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#61 Mensagem por Kengo » 11 Jun 2008, 17:59

"INDISPENSÁVEL PARA O PAIS QUE QUEREMOS SER."

Desta vez foi o JB Online.

Manchete de matéria sobre a crise institucional pela qual passa a governadora Yeda Crusius:

CORRUPÇÃO ABALA GOVERNO DO PT
Yeda Crusius vai mexer no alto escalão do governo gáucho

http://bp2.blogger.com/_Ff4EAyFfrls/SEw ... JB+RGS.jpg

Matéria de capa de um jornal de domingo.

Daqueles que ficam expostos nas bancas e que se compra quando se volta da padaria com pães e leite.

Aquele que já foi cantado por Caetano Veloso.

Um preço altísismo para uma "barriga".

Yeda Crusius é do PSDB e não do PT como saiu na edição do JB de 08/06/2008, um domingo.

O leitor médio que leu a manchete do JB de domingo no caminho da padaria não percebeu isso e ficou com a impressão de corrupção num governo que pertence ao PT, e não ao PSDB e muito menos percebeu a ligação com Yeda Crusius.

Provavelmente não perceberá a barriga do JB Online e achará que a corrupção é mesmo do PT.

Pesquisando no google jb+corrupção+governo encontra-se:
http://www.google.com.br/search?q=jb%2B ... =firefox-a

Ao clicar nesse link abre-se o site do JB Online com a matéria correta:
http://jbonline.terra.com.br/editorias/ ... 08007.html

"Falo o quê?"

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Peter_North
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#62 Mensagem por Peter_North » 11 Jun 2008, 18:31

Kengo escreveu:Manchete de matéria sobre a crise institucional pela qual passa a governadora Yeda Crusius:

CORRUPÇÃO ABALA GOVERNO DO PT
Não sabem nem o partido da governadora? Inacreditável. Que imprensa miserável de ruim. Será absoluta incompetência, apoio partidário descarado ou suborno pura e simples?

A unica desculpa que eles poderiam dar é que já estavam com a tipografia da manchete pronta e gasta de tanto usar (afinal o PT é um escândalo de corrupção atrás do outro), mas nem isso justifica uma cagada dessas.

Eu não sei se o assunto está tendo repercussão aí por SP, mas aqui no RS claro que está tendo. Essa história que as estatais estão cheias de apadrinhados que só pensam em roubar para o seu partido é a mais pura verdade, até eu que sou chinelão já sabia disso. Quase todos os que foram citados são conhecidos larápios politiqueiros.

O incrível é que a denúncia que tanto abalou a governadora veio do seu próprio vice-governador. Não lembro de outro caso desses. Isso é que é "fogo amigo".

Por aqui passou na TV os depoimentos de alguns dos acusados e a cara de "fui pego, que merda" deles estava impagável. O Busatto então, parecia que ia ter um treco. Eu ri muito.

Pelo menos a governadora exonerou todo o primeiro escalão do governo. É ruim mas é menos ruim do que dizer "Corrupção? Que corrupção? Não sei de nada, não vi nada".

Tem no Youtube as gravações que originaram todo esse escândalo. Procurem por Busatto CPI e ouçam.

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Kengo
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#63 Mensagem por Kengo » 11 Jun 2008, 18:37

"INDISPENSÁVEL PARA O PAIS QUE QUEREMOS SER."

Estou confuso.

Acabei de ler um editorial de fim de ano (2007) de Roberto Civita para a Veja.

Roberto Civita é presidente do Grupo Abril.

A Veja é do Grupo Abril.

Há tempos a Veja não estampa uma capa com as melhorias que somente "os vendidos do PT" vêem.

Há tempos eu vejo que a Veja vê defeito em tudo.

Mas Roberto Civita, presidente do Grupo Abril, que é dono da Veja, não vê o que vê a Veja.

Apesar de longo, vale a pena ler o que pensa quem manda na Veja.
2007 | Carta do Editor: Roberto Civita

O desafio agora
é não esmorecer
Janus, o deus das portas e transições da mitologia romana, deu seu nome ao mês de janeiro pela capacidade de simultaneamente ver passado e futuro. Ele é uma inspiração para que a cada início de ano façamos um balanço do que aconteceu e do que podemos esperar (e desejar) dos próximos doze meses.

Nesse espírito, acredito que poucos discordem da avaliação de que 2007 foi um ano excepcionalmente bom para o Brasil, em especial na frente econômica, em que a manutenção da estabilidade monetária e o acelerado crescimento da prosperidade mundial contribuíram para um ano de recordes.

Foram criados mais de 2 milhões de empregos formais e o crédito cresceu mais de 50% em um ano. A combinação desses fatores foi altamente benéfica para a economia. Mais de 100 000 novos imóveis foram vendidos, 2,5 milhões de carros novos saíram das revendedoras e ganharam as ruas. Mais de 10 milhões de novos computadores abriram as portas do universo digital a uma legião de usuários. Entre janeiro e dezembro a bolsa cresceu 40%, e ingressaram no país mais 35 bilhões de dólares em investimentos estrangeiros diretos – o dobro do ano passado. Como resultado, o PIB deve fechar o ano com o auspicioso avanço de mais de 5%.

Fomos, portanto, bem nessa frente. Fomos bem apesar das óbvias barreiras ao crescimento, como a infra-estrutura ainda em frangalhos, a legislação trabalhista arcaica e uma estrutura tributária sufocante. O balanço é positivo mesmo quando se constata que não avançamos nas reformas sempre adiadas, desperdiçando assim um raro e oportuno momento para fazê-lo.

Há sinais encorajadores em duas outras frentes fundamentais. Embora os exames internacionais mostrem que continuamos tendo um dos piores sistemas escolares do planeta, tudo indica que tanto o governo como a sociedade estão por fim tomando consciência de que não há futuro sem a melhora radical da educação. O novo Plano de Desenvolvimento da Educação, anunciado pelo ministro Fernando Haddad em abril, deixa claro que o governo finalmente passou a tratar o assunto como prioridade. Essa primazia foi reafirmada pela criação de um índice para acompanhar a evolução do ensino básico ao longo dos anos. O rumo está traçado. O desafio a partir de agora é não esquecer, não esmorecer e perseverar até alcançarmos um nível de qualidade minimamente aceitável. Para dimensionar bem a amplitude desse desafio, basta ter em mente que, mesmo se fizermos tudo certo, algumas décadas ainda nos separam dos resultados – e, tragicamente, em termos educacionais, mais uma geração será sacrificada no caminho.

Obviamente, temos múltiplos outros desafios pela frente, a começar pela necessidade de melhorar (e muito) a qualidade de gestão da coisa pública.

Mas acredito que a moralidade pública continua sendo uma questão essencial. Ao longo de 2007, assistimos – mais uma vez – a lamentáveis demonstrações do desprezo que nossos representantes no Congresso têm pelo decoro, pelas próprias normas de conduta e pela opinião pública. É forçoso admitir que uma réstia de esperança se acendeu com as enérgicas ações do Ministério Público e da Polícia Federal e, em especial, com o belo exemplo do Supremo Tribunal Federal ao acolher a denúncia contra os quarenta envolvidos no escândalo do mensalão.

Aqui também é preciso obstinação. A exceção tem de virar regra. Como já prescrevia Montesquieu no século XVIII, "não se constrói uma sociedade baseada na virtude dos homens, e sim na solidez das instituições".

