Nazrudin escreveu:Uma coisa que eu questiono é esse tal de atendimento humanizado. No dia a dia são poucos os que dizem bom dia, por favor, obrigado, de nada, que agem civilizadamente, mormente no trânsito e querem que o médico seja uma espécie de anjo iluminado?
Isso tem mais a ver com temperamento, cultura. Eu quero é um bom especialista, educado, preciso, eficiente, honesto, competente. Se ele for boa praça, de bem com a vida que nem eu

, melhor mas não é obrigatório.
Sei bem que o ritmo moderno estimula uma certa sisudez em muitas profissões. É preciso ter essa compreensão. Não estou negando a visão holística na medicina, mas na prática não é assim que funciona.
Então o que dá de se cobrar do médico quando pago pelo erário? Tudo isso que eu falei e ainda cobrar o cumprimento de metas e promover incentivos para os melhores. O resto é fantasia.
Bom, esta idéia de atendimento humanizado peca pela vagueza. E pela falta de efetividade muitas vezes. Mas eu parto do pressuposto que o indivíduo está se aperfeiçoando, não só do ponto de vista tecnológico; e com a passagem de décadas e séculos, esse aperfeiçoamento vai se refletir na saúde. Já estamos melhores em relação a séculos anteriores, e não veio só por causa da tecnologia, um fator de extrema importância com certeza, mas também por aperfeiçoamento de concepções e métodos.
Se verificou o atendimento humanizado, ou pelo menos essa busca, no movimento de inaugurar-se e incentivar atendimento psicológico em hospitais no sec. XX. Mesmo considerando que nos hospitais a última coisa que as pessoas estão querendo é um Psicólogo, necessitando de tratamento urgente da saúde física, e considerando que a psicoterapia é uma “ciência” que tem muitas deficiências, ao tratar as pessoas, esse incentivo à Psicologia como parte integrante do tratamento hospitalar se deveu a concepções que a saúde é um problema também psicossomático, e por conseqüência merece um tratamento multidisciplinar.
Nessa questão de psicoterapias, e focando mais na área da psiquiatria, verifica-se que alguns tratamentos psiquiátricos antigos eram extremamente intervencionistas, cometendo absurdos que hoje é visto com reserva como o tratamento de choque, a retirada de lóbulos do cérebro, etc. Atualmente a psiquiatria, com o predomínio da indústria dos medicamentos, só sabe receitar remédio. Vai a um Psiquiatra e diz que não dorme, ele te receita um ansiolítico em 5min.; diz que está triste, receita antidepressivo e te expulsa do escritório, porque já está de olho no outro paciente que vai vir. É mais ou menos assim a Psiquiatria hoje. É mais humano que antigamente, se comparar com esses métodos que eu mencionei, mas ainda muito estreito.
A Medicina de forma geral é assim hoje, muito voltada para remédios e exames. Tu vai lá, diz o sintoma, o médico te receita um exame e um remédio. Entretanto é difícil visualizar uma coisa que substitua essa forma de atendimento. As pessoas estão muito dependentes de remédio.
O atendimento humanizado se refere, igualmente, ao problema de prevenção, educação e informação. Situações que são anteriores à doença, não deixando de lembrar que o desenvolvimento tecnológico e a descobertas de novos medicamentos auxiliaram muito a prevenção de doenças. Nesse caso específico, de atendimento preventivo, concordo com você que enviar médicos brasileiros para os grotões do Brasil, com estabilidade e incentivos, com certeza é mais válido que enviar médicos cubanos. O Governo estará resolvendo dois problemas: oferecer emprego ao médico brasileiro com possibilidade de carreira, ao mesmo tempo em que estará dando atenção à saúde para esses lugares com deficiência.
Outro ponto e que se liga ao tratamento humanizado, refere-se aos conceitos da medicina chinesa, algo que até me interessa bastante, mas não encontrei tempo de me aprofundar.