mesmo se contradisse em mais de uma vez:
Agora, Mendes insinua que Jobim também tentou pressioná-lo
http://www.cartacapital.com.br/politica ... ssiona-lo/
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... u-hospicio
Supremo: circo ou hospício?
Luis Nassif
Nem Machado de Assis escreveria roteiro tão insólito.
Um Ministro do Supremo Tribunal Federal enlouquece. Passa a distribuir declarações cada vez mais alucinadas, trasformando o Supremo em circo ou hospício. O presidente do STF nada faz, porque é um poeta apartado das coisas vãs do mundo real.
Os demais Ministros percebem estar convivendo com um louco, mas não querem se meter na questão, porque loucos são imprevisíveis. E se o louco se volta contra eles? E se o louco convoca seu "personal aaponga"? Cada qual trata de se debruçar sobre seus próprios processos e ignorar o Ministro louco.
Sem saber o que fazer com o louco, o reino continua sua vida normal, fingindo que não existe o Ministro louco que desmoraliza o Supremo. De tempos em tempos, colunistas com dificuldade para preencher sua cota de notas, entrevista o Ministro louco. Ele dá uma declaração louca envolvendo algum colega.
No dia seguinte, burocraticamente os jornais procuram o colega que desmente a nota.
E o reino vai tocando sua vida, procurando ignorar que existe um Ministro louco na mais alta corte.
Só no dia em que o surto se tornar irreversível e o Ministro sair carregado em camisa de força o Supremo tomará alguma atitude.
O Estado de São Paulo
Fux contradiz Mendes e diz que nunca foi extorquido por petistas
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou ontem que nunca sofreu nenhum tipo de extorsão ou foi pressionado por petistas por causa do julgamento do mensalão, que deve se iniciar em 1.º de agosto. Ontem, nota publicada na coluna Panorama Político, do jornal O Globo, atribuiu ao ministro Gilmar Mendes a informação sobre a extorsão.
"Fascistas". "É coisa de canalha, de gângster mesmo. Passar isso (conteúdo de escutas) para mídia é coisa de fascistas. Eles (os petistas) estavam extorquindo o Toffoli e o Fux, oprimindo os dois. Estou indignado com essa estória de Berlim. Não vamos tratar como normal o que não é normal. Estamos lidando com bandidos", teria dito Mendes. Procurado pelo Estado, ele não quis se manifestar. O ministro Dias Toffolli estava em viagem.
http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... _para_tras
As 1001 versõesFolheando para trás
Por Luciano Martins Costa em 02/06/2012 na edição 696
O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes desapareceu das primeiras páginas dos jornais na sexta-feira (1/6). Folheando a semana para trás, o leitor atento há de ficar atônito. Nem mesmo o ingresso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na polêmica criada com a acusação de Mendes, de que se sentiu chantageado pelo ex-presidente Lula da Silva, foi suficiente para manter aceso o interesse da imprensa no acontecimento bizarro.
Então tudo aquilo não tinha o menor sentido? Onde foi parar, de repente, a absoluta credibilidade do ministro da Suprema Corte?
Em lugar das manchetes ruidosas, os jornais publicam sobre o assunto, além de uma frase de FHC, dita durante palestra a empresários na China, apenas uma declaração de Lula, feita em entrevista a um programa popular de televisão, segundo a qual “quem inventou a história que prove”. Aquilo que era manchete desde a segunda-feira, a partir de uma declaração de Gilmar Mendes à revista Veja, se desvanece no ar.
Os jornais teriam se convencido, de uma hora para outra, de que o ministro da Suprema Corte mentiu, exagerou, equivocou-se? Essa possibilidade transparece no editorial publicado nesta sexta-feira pela Folha de S. Paulo, no qual há uma clara condenação da atitude de Gilmar Mendes.
Criticando genericamente alguns episódios que provocaram crises no Supremo Tribunal Federal ao longo da última década, o jornal paulista afirma que a reunião cujo teor suscitou a controvérsia da semana foi uma impropriedade cometida pelos três protagonistas: o ex-presidente Lula da Silva, o ministro do STF Gilmar Mendes e o ex-ministro Nelson Jobim, anfitrião do encontro.
Mas as palavras mais pesadas caem do lado de Gilmar Mendes: o jornal pondera que ele não deveria ter buscado essa exposição, “em face da conjuntura politicamente aquecida pela vizinhança da CPI do caso Cachoeira, centrada na figura de um senador com quem o ministro Gilmar mantinha relacionamento próximo o bastante para aceitar caronas de avião”.
O que a Folha está declarando, implicitamente, é que o ministro do Supremo Tribunal Federal tem explicações a dar sobre suas relações diretas ou indiretas com o bicheiro e que o entrevero que provocou ao acusar o ex-presidente Lula não o exime dessa responsabilidade.