Nunca é demais lembrar que o fortalecimento das instituições depende – acima de tudo – de uma população bem educada, bem informada por meios de comunicação responsáveis e empenhada na manutenção da liberdade, da democracia e da justiça.

Roberto Civita é presidente da Editora Abril e editor de VEJA
Enfim, passo a crer que Roberto Civita não lê a Veja.

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#64 Mensagem por Kengo » 11 Jun 2008, 19:03

Bois é meu caro Peter,

Me parece que a imprensa do Sul está elhor que a de São Paulo.

A de São Paulo fala do resto do país, menos de São Paulo.

No momento quem ocupa as páginas dos principais jornais daqui é Denise Abreu, ex-diretora da Anac.

Aquela que apareceu fumando charuto durante a maior crise aérea do país.

Aquela que declarou que foi pressionada pela ministra Dilma Roussef no caso da Varig/Variglog.

A mesma Denise Abreu que hoje disse, em depoimento no senado, que não foi pressionada por Dilma Roussef.

Nem pela ministra da Casa Civil nem por qualquer outro membro do governo.

José Serra também não aparece.

Não dá explicações sobre a cratera do Metrô de São Paulo.

Nem explica o viaduto que desabou meses na Nhaia Mello.

Nem quer saber da Allstom.

Nem da polícia corrupta da zona norte de São Paulo.

Nem do Denarc.

Aqui em São Paulo sabemos tudo sobre Brasília.

Pouco sabemos sobre nós mesmos.

Kassab também não aparece.

Os donos do Shopping Iguatemi (daqi de São Paulo) que estão prestes a comprar uma telefônica sem pôr um tostão do próprio bolso, também não merecem uma reportagem.

Mas é o que você disse, e tem toda razão.

Ao menos a governadora exonerou todo mundo. Melhor do que dizer "eu não sei, não sabia e não quero saber".

Agora basta ela ter outro ato digno, Peter_North: Explicar ao povo do RGS, que a elegeu, de onde vieram os recursos obtidos para a compra de um novo imovel. Compra essa que se deu entre o fim da eleição e a posse da digna governadora.

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#65 Mensagem por Kengo » 12 Jun 2008, 19:29

"INDISPENSÁVEL PARA O PAIS QUE QUEREMOS SER."

JORNAL NACIONAL ATACA DE JB NA DEFESA DE YEDA CRUSIUS.

Domingo foi o JB e ontem foi o JN.

O fato foi:

Sem terras, trabalhadores desempregados, estudantes e pequenos agricultores levaram tiros de bala de borracha disparados pela Brigada Militar na tentativa de impedir que os manifestantes, que protestavam contra o escândalo no governo tucano do Rio Grande do Sul, chegassem as portas do Palácio Piratini, sede do governo do Rio Grande do Sul.
Houve 02 confrontos.
25 manifestantes feridos.
12 presos.


O JN notíciou:

"Manifestação termina em violência em Porto Alegre"

"Uma manifestação da Via Campesina e de outros movimentos sociais terminou em violência em Porto Alegre. Os manifestantes invadiram o estacionamento de um supermercado para protestar contra o preço dos alimentos.
Em seguida, tentaram bloquear a rua de acesso a prédios da Justiça Federal. Os policiais dispararam balas de borracha e bombas de efeito moral para conter o tumulto e 13 pessoas foram presas."

http://jornalnacional.globo.com/Telejor ... LEGRE.html


Ao invés de se noticiar que queriam invadir o Palácio Piratini, o JN informa que:
"invadiram o estacionamento de um supermercado para protestar contra o preço dos alimentos".

O JN deixou a impressão de que um bando de arruaçeiros foram rechaçados pela brigada militar ao tentar invadir um estacionamento de supermercado.

O JN deixou a impressão de que não se tem nada a ver com a corrupção que assola o governo do Rio Grande do Sul.

O JN não noticiou que estavam tentando invadir o Palácio Piratini, nem mesmo menciona o ocorrido.

Mas estavam tentando invadir o Palácio Piratini.

Quem ocupa o Palácio Piratini é Yeda Crusius.

Yeda Crusius é do PSDB.

È no governo de Yeda Crusius que a corrupção generalizada foi comprovada através de gravações feitas por seu vice governador.

As gravações, feitas pelo vice-governador, comprovam conivência da governadora Yeda Crusius, que é do PSDB, com a corrupção em troca de apoio.
http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com ... 10045644-0

Resultado: Yeda Crusius trocará todo o primieiro escalão de uma só tacada. TODO O PRIMEIRO ESCALÂO DE UMA SÒ VEZ.

É o mesmo que dizer:"Eu não soube escolher nenhum secretário!"

Consequências: O DEM em atitude exemplar decide punir o acusador:
DEM abre processo de expulsão contra vice-governador de Yeda por gravação
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bras ... 1626.shtml

O correto, para o DEM, era que o vice-governador não tivesse feito gravação alguma.

Gravação feita sem autorização judicial ou sem o consentimento do "gravado" é imoral.

Sorte que temos o DEM, o zelador da moral, bons costumes e da nossa constituição para abater esses incautos e infames que ousam nos mostrar o jeito de governar de alguns.

Mesmo que o resultado disso seja a revelação do pântano em que se transformou o governo do Rio Grande do Sul.

Quem dera se o vice-governador de São Paulo resolvesse fazer o mesmo.

"Falo o quê?"

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#66 Mensagem por Carnage » 13 Jun 2008, 00:14

Lamentável...

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#67 Mensagem por Peter_North » 14 Jun 2008, 10:55

Kengo escreveu:Me parece que a imprensa do Sul está elhor que a de São Paulo.
Sei não, sei não. Aqui tinha um jornal que até era mais ou menos independente mas que recentemente foi comprado pela Universal e agora estampa matéria de capa sobre eventos da igreja... É de chorar. O outro grande jornal é da afilhada da Globo. Estamos tão fudidos em matéria de imprensa quanto vocês.
Kengo escreveu:No momento quem ocupa as páginas dos principais jornais daqui é Denise Abreu, ex-diretora da Anac.

Aquela que apareceu fumando charuto durante a maior crise aérea do país.
Pois é, pois é, quando eu vi ela botando banca de paladina da verdade eu só pude pensar: "Denise Abreu? Eles querem que eu acredite e confie na Denise Abreu, a burocrata incompetente indicada pelo PT e uma das figuras mais emblemáticas do apagão aéreo???"

Se bem que não custa lembrar que com certeza tem algo de errado nessa venda da Varig. POrque recusaram os 740 milhões da TAM e aceitaram os 320 mihoes da Gol? Não custa lembrar que quem intermediou a venda foi o Roberto Teixeira, amigão do Lula, e onde tem Roberto Teixeira tem picaretagem.
Kengo escreveu:Aquela que declarou que foi pressionada pela ministra Dilma Roussef no caso da Varig/Variglog.

A mesma Denise Abreu que hoje disse, em depoimento no senado, que não foi pressionada por Dilma Roussef.
Nesse meio tempo pagaram ela. Simples assim.
Kengo escreveu:Ao menos a governadora exonerou todo mundo. Melhor do que dizer "eu não sei, não sabia e não quero saber".

Agora basta ela ter outro ato digno, Peter_North: Explicar ao povo do RGS, que a elegeu, de onde vieram os recursos obtidos para a compra de um novo imovel. Compra essa que se deu entre o fim da eleição e a posse da digna governadora.
Ela pode até arrumar uma explicação, mas vai ser difícil de me convencar, aposto que o imóvel foi comprado com verbas de campanha, o que é ilegal e imoral. Você possivelmente não acompanhou a eleição aqui no RS, mas foi basicamente um duelo de dois favoritos (Rigotto e o infame Olivio Dutra) que se bateram tanto que os dois desabaram. De repente me aparece a Yeda como terceira via, cresceu demais no fim da campanha e as doações para a campanha dela dispararam.

