DESMISTIFICANDO FHC

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#211 Mensagem por Charlies Sheen » 22 Jun 2013, 02:21

Carnage escreveu:O "comparativo" que o colega Charlies Sheen postou já havia sido postado em outro tópico. O convido a ler as seguintes postagens minhas aqui:
viewtopic.php?p=1806512#p1806512
viewtopic.php?p=1807501#p1807501 - nesta respondo ponto a ponto o tal "comparativo"
viewtopic.php?p=1822413#p1822413
viewtopic.php?p=1823736#p1823736
viewtopic.php?p=1823737#p1823737
Bem como quase tudo que postei naquele outro tópico.
Sinta-se livre pra rebater o que escrevi ou mostrei lá.
Faltou vontade e tempo para conseguir fazer comentários.
Mas encontrei um tempo livre agora e resolvi comentar.
Só comentei o essencial mesmo.
Carnage escreveu:O problema não são tendências políticas em si. Mas sim a natureza dos argumentos. Aqui é que tem um monte de gente que já começa falando “Ah, foi fulano que escreveu? Nem vou dar atenção”
A Carta Capital já criticou o governo Lula várias vezes. Criticou onde tinha que criticar. A grande mídia (que é controlada por meia dúzia de famílias), que é realmente partidarizada, essa sim costuma usar de mentiras, distorções e devaneios com o intuito de atacar o governo petista pra tentar tirá-lo de lá e colocar alguém mais afinado com seus interesses. De direita, é óbvio.
E o Governo Lula está bem protegido pelos empresários que financiam o Governo dele. Só na candidatura de Dilma o PT recebeu um aporte financeiro maior que os outros candidatos somados. Abusou da máquina pública sendo multado inúmeras vezes. Portanto não cabe esse discurso de perseguição de Grande Mídia que é monopolizado por meio dúzia de famílias. O Governo tem uma elite poderosa a favor dele, tem em seu poder a propaganda governamental, e ainda se queixam.
Eu já li também críticas ao FHC, assim como elogios ao Governo petista nessa “Grande Mídia”.

Carnage escreveu:Oras bolas, o governo FHC tem a culpa de quase tudo que deu errado na economia brasileira na década de 90! Qual foi seu mérito?? FHC não tem nada a apresentar senão o controle da inflação.
Essa é uma afirmação extremamente tendenciosa. Que controlou só inflação?? E tudo que está implicado nesse controle?
Carnage escreveu:Mas a inflação foi controlada no governo Itamar, não no governo FHC!!
A inflação começou a ser controlada no último ano do Governo Itamar, em 1994. O Plano Real àquela época estava nascendo. O Governo Itamar foi caracterizado, também, pela hiperinflação e sofreu inúmeros desgastes por causa disso.
Carnage escreveu:E nem foi tão controlada assim, pois apesar de ter baixado muito, ainda era umas 5 vezes mais alta que a média de quase todas as economias do mundo na mesmo época! Ou seja, mesmo com o Plano Real, o Brasil ainda tinha uma das mais altas inflações do mundo no período!
Verifique a inflação acumulada nos 04 (quatro) anos do período Collor/Itamar, e a inflação acumulada nos 08 (oito) anos do período FHC. Observe bem os números, atente para eles, antes de dizer que não foi tão controlada assim. Quanta à comparação que tu fez com o mundo, houve uma grande variabilidade entre as taxas de inflação entre as economias de diversos países na década de 90. Observe o gráfico e leia a citação abaixo:
[A taxa de inflação média de 180 países na década de 90 foi de 105%, registrando a enorme variabilidade de 346% (a diferença média entre a inflação observada em cada país e a média mundial), ou seja, de 3,3 vezes a média. No período de 2000-2003, a média mundial foi reduzida a 9,6%, e a variabilidade caiu para 26%, ou seja, 2,7 vezes a média.
A taxa de inflação caiu no mundo, mas caiu ainda mais no Brasil. Escapando da indecente média anual de 850% de inflação na década de 90, registramos a média de 8,9% no período 2000-2003. Enquanto a média mundial foi dividida por dez, a média brasileira foi dividida por cem! Não é pouco.
[ external image ]

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opinia ... 200407.htm
Carnage escreveu:Lula não deu sequência às reformas? Como assim sequência?? Se A inflação estava sobre controle ANTES do governo FHC porque ele não fez as reformas que você cobra do Lula quando assumiu? Lógico que o governo petista não fez o que devia mas também é culpa do Lula que FHC não as fez? Qual foi o entrave para FHC?
Eu sou obrigado a dizer: não tem nada a ver o que tu escreveu. A inflação iniciou a ser controlada no fim do Governo Itamar, quando o FHC foi Ministro da Fazenda, entretanto medidas precisaram ser tomadas para dar sustentabilidade ao Plano Real, o que foram feitas no Governo FHC. Ela não foi controlada de uma hora para outra. Houve todo um processo de reestruturação da economia. Esse tripé que dizem que sustenta o Plano Real precisou ser ajustado durante os desafios que o Governo enfrentou à época – metas da inflação (1999), câmbio flutuante (1999), superávit fiscal (lei da responsabilidade fiscal), e mais um monte de coisa.
Quanto ao que o amigo do site afirmou:
O governo do PT teve o mérito de conduzir bem tais políticas, mas não deu sequencia às reformas..
, FHC, com todos os problemas que houve, conduziu reformas importantes necessárias para estruturar a economia, como as privatizações tão criticadas. A questão é: Lula herdou uma economia estável, teve ventos favoráveis, o Governo poderia intervir mais firmemente em alguns problemas que emperram o Brasil. Dessa forma ele poderia contribuir para um real crescimeto sustentável. Não obstante, haver um crescimento maior em relação ao Governo anterior, no Governo do PT, o Brasil não se destacou em crescimento.
Carnage escreveu:Como a balança pode pender, na sua opinião, para FHC se ele mesmo não fez o que devia (nesse ponto então é empate) e além disso quebrou o Brasil mais de uma vez e ainda foi aos poucos perdendo o controle da inflação ao final do seu governo? Motivo pelo qual manteve taxas de juros estratosféricas ao longo de todo seu governo.
O que realmente ocorreu foram três crises sucessivas que o Governo enfrentou, a crise do México, a crise Asiática e a crise da Rússia. Em toas elas investidores retiraram recursos do Brasil, obrigando a elevação dos juros. O Brasil no Governo FHC não tinha as reservas em moeda estrangeira que dispunha à época que o Lula enfrentou a sua crise no final do mandato. Ele era um país mais frágil, ele não viveu um grande período de prosperidade econômica.
Quanto aos juros estratosféricos, o Brasil em 1994 estava com juros de mais de 50%, e veio diminuindo, com flutuações, até 2002 atingindo a marca de próximo de 25%. A tendência de diminuição continuou no Governo Lula. Procurei na internet mas não encontrei um gráfico que mostrasse a tendência dos dois governos, mas a tendência geral desde 1994/1995 é de diminuição, até hoje.. Encontrei um gráfico em um site que eu achei interessante mas ele travava toda hora. No início do Plano Real, durante a implementação, em 1994, os juros estavam bem altos, e continuaram altos durante o decorrer do Governo. Eu acredito que um dos motivos dos juros estarem tão altos no Governo FHC era a questão do risco Brasil que impôs essas altas taxas. Mesmo considerando que o Governo do PSDB pudesse ter administrado melhor aquela situação, e cobrado juros menos escorchantes, fazendo com que eles fossem apenas ligeiramente maior em relação ao Governo Lula, mesmo assim a tendência seria de diminuição no Governo Lula e os seus defensores mostrariam a queda como uma vitória do Lula. A questão é que os juros veio diminuindo no Brasil desde 1995, e à época do Lula também era alto.
Há um interessante artigo escrito em 2006 na Folha de São Paulo que eu vou citar apenas uma parte:
Lula, que assumiu sua candidatura à reeleição no sábado, chegou a desencavar os juros do Banco Central de abril de 1995, sem explicar por que a taxa, em seu governo, continua a mais alta do planeta. FHC, no dia seguinte, acusou Lula de permitir a valorização excessiva do real em relação ao dólar, sem mencionar que adotou a mesma política em seu primeiro mandato e levou o país a acumular déficits recordes nas transações com o exterior.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil ... 200605.htm
Carnage escreveu:FHC levou a dívida pública às alturas isso fazendo as privatizações justamente sobre o pretexto de que elas diminuiriam a dívida! Sobre que parâmetro isso é uma boa condução da política fiscal? Entregou patrimônio público a preço de banana e ainda endividou o Brasil como poucos conseguiram.
Sobre o parâmetro de que os avanços foram sentidos nos anos seguintes, sobre a forma do desenvolvimento tecnológico dessas empresas e a arrecadação de impostos e etc.
Quanto à dívida pública interna, isso é um problema estrutural, o Governo Lula terminou com uma dívida pública interna líquida maior que a do FHC. Houve um aumento brutal da dívida pública no Governo Lula também, entretanto realmente em relação ao PIB, a dívida foi menor. Isso foi méritos do Lula que soube se cercar das pessoas certas na condução da equipe econômica. Felizmente ele foi esperto e não acomodou a ala radical do PT na condução da ecomomia, senão eu não sei o que seria.
Quanto à dívida no Governo FHC citarei novamente:
Como resultado dos esforços de estabilização, o governo FCH multiplicou a dívida interna que pulou de R$ 108 bilhões, em 1995, para R$ 658 bilhões, em 2002 (segundo o IPEA), dos quais R$ 275 bilhões foram decorrentes do repasse das dívidas dos estados e municípios para o Governo Federal; R$ 143,4 bilhões resultante dos chamados “esqueletos”, compromissos assumidos pelos governos anteriores na época da inflação, mas que não tinham sido contabilizados como dívidas efetivas; e R$ 69,5 bilhões decorrente da recuperação dos bancos federais, que entraram em crise com a queda da inflação.
http://visaopanoramica.net/2009/08/05/c ... hc-x-lula/

