Lambe Grelos escreveu:Nazrudin escreveu:Mas esse projeto de lei é baseado no modelo sueco e francês ou americano? Vindo do PSDB, um partido socialista de molde europeu, me parece que o viés aí é o feminista.
Você está certo, Nazrudin. O autor do projeto, João de Campos, integra a bancada evangélica, é o deputado da famosa PL da cura gay, mas sua proposta é idêntica à sueca, país cujo Congresso é constituído por 40% de mulheres, onde o feminismo é muito forte. A lei sueca prevê prisão ao putanheiro, ao passo que na França é imputada uma multa de 1500 euros ao cliente, que em caso de reincidência paga o dobro desse valor. O modelo dos EUA é uma piada. Lá, se a puta chegar na delegacia dizendo "estava fazendo uma programa e o cara deu-me um soco, estilhaçando meus dentes", vai ouvir do agente "o quê?, programa?, você está presa em nome da lei". Lá, com exceção de Nevada, até a puta é criminosa, 60.000 mulheres são presas anualmente por prostituição.
O PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) tem histórico neoliberal, nada além disso. Mas também aloja gente conservadora igual ao João de Campos. O problema é que a PL 377/2011 agrada tanto a direita e religiosos quanto a esquerda e feministas, daí sua imensa chance de passar. Se a redução da maioridade passou pela Câmera com mais de 300 votos - só falta o Senado -, a pauta da criminalização do putanheiro será fichinha, não haverá racha. A Proposta-Lei já está na Comissão de Constituição etc., daí já vai para plenário. Creio que até ano que vem tudo esteja determinado.
Se tudo isso realmente acontecer, estamos, literalmente, fodidos... Se do jeito que é hoje, dependendo do horário e local, já é perigoso ser putanheiro, imagine quando ser se tornar crime. É certo que vivemos no Brasil e, devido a incompetência das autoridades fiscalizadoras, muitos putanheiros deixarão de ser pegos. Mas, de qualquer forma, ao contratar uma puta, estará cometendo crime e, independente de ser pego ou não, o indivíduo (pelo menos o de boa índole), jamais estará sossegado no ato do sexo pago. Fora que, com a criminalização, putas se tornarão ainda mais perigosas, pois sabem que podem foder com o cliente de vez. Os cafetas então, que hoje já são "foras-da-lei", vão poder intimidar mais ainda os clientes que querem zelar pela sua privacidade e honra social...
A tendência natural é que a putaria de luxo, no Brasil, diminua drasticamente e fique mais restrita à galera com muita grana e poder que, no nosso país, normalmente são imunes à lei. Já a putaria de baixo nível, dos trash e afins, acredito eu que será a que vai sofrer as maiores baixas. O baixo meretrício só vai atender clientes que não tem nada a perder, traficantes, drogados e gente já comprometida com a justiça. O putanheiro classe média "normal", empregado e casado, vai se arriscar bem menos ou, até, abandonar essa vida, pois, com a lei, os riscos aumentam exponencialmente...
Para quem nunca quis, vai ter que se contentar com uma civil mesmo. Arrumar uma namorada e casar. E torcer para ela ser bem animada na cama. Já para a galera que, por algum motivo não se excita mais com a esposa ou, pior, não consegue arrumar civil nenhuma, vai ter que se contentar com a internet e seus incontáveis sites pornográficos
Nunca fui à favor da legalização da prostituição no Brasil, pelo simples fato que, devido ao próprio Governo e seu comportamento tributário, a putaria se tornaria absolutamente mais cara do que é hoje. Mas, entre a legalização e a criminalização, não dá para discutir: melhor pagar mais caro do que se tornar criminoso...