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#68 Mensagem por Kengo » 16 Jun 2008, 14:22

"INDISPENSÁVEL PARA O PAIS QUE QUEREMOS SER."

A "Veja" desta semana traz Yeda Crusius.

Lê-se que governadora do Rio Grande do Sul, filiada ao PSDB, sugere uma grande conspiração como fonte da desestabillização de seu governo.

Tarso Genro, ministro da Justiça, é de Santa Maria.

Luciana Genro, deputada federal do PSOL que protocolou pedido de impeachement da governadora, é de Santa Maria.

Ildo Gasparetto, chefe da Polícia Federal no Estado que investiga a corrupção do DETRAN dos pampas, é de Santa Maria.

Fabiano Pereira. deputado e presidente da CPI que investiga o caso, é de Santa Maria.

Santa Maria é berço político de Tarso e Luciana.

Santa Maria é residência de Ildo Gasparetto.

Ildo Gasparetto e Tarso Genro se encontram uma vez por mês, são "próximos".

São atribuídas outras frases a governadora:
"— Isso é coisa da República de Santa Maria"
"— Será que isso é coincidência? Será que é só porque todo mundo da investigação é de Santa Maria? "


Ontem, em entrevista a rádio Gaúcha, Paulo Fona porta-voz do governo de Yeda Crusius afirma que "que a governadora vê um equívoco na reportagem".

"— Ela não qualificou as pessoas que trabalham ou tiveram sua carreria profissional política em Santa Maria como República de Santa Maria. Ela entendeu que teve algum tipo de mal-entendido com o repórter da revista." disse o porta-voz.

A revista "Veja" publicou o que a governadora teria dito.

O porta-voz do governo disse que não foi aquilo que a governadora disse.

"Houve um mal-entendido".

Com o perdão do trocadilho, a verdade é que alguém mente.

A "Veja" mentiu?

Ou a governadora se arrependeu do que disse sobre seus adversários?

Se fosse sobre seus aliados seria compreensível.

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#69 Mensagem por Peter_North » 16 Jun 2008, 14:46

Poxa, eu ia postar isso mas tu chegou antes.

Realmente, a coisa chegou no ponto do manicômio, a governadora agora está culpando uma gigantesca conspiração contra ela, coisa de quem está desesperada. O Tarso não vale nada, é uma das figuras mais nefastas desse país (quer acabar com a imprensa livre a todo custo), mas a Yeda tinha que saber que esse problema todo é causado pela corrupção constante daqueles inúteis que ela escolheu e endossou para os cargos nas estatais do RS e nos CCs. Maldito governo paquidérmico e inchado, cabide de empregos para vagabundos.

Essa semana também saiu uma pesquisa, e adivinha só: Como o vice-governador gravou a conversa onde se assume o óbvio e divulgou, tem muita gente achando que ele é paladino da justiça. Quase 50% dos entrevistados disseram que estão do lado do vice. Conseguiu o que queria, agora é um político bom de voto. Ah, só para constar, o vice-governador é do PFL (DEM é o caralho, pefelistas malditos) e se uniu ao PT para fazer a divulgação da fita. PFL e PT, uma união dos infernos! Aposto que onde essas figuras se encontram sobra cheiro de enxofre.

Yeda, abre o olho. Quem está conspirando contra ti não é o Tarso, os golpes vêm de dentro mesmo. É o vice de olho na tua cadeira! E no meio dessa briga chove merda na cabeça dos cidadãos. É foda!!!!

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#70 Mensagem por Kengo » 17 Jun 2008, 20:45

Sei que já estou ficando repetitivo.

Mas acho que este outro texto, apesar de longo, também merece a atenção dos senhores.

É o desabafo do repórter Rodrigo Vianna, ao sair da Globo, sobre o maniqueísmo da Globo nas eleições de 2006.

Vale a pena ler.

Os grifos são meus, como de costume.

"INDISPENSÁVEL PARA O PAIS QUE QUEREMOS SER."

Íntegra da carta de Rodrigo Vianna:

LEALDADE

Quando cheguei à TV Globo, em 1995, eu tinha mais cabelo, mais esperança, e também mais ilusões. Perdi boa parte do primeiro e das últimas. A esperança diminuiu, mas sobrevive. Esperança de fazer jornalismo que sirva pra transformar - ainda que de forma modesta e pontual. Infelizmente, está difícil continuar cumprindo esse compromisso aqui na Globo. Por isso, estou indo embora.

Quando entrei na TV Globo, os amigos, os antigos colegas de Faculdade, diziam: "você não vai agüentar nem um ano naquela TV que manipula eleições, fatos, cérebros". Agüentei doze anos. E vou dizer: costumava contar a meus amigos que na Globo fazíamos - sim - bom jornalismo. Havia, ao menos, um esforço nessa direção.

Na última década, em debates nas universidades, ou nas mesas de bar, a cada vez que me perguntavam sobre manipulação e controle político na Globo, eu costumava dizer: "olha, isso é coisa do passado; esse tempo ficou pra trás".

Isso não era só um discurso. Acompanhei de perto a chegada de Evandro Carlos de Andrade ao comando da TV, e a tentativa dele de profissionalizar nosso trabalho. Jornalismo comunitário, cobertura política - da qual participei de 98 a 2006. Matérias didáticas sobre o voto, sobre a democracia. Cobertura factual das eleições, debates. Pode parecer bobagem, mas tive orgulho de participar desse momento de virada no Jornalismo da Globo.

Parecia uma virada. Infelizmente, a cobertura das eleições de 2006 mostrou que eu havia me iludido. O que vivemos aqui entre setembro e outubro de 2006 não foi ficção. Aconteceu.

Pode ser que algum chefe queira fazer abaixo-assinado para provar que não aconteceu. Mas, é ruim, hem!

Intervenção minuciosa em nossos textos, trocas de palavras a mando de chefes, entrevistas de candidatos (gravadas na rua) escolhidas a dedo, à distância, por um personagem quase mítico que paira sobre a Redação: "o fulano (e vocês sabem de quem estou falando) quer esse trecho; o fulano quer que mude essa palavra no texto".

Tudo isso aconteceu. E nem foi o pior.

Na reta final do primeiro turno, os "aloprados do PT" aprontaram; e aloprados na chefia do jornalismo global botaram por terra anos de esforço para construir um novo tipo de trabalho aqui.

Ao lado de um grupo de colegas, entrei na sala de nosso chefe em São Paulo, no dia 18 de setembro, para reclamar da cobertura e pedir equilíbrio nas matérias: "por que não vamos repercutir a matéria da "Istoé", mostrando que a gênese dos sanguessugas ocorreu sob os tucanos? Por que não vamos a Piracicaba, contar quem é Abel Pereira?"

Por que isso, por que aquilo... Nenhuma resposta convincente. E uma cobertura desastrosa. Será que acharam que ninguém ia perceber?

Quando, no JN, chamavam Gedimar e Valdebran de "petistas" e, ao mesmo tempo, falavam de Abel Pereira como empresário ligado a um ex-ministro do "governo anterior", acharam que ninguém ia achar estranho?