Além disso a “redução da dívida pública” no Governo do PT tem a ver, também, com a manutenção do superávit primário, que foi um instituto criado no Governo FHC, e bem conduzido pela equipe do Lula.
E mais, eu li que o Governo deixou de contabilizar determinados títulos, em função dos quais a dívida diminuiu. É divulgado um número mas os números reais podem ser piores.
Carnage escreveu:O governo Lula terminou com redução da inflação, juros muito menores, uma grande redução da relação dívida pública/PIB, aumento do mercado interno, milhões fora da linha de pobreza, recordes na balança comercial e crescimento médio de 4% contra 2,3% de FHC, o 26º lugar no ranking dos presidentes da república. Isso tudo tendo passado pela maior crise do capitalismo dos últimos 70 anos.
As supostas conquistas do Lula em relação à inflação também são conquistas do FHC. A inflação baixa e o que a sustenta é uma instiuição que foi conquistada, principalemente, no Governo FHC. Isso depõe, inclusive, contra aquela tua idéia, de que a inflação foi controlada no Governo Itamar. A inflação foi uma conquista de muitos anos, dependeu de persistência, do “líder” certo no Governo, dependeu de reformas, e dependeu também do Governo Lula, pois ele manteve basicamente a política econômica, e agora a Dilma. O que tu podes dizer é que ele conduziu razoavelmente a política econômica do antecessor, não se esquecendo que foram dois períodos distintos. Quanto aos juros o Governo abaixou-o na crise de 2008 para estimular a economia, medida que me pareceu ser adequada para a época; e depois manteve os juros baixos para eleger a Dilma. Entretanto hoje se sabe as consequências inflacionárias no Governo Dilma, e que medidas de incentivo ao consumo, somente, não bastam, pois o Brasil tem carência de oferta. Os desafios de Dilma é exatamente intervir nos problemas estruturais, havendo já um ponto positivo nesse Governo ao permitir que empresas privadas operem mais livremente nos portos, entretanto isso já poderia ser feito no governo Lula, e não foi por causa dos ranços petistas contra empresa privadas.
Em relação ao crescimento econômico, eu já fiz um comentário aqui, e não vou me repetir.
Carnage escreveu:Não vou nem falar nas divisas do país, que FHC dizimou e que Lula aumentou a patamares nunca antes alcançados!
Nunca antes na história desse país....
Carnage escreveu:FHC teve a sua disposição a CPMF, que deveria ter sido usada para exclusivamente para a saúde, mas foi desvirtuada por seu governo. Anos depois seu partido lutou pra acabar com o imposto, subtraindo uma fortuna do financiamento. Ou seja, só servia quando era pra ele, não para ajudar outros governos.
O PT é uma metamorfose ambulante. Quando foi proposto criticava, depois prorrogou até 2007, e só não continuou prorrogando em uma rara manifestação de independência do Congresso.
Carnage escreveu:Primeiramente o nível de redução não é nem de perto idêntico. Basta olhar o gráfico abaixo
Aqueles gráficos mostram diferentes coisas. O primeiro, gráfico 6, em 1993 temos 35 % na linha de miséria. Em 2002/início de 2003 temos próximo de 25%. Portanto evolução: 10%. Em 2002/2003 temos 25%, em 2009 o número é próximo de 15%: portanto evolução 10%, também.
Já o último gráfico demonstra uma evolução muito maior no Governo Lula.
Carnage escreveu:Como isso pode significar que FHC foi melhor? Quando você diz que FHC melhorou a “população como um todo” e Lula melhorou para os mais pobres fica muito confuso a sua noção de “Redução da Pobreza”. Se o quesito é redução da pobreza é óbvio que conta a melhora para os mais pobres. Se os mais pobres configuram a maioria da população, é lógico que a melhora para a maioria é uma melhora pra a “população como um todo”, pois a maioria foi beneficiada!
O Governo do PT investiu mais no combate à pobreza, principalmente por meio dos programas sociais e aumento do salário mínimo. Entretanto conforme o IPEA, a diferença na redução da extrema pobreza não foi tão significativa em relação ao Governo anterior:
[A taxa de extrema pobreza indica, segundo o IPEA, o 'percentual de pessoas na população total com renda domiciliar per capita inferior à linha de extrema pobreza (ou indigência, ou miséria). A linha de extrema pobreza aqui considerada é uma estimativa do valor de uma cesta de alimentos com o mínimo de calorias necessárias para suprir adequadamente uma pessoa.' Já a taxa de pobreza indica, também segundo o IPEA, o ' Percentual de pessoas na população total com renda domiciliar per capita inferior à linha de pobreza. A linha de pobreza aqui considerada é o dobro da linha de extrema pobreza.'

Fonte: Dados oficiais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
De 1993 a 2002 (FHC) a taxa de extrema pobreza caiu 6,28% (0,70% ao ano), em uma variação percentual de -30,98% (-4,04% ao ano)
De 2002 a 2009 (Lula) a taxa de extrema pobreza caiu 6,71% (0,96% ao ano), em uma variação percentual de -47,96% (-8,91% ao ano)
De 1993 a 2002 (FHC) a taxa de pobreza caiu 8,58% (0,95% ao ano), em uma variação percentual de -19,96% (-2,44% ao ano)
De 2002 a 2009 (Lula) a taxa de pobreza caiu 12,98% (1,85% ao ano), em uma variação percentual de -37,73% (-6,54% ao ano)
http://pt-br.governobrasil.wikia.com/wi ... rasil+Wiki

A variação na taxa de pobreza foi bem maior que a variação na taxa de extrema pobreza em relação ao governo anterior.
Quero dizer que o Governo Lula não parece ter se destacado tanto assim ao se considerar somente os indivíduos que estão em extrema miséria.
O que ocorreu foi um conjunto de fatores externos, e internos, ligados ao Governo do PT, que permitiram essa inflexão positiva na taxa de pobreza de forma geral no Governo Lula.
Entretanto extraio de uma tabela do IBGE a evolução de alguns indicadores que representam qualidade de vida para as pessoas no período de 1981 até 2009 e que se relacionam ao poder de compra:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica ... erie_1.pdf

Na tabela do link acima extraio apenas três:
Porcentagens de domicílios com telefone: 22,4 (1995) e 58,9 (2002) resultando uma diferença positiva de 36,5%.
No período 2002 até 2009: 58,9 a 84,9 resultando em uma diferença 26%
No Governo FHC houve uma mudança mais positiva

Televisão: 1995 a 2002: variação 81,1 a 89,9: resultado de 8,8%
2002 a 2009: variação 89,9 a 96,0: resultado de 6,1%

No FHC houve uma variação mais positiva

Geladeira: 1995 a 2002: variação 74,9 a 86,6: resultado de 11,7%
2002 a 2009: variação 86,6 a 93,9: resultado de 7,3%

No FHC houve uma variação mais positiva.

Representam indicadores de qualidade de vida, e que o poder de compra aumentou com o Plano Real e a diminuição da inflação. Acredito que por isso que se diz que “melhorou a população como um todo”, pois no início com a estabilização o povo pode ter acesso a itens como esse mais facilmente.
Carnage escreveu:Essa ladainha de que o Bolsa Família não passa de unificação dos programas já existentes no governo FHC também é uma grande bobagem. Embora verdade per se, o fato é que estes programas do FHC eram tímidos, muito pouco difundidos e de impacto muito pequeno, como os próprios gráficos demonstram. O governo Lula não fez só unificar os programas, ele efetivamente lançou um programa que fazia diferença, abrangente e bem mais ambicioso.
Que mérito tem em se criar algo se não se implementa pra valer?
Se isso não é um mérito que conta pra Lula ganhar a disputa, não sei o que é então...
Conta para ganhar a disputa para a eleição. O vídeo abaixo mostra primeiramente Lula chamando de imbecil e ignorante as pessoas que dizem que o BF é assistencialismo. Depois, mais adiante no vídeo ele afirma criticando o programa social criado no FHC que as pessoas são conduzidas pelo seu estado de miséria a pensar com a barriga.
http://www.youtube.com/watch?v=khrWYPd3hRQ


A propósito de contradições cito:
Quando FHC começou a fazer um monte de bobagens depois de eleito; perguntaram a ele quais motivos o levaram a atuar de forma tão diferente de tudo que ele escrevera e pregara, durante a campanha e em seu tempo de acadêmico. A resposta de FHC foi simples e emblemática: “Esqueçam tudo o que eu disse”.

Lula, mesmo não tendo a mesma “verve”; fez o mesmo. Afinal de contas, antes de ser eleito ele abominava o Bolsa Família (que na época tinha outro nome) afirmando que o programa tornava os pobres escravos da “elite política”. Também dizia sobre o reajuste dos benefícios dos aposentados que ganhavam acima de um salário mínimo e a criação do fator previdenciário: “Isso é “um roubo” e uma “afronta” aos trabalhadores que construíram o Brasil”. Apesar de Lula não ter dito para que esquecêssemos de tudo que ele pregara ou escrevera (até porque não escreveu nada), suas ações têm o mesmo sentido da fala de FHC.
http://www.visaopanoramica.com/2010/05/ ... de-sempre/
Carnage escreveu:Mas essa redução toda que os gráficos mostram não é só resultado do BF. Não mesmo. Uma das coisas que mais afetou essa melhora real da vida da população foi a política de aumento do poder de compra do salário mínimo implementada pelo Lula. Um aumento de US$ 81,0 em 2002 para US$ 288,0 em 2010. Isso sim fez uma grande diferença para as pessoas e para a economia como um todo!
Setembro de 1994: salário mínimo igual R$ 70,00.
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/ ... ria-637-94

Abril de 2002: salário mínimo R$ 200,00
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mp ... 002/35.htm

Janeiro de 2010: R$510,00
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_A ... L12255.htm

No Governo Lula houve uma aumento mais expressivo do salário mínimo.
Não obstante o índice de IDH, tão comentado no tópico do bufão do Chaves, foi bem melhor no Governo FHC. Por esse índice é possível avaliar de forma mais ampla a melhora real de vida da população. O IDH inclui também o poder de compra na sua medição.
A propósito, vale mencionar o índice simplesmente para um questionamento. Se propaga-se tanto que o Governo Lula foi melhor no combate a miséria: aumentou o salário mínimo, gerou mais empregos, o poder de compra da população aumentou, por que o índice de IDH é melhor no FHC?
Carnage escreveu:Se FHC não fez nada, acho difícil dizer que ele se saiu melhor...
Nesse campo pode até ser meio complicado perceber quem é melhor, mas uma análise de alguns pontos no governo FHC e nas opiniões atuais dele do seu partido permitem esclarecer um pouco as coisas.
A meu ver se FHC não fez nada, não é nem um pouco difícil saber quem é melhor.
Como que pode uma pessoa dizer que FHC não fez nada, e depois afirmar que pode ser meio complicado perceber.