O jogo virou
Não se pode adivinhar o que a Folha tem em seus arquivos que possa comprometer um ministro do Supremo Tribunal Federal e se sua direção vai ou não autorizar a publicação. Mas, a julgar pelo tom do editorial, pode-se afirmar que essa decisão saiu das mãos do editor de Política do jornal, se é que ele algum dia teve autonomia para tratar desse tipo de assunto.
Como afirmou este observador durante a semana, trata-se de mais um episódio patético que começa em crise e termina em anedota (ver aqui e aqui). Mas, ao contrário de alguns casos anteriores, a imprensa não pode agora simplesmente virar as costas e fingir que nada aconteceu.
O ministro Gilmar Mendes colecionou desafetos em número e valor suficientes dentro do próprio Supremo Tribunal Federal para poder escapar da “insinuação escrachada” no editorial da Folha de S. Paulo sobre suas relações com o senador Demóstenes Torres.
Observe agora o leitor a mudança de rumo na lógica do episódio: se de fato o ex-presidente Lula da Silva tentou negociar um adiamento no julgamento do caso chamado “mensalão” em troca de blindar o ministro do Supremo com relação ao caso Demóstenes-Cachoeira, a própria imprensa tratou de romper o véu e acusar diretamente o ministro Gilmar Mendes – não em declarações de terceiros, mas em editorial! – de manter com o senador acusado “relacionamento próximo o suficiente para aceitar caronas de avião”. Se houve, como disse o ministro do STF, uma chantagem para mantê-lo fora do caso Demóstenes-Cachoeira, o episódio acaba por lança-lo diretamente no fogo.
Virado o jogo, o que fazer, então, dos dias anteriores, que o leitor revisita quando resolve folhear os jornais para trás? Onde foram parar todas aquelas fichas apostadas na versão do ministro, agora que o seu movimento acaba por colocá-lo oficialmente entre os suspeitos de “relacionamento inapropriado” com alguém que é acusado de corrupção, formação de quadrilha e outras delinquências?
Já não se trata agora da credibilidade da imprensa, mas do respeito que se deve à Suprema Corte de Justiça.
http://www.cartacapital.com.br/destaque ... /?autor=28
Até editorial do Estadão desenca o Ministro:
Para o bem do Supremo
http://www.estadao.com.br/noticias/impr ... 0287,0.htm
http://www.jb.com.br/coisas-da-politica ... o-supremo/
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... -de-gilmarGilmar Mendes não é o Supremo
Jornal do Brasil
Mauro Santayana
Engana-se o senhor Gilmar Mendes, quando denuncia uma articulação conspiratória contra o Supremo Tribunal Federal, nas suspeitas correntes de que ele, Gilmar, se encontra envolvido nas penumbrosas relações do senador Demóstenes Torres com o crime organizado em Goiás.
A articulação conspiratória contra o Supremo partiu de Fernando Henrique Cardoso, quando indicou o seu nome para o mais alto tribunal da República ao Senado Federal, e usou de todo o rolo compressor do Poder Executivo, a fim de obter a aprovação. Registre-se que houve 15 manifestações contrárias, a mais elevada rejeição em votações para o STF nos anais do Senado.
Com todo o respeito pelos títulos acadêmicos que o candidato ostentava — e não eram tão numerosos, nem tão importantes assim — o senhor Gilmar Mendes não trazia, de sua experiência de vida, recomendações maiores. Servira ao senhor Fernando Collor, na Secretaria da Presidência, e talvez não tenha tido tempo, ou interesse, de advertir o presidente das previsíveis dificuldades que viriam do comportamento de auxiliares como PC Farias.
Afastado do Planalto durante o mandato de Itamar, o senhor Gilmar Mendes a ele retornou, como advogado-geral da União de Fernando Henrique Cardoso. Com a aposentadoria do ministro Néri da Silveira, Fernando Henrique o levou ao Supremo. No mesmo dia em que foi sabatinado, o jurista Dalmo Dallari advertiu que, se Gilmar chegasse ao Supremo, estariam “correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional”. Pelo que estamos vendo, Dallari tinha toda a razão.
"O STF deve julgar, como se espera, o processo conhecido como Mensalão, como está previsto "
Gilmar, como advogado-geral da União — e o fato é conhecido — recomendara aos agentes do Poder Executivo não cumprirem determinadas ordens judiciais. Como alguém que não respeita as decisões da justiça pode integrar o mais alto tribunal do país? Basta isso para concluir que Fernando Henrique, ao nomear o senhor Gilmar Mendes, demonstrou o seu desprezo pelo STF. O Supremo, pela maioria de seus membros, deveria ter o poder de veto em casos semelhantes.
Esse comportamento de desrespeito — vale lembrar — ocorreu também quando o senhor Francisco Rezek renunciou ao cargo de ministro do Supremo, a fim de se tornar ministro de Relações Exteriores, e voltou ao alto tribunal, reindicado pelo próprio Collor. O episódio, tal como a posterior indicação de Gilmar, trouxe constrangimento à República. Ressalve-se que os conhecimentos jurídicos de Rezek, na opinião dos especialistas, são muito maiores do que os de Gilmar.