Faltando seis dias para o primeiro turno, o "petista" Humberto Costa foi indiciado pela PF. No caso dos vampiros. O fato foi parar em manchete no JN, e isso era normal. O anormal é que, no mesmo dia, esconderam o nome de Platão, ex-assessor do ministério na época de Serra/Barjas Negri. Os chefes sabiam da existência de Platão, pediram a produtores pra checar tudo sobre ele, mas preferiram não dar. Que jornalismo é esse, que poupa e defende Platão, mas detesta Freud! Deve haver uma explicação psicanalítica para jornalismo tão seletivo!

Ah, sim, Freud. Elio Gaspari chegou a pedir desculpas em nome dos jornalistas ao tal Freud Godoy. O cara pode ter muitos pecados. Mas, o que fizemos na véspera da eleição foi incrível: matéria mostrando as "suspeitas", e apontando o dedo para a sala onde ele trabalhava, bem próximo à sala do presidente... A mensagem era clara. Mas, quando a PF concluiu que não havia nada contra ele, o principal telejornal da Globo silenciou antes da eleição.

Não vi matérias mostrando as conexões de Platão com Serra, com os tucanos.

Também não vi (antes do primeiro turno) reportagens mostrando quem era Abel Pereira, quem era Barjas Negri, e quais eram as conexões deles com PSDB. Mas vi várias matérias ressaltando os personagens petistas do escândalo. E, vejam: ninguém na Redação queria poupar os petistas (eu cobri durante meses o caso Santo André; eram matérias desfavoráveis a Lula e ao PT, nunca achei que não devêssemos fazer; seria o fim da picada...).

O que pedíamos era isonomia. Durante duas semanas, às vésperas do primeiro turno, a Globo de São Paulo designou dois repórteres para acompanhar o caso dossiê: um em São Paulo, outro em Cuiabá. Mas, nada de Piracicaba, nada de Barjas.!

Um colega nosso chegou a produzir, de forma precária, por telefone (vejam, bem, por telefone! Uma TV como a Globo fazer reportagem por telefone), reportagem com perfil do Abel. Foi editada, gerada para o Rio. Nunca foi ao ar!

Os telespectadores da Globo nunca viram Serra e os tucanos entregando ambulâncias cercados pelos deputados sanguessugas. Era o que estava na tal fita do "dossiê". Outras TVs mostraram o vídeo, a internet mostrou. A Globo, não. Provava alguma coisa contra Serra? Não. Ele não era obrigado a saber das falcatruas de deputados do baixo clero. Mas, por que demos o gabinete de Freud pertinho de Lula, e não demos Serra com sanguessugas?

E o caso gravíssimo das perguntas para o Serra? Ouvi, de pelo menos 3 pessoas diretamente envolvidas com o SP-TV Segunda Edição, que as perguntas para o Serra, na entrevista ao vivo no jornal, às vésperas do primeiro turno, foram rigorosamente selecionadas. Aquele diretor (aquele, vocês sabem quem) teria mandado cortar todas as perguntas "desagradáveis". A equipe do jornal ficou atônita. Entrevistas com os outros candidatos tinham sido duras, feitas com liberdade. Com o Serra, teria havido, deliberadamente, a intenção de amaciar.

E isso era um segredo de polichinelo. Muita gente ouviu essa história pelos corredores...

E as fotos da grana dos aloprados? Tínhamos que publicar? Claro. Mas, porque não demos a história completa? Os colegas que estavam na PF naquele dia (15 de setembro), tinham a gravação, mostrando as circunstâncias em que o delegado vazara as fotos. Justiça seja feita: sei que eles (repórter e produtor) queriam dar a matéria completa - as fotos, e as circunstâncias do vazamento. Podiam até proteger a fonte, mas escancarando o que são os bastidores de uma campanha no Brasil. Isso seria fazer jornalismo, expor as entranhas do poder.

Mais uma vez, fomos seletivos: as fotos mostradas com estardalhaço. A fita do delegado, essa sumiu!

Aquele diretor, aquele que controla cada palavra dos textos de política, disse que só tomou conhecimento do conteúdo da fita no dia seguinte. Quer que a gente acredite?

Por que nunca mostraram o conteúdo da fita do delegado no JN?

O JN levou um furo, foi isso?

Um colega nosso, aqui da Globo ouviu a fita e botou no site pessoal dele... Mas, a Globo não pôs no ar... O portal "G-1" botou na íntegra a fita do delegado, dias depois de a "CartaCapital" ter dado o caso. Era noticia? Para o portal das Organizações Globo, era.

Por que o JN não deu no dia 29 de setembro? Levou um furo?

Não. Furada foi a cobertura da eleição. Infelizmente.

E, pra terminar, aquele episódio lamentável do abaixo-assinado, depois das matérias da "CartaCapital". Respeito os colegas que assinaram. Alguns assinaram por medo, outros por convicção. Mas, o fato é que foi um abaixo-assinado em defesa da Globo, apresentado por chefes!

Pensem bem. Imaginem a seguinte hipótese: a revista "Quatro Rodas" dá matéria falando mal da suspensão de um carro da Volkswagen, acusando a empresa de deliberadamente não tomar conhecimento dos problemas. Aí, como resposta, os diretores da Volks têm a brilhante idéia de pedir aos metalúrgicos pra assinar um manifesto em defesa da empresa! O que vocês acham? Os metalúrgicos mandariam a direção da fábrica catar coquinho em Berlim!

Aqui, na Globo, muitos preferiram assinar. Por isso, talvez, tenhamos um metalúrgico na Presidência da República, enquanto os jornalistas ficaram falando sozinhos nessa eleição...

De resto, está difícil continuar fazendo jornalismo numa emissora que obriga repórteres a chamarem negros de "pretos e pardos". Vocês já viram isso no ar? Sinto vergonha...

A justificativa: IBGE (e, portanto, o Estado brasileiro) usa essa nomenclatura. Problema do IBGE. Eu me recuso a entrar nessa. Delegados de policia (representantes do Estado) costumavam (até bem pouco tempo) tratar companheiras (mesmo em relações estáveis) como "concubinas" ou "amásias". Nunca usamos esses termos!

Árabes que chegaram ao Brasil no início do século passado eram chamados de "turcos" pelas autoridades (o passaporte era do Império Turco Otomano, por isso a nomenclatura). Por causa disso, jornalistas deviam chamar libaneses de turcos?

Daqui a pouco, a Globo vai pedir para que chamemos a Parada Gay de "Parada dos Pederastas". Francamente, não tenho mais estômago.

Mas, também, o que esperar de uma Redação que é dirigida por alguém que defende a cobertura feita pela Globo na época das Diretas?

Respeito a imensa maioria dos colegas que ficam aqui. Tenho certeza que vão continuar se esforçando pra fazer bom Jornalismo. Não será fácil a tarefa de vocês.

Olhem no ar. Ouçam os comentaristas. As poucas vozes dissonantes sumiram. Franklin Martins foi afastado. Do Bom dia Brasil ao JG, temos um desfile de gente que está do mesmo lado.

Mas sabem o que me deixou preocupado mesmo? O texto do João Roberto Marinho depois das eleições.

Ele comemorou a reação (dando a entender que foi absolutamente espontânea; será que disseram isso pra ele? Será que não contaram a ele do mal-estar na Redação de São Paulo?) de jornalistas em defesa da cobertura da Globo:

"(...)diante de calúnias e infâmias, reagem, não com dúvidas ou incertezas, mas com repúdio e indignação. Chamo isso de lealdade e confiança".