A partir daqui, no teu texto, tu subiu o tom. Chamou FHC de putinha, foi condescendente com a corrupção do PT, e feroz em relação a corrupção do PSDB, agiu como um pitbull raivoso, chamou a mídia de histérica, e se referiu a viuvinhas da mídia, como se o teu texto não fosse uma defesa apaixonada do Governo do PT.
Carnage escreveu:O Brasil não esquecerá: 45 escândalos que marcaram o governo FHC
Espero que não esqueçam também os mais de 100 escândalos do Governo Lula.
http://ueba.com.br/forum/lofiversion/in ... 85921.html

A enumeração dos escândalos de corrupção do site aí em cima é até 2007 ainda.
Além disso tem a medição da ONG Transparência Internacional, a qual mostra que o Brasil decaiu de posição durante o Governo Lula.
O organismo mede a percepção de corrupção no país, a qual aumentou no Governo Lula.
Isso quer dizer ou que tu és mais inteligente que a média ou mais alienado ao afirmar semelhante coisa:
Carnage escreveu:Agora sou obrigado a achar graça. Fora o desastre do combate a pobreza, este é o segundo critério que é totalmente humilhante para FHC.
Se eu quisesse eu poderia também jogar um monte de sujeira do Governo Lula, como tu fez em relação ao FHC, pois não falta.
Na verdade eu acho graça dessa tua frase.
No site aqui embaixo Lula, vigésimo sei lá quantos no ranking dos presidentes, foi eleito a personalidade mais corrupta de 2012, depois veio o Demóstenes Torres.
Mas a eleição foi em clima de carnaval, depois o povo se esquece.
http://oglobo.globo.com/pais/ex-preside ... 12-7349096

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#212 Mensagem por Taiado » 22 Jun 2013, 13:06

Gilmor...

Nem sei por que me dou ao trabalho, mas vamos lá, creio q o confrade Charlie já deu a deixa de tds as argumentações falaciosas propagadas pela situação, já que vc gosta de colocar nestes termos, e portanto nem vou argumentar com um xiita como vc.

Tenho no entanto, a crença que, um dia, vc vai perceber que o seu discurso se assemelha ao de uma virgem no banco de trás do carro pela primeira vez... extremamente ingenuo...

Tomara que quando vc perceber isso sua decepção seja amenizada pelo fato de que a maioria da população percebeu a mentira e foi as ruas cobrar dos governantes o preço das inconsequências.

sem mais.

Taiado

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#213 Mensagem por Carnage » 10 Ago 2013, 12:51

Sinto, mas não tenho mesmo mais ânimo pra discutir ou analisar argumentos um a um. Preguiça, ainda mais porque muito já respondi e já rebati outras vezes, e muito informações postadas à exaustão contrariam tranquilamente. Li o texto por cima e vários pontos já respondi antes, não vou escrever novamente o que já escrevi. Desculpa, tô "covarde" mesmo...



Fico com mais um texto que não é meu (sei que todo mundo vai adorar!) que novamente pisa e sapateia em tudo que se possa falar a respeito de FHC. Sei que todo mundo adora!

http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/ ... z-nada.htm
FHC, o neoliberal, sofre de amnésia, fala muito e não diz nada
Davis Sena Filho
DAVIS SENA FILHO 4 de Agosto de 2013 às 16:28


O “ideólogo” do PSDB não apresenta uma única proposta concreta de governo ou qualquer projeto de país. Quem duvida do que eu afirmo que trate de lê-lo

“FHC é exemplo de cidadão e político coxinha. Ele foi criado nos gabinetes das academias e nos salões das mansões dos ricos, bem como nos palácios e palacetes que desde cedo sempre deu o seu ar da graça”.


O ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I — teve mais um “tijolão” publicado na imprensa corporativa e de mercado, que há décadas o tem como o seu farol político e ideológico, no que diz respeito a estar no campo de direita e de oposição aos governos trabalhistas que conquistaram eleitoralmente e democraticamente a Presidência da República, a partir do ano de 2003.

FHC somente não pode escrever no The New York Times, porque quem é o titular de uma coluna mensal no jornal mais famoso do mundo é o ex-presidente trabalhista Luiz Inácio Lula da Silva, aquele que realizou governos muito mais competentes e melhores socialmente e economicamente que os governos do grão-tucano, bem como tem muito mais prestígio internacional do que o ex-mandatário do PSDB, que, inconformado e irritado, não consegue disfarçar a sua grande inveja em relação ao petista.

Afinal de contas, o trabalhista Lula, ex-operário de origem paupérrima, nordestino, considerado pelas “elites” um pau-de-arara e que tem um dedo a menos em uma de suas mãos deve estar cansado de ganhar medalhas, comendas e diplomas dos reitores das universidades mais respeitadas do mundo e do Brasil, coisa que, definitivamente, não acontece com o tucano neoliberal FHC, que optou por submeter o poderoso País da América Latina aos interesses e aos ditames dos governos, dos banqueiros e das multinacionais dos países desenvolvidos.

Contudo, está mais claro do que dia de sol a pino que o reconhecimento dos reitores, das academias de expressão e dos mandatários de inúmeros países é o resultado do que o governante trabalhista e a sua equipe de ministros realizaram. Lula assumiu um País quase falido, com reservas internacionais quase negativas e nenhuma credibilidade, a ter como exemplos simbólicos o “puxão de orelha” que o FHC recebeu do ex-presidente Bill Clinton na frente de vários presidentes e primeiros ministros de países desenvolvidos, além de seu chanceler, o diplomata Celso Lafer, ter tirado os sapatos, a mando de um subalterno, em aeroporto de New York. Não é preciso dizer nada mais.

O Governo de Lula foi de inclusão social, inegavelmente, porque aberto ao diálogo com a sociedade civil, com os empresários e os políticos, além de ter criado condições para efetivar a interface com os países emergentes, pobres e principalmente com as nações da América do Sul, que, no passado, sempre desconfiaram do Brasil por causa de seu tamanho e poder econômico e que atualmente dialogam com o gigante País de língua portuguesa, fundador do Mercosul, do Brics, da Unasul e do G-20.

Essas novas realidades ocasionaram a abertura de fronteiras até então fechadas e a derrubada de obstáculos entre os países, no que é relativo ao comércio exterior, aos intercâmbios de pesquisa, culturais e políticos, o que, sem sombra de dúvida, cooperou para dar fim às rivalidades sem sentido, aos preconceitos, bem como favoreceu a formalização de contratos e acordos internacionais, tanto no âmbito empresarial quanto nas esferas governamentais e de conhecimento técnico, científico e cultural.

Enquanto os governantes e economistas trabalhistas brasileiros efetivaram um processo de distribuição de renda e riqueza, além de recuperarem a infraestrutura do Brasil, pois sabiam que a demanda interna por consumo e as exportações iriam crescer exponencialmente e dessa forma evitar que a crise estadunidense e europeia de 2008 se alastrasse, inclusive, em toda a América do Sul, o governo do ex-presidente tucano FHC — o Neoliberal I — resolveu implementar, de forma radical, pois sem limites, o modelo neoliberal.

Modelo vinculado às grandes corporações banqueiras e empresariais, a exemplo do Banco Mundial (Bird) e do FMI, instituições de pirataria e rapinagem dominadas pelos Estados Unidos e meia dúzia de países de passados colonizadores, que hoje sofrem com uma crise econômica e financeira sem precedentes, porque até os empregos os seus povos perderam. O crash de 1929 é incomparavelmente menos grave do que a crise atual, pois hoje vivemos em um mundo globalizado, com um comércio internacional infinitamente maior e com uma população global que, em comparação com a de 1929, nos leva a pensar que o mundo daqueles tempos idos era despovoado.

A verdade é que o trabalhista Lula nunca vai ser perdoado pelas “elites” historicamente escravocratas brasileiras e estrangeiras, pois tais “elites” são farinhas do mesmo saco e da mesma ideologia de dominação sobre as classes sociais populares, responsáveis maiores pela riqueza daqueles que são os inquilinos do pico da pirâmide social. E é dessa forma que os ricos do Brasil e do exterior e a classe média portadora e replicadora dos valores, dos princípios e dos conceitos se comportam perante o nordestino que foi para São Paulo ainda pequeno para ganhar a vida.

Essa gente preconceituosa e elitista não perdoa o petista, porque se considera superior, porque o sentimento de classe é arraigado, como se fosse instintivo, a lutar pela sobrevivência, mesmo sabendo que os números e índices econômicos do governo trabalhista de Lula são inquestionavelmente maiores que o do tucano FHC — o Neoliberal I —, aquele que foi ao FMI três vezes, de joelhos e com o pires nas mãos, porque quebrou o Brasil três vezes, além de ter vendido o patrimônio público que ele e seus comparsas não construíram, porque quem edificou as principais estatais deste País foi o presidente estadista e trabalhista Getúlio Dornelles Vargas, que teve de dar um tiro no peito, em agosto de 1954, para evitar que a direita escravagista brasileira tomasse o poder em um golpe de estado — o que aconteceu, porque a direita somente chegou ao poder dez anos depois, em 1964, e todo mundo sabe no que deu tal golpe. Ou não sabe?

Entretanto, o motivo deste artigo é o blá blá blá sem sentido e desconcatenado do senhor Neoliberial I publicado nos jornais e revistas do sistema midiático privado, historicamente golpista, encastelados no Instituto Millenium, e propriedade de meia dúzia de famílias, que querem fazer do Brasil de 200 milhões de habitantes, além de ser a sexta maior economia do mundo, o quintal de suas casas.