Mas se Rezek não servia como chanceler, por que deveria voltar ao cargo de juiz a que renunciara? São atos como esses, praticados pelo Poder Executivo, que atentam contra a soberania da Justiça, encarnada pelo alto tribunal.
A nação deve ignorar o esperneio do senhor Gilmar Mendes. Ele busca a confusão, talvez com o propósito de desviar a atenção do país das revelações da CPI. O Congresso não se deve intimidar pela arrogância do ministro, e levar a CPMI às últimas consequências; o STF deve julgar, como se espera, o processo conhecido como Mensalão, como está previsto.
Acima dos três personagens envolvidos na conversa estranha que só o senhor Mendes confirma, lembremos o aviso latino, de que testis unus, testis nullus, está a nação, em sua perenidade. Está o povo, em seus direitos. Está a República, em suas instituições.
O senhor Gilmar Mendes não é o Supremo, ainda que dele faça parte. E se sua presença naquele tribunal for danosa à estabilidade republicana — sempre lembrando a forte advertência de Dallari — cabe ao Tribunal, em sua soberania, agir na defesa clara da Constituição, tomando todas as medidas exigidas. Para lembrar um autor alemão, Carl Schmitt, que Gilmar deve conhecer bem, soberano é aquele que pratica o ato necessário.
Decifrando os movimentos de Gilmar
Luis Nassif
A última edição da Carta Capital, matéria de Cynara Menezes, liquida de vez com o factoide Veja-Gilmar, meramente juntando a lógica com as diversas versões apresentadas por Gilmar.
Primeiro, desmascara o teatro da indignação de Gilmar com o encontro. Ele não se coaduna com uma espera de 30 dias, sem sequer comentar o episódio com seus colegas de Supremo. A revista mostra que o único comentário foi com o presidente Ayres Brito, na 4a feira anterior à capa da Veja. E teria sido uma conversa informal, papo de cafezinho, sem nenhuma dramaticidade. Provavelmente apenas para dar um gancho para a inclusão do ingênuo Ayres na matéria da Veja.
Depois, alinhava as diversas versões de Gilmar para o encontro, mostrando o festival de contradições. A reportagem da revista sustentava que Nelson Jobim não ouviu toda a conversa (uma maneira de desqualificar a negativa de Jobim sobre a versão de Gilmar); em uma das inúmeras entrevistas, o próprio Gilmar garante que sim.
Na versão da revista, houve pressão explícita de Lula para adiar o mensalão. Na entrevista de Manaus, Gilmar diz que houve uma breve menção ao mensalão que ele (trinta dias depois) intuiu ter sido pressão.
É certo que houve intriga da pesada de duas experientes jornalistas - uma da TV Globo, outra da Globonews. Algumas versões supõe que o explosivo Gilmar tivesse sido envolvido pela intriga. Mas se fosse tão fácil levar Gilmar no bico, ele não teria chegado aonde chegou.
O mais provável é que sua estratégia tenha sido montada rapidamente, depois do Ministro Ricardo Lewandovski, do STF, ter assumido as rédes da Operação Monte Carlo e liberado as chamadas gravações de conversas fortuitas não incluídas no relatório da PF.
É curioso também como mudou o comportamento da velha mídia em relação a Lewandovski - alvo de uma quebra de sigilo, quando filmadas as mensagens que trocava com uma colega, em uma sessão do Supremo. Agora, é tratado com deferência. A mudança se deve ao poder de que Lewandovski se viu revestido.
Agora, por sua posição no caso, tem poderes quase absolutos. Coube a ele quebrar o sigilo de todo mundo em Goiás. Pode convocar a Polícia Federal, pedir informações, quebrar sigilos.
Além da reportagem da Veja, mudou completamente o comportamento de Gilmar em relação ao Ministério Público Federal e ao próprio mensalão. De uma hora para outra criou caso com Lewandovski, pressionando-o a apressar o relatório.
Do mesmo modo, depois de qualificar o MPF como "milícias" - na Operação Satiagraha -, de repente tomou as dores do Procurador Geral Roberto Gurgel
Se o relatório tivesse sido entregue no prazo pelo qual a mídia pressionava, o julgamento começaria no dia 5 de junho. E, aí, adeus CPI do Cachoeira. Todos os jornais e a Rede Globo centrariam fogo no julgamento do mensalão, abafando completamente a CPI.
Por aí é possível entender a agonia de Gilmar, pressionando pelo relatório de Leeandovski.
Celso Melo e Marco Aurélio Melo já se manifestaram contra essa pressão da velha mídia. E consideraram que a pressão procura transformar o julgamento quase em um rito sumário, prejudicando o direito de defesa. Celso de Melo já opinou que a criação de um mutirão para acelerar o relatório comprometeria o rito legal da corte.
Não se tenha dúvida de que o julgamento do mensalão está sendo considerada a tábua de salvação dos possíveis alvos da CPI de Cachoeira.