Entendi. Ele comemora que não haja dúvidas e incertezas... Faz sentido. Incerteza atrapalha fechamento de jornal. Incerteza e dúvida são palavras terríveis. Devem ser banidas. Como qualquer um que diga que há racismo - sim - no Brasil.

E vejam o vocabulário: "lealdade e confiança". Organizações ainda hoje bem populares na Itália costumam usar esse jargão da "lealdade".

Caro João, você talvez nem saiba direito quem eu sou.

Mas, gostaria de dizer a você que lealdade devemos ter com princípios, e com a sociedade. A Globo, infelizmente, não foi "leal" com o público. Nem com os jornalistas.
Vai pagar o preço por isso. É saudável que pague. Em nome da democracia!

João, da família Marinho, disse mais no brilhante comunicado interno:

"Pude ter certeza absoluta de que os colaboradores da Rede Globo sabem que podem e devem discordar das decisões editoriais no trabalho cotidiano que levam à feitura de nossos telejornais, porque o bom jornalismo é sempre resultado de muitas cabeças pensando".


Caro João, em que planeta você vive? Várias cabeças? Nunca, nem na ditadura (dizem-me os companheiros mais antigos) tivemos na Globo um jornalismo tão centralizado, a tal ponto que os repórteres trabalham mais como bonecos de ventríloquos, especialmente na cobertura política!

Cumpro agora um dever de lealdade: informo-lhe que, passadas as eleições, quem discordou da linha editorial da casa foi posto na "geladeira". Foi lamentável, caro João. Você devia saber como anda o ânimo da Redação - especialmente em São Paulo.

Boa parte dos seus "colaboradores" (você, João, aprendeu direitinho o vocabulário ideológico dos consultores e tecnocratas - "colaboradores", essa é boa... Eu não sou colaborador, coisa nenhuma! Sou jornalista!) está triste e ressabiada com o que se passou.

Mas, isso tudo tem pouca importância.

Grave mesmo é a tela da Globo - no Jornalismo, especialmente - não refletir a diversidade social e política brasileira. Nos anos 90, houve um ensaio, um movimento em direção à pluralidade. Já abortado. Será que a opção é consciente?

Isso me lembra a Igreja Católica, que sob Ratzinger preferiu expurgar o braço progressista. Fez uma opção deliberada: preferiram ficar menores, porém mais coesos ideologicamente. Foi essa a opção de Ratzinger. Será essa a opção dos Marinho?

Depois, não sabem porque os protestantes crescem...

Eu, que não sou católico nem protestante, fico apenas preocupado por ver uma concessão pública ser usada dessa maneira!

Mas, essa é também uma carta de despedida, sentimental.

Por isso, peço licença pra falar de lembranças pessoais.

Foram quase doze anos de Globo.

Quando entrei na TV, em 95, lá na antiga sede da praça Marechal, havia a Toninha - nossa mendiga de estimação, debaixo do viaduto. Os berros que ela dava em frente à entrada da TV traziam uma dimensão humana ao ambiente, lembravam-nos da fragilidade de todos nós, de como nossa razão pode ser frágil.

Havia o João Paulada - o faz-tudo da Redação.

Havia a moça do cafezinho (feito no coador, e entregue em garrafas térmicas), a tia dos doces...

Era um ambiente mais caseiro, menos pomposo. Hoje, na hora de dizer tchau, sinto saudade de tudo aquilo.

Havia bares sujos, pessoas simples circulando em volta de todos nós - nas ruas, no Metrô, na padaria.

Todos, do apresentador ao contínuo, tinham que entrar a pé na Redação. Estacionamentos eram externos (não havia "vallet park", nem catraca eletrônica). A caminhada pelas calçadas do centro da cidade obrigava-nos a um salutar contato com a desigualdade brasileira.

Hoje, quando olho pra nossa Redação aqui na Berrini, tenho a impressão que estou numa agência de publicidade. Ambiente asséptico, higienizado. Confortável, é verdade. Mas triste, quase desumano.

Mas, há as pessoas. Essas valem a pena.

Pra quem conseguiu chegar até o fim dessa longa carta, preciso dizer duas coisas...

1) Sinto-me aliviado por ficar longe de determinados personagens, pretensiosos e arrogantes, que exigem "lealdade"; parecem "poderosos chefões" falando com seus seguidores... Se depender de mim, como aconteceu na eleição, vão ficar falando sozinhos.

2) Mas, de meus colegas, da imensa maioria, vou sentir saudades.

Saudades das equipes na rua - UPJs que foram professores; cinegrafistas que foram companheiros; esses sim (todos) leais ao Jornalismo.

Saudades dos editores - que tiveram paciência com esse repórter aflito e procuraram ser leais às minúcias factuais.

Saudades dos produtores e dos chefes de reportagem - acho que fui leal com as pautas de vocês e (bem menos) com os horários!

Saudades de cada companheiro do apoio e da técnica - sempre leais.

Saudades especialmente, das grandes matérias no Globo Repórter - com aquela equipe de mestres (no Rio e em São Paulo) que aos poucos vai se desmontando, sem lealdade nem respeito com quem fez história (mas há bravos resistentes ainda).

Bem, pelo tom um tanto ácido dessa carta pode não parecer. Mas levo muita coisa boa daqui.

Perdi cabelos e ilusões. Mas, não a esperança.

Um beijo a todos.

Rodrigo Vianna.
Luiz Claudio Latgé, diretor de jornalismo da Rede Globo, enviou uma carta-resposta. Postarei esta resposta mais tarde aqui.

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#71 Mensagem por Peter_North » 19 Jun 2008, 17:20

Da série: "Péssimos momentos para fazer exigências."
Li em um jornal que a Yeda está reclamando que o salário dela é muito baixo (quase R$ 8.000,00) e querendo aumento. Eu até acho que menos de oito mil para governador é pouco, mas ela tinha que ter mais tato e não reclamar disso justamente nesse momento. Sem-noção!

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#72 Mensagem por Tricampeão » 19 Jun 2008, 17:59

Putz, isso aí é o mesmo que o Dunga pedir férias ou aumento de salário pro Ricardo Teixeira.

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Kengo
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#73 Mensagem por Kengo » 20 Jun 2008, 14:23

"Para não dizer que não falei das flores..."

No próximo dia 25, o PSDB completará vinte anos de existência.

O jornal Valor entrevistou FHC como a tempos eu não via alguém entrevistá-lo.

Cristiane Agostine e Maria Cristina Fernandes fizeram bem a lição de casa.

Suas perguntas, feitas a FHC, raramente são feitas nos dias de hoje pelos jornalistas de hoje.

Em contra-partida, as respostas de FHC também dificilmente se vê por aí.

FHC se porta nesta entrevista como o Estadista que devia ser.

Faz elogios a seus amigos, partido e governo.

Mas também faz criticas aos mesmos.

Assim como reconhece defeitos e qualidades no governo Lula e no PT.

Aliás, ele faz um desmembramento dos dois.

Li e gostei, acho que vale a pena ler.


Cristiane Agostine e Maria Cristina Fernandes, De São Paulo
20/06/2008

Valor: O PSDB resgatou, no documento do Congresso de 2007, a frase do programa inaugural do partido "...nasce longe das benesses..."


Fernando Henrique Cardoso: Fui eu que escrevi. Disseram que foi o (Franco) Montoro. Fui eu, o (José) Serra, e tem muita coisa do Eduardo Graeff.