FHC tem uma capacidade cognitiva sofrível e lamentável, por se tratar de um cidadão considerado e festejado pela burguesia como um intelectual. Só que os seus textos não tem pé e nem cabeça, pois são uma miscelânea de lugares comuns e que, definitivamente, não se contrapõem às realidades dos avanços sociais e econômicos conquistados pelo povo brasileiro nas administrações de Lula e da presidenta Dilma Rousseff. FHC é exemplo de cidadão e político coxinha. Ele foi criado nos gabinetes das academias e nos salões das mansões dos ricos, bem como nos palácios e palacetes que desde cedo sempre deu o seu ar da graça.

FHC só tem espaço na imprensa nativa, pois como colunista do The New York Times ele foi demitido. Quando o tucano escreve, ele não diz nada com nada, apesar de o ex-presidente falar muito. O “ideólogo” do PSDB não apresenta uma única proposta concreta de governo ou qualquer projeto de país. Quem duvida do que eu afirmo que trate de lê-lo. Seu texto é de uma pobreza intelectual que chega a ser estéril e faz com que muitos leitores desconfiem de seu conhecimento sobre as questões brasileiras. É como se o tucano fosse, irremediavelmente, divorciado dos interesses e dos sonhos do povo brasileiro. Afirmo ainda que o FHC como intelectual é uma farsa como pensador, porque forjado pela burguesia tupiniquim e pelas editorias de política da imprensa alienígena e de direita.

Por fim, chego à conclusão que o político do PSDB sofre de uma terrível e predadora amnésia, porque todo mundo sabe, até as pessoas mais ingênuas e desinformadas, que o governo de tal tucano foi um retumbante fracasso, porque seus números econômicos e sociais são ridículos e não refletem, por exemplo, a arrogância, a prepotência, a vaidade e a total falta de discernimento de Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I — sobre, inclusive, quem ele é e a quem ele representa. É isso aí.

Situação Política e Econômica após FHC, antes de o Lula assumir:

Em janeiro de 1999, desastrada maxidesvalorização do real o elevou de R$ 1,12 para R$ 2,17 em apenas uma semana. O governo privatista FHC se esgotou em 15 dias após a sua posse. Os três anos seguintes foram de extrema letargia, baixo crescimento e os dinheiros das grandes privatizações foram consumidos no imenso déficit das contas públicas. O maior caos político-administrativo foi o apagão energético. O Ministério de Minas e Energia ficou esvaziado e aconteceu o maior vexame da história recente: o País não podia crescer por falta de geração e transmissão da energia produzida. Apesar da melhoria da economia em 2001, o Governo FHC politicamente estava derrotado. Iniciado o ano da sucessão, a oposição comandada por Lula era amplamente favorita. Em Abril de 2002, o dólar estava no câmbio flutuante, no valor de R$ 2,32. O risco País em torno de 800 pontos (dados do BC).

A candidatura governista, da imprensa e dos empresários, na pessoa do tucano José Serra, não alça voo e se torna uma candidatura que ruma ao fracasso. Em meados de abril de 2002, Luiz Fernando Figueiredo, Diretor de Política Monetária do Banco Central, modifica a política de prefixação de rendimentos dos fundos de investimentos, a fim de antecipar os vencimentos dos títulos públicos fixados em dólar. A medida, aparentemente técnica, na verdade revela-se uma tentativa de golpear a oposição, pois dessa forma todos os índices econômicos são alterados radicalmente. Em um mês, o dólar salta para R$ 3,00. Este fato faz o risco país atingir os 1.500 pontos. A imprensa pró-FHC e seu candidato espalham boatos os quais culpam a candidatura e a possível vitória de Lula nas eleições presidenciais. O clima de terror eleitoral foi prejudicial ao Brasil, porque entre o primeiro e o segundo turnos o dólar chegou a R$ 4,04 e o risco País a 2.500 pontos. O IGPM, que remunera aluguéis e tarifas públicas, vai a 30%;

O que legou Lula a Dilma


Além do excelente ano de 2010, com um crescimento vigoroso de 7,5%, e com todos os indicadores econômicos em alta, o Brasil sob a administração do presidente trabalhista Lula teve os seguintes indicadores:

1) 14 milhões de novos empregos e taxa de desemprego mais baixa da história;
2) De Janeiro de 2003 a Junho de 2010, 43% a mais de empregos formais;
3) Classe média aumentou em 24 milhões de pessoas;
4) 32 milhões de pessoas saíram da linha da miséria;
5) Classe C tem mais poder de consumo de A+B juntas. Classe D emergindo e entrando firme no mercado;
6) Salário mínimo foi de US$ 65 para R$ 295 e quebrou a versão de que se aumentasse salário a Previdência e as empresas iriam a falência;
7) Brasil é 3º país no ranking de investimentos mundiais;
8.) Petrobras realiza a maior capitalização da América Latina por uma empresa, algo em torno de US$ 25 bilhões de dólares, além de o Pré-Sal vira realidade;
9) Contas públicas em ordem;
10) Diminuição da carga tributária de 36,1% para 33,58% do PIB em plena crise;
11) Sexta economia mundial e perspectiva de ser a quinta em cinco anos;
12) Copa do Mundo em 2014 e Olimpíadas em 2016, abrindo ampla perspectiva de investimentos, obras e empregos;


Dívida pública – FHC a recebeu em 30% do PIB, em dezembro 1994, e a elevou para mais de 55% do PIB, em 2002, mesmo tendo vendido algumas “jóias da coroa”, como a Vale, com a privatização. O principal motivo para a alta da dívida foi a política de juros altíssimos, que remunerava investidores com ganhos reais acima de 20% ao ano. Nos oito anos de governo Lula, a dívida interna caiu para menos de 40% do PIB e hoje está em 36%. Tende a cair ainda mais com a política de juros baixos colocada em prática pela presidente Dilma.

Risco Brasil – Nos dois governos FHC, o Risco-Brasil bateu em 2,7 mil pontos e o País foi socorrido três vezes pelo Fundo Monetário Internacional. Com Lula, caiu a 200 pontos e o Brasil foi promovido a grau de investimento. Os tucanos alegam que, em seu período, o mundo sofreu com as crises do México, da Argentina, da Rússia e da Ásia. Petistas rebatem afirmando que enfrentaram, em 2008, uma crise nos Estados Unidos, o coração do capitalismo.


Dólar – No fim do governo FHC, o dólar foi a quase quatro reais e a inflação anualizada já era de dois dígitos. O Banco Central, de Armínio Fraga, atribuía ao risco Lula a alta do dólar e a disparada dos preços. Com Lula, e o BC nas mãos de Henrique Meirelles, a dívida pública em dólar foi zerada, o real se valorizou fortemente, as reservas internacionais somaram mais de U$S 250 bilhões e o Brasil passou a cumprir sua meta de inflação.

Emprego e transferência de renda – O saldo de empregos criados com carteira assinada no governo FHC foi de 700 mil postos de trabalho. Na era Lula, somaram mais de 11 milhões de vagas. Programas de transferência de renda, criados no governo FHC, foram acentuados na era Lula sob o guarda-chuva do Bolsa-Família. Com resultado, 23 milhões de pessoas cruzaram a linha da pobreza.

PS: O líder do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, afirmo novamente, sofre de uma forte e conveniente amnésia. Ele, em seu artigo publicado hoje nos jornalões de direita, fica a deitar falação sobre herança maldita, aparelhamento do estado, a criticar a estatal que ele, o PSDB e a imprensa odeiam: a Petrobras e a falar de crise no setor de energia. Como o Neoliberal I tem memória curta, ele se esquece do apagão de 2005, que durou quase um ano.

O político conservador fala também sobre corrupção e mensalão e esquece, novamente por conveniência, dos múltiplos escândalos de seu governo, inclusive do mensalão tucano que nunca foi julgado pelo conservador STF, que faz oposição constante ao governo trabalhista. Enfim, FHC é assim: se finge de leitão para poder mamar deitado. É isso aí. (DSF)



Veja os escândalos da Era FHC e que nunca foram julgados

1 – Conivência com a corrupção

Um dos primeiros gestos de FHC ao assumir a Presidência, em 1995, foi extinguir, por decreto, a Comissão Especial de Investigação, instituída no governo Itamar Franco e composta por representantes da sociedade civil, que tinha como objetivo combater a corrupção. Em 2001, para impedir a instalação da CPI da Corrupção, FHC criou a Controladoria-Geral da União, órgão que se especializou em abafar denúncias.

2 – O escândalo do Sivam

O contrato para execução do projeto Sivam foi marcado por escândalos. A empresa Esca, associada à norte-americana Raytheon, e responsável pelo gerenciamento do projeto, foi extinta por fraudes contra a Previdência. Denúncias de tráfico de influência derrubaram o embaixador Júlio César dos Santos e o ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Mauro Gandra.

3 – A farra do Proer

O Proer demonstrou, já em 1996, como seriam as relações do governo FHC com o sistema financeiro. Para FHC, o custo do programa ao Tesouro Nacional foi de 1% do PIB. Para os ex-presidentes do BC, Gustavo Loyola e Gustavo Franco, atingiu 3% do PIB. Mas para economistas da Cepal, os gastos chegaram a 12,3% do PIB, ou R$ 111,3 bilhões, incluindo a recapitalização do Banco do Brasil, da CEF e o socorro aos bancos estaduais. (pouquinho, né?? Nem chega perto do que o PT roubou com o mensalão...)

4 – Caixa dois de campanhas

As campanhas de FHC em 1994 e em 1998 teriam se beneficiado de um esquema de caixa-dois. Em 1994, pelo menos R$ 5 milhões não apareceram na prestação de contas entregue ao TSE. Em 1998, teriam passado pela contabilidade paralela R$ 10,1 milhões.

5 – Propina na privatização

Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha de FHC e do senador José Serra e ex-diretor da Área Internacional do Banco do Brasil, foi acusado de pedir propina de R$ 15 milhões para obter apoio dos fundos de pensão ao consórcio do empresário Benjamin Steinbruch, que levou a Vale, e de ter cobrado R$ 90 milhões para ajudar na montagem do consórcio Telemar.