Valor: O senhor voltou a fazer essa cobrança em 2006, em uma carta aberta. A que o senhor atribui essa dificuldade do PSDB de se aproximar dos movimentos sociais e dos sindicatos?


FHC: Não é uma dificuldade só do PSDB. É de todos os partidos. O que tinha ligação, que é o PT, perdeu também. Ele está próximo dos líderes sindicais. Os sindicatos perderam relevância na vida social brasileira. Já houve épocas em que os sindicatos mobilizavam, faziam greve. Não tem mais isso. O número de filiados caiu muito. O que ficou foi uma camada sindical, que se organizou muito ao redor da CUT e da Força Sindical. Quando fazem manifestação de massa é porque tem prêmio, tem sorteio de casa. Não é uma coisa politizada. Estávamos num horizonte pré-queda do muro de Berlim. Tinha uma movimentação diferente das massas. O mundo de lá para cá tomou outras características.


Valor: E os movimentos sociais?


FHC: Esses têm força. Mas quais? Tem o MST. E mais quais? A força das pastorais caiu muito. Quem tem força mobilizadora sem estar ligado ao aparelho do Estado, através dos convênios, das ONGs que recebem o recurso? Houve uma especialização da política, que se chama erroneamente de classe política. É muito desconectada do cotidiano. Não é só do sindicato, é em geral. A sociedade assiste ao espetáculo da política pela televisão, pelo jornal. Assiste de fora.


Valor: Se essa dificuldade se deve às transformações havidas desde a fundação do partido, por que o PSDB não foi capaz de se adaptar a essas mudanças?


FHC: Foram mudanças em sentido contrário ao que imaginávamos, uma sociedade muito mais baseada em movimento social, em classe social. Não foi para esse lado que a sociedade foi. Houve um processo no mundo no sentido de prevalência do mercado, de redução da conexão entre a sociedade e a política. Agora o que existe é um momento eleitoral em que o PSDB está bem. Governa grandes Estados, tem candidato à sucessão presidencial. Continua sendo um dos pólos de poder.[/b]


Valor: O senhor não acha que o fato de o PSDB ter dado grande visibilidade às questões de Estado, à questão fiscal, da estabilidade da moeda, enquanto o PT se aferrou nas questões sociais, dificultou essa aproximação com a sociedade?


FHC: O PT não se aferrou mais. O governo Lula sim. Mas o PT não. O PSDB se aferrou mais às questões de Estado. Mas ganhou as eleições de São Paulo, de Minas, do Rio Grande do Sul, que são os grandes Estados. O problema é sociológico, não é político só. Como é que se forma um pólo de poder hoje? Nós fomos mais para o padrão americano do que para o europeu, onde se tem partidos que são eleitorais. Não estou dizendo que eu gosto. Digo o que é. São partidos que se mobilizam eleitoralmente, mas não no cotidiano. Nos Estados Unidos tem uma diferença, porque o Congresso tem ligação com a sociedade. O voto é distrital, renova a cada dois anos. O Congresso responde mais imediatamente. O nosso Congresso não, flutua, porque a sociedade vota e se esquece em quem votou. A questão é: por que o PSDB se coloca como pólo? Porque tem candidatos.


Valor: O partido não fica resumido à perspectiva de poder?


FHC: A dinâmica se dá por aí. O PSDB tem outra coisa, que só ele e o PT tem. É visão, visão do que fazer do país. Só que o PT perdeu a dele. Eu cobro muito isso. Ganhar a eleição pode até ganhar, mas ganhar para quê?


Valor: Se o senhor ganhou as eleições pelo Real e o Lula pela perspectiva de ganho de renda dos mais pobres, o que fará o vencedor de 2010?


FHC: Fui eleito pela estabilidade da moeda que deu ganho às pessoas. E fui reeleito pela mesma razão. Não foi só por isso, mas a massa melhorou de vida. No caso do governo do Lula eles ampliaram os benefícios sociais. Isso é importante, deu a eleição e reeleição ao Lula. Mas tem uma coisa que ninguém chama muito a atenção, que é o segundo turno. O Lula quase perdeu no primeiro turno na reeleição. Ninguém liga para as questões de corrupção? Não é verdade. O PSDB podia ter ganho a eleição nessa segunda vez. Sua estratégia foi bastante errada. Você nunca pode ganhar uma eleição se você não apostar numa mudança. É sempre a mudança. Olha o slogan do Obama: "You can change". Agora mudar o quê?


Valor: O que o PSDB pode oferecer ao eleitor como mudança que o candidato do Lula não possa?


FHC: O PT não tem candidato. O candidato do Lula quem é?


Valor: Mas o PSDB sabe quem é o seu candidato?


FHC: Vai ser um dos dois (Aécio Neves e José Serra).



Valor: E são iguais?


FHC: Qualquer um dos dois tem força. O Serra tem mais neste momento. Chega um momento na política que tem que personalizar, tem que fulanizar. Eleição não é só o discurso. É o discurso mais a pessoa. O Serra e o Aécio têm o que dizer. Têm história.


Valor: Se o PT imprimiu uma velocidade maior aos programas sociais, o senhor acha que o PSDB teria como se comprometer com uma velocidade ainda maior?


FHC: Não sei como vai ser daqui a dois anos. Qual vai ser a situação no Brasil, no mundo. Nem sei se é preciso isso para ganhar a eleição. Campanha não é programa de partido. É a emoção daquela hora.


Valor: Se a eleição presidencial fosse hoje, qual seria a bandeira do PSDB?


FHC: Nós fazemos melhor e com menos corrupção.


Valor: Mas isso não foi suficiente para levar em 2006...



FHC: Mas foi quase. Houve muitos erros que PSDB não enfrentou. Acho espantoso o Lula ter ido para o segundo turno. As pessoas esquecem disso.


Valor: Se houve segundo turno por causa do dossiê, a corrupção será bandeira suficiente em 2010?


FHC: O PSDB tem bons candidatos e tem capacidade de discurso. Nós fizemos, começou no meu tempo, vamos continuar. Se fizemos quando eles se opunham, agora que eles não se opõem é mais fácil. No Brasil você não sabe nem qual é a legenda. Vota na pessoa. Para o PSDB é importante assumir que é o partido da modernização. Isso não é para o povo. Para o povo tem que traduzir em coisas concretas. Olha, se melhorei em São Paulo, em Minas, porque é que não posso mudar no Brasil?


Valor: Mas se os Estados vão ser a vitrine, o que fazer com a vitrine da Yeda Crusius? O senhor distinguiu o caixa 2 do senador Eduardo Azeredo dizendo que o dinheiro do mensalão foi drenado de estatal enquanto o de Minas era de empresa privada. E o de Yeda, não é de estatal?


FHC: Eu não conheço a administração do Rio Grande do Sul,
por isso não quero falar. Foi uma alegação feita por um parlamentar de que teria havido financiamento. Mas não houve nada de mais concreto. E a Yeda demitiu. A diferença é que no governo do Lula eles passam a mão na cabeça. 'É aloprado, ah, não é tão grave assim'. 'Fez um dossiê contra o ex-presidente no Palácio, mas não é dossiê, é banco de dados'. Isso não tem no PSDB.


Valor: O senhor não acha que a falência das CPIs desgastou esse discurso da corrupção?


"Como é que se pode imaginar união com um partido (PT) que tem uma visão meramente eleitoral?"


FHC: Não estou defendendo o discurso da corrupção, embora, por valor, ache que não se pode anuir com isso. O Brasil passou do limite. Se quisermos ser um país sério, não dá para ser assim. Não pode haver uma falta de reação tão grande . Tudo tem uma desculpa. O Lula chegou a dizer que a lei eleitoral é uma mentira. Ele está em campanha. Cada um tem seu modo de ser. Mas não é republicano.