6 – A emenda da reeleição

O instituto da reeleição foi obtido por FHC a preços altos. Gravações revelaram que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, do PFL do Acre, ganharam R$ 200 mil para votar a favor do projeto. Os deputados foram expulsos do partido e renunciaram aos mandatos. Outros três deputados acusados de vender o voto, Chicão Brígido, Osmir Lima e Zila Bezerra, foram absolvidos pelo plenário da Câmara.

7 – Grampos telefônicos

Conversas gravadas de forma ilegal foram um capítulo à parte no governo FHC. Durante a privatização do sistema Telebrás, grampos no BNDES flagraram conversas de Luiz Carlos Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações, e André Lara Resende, então presidente do BNDES, articulando o apoio da Previ para beneficiar o consórcio do banco Opportunity, que tinha como um dos donos o economista Pérsio Arida, amigo de Mendonça de Barros e de Lara Resende. Até FHC entrou na história, autorizando o uso de seu nome para pressionar o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.

8 – TRT paulista

A construção da sede do TRT paulista representou um desvio de R$ 169 milhões aos cofres públicos. A CPI do Judiciário contribuiu para levar o juiz Nicolau dos Santos Neto, ex-presidente do Tribunal, para a cadeia e para cassar o mandato do Senador Luiz Estevão (PMDB-DF), dois dos principais envolvidos no caso.

9 – Os ralos do DNER

O DNER foi o principal foco de corrupção no governo de FHC. Seu último avanço em matéria de tecnologia da propina atende pelo nome de precatórios. A manobra consiste em furar a fila para o pagamento desses títulos. Estima-se que os beneficiados pela fraude pagavam 25% do valor dos precatórios para a quadrilha que comandava o esquema. O órgão acabou sendo extinto pelo governo.

10 – O “caladão”

O Brasil calou no início de julho de 1999 quando o governo FHC implementou o novo sistema de Discagem Direta a Distância (DDD). Uma pane geral deixou os telefones mudos. As empresas que provocaram o caos no sistema haviam sido recém-privatizadas. O “caladão” provocou prejuízo aos consumidores, às empresas e ao próprio governo. Ficou tudo por isso mesmo.

11 – Desvalorização do real

FHC se reelegeu em 1998 com um discurso que pregava “ou eu ou o caos”. Segurou a quase paridade entre o real e o dólar até passar o pleito. Vencida a eleição, teve de desvalorizar a moeda. Há indícios de vazamento de informações do Banco Central. O deputado Aloizio Mercadante, do PT, divulgou lista com o nome dos 24 bancos que lucraram muito com a mudança cambial e outros quatro que registraram movimentação especulativa suspeita às vésperas do anúncio das medidas.

12 – O caso Marka/FonteCindam

Durante a desvalorização do real, os bancos Marka e FonteCindam foram socorridos pelo Banco Central com R$ 1,6 bilhão. O pretexto é que a quebra desses bancos criaria risco sistêmico para a economia. Chico Lopes, ex-presidente do BC, e Salvatore Cacciola, ex-dono do Banco Marka, estiveram presos, ainda que por um pequeno lapso de tempo. Cacciola retornou à sua Itália natal, onde vive tranquilo.

13 – Base de Alcântara

O governo FHC enfrenta resistências para aprovar o acordo de cooperação internacional que permite aos Estados Unidos usarem a Base de Lançamentos Espaciais de Alcântara (MA). Os termos do acordo são lesivos aos interesses nacionais. Exemplos: áreas de depósitos de material americano serão interditadas a autoridades brasileiras. O acesso brasileiro a novas tecnologias fica bloqueado e o acordo determina ainda com que países o Brasil pode se relacionar nessa área. Diante disso, o PT apresentou emendas ao tratado – todas acatadas na Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

14 – Biopirataria oficial

Antigamente, os exploradores levavam nosso ouro e pedras preciosas. Hoje, levam nosso patrimônio genético. O governo FHC teve de rever o contrato escandaloso assinado entre a Bioamazônia e a Novartis, que possibilitaria a coleta e transferência de 10 mil microorganismos diferentes e o envio de cepas para o exterior, por 4 milhões de dólares. Sem direito ao recebimento de royalties. Como um único fungo pode render bilhões de dólares aos laboratórios farmacêuticos, o contrato não fazia sentido. Apenas oficializava a biopirataria.

15 – O fiasco dos 500 anos

As festividades dos 500 anos de descobrimento do Brasil, sob coordenação do ex-ministro do Esporte e Turismo, Rafael Greca (PFL-PR), se transformaram num fiasco monumental. Índios e sem-terra apanharam da polícia quando tentaram entrar em Porto Seguro (BA), palco das comemorações. O filho do presidente, Paulo Henrique Cardoso, é um dos denunciados pelo Ministério Público de participação no episódio de superfaturamento da construção do estande brasileiro na Feira de Hannover, em 2000. (mas é lógico que só o filho de Lula é que é pilantra...)

16 – Eduardo Jorge, um personagem suspeito

Eduardo Jorge Caldas, ex-secretário-geral da Presidência, é um dos personagens mais sombrios que freqüentou o Palácio do Planalto na era FHC. Suspeita-se que ele tenha se envolvido no esquema de liberação de verbas para o TRT paulista e em superfaturamento no Serpro, de montar o caixa dois para a reeleição de FHC, de ter feito lobby para empresas de informática, e de manipular recursos dos fundos de pensão nas privatizações. Também teria tentado impedir a falência da Encol.

17 – Drible na reforma tributária

O PT participou de um acordo, do qual faziam parte todas as bancadas com representação no Congresso Nacional, em torno de uma reforma tributária destinada a tornar o sistema mais justo, progressivo e simples. A bancada petista apoiou o substitutivo do relator do projeto na Comissão Especial de Reforma Tributária, deputado Mussa Demes (PFL-PI). Mas o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o Palácio do Planalto impediram a tramitação.

18 – Rombo transamazônico na Sudam

O rombo causado pelo festival de fraudes transamazônicas na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, a Sudam, no período de 1994 a 1999, ultrapassa R$ 2 bilhões. As denúncias de desvios de recursos na Sudam levaram o ex-presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA) a renunciar ao mandato. Ao invés de acabar com a corrupção que imperava na Sudam e colocar os culpados na cadeia, o presidente Fernando Henrique Cardoso resolveu extinguir o órgão. O PT ajuizou ação de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal contra a providência do governo. (novamente valores irrisórios, que não tem como tirar o título do mensalão de Maior Escândalo de Corrupção da História do País)

19 – Os desvios na Sudene

Foram apurados desvios de R$ 1,4 bilhão em 653 projetos da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, a Sudene. A fraude consistia na emissão de notas fiscais frias para a comprovação de que os recursos recebidos do Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor) foram aplicados. Como no caso da Sudam, FHC decidiu extinguir o órgão. O PT também questionou a decisão no Supremo Tribunal Federal. (caramba! Alguém tá somando esses valores? Tô começando a ficar preocupado que ultrapasse o enorme escândalo do mensalão...)

20 – Calote no Fundef

O governo FHC desrespeita a lei que criou o Fundef. Em 2002, o valor mínimo deveria ser de R$ 655,08 por aluno/ano de 1ª a 4ª séries e de R$ 688,67 por aluno/ano da 5ª a 8ª séries do ensino fundamental e da educação especial. Mas os valores estabelecidos ficaram abaixo: R$ 418,00 e R$ 438,90, respectivamente. O calote aos estados mais pobres soma R$ 11,1 bilhões desde 1998.

21 – Abuso de MPs

Enquanto senador, FHC combatia com veemência o abuso nas edições e reedições de Medidas Provisórias por parte José Sarney e Fernando Collor. Os dois juntos editaram e reeditaram 298 MPs. Como presidente, FHC cedeu à tentação autoritária. Editou e reeditou, em seus dois mandatos, 5.491medidas. O PT participou ativamente das negociações que resultaram na aprovação de emenda constitucional que limita o uso de MPs.

22 – Acidentes na Petrobras

Por problemas de gestão e falta de investimentos, a Petrobras protagonizou uma série de acidentes ambientais no governo FHC que viraram notícia no Brasil e no mundo. A estatal foi responsável pelos maiores desastres ambientais ocorridos no País nos últimos anos. Provocou, entre outros, um grande vazamento de óleo na Baía de Guanabara, no Rio, outro no Rio Iguaçu, no Paraná. Uma das maiores plataformas da empresa, a P-36, afundou na Bacia de Campos, causando a morte de 11 trabalhadores. A Petrobras também ganhou manchetes com os acidentes de trabalho em suas plataformas e refinarias que ceifaram a vida de centenas de empregados.

23 – Apoio a Fujimori

O presidente FHC apoiou o terceiro mandato consecutivo do corrupto ditador peruano Alberto Fujimori, um sujeito que nunca deu valor à democracia e que fugiu do País para não viver os restos de seus dias na cadeia. Não bastasse isso, concedeu a Fujimori a medalha da Ordem do Cruzeiro do Sul, o principal título honorário brasileiro. O Senado, numa atitude correta, acatou sugestão apresentada pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR) e cassou a homenagem.

24 – Desmatamento na Amazônia

Por meio de decretos e medidas provisórias, o governo FHC desmontou a legislação ambiental existente no País. As mudanças na legislação ambiental debilitaram a proteção às florestas e ao cerrado e fizeram crescer o desmatamento e a exploração descontrolada de madeiras na Amazônia. Houve aumento dos focos de queimadas. A Lei de Crimes Ambientais foi modificada para pior.

25 – Os computadores do FUST

A idéia de equipar todas as escolas públicas de ensino médio com 290 mil computadores se transformou numa grande negociata. Os recursos para a compra viriam do Fundo de Universalização das Telecomunicações, o Fust. Mas o governo ignorou a Lei de Licitações, a 8.666. Além disso, fez megacontrato com a Microsoft, que teria, com o Windows, o monopólio do sistema operacional das máquinas, quando há softwares que poderiam ser usados gratuitamente. A Justiça e o Tribunal de Contas da União suspenderam o edital de compra e a negociata está suspensa.

26 – Arapongagem

O governo FHC montou uma verdadeira rede de espionagem para vasculhar a vida de seus adversários e monitorar os passos dos movimentos sociais. Essa máquina de destruir reputações é constituída por ex-agentes do antigo SNI ou por empresas de fachada. Os arapongas tucanos sabiam da invasão dos sem-terra à propriedade do presidente em Buritis, em março deste ano, e o governo nada fez para evitar a operação. Eles foram responsáveis também pela espionagem contra Roseana Sarney.

27 – O esquema do FAT

A Fundação Teotônio Vilela, presidida pelo ex-presidente do PSDB, senador alagoano Teotônio Vilela, e que tinha como conselheiro o presidente FHC, foi acusada de envolvimento em desvios de R$ 4,5 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Descobriu-se que boa parte do dinheiro, que deveria ser usado para treinamento de 54 mil trabalhadores do Distrito Federal, sumiu. As fraudes no financiamento de programas de formação profissional ocorreram em 17 unidades da federação e estão sob investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Ministério Público.

28 – Mudanças na CLT

A maioria governista na Câmara dos Deputados aprovou, contra o voto da bancada do PT, projeto que flexibiliza a CLT, ameaçando direitos consagrados dos trabalhadores, como férias, décimo terceiro e licença maternidade. O projeto esvazia o poder de negociação dos sindicatos. No Senado, o governo FHC não teve forças para levar adiante essa medida anti-social.

29 – Obras irregulares

Um levantamento do Tribunal de Contas da União, feito em 2001, indicou a existência de 121 obras federais com indícios de irregularidades graves. A maioria dessas obras pertence a órgãos como o extinto DNER, os ministérios da Integração Nacional e dos Transportes e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. Uma dessas obras, a hidrelétrica de Serra da Mesa, interior de Goiás, deveria ter custado 1,3 bilhão de dólares. Consumiu o dobro.

30 – Explosão da dívida pública

Quando FHC assumiu a Presidência da República, em janeiro de 1995, a dívida pública interna e externa somava R$ 153,4 bilhões. Entretanto, a política de juros altos de seu governo, que pratica as maiores taxas do planeta, elevou essa dívida para R$ 684,6 bilhões em abril de 2002, um aumento de 346%. Hoje, a dívida já equivale a preocupantes 54,5% do PIB.

31 – Avanço da dengue

A omissão do Ministério da Saúde é apontada como principal causa da epidemia de dengue no Rio de Janeiro. O ex-ministro José Serra demitiu seis mil mata-mosquitos contratados para eliminar focos do mosquito Aedes Aegypti. Em 2001, o Ministério da Saúde gastou R$ 81,3 milhões em propaganda e apenas R$ 3 milhões em campanhas educativas de combate à dengue. Resultado: de janeiro a maio de 2002, só o estado do Rio registrou 207.521 casos de dengue, levando 63 pessoas à morte.

32 – Verbas do BNDES

Além de vender o patrimônio público a preço de banana, o governo FHC, por meio do BNDES, destinou cerca de R$ 10 bilhões para socorrer empresas que assumiram o controle de ex-estatais privatizadas. Quem mais levou dinheiro do banco público que deveria financiar o desenvolvimento econômico e social do Brasil foram as teles e as empresas de distribuição, geração e transmissão de energia. Em uma das diversas operações, o BNDES injetou R$ 686,8 milhões na Telemar, assumindo 25% do controle acionário da empresa.

33 – Crescimento pífio do PIB

Na “Era FHC”, a média anual de crescimento da economia brasileira estacionou em pífios 2%, incapaz de gerar os empregos que o País necessita e de impulsionar o setor produtivo. Um dos fatores responsáveis por essa quase estagnação é o elevado déficit em conta-corrente, de 23 bilhões de dólares no acumulado dos últimos 12 meses. Ou seja: devido ao baixo nível da poupança interna, para investir em seu desenvolvimento, o Brasil se tornou extremamente dependente de recursos externos, pelos quais paga cada vez mais caro. (mas é lógico que pibinho é coisa da Dilma...)

34 – Renúncias no Senado

A disputa política entre o Senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o Senador Jader Barbalho (PMDB-PA), em torno da presidência do Senado expôs publicamente as divergências da base de sustentação do governo. ACM renunciou ao mandato, sob a acusação de violar o painel eletrônico do Senado na votação que cassou o mandato do senador Luiz Estevão (PMDB-DF). Levou consigo seu cúmplice, o líder do governo, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF). Jader Barbalho se elegeu presidente do Senado, com apoio ostensivo de José Serra e do PSDB, mas também acabou por renunciar ao mandato, para evitar a cassação. Pesavam contra ele denúncias de desvio de verbas da Sudam.

35 – Racionamento de energia

A imprevidência do governo FHC e das empresas do setor elétrico gerou o apagão. O povo se mobilizou para abreviar o racionamento de energia. Mesmo assim foi punido. Para compensar supostos prejuízos das empresas, o governo baixou Medida Provisória transferindo a conta do racionamento aos consumidores, que são obrigados a pagar duas novas tarifas em sua conta de luz. O pacote de ajuda às empresas soma R$ 22,5 bilhões. (Caramba! Na boa: alguém soma aí quanto dinheiro FHC fez o governo perder...)


36 – Assalto ao bolso do consumidor

FHC quer que o seu governo seja lembrado como aquele que deu proteção social ao povo brasileiro. Mas seu governo permitiu a elevação das tarifas públicas bem acima da inflação. Desde o início do plano real até agora, o preço das tarifas telefônicas foi reajustado acima de 580%. Os planos de saúde subiram 460%, o gás de cozinha 390%, os combustíveis 165%, a conta de luz 170% e a tarifa de água 135%. Neste período, a inflação acumulada ficou em 80%.

37 – Explosão da violência

O Brasil é um país cada vez mais violento. E as vítimas, na maioria dos casos, são os jovens. Na última década, o número de assassinatos de jovens de 15 a 24 anos subiu 48%. A Unesco coloca o País em terceiro lugar no ranking dos mais violentos, entre 60 nações pesquisadas. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes, na população geral, cresceu 29%. Cerca de 45 mil pessoas são assassinadas anualmente. FHC pouco ou nada fez para dar mais segurança aos brasileiros.

38 – A falácia da Reforma agrária

O governo FHC apresentou ao Brasil e ao mundo números mentirosos sobre a reforma agrária. Na propaganda oficial, espalhou ter assentado 600 mil famílias durante oito anos de reinado. Os números estavam inflados. O governo considerou assentadas famílias que haviam apenas sido inscritas no programa. Alguns assentamentos só existiam no papel. Em vez de reparar a fraude, baixou decreto para oficializar o engodo.

39 – Subserviência internacional

A timidez marcou a política de comércio exterior do governo FHC. Num gesto unilateral, os Estados Unidos sobretaxaram o aço brasileiro. O governo do PSDB foi acanhado nos protestos e hesitou em recorrer à OMC. Por iniciativa do PT, a Câmara aprovou moção de repúdio às barreiras protecionistas. A subserviência é tanta que em visita aos EUA, no início deste ano, o ministro Celso Lafer foi obrigado a tirar os sapatos três vezes e se submeter a revistas feitas por seguranças de aeroportos.

40 – Renda em queda e desemprego em alta

Para o emprego e a renda do trabalhador, a Era FHC pode ser considerada perdida. O governo tucano fez o desemprego bater recordes no País. Na região metropolitana de São Paulo, o índice de desemprego chegou a 20,4% em abril de 2002, o que significa que 1,9 milhão de pessoas estavam sem trabalhar. O governo FHC promoveu a precarização das condições de trabalho. O rendimento médio dos trabalhadores encolheu nos últimos três anos de seu governo.

41 – Relações perigosas

Diga-me com quem andas e te direi quem és. Esse ditado revela um pouco as relações suspeitas do presidenciável tucano José Serra com três figuras que estiveram na berlinda nos últimos dias. O economista Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha de Serra e de FHC, é acusado de exercer tráfico de influência quando era diretor do Banco do Brasil e de ter cobrado propina no processo de privatização. Ricardo Sérgio teria ajudado o empresário espanhol Gregório Marin Preciado a obter perdão de uma dívida de R$ 73 milhões junto ao Banco do Brasil. Preciado, casado com uma prima de Serra, foi doador de recursos para a campanha do senador paulista. Outra ligação perigosa é com Vladimir Antonio Rioli, ex-vice-presidente de operações do Banespa e ex-sócio de Serra em empresa de consultoria. Ele teria facilitado uma operação irregular realizada por Ricardo Sérgio para repatriar US$ 3 milhões depositados em bancos nas Ilhas Cayman – paraíso fiscal do Caribe.

42 – Violação aos direitos humanos

Massacres como o de Eldorado do Carajás, no sul do Pará, onde 19 sem-terra foram assassinados pela polícia militar do governo do PSDB em 1996, figuram nos relatórios da Anistia Internacional, que recentemente denunciou o governo FHC de violação aos direitos humanos. A Anistia critica a impunidade e denuncia que polícias e esquadrões da morte vinculados a forças de segurança cometeram numerosos homicídios de civis, inclusive crianças, durante o ano de 2001. A entidade afirma ainda que as práticas generalizadas e sistemáticas de tortura e maus-tratos prevalecem nas prisões.

43 – Correção da tabela do IR

Com fome de leão, o governo congelou por seis anos a tabela do Imposto de Renda. O congelamento aumentou a base de arrecadação do imposto, pois com a inflação acumulada, mesmo os que estavam isentos e não tiveram ganhos salariais, passaram a ser taxados. FHC só corrigiu a tabela em 17,5% depois de muita pressão da opinião pública e após aprovação de projeto pelo Congresso Nacional. Mesmo assim, após vetar o projeto e editar uma Medida Provisória que incorporava parte do que fora aprovado pelo Congresso, aproveitou a oportunidade e aumentou alíquotas de outros tributos.