Valor: O senhor acha que a bandeira da eficiência administrativa bastará ao PSDB?


FHC: Não é suficiente.
Tem que mostrar que será capaz de melhorar a vida das pessoas. Eleição é uma fala do candidato com as pessoas. Tem de ter credibilidade. O PSDB pode dar o guarda-chuva para essa conversa: fizemos isso, aquilo. O PSDB não defendeu a privatização, mas isso é muito fácil. Pega um celular, você não quer? O povo não é contra o avanço.


Valor: As pesquisas mostram que a população, em grande parte, continua resistindo às privatizações. Por quê?


FHC: Porque ninguém sabe o que é. A visão quem faz é o político. Tem que argumentar e mostrar o que fez bem. É o político que tem de mostrar.


Valor: Mas como defender a privatização se existe um abismo entre este discurso e a aceitação popular?


FHC: Não adianta fazer discurso em tese da privatização. Porque a população em tese é contra, porque acha que o Estado é melhor. Mas depende como se fala. Não sei se ainda tem alguma coisa que precise privatizar. Tem que avançar nas estradas, nos portos. A população não é a favor nem contra porto. Nem você vai colocar isso como tema da campanha. O tema é como você vai melhorar a sua vida. O Serra pode falar que a taxa de homicídio caiu fortemente.


Valor: Já o Aécio tem índices crescentes de violência em BH...


FHC: Não sei. Pode ser. Mas o Serra não. Pode falar da escola, da saúde. Precisa ser alguém que tenha a convicção de falar.
Há condição de haver uma certa unidade e afinar o discurso.


Valor: Qual a diferença que o senhor vê entre o PT e o PSDB?


FHC: O PT tinha uma visão que não cumpriu. Ele seguiu a nossa visão, na verdade. Esqueceu da visão que apregoou o tempo todo. O PT assumiu em geral as mesmas linhas , mas teve um DNA mais dirigista, estatizante e intervencionista. Além do mais, o partido acabou sendo a mola da transformação. Só que não é para transformar nada, a não ser para reforçar uma espécie de capitalismo de Estado com presença dos sindicalistas, via fundo de pensão. O PT aderiu, na prática, ao nosso programa em termos macroeconômicos. Tudo o que está aí foi feito por nós ou não foi? A Lei de Responsabilidade Fiscal, o câmbio flutuante, as metas de inflação, as agências reguladoras.



Valor: O governo Lula não está fincado numa política de expansão de crédito muito mais agressiva?


FHC: Isso é outra coisa. A diferença é que agora tem dinheiro e eu não tinha. Daqui a pouco vão ter que tomar algum cuidado porque a inflação está subindo. O governo do Lula foi responsável, do ponto de vista macroeconômico. Mas o desenho da política é nosso, não é deles. Eles iam quebrar tudo e não quebraram nada. Mesmo na questão do crédito, a lei que permitiu melhorar o crédito veio de antes, foi a lei da alienação da propriedade. A visão que o PT tem de como se toca o país é muito menos institucional. Nossas diferenças são mais da área da política do que da economia.


Valor: E qual a diferença entre o PSDB e o DEM?


FHC: Não posso dizer tudo o que acho...
O DEM tem uma visão mais liberal e é um partido, digamos assim, do contribuinte. Mexeu em imposto mexeu com o DEM. Fora isso tem uma visão mais liberal. Acredita mais no mercado. O PSDB não acredita tanto no mercado. Nunca concordei com a privatização da Petrobras. Nem do Banco do Brasil. Eles queriam. Acho que em um país como Brasil o setor público deve ter peso. Deve ter certo equilíbrio, mais controle social.


Valor: Se a diferença fundamental com o PT é política, ela seria intransponível para fazer nacionalmente uma aliança como a do Aécio com o Pimentel em Minas?


FHC: Eu esperava que o Lula, em 2003, tivesse uma atitude que levasse a uma convergência. Por razões eleitoreiras, o caminho escolhido foi outro. Foi escolher como inimigo principal o PSDB e se aliar com o que havia de mais fisiológico no Congresso. E fizeram a mesma política macroeconômica, dizendo da herança maldita, da qual vivem até hoje. O Brasil vai ter problemas de definição importantes para o futuro. Um é no campo da energia. Esse petróleo que tem aí. Quando tem? Vamos trocar mineral por neurônio. Vamos usar isso aí para pensar numa mudança educacional no país ou vamos resolver a Previdência? Tem que ter um discurso nacional. O Lula está com um discurso municipal. Como é que pode imaginar união com um partido que tem uma visão meramente eleitoral? Dessa maneira vai querer que o PSDB seja satélite. Não vai ser.


Valor: Que cara o PSDB terá em 2010 se o candidato for Serra? E se for Aécio?


FHC: A cara do PSDB é a mesma. O estilo de fazer política é diferente.


Valor: Eles pensam o Estado do mesmo jeito?


FHC: Grosso modo, sim. Até porque você tem um partido que existe, não dá para ir contra a opinião do partido. Não vejo discrepâncias maiores. As diferenças estão no estilo. Aécio é de um estilo mais afeito à tradição brasileira, agrega mais no plano político. O Serra é mais de ter posição clara. Isso é estilo pessoal. Sei que meu estilo é mais parecido com Aécio do que com o do Serra. Estilo por estilo, Aécio é mais parecido comigo.


Valor: O PSDB terá condições de assumir candidatura de oposição a Lula?


FHC: Por que não? O PT esquece que o candidato não será Lula. Quero ver o Lula apoiar um candidato.


Valor: O senhor quer dizer que ele vai querer todos a seu favor?


FHC: Pelo estilo...


Valor: O PSDB nasceu com a proposta de democracia interna. Porque transformou-se num partido de cúpulas, sem prévias?


FHC: Vai ser feita uma agora, na convenção em SP.
Quem quer candidato próprio e quem não quer. Mas a proposta que tínhamos era a de núcleos que, ao contrário dos diretórios, não discutem o poder interno no partido, mas a participação na sociedade. Não fizemos isso porque a sociedade se desconectou muito de todos os partidos. Você tem amplas camadas da população que não estão são representadas. Vá à periferia de São Paulo. Tem vida lá. Tem vida ativa, cultural, organizações, muita bolsa, Ongs em quantidade. Não tem conexão com uma visão do país, com partido. Tem a ver com a conexão com o líder local. Como vai dar representação política numa sociedade fragmentária e de massa como é a nossa?


Valor: Haverá prévia em 2010?


FHC: No PSDB a decisão terá de ser submetida a uma força maior. Na eleição de 2006, é uma ilusão achar que foram três ou quatro que decidiram. Foi um jantar sim, mas não foi para decidir quem seria o candidato. Se o Serra não tivesse desistido de ser candidato, ele ia disputar no diretório. Cá entre nós, ele tinha maioria e podia disputar. Ele achou que não era o caso. Achou que não tinha força e que podia perder. Hoje talvez ele se arrependa, que até pudesse ter ganho. Não é verdade que tirou do bolso do colete. Quando um desistiu, foi o outro. Discutido em clube fechado coisa nenhuma. Só pode ter prévia numa disputa. Quando só vai um, o que faz?


Valor: Como o senhor vê essa aproximação com Quércia, com quem o PSDB rompeu ao nascer?