44 – Intervenção na Previ

FHC aproveitou o dia de estréia do Brasil na Copa do Mundo de 2002 para decretar intervenção na Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, com patrimônio de R$ 38 bilhões e participação em dezenas de empresas. Com este gesto, afastou seis diretores, inclusive os três eleitos democraticamente pelos funcionários do BB. O ato truculento ocorreu a pedido do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunitty. Dias antes da intervenção, FHC recebeu Dantas no Palácio Alvorada. O banqueiro, que ameaçou divulgar dossiês comprometedores sobre o processo de privatização, trava queda-de-braço com a Previ para continuar dando as cartas na Brasil Telecom e outras empresas nas quais são sócios.

45 – Barbeiragens do Banco Central

O Banco Central – e não o crescimento de Lula nas pesquisas – foi o principal causador de turbulências no mercado financeiro. Ao antecipar de setembro para junho o ajuste nas regras dos fundos de investimento, que perderam R$ 2 bilhões, o BC deixou o mercado em polvorosa. Outro fator de instabilidade foi a decisão de rolar parte da dívida pública estimulando a venda de títulos LFTs de curto prazo e a compra desses mesmos papéis de longo prazo. Isto fez subir de R$ 17,2 bilhões para R$ 30,4 bilhões a concentração de vencimentos da dívida nos primeiros meses de 2003. O dólar e o risco Brasil dispararam. Combinado com os especuladores e o comando da campanha de José Serra, Armínio Fraga não vacilou em jogar a culpa no PT e nas eleições.

Fontes: Ministério da Fazenda, Banco Central e Portal da Transparência do Governo Federal e Blogosfera.
A assessoria de comunicação do Grupo Opportunity entrou em contato com o 247 com a seguinte resposta ao artigo de Davis Sena Filho:

O artigo, "FHC, o neoliberal, sofre de amnésia, fala muito e não diz nada, editado em 4/8, no site Brasil 247, e escrito por David Sena Filho, cita Daniel Dantas em dois itens.


Por isso, é preciso esclarecer o seguinte:

Em relação ao citado grampo telefônico (item 7), a Justiça inocentou, em 2010, o ex-ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, e o ex-presidente do BNDES, André Lara Rezende, das acusações relativas ao processo de privatização das teles, entre elas a de favorecimento ao Opportunity, feitas pelo Ministério Público Federal.

As acusações falsas, que duraram 12 anos, e que esperava-se fossem revistas após a decisão judicial, persistem na história da privatização no artigo de Davis Sena Filho.

Deve-se destacar que o consórcio, organizado e capitalizado pelo Opportunity, adquiriu, no leilão, a Brasil Telecom (Tele Centro Sul), Telemig Celular e Tele Norte Celular e honrou os compromissos dessas aquisições.

À época da gestão indicada pelos fundos Opportunity, tais empresas eram sólidas financeiramente, líderes em seus mercados e investidoras em programas sociais e culturais de destaque.

Em relação à intervenção na Previ, deve-se destacar que ela foi decretada pelo Ministério da Previdência e Assistência Social porque a fundação se recusava a dar cumprimento à determinação legal de ajustamento de seu Estatuto.

O fato é que o interventor, Sr. Carlos Eduardo Esteves Lima, era ligado ao PT e inclusive substituiu a ministra Erenice Guerra na Casa Civil durante o governo Lula.

A diretoria da Previ aproveitou a intervenção para criar um fato político, facilmente desmontado pela indicação do interventor petista.

Os encontros que Daniel Dantas teve com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e outros dirigentes de empresas de telecomunicação não tiveram como pauta a intervenção da Previ.

Por último, Daniel Dantas nunca ameaçou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ou quem quer que seja com dossiês. A afirmação contida no artigo é ofensiva e leviana.

Atenciosamente,

Elisabel Benozatti

Assessoria de Comunicação do Opportunity
Mais um pra arrematar:

http://www.espacoacademico.com.br/016/16col_borges.htm
A regressão do trabalho na “era FHC”
Por ALTAMIRO BORGES
Jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB e editor da revista Debate Sindical

Revista Espaço Acadêmico – Setembro de 2002


Chegada a hora da eleição do novo presidente da República, cabe fazer um balanço sobre os efeitos das políticas adotadas pelo atual governo no que se refere à questão do trabalho. De imediato, uma conclusão óbvia: nos seus quase oito anos de mandato, FHC foi responsável por uma brutal regressão neste campo, o que lhe garante o título do presidente que provocou os maiores estragos nas relações de trabalho em toda história da vida republicana. No seu longo reinado o desemprego bateu recordes, os salários foram corroídos, avolumou-se a chaga da informalidade e houve um feroz desmonte da legislação trabalhista.

Quando tomou posse pela primeira vez, em janeiro de 1995, FHC pronunciou um badalado discurso no qual disse que sua missão seria “acabar com a era Vargas’”. Agora, nos estertores de seu governo, ficam patentes os resultados devastadores desta política. Se a “era Vargas”, com todas as suas contradições, entrou para a história por implementar um projeto de nação, que inclusive contribuiu para a regulação do trabalho, a “era FHC” será lembrada como uma etapa de destruição da economia nacional e do trabalho. O sintoma mais dramático deste desastre se expressa no desumano crescimento do desemprego.

Explosão do desemprego

Segundo estatísticas do IBGE, no final de 1994 o desemprego vitimava 4,5 milhões de trabalhadores, o equivalente a 6,1% da força de trabalho no país. Ao término do primeiro mandato de FHC, em 1998, ele desgraçava a vida de 7 milhões de brasileiros – 9,2% da População Economicamente Ativa. Já em 2000, último ano das informações oficiais do IBGE, atingia 11,5 milhões de trabalhadores, próximo à explosiva taxa dos 15% da PEA. Ou seja: um milhão de desempregados a mais para cada ano de governo FHC.

Além do seu aumento vertiginoso, também houve uma mudança no perfil dos desempregados no reinado tucano. Ao invés de concentrado nos trabalhadores de baixa escolaridade e qualificação, como nos anos 80, ele cresceu entre as pessoas de maior escolaridade, adultos, chefes de família e ocupados em funções hierarquicamente superiores. A taxa de desemprego foi mais expressiva para os trabalhadores com escolaridade entre quatro e sete anos do que para aqueles com menos de um ano de acesso à educação.

Atualmente, este drama atinge em especial a juventude. De cada dois desempregados no país, um possui menos de 25 anos de idade. “Excluídos dos mecanismos de garantia de renda e vetados pelo mercado de trabalho, os jovens seguem, cada vez mais, sem perspectiva de futuro”, lamenta o economista Marcio Pochmann. Para os jovens das camadas médias, a saída encontrada é a fuga do país – cerca de 1,4 milhão de jovens emigraram do Brasil nos últimos anos.

Já para os jovens das famílias de menor renda, as opções se encontram no trabalho precário (ambulante, segurança, entre outros de baixo salário), quando não na prostituição, na droga e na criminalidade. “A violência juvenil, que consagra aos jovens os indicadores de homicídio sem paralelo nacional, somente associado aos países em conflito aberto, é produto da política de FHC”, garante Pochmann.

Corrosão dos Salários

Se a explosão do desemprego na “era FHC” é uma realidade inconteste, admitida até mesmo pelo mais cínico bajulador do atual governo, já no que se refere aos rendimentos a propaganda oficial insiste em vender a ilusão de que houve uma melhora do poder aquisitivo durante o reinado tucano. Esta seria uma “conquista do Plano Real”, que teria eliminado o efeito corrosivo da inflação sobre os salários. Um olhar mais atento, entretanto, anula mais este mito neoliberal tão disseminado pela mídia chapa-branca.

Recente pesquisa do IBGE confirma que a renda real dos trabalhadores, já descontada a inflação, está em queda há quatro anos consecutivos. Desde de 1998, acumulou perda de 10,8%.
Vários fatores explicam tal corrosão. Um deles é o próprio desemprego, que diminui o poder de barganha dos que estão na ativa e comprime os salários. Outro é o aumento do mercado informal do trabalho, onde os rendimentos são bem inferiores. Há também toda a ação planejada do atual governo para desvalorizar os salários.

Antes mesmo de assumir a presidência da República, ainda como ministro da Fazenda de Itamar Franco, FHC apresentou um projeto pondo fim à política salarial vigente há 30 anos, que garantia a indexação dos salários. Sem esta legislação de proteção, a renda dos assalariados ficou a mercê da dinâmica do mercado. Num cenário de brutal desemprego, os sindicatos não tiveram força para garantir a manutenção – e, muito menos, a elevação – do poder aquisitivo. Vingou a “livre negociação” entre a forca e o enforcado!

Além disso, FHC investiu pesado para enfraquecer o salário mínimo como um agente regulador da renda no país. No seu reinado, houve recorrente esvaziamento do seu papel, com o rebaixamento do seu valor real, a regionalização de sua fixação e a separação do seu valor do piso da Previdência Social. Outra vítima deste governo foi o funcionalismo público, que ficou quase oito anos com o seu salário congelado.

Estudo do Dieese é taxativo: “A renda do trabalho não acompanhou, ao longo desse período, os ganhos de produtividade da economia. Nem mesmo manteve o poder de compra dos que vivem de salários. Ao contrário, apesar de alguns momentos de recuperação, o saldo do período é de diminuição do poder aquisitivo de todos os que têm no trabalho sua fonte de renda. O salário mínimo, importante instrumento distributivo e de regulação do mercado de trabalho, atingiu os mais baixos patamares de sua história”.

Chaga da informalidade

Outro desastre do ponto de vista do trabalho foi o crescimento da informalidade. Nos quase oito anos de reinado tucano, esta praga cresceu como erva daninha. Atualmente, segundo a Organização Internacional do Trabalho, apenas um em cada três brasileiros é assalariado com registro formal. Dos 76,5 milhões de pessoas que compõem a População Economicamente Ativa (PEA), somente 24 milhões possuem algum tipo de proteção social e trabalhista. O restante está desempregado ou vegeta no mercado informal.