FHC: É uma questão eleitoral. Os partidos, nas eleições, fazem alianças que não têm coerência ideológica. Até porque não existe uma consistência ideológica na maioria dos partidos. O PMDB não é o esteio do governo Lula hoje?


Valor: O senhor mencionou o debate sobre as novas reservas de petróleo. Qual é a diferença de fundo entre PT e PSDB?


FHC: Não há convergência nem divergência. Não há pensamento efetivo. Precisamos de uma linguagem com maior grandeza. Há momentos para ganhar eleição, mas não pode ser só eleição. Não estamos discutindo o país. Ponho no plural. Não é só o PT. Estou também criticando o PSDB. Se todo político não está tendo capacidade de levantar temas de relevância nacional que permita essa reconexão entre a sociedade e o poder. Não se ganha eleição sem chama. E eu sei ganhar eleição. Ganhei várias, inclusive do Lula. O líder não tem que ter maioria, tem que fazer a maioria. Senão não muda nada. Você ficar o tempo todo só vendo para qual lado as pessoas estão indo, você não é líder. Tem de ver o que é melhor para o Brasil. Você não inova se não tiver esse sentimento, você faz política, mas sem P maiúsculo... Vai ver que é porque eu sou apenas professor.

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Carnage
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#74 Mensagem por Carnage » 09 Jul 2008, 00:01

http://observatorio.ultimosegundo.ig.co ... =492FDS003
MENTIRAS VERDADEIRAS
A imprensa, a semântica e a ideologia

Por Mário Bentes em 1/7/2008

É muito interessante a exposição Imagens que Mentem, que acontece na cidade de Berna, Suíça. A exposição mostra uma coleção com mais de 300 fotografias dos últimos cem anos que passaram por processos de manipulação de imagem para transmitirem idéias diferentes das quais estavam originalmente relacionadas. São fotos publicadas em capas de revistas, jornais e periódicos de todo o mundo, que são exibidas em seus originais e suas "mutações".

A exposição mostra também imagens de TV (sim, elas também podem ser falsificadas) que passaram por processos similares de mudança ou alteração em seu sentido original. Na lista de falsificações famosas, estão a do líder comunista Lênin, que teve seus companheiros Trotsky e Kamenev removidos de uma fotografia em que o líder bolchevique discursava; a ex-princesa Diana, num beijo com o amante Dodi (que não aconteceu naquela ocasião); e uma cena com dois soldados estadunidenses e um iraquiano – que na montagem (um simples corte na foto) transmitia a falsa idéia de que o iraquiano tinha uma arma apontada na cabeça.

Interessante, mas não novidade. A manipulação da mídia e de seus produtos noticiosos acontece no dia-a-dia, seja em fotografias alteradas em programas de computador, em legendas que alteram o sentido de uma imagem, pela omissão de informações que descontextualizam um fato ou pelo uso "estratégico" de certas palavras na construção de períodos. A nossa língua, aliás, é rica neste sentido, e permite infinitas "saídas" para jornalistas inescrupulosos.

Tanto que a Lingüística possui, como uma de suas subdivisões, a Semântica, que, ao contrário da Sintaxe – que trabalha na estrutura e forma em que os vocábulos são usados –, se dedica ao sentido que uma palavra adquire no contexto. Assim, uma palavra que etimologicamente possui um determinado significado, passa a ter outro diferente, dependendo de como, onde e quando ela foi usada. Já o porquê, perguntem à Veja.

Informativo x opinativo

Este tipo de manipulação, na verdade, é bem mais perigoso (as alterações técnicas podem ser identificadas por especialistas), já que se comporta como uma ferramenta atuante no inconsciente do indivíduo receptor. Sendo assim – e isto é tema constante de debates fervorosos nas academias de Jornalismo –, os gêneros meramente informativos, que deveriam se ater apenas aos fatos e jamais a juízos de valor, acabam por se tornar meios de "desconstrução" da realidade. A este respeito, os teóricos da comunicação afirmam que cada indivíduo, jornalista ou não, faz uma apreensão da realidade, sendo esta, portanto, relativa e variante conforme a interpretação – que é individual e intransferível.

O jornalismo dito "opinativo" é, por assim dizer, mais "verdadeiro" que o informativo, já que traz juízos de valor e argumentos assinados por alguém (ou não, se for o caso dos editoriais). Portanto, as idéias contidas no texto estão estampadas em claras opiniões; portanto, não em "verdades" ou "fatos", já que o leitor pode concordar integralmente, concordar ou discordar em termos, ou discordar totalmente. Assim fazem os jornalistas Luis Nassif, quando publica uma série de textos ácidos sobre a revista Veja, e Reinaldo Azevedo, quando defende o mesmo periódico. O mesmo pode ser dito de Diogo Mainardi, quando ataca ferozmente a esquerda, ou de Fidel Castro, em sua atual posição de "soldado de idéias" no jornal estatal de Cuba, o Granma.

O gênero informativo, tal como é usado pela imensa maioria dos meios de comunicação do país, é cínico. Alguns jornalistas usam de sua face dita "imparcial" como meio de esconder opiniões. É aí que se esconde o perigo. Ora, quando o leitor toma em mãos um artigo de Mainardi, ele sabe o que vem pela frente; isso faz com que seu cérebro se "prepare" para a leitura, seja para concordar ou não. No gênero informativo, isto não acontece – salvo nos casos de leitores mais atentos à caixinha de surpresas da grande mídia. O receptor comum (embora isto não o torne ingênuo) pode encarar "fatos" descritos como propulsores de opiniões, quando, na verdade, os próprios "fatos" são opiniões.

Sem medo de retaliações

Exemplos não faltam. Quem não lembra da edição tendenciosa do debate entre os candidatos à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor, feita pela TV Globo em 1989? Quem não leu ou ao menos não ouviu falar da polêmica "reportagem" sobre Che Guevara recentemente produzida pela Veja? Como disse, exemplos não faltam. Perguntem à Veja, à Globo, à Folha de S.Paulo e tantas outras emissoras e periódicos controlados por políticos ou de posições políticas claras.

Não que os veículos de comunicação não tenham o direito de se posicionar politicamente; longe disso. Isto é um direito de qualquer um, inclusive de jornais, vale lembrar aos radicais. A liberdade política é uma conquista alcançada a duras penas, após muitas mortes no regime militar. O que não se pode é ocultar suas posições político-ideológicas atrás da falsa postura de neutralidade e imparcialidade – recurso muito bem usado pela grande mídia brasileira, e que deveria ser encarado como crime de estelionato (artigo 171 do Código Penal Brasileiro). Para isso serviria um Conselho Federal de Jornalismo, e não para "censurar", como afirmam muitos.

O jornalismo está perdido? O gênero informativo está perdido? Não, não mesmo. Bastaria um punhado de bom senso e de vergonha na cara para muitos profissionais; ou, quem sabe, tirar da gaveta o bom e velho Código de Ética do Jornalismo (muitos nem se lembram mais do que se trata). Quem lembra e não deixa de lado tais princípios, não se mascara na suposta posição de neutralidade ou imparcialidade, mas expressa verdadeiramente suas opiniões sem medo algum de retaliações. Opiniões, ressalto. Com nome e sobrenome.

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#75 Mensagem por Carnage » 13 Jul 2008, 17:04

Pra quem costuma achar que o Paulo Henrique Amorim só defende o PT e nunca fala mal do Lula, basta ler as últimas coisas que ele tem publicado no seu Conversa Afiada pra notar que não é bem assim não.

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