Apesar das diversas faces da informalidade, o grosso destes trabalhadores vive totalmente desamparado – sem qualquer direito trabalhista ou previdenciário –, trabalha longas jornadas, ganha míseros rendimentos e nem sequer conta com o respaldo de uma organização sindical. Um estudo feito pela CUT na cidade de São Paulo, intitulado “Mapa do trabalho informal”, indicou que a jornada média entre os entrevistados era de 76 horas semanais. Mostrou também que “a grande maioria dos informais exerce atividades precárias, quase todas sujeitas à repressão policial, o que torna os ganhos extremamente instáveis e incertos”.

O vertiginoso aumento desta chaga tem tudo a ver com o receituário neoliberal aplicado por FHC. É certo que a informalidade já existia antes da sua posse. Mas até os anos 80 havia um processo de ampliação do assalariamento formal. De cada dez postos de trabalho criados no país, oito eram empregos assalariados – sendo sete com carteira assinada. A partir da década de 90, porém, houve uma inversão desta tendência histórica – de cada dez empregos criados somente dois são assalariados e ainda sem registro em carteira.

As razões do crescimento da informalidade são bem conhecidas. A primeira decorre da própria explosão do desemprego. A segunda deriva dos míseros salários, que tornam o setor uma opção de subsistência. A terceira relaciona-se à investida da flexibilização trabalhista, que multiplicou os contratos precários de trabalho. Por último, existe a “ilusão” de se livrar do jugo do patrão, construindo um “negócio próprio”.

Mas ocorre que este setor já dá sinais de esgotamento. Durante algum tempo, ele serviu de “colchão”, amortecendo os dramáticos efeitos do desemprego. Antes, a abertura do pequeno negócio era uma opção para quem não encontrava emprego. Hoje, porém, ele está saturado. “As estatísticas mostram que não há mais espaço para o crescimento dos autônomos”, afirma Sérgio Mendonça, diretor do Dieese. O resultado deste inchaço é que a renda destes trabalhadores, segundo o IBGE, hoje é inferior a R$ 240,00 por mês.

Desmonte Trabalhista

Por último, vale destacar o violento processo de desmonte da legislação trabalhista imposto por FHC. Os retrocessos neste campo impressionam pela quantidade das medidas e pelo seu alto poder de devastação. A lista de ataques é imensa e as intenções eram piores! Já quando seu governo agonizava, em 2001, FHC apresentou um projeto de alteração do artigo 618 da CLT, impondo a prevalência do “negociado sobre o legislado”. Na prática, anulava históricas conquistas dos assalariados – 13o salário, férias, adicionais, etc.

A reação a este projeto foi generalizada e, por enquanto, a “reforma da CLT” está arquivada. Mas apesar desta derrota parcial, a flexibilização avançou a passos largos no país. Segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho, o Brasil foi um dos recordistas mundiais na desregulamentação neste período. Este título foi obtido graças a um ardil de FHC. Percebendo que seria difícil promover mudanças radicais na Constituição ou na CLT, ele usou a tática de impor as medidas à conta gotas, em doses homeopáticas.

Ele nunca desistiu desta “missão” e nem podia. Afinal, assumira um compromisso com o FMI. O item 33 do “memorando de entendimento”, assinado em 1998, revela seu servilismo diante dos credores externos: “Embora o mercado de trabalho brasileiro não seja perseguido por nenhuma rigidez grave, determinadas regulamentações e políticas do mercado de trabalho podem contribuir para uma maior flexibilidade”.

Neste sentido, FHC pode se dar por satisfeito. Seu reinado cumpriu a meta de desmontar a regulação até então existente. As relações do trabalho de hoje relembram a fase anterior à da “era Vargas”. Importantes conquistas dos trabalhadores foram golpeadas. Atualmente, o que há no país é a contratação flexível, a jornada flexível e a remuneração flexível! Através de vários expedientes legislativos, FHC adulterou aos poucos as regras trabalhistas. Sua fúria flexibilizadora fica patente nas seguintes iniciativas, entre outras:

Portaria 865, de setembro de 1995. Impediu a autuação das empresas por desrespeito às convenções e acordos trabalhistas. Ao invés de multa, determinou que os fiscais apenas registrem a ocorrência de práticas ilegais;
Decreto 2.100, de dezembro de 1996. O governo denunciou a Convenção 158 da OIT, retirando do direito brasileiro a norma mundial que limita a demissão imotivada;
MP no 1.539, convertida na Lei no 10.101. Reeditada desde final de 1994, instituiu a Participação nos Lucros e Resultados. A PLR não é incorporada aos salários e benefícios, sendo um meio eficaz de flexibilização da remuneração. Permitiu ainda o trabalho dos comerciários aos domingos;
Lei no 9.601, de 1998. Aprovada em dezembro de 1997, criou o “contrato por tempo determinado”, o famoso “contrato temporário”. Ela também permitiu a jornada semanal superior às 44 horas previstas na Constituição sem o pagamento das horas-extras, criando a abjeta figura do “banco de horas”.
MP no 1.709, renumerada para 1.779 e 2.168. Vigorando desde 1998, instituiu o contrato parcial de trabalho. Permite a jornada semanal de no máximo 25 horas, com redução proporcional do salário e do tempo das férias – que pode ser de oito dias;
MP no 1.726, de 1998. Instituiu a “demissão temporária”, com suspensão do contrato de trabalho por cinco meses. Neste período, o “demitido” recebe o seguro-desemprego, custeado pelo FAT, um fundo público oriundo das contribuições dos assalariados.

Além desta artilharia pesada, o governo promoveu autêntica cruzada contra a Justiça do Trabalho, ciente da necessidade de ter um Judiciário rendido. Aqui se encaixam projetos como o do rito sumaríssimo, das Comissões de Conciliação Prévia e do fim do juiz classista. FHC também fez questão de explicitar sua aversão aos sindicatos, visando inibir as lutas dos trabalhadores. De cara, em maio de 1995, num gesto bem emblemático, acionou o Exército contra a greve dos petroleiros e multou as entidades da categoria.

Com base nesta experiência arbitrária, apresentou um projeto criminalizando as greves – com multa diária de até mil salários mínimos no caso da greve prosseguir após ser declarada abusiva. Na ofensiva contra o sindicalismo, pressionou pela limitação do número de dirigentes sindicais e pela proibição do desconto das contribuições confederativa e assistencial, visando asfixiar financeiramente os sindicatos. Mas a sua investida fatal, a PEC-623 – que instituía o pluralismo sindical – , ainda não vingou.
Sem mais...
Editado pela última vez por Carnage em 10 Ago 2013, 12:53, em um total de 1 vez.

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#214 Mensagem por Carnage » 10 Ago 2013, 12:52

Brasil atinge menor nível de desigualdade da história, diz Ipea
http://www.bbc.co.uk/portuguese/ultimas ... dade.shtml

"Verdades sempre vencem propaganda populista"

Ex-presidente Fernando Henrique celebra maior crescimento do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) durante a década de seu governo, na comparação com o crescimento do índice ao longo da década em que o País foi comandado pelo PT; "Verdades da História sempre vencem a propaganda política populista", escreveu FHC em seu perfil no Facebook: "Entre 1991 a 2000, período que contempla o lançamento e a consolidação do Plano Real, o IDHM cresceu 24,4%", descata PSDB; "Já entre 2000 e 2010, década marcada pela chegada do lulismo ao poder, a evolução foi de 18,8%", comparam os tucanos
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/1 ... ulista.htm

Instituto Lula rebate FHC sobre resultados no IDHM

Horas depois de o ex-presidente Fernando Henrique celebrar em seu perfil no Facebook maior crescimento do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) durante a década de seu governo na comparação com a década governada pelo PT, Instituto Lula dá outra interpretação ao relatório do Ipea: "Dados do IDH por município mostram escala das mudanças no Brasil nos últimos 10 anos"; o instituto destacou declaração dada por Lula na semana passada, em Salvador, durante comemoração pelos 10 anos de governo do PT: "Tem gente querendo fazer com que as pessoas esqueçam o que fizemos nos últimos dez anos"
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/1 ... o-IDHM.htm
Aécio reivindica mérito na evolução do IDHM

Segundo líder do PSDB, os dados apresentados entre 1991 e 2010 demoliram uma das teses mais repetidas pela máquina de propaganda do PT - a de que o partido detém a exclusividade e a primazia do combate à pobreza no país. “Rumo a completar seu décimo primeiro ano no poder, e vendo sua popularidade se esvair, mais do que nunca o PT precisa agora se escorar nesse mito que ele próprio se incumbiu de construir”, disse
http://www.brasil247.com/pt/247/minas24 ... o-IDHM.htm



Bem, não sei a conta, mas acho que a imagem abaixo fala bastante:

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O IDH segundo a Globo
http://www.ocafezinho.com/2013/07/31/o- ... o-a-globo/



http://www.blogdacidadania.com.br/2013/ ... -com-lula/
Desigualdade caiu 1,89% com FHC e 9,22% com Lula

Eduardo Guimarães


A divulgação na última segunda-feira do Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDHM) gerou um previsível proselitismo político da grande mídia em relação a uma pequena diferença no desempenho dos indicadores do estudo em favor do decênio em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso governou em maior parte.

A Folha de São Paulo, por exemplo, destaca que o IDHM subiu 24,14% (de 0,493 para 0,612) entre 1991 e 2000 (década em que FHC governou por 6 anos), enquanto que subiu 18,79% (de 0,612 para 0,727) de 2000 a 2010 (década em que FHC governou por 2 anos e Lula, por 8 anos).

Abaixo, um quadro que mostra em que áreas de estudo do IDHM o governo FHC teve melhor desempenho. O gráfico deixa claro que a política de “universalização da educação” no governo FHC foi responsável pela melhora um pouco maior na década retrasada nesse índice específico da ONU. Àquela época, houve um grande esforço para “colocar todas as crianças e adolescentes na escola”

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O intuito da Folha, é óbvio, foi o de desmontar a teoria de que a era Lula foi superior à era FHC no “social”.

Infelizmente, o IDHM é um índice apurado a cada 10 anos e, assim, não existe disponibilidade ano a ano de sua evolução. Se existisse, ficaria claro que a década “de Lula” foi prejudicada pelos 3 anos finais do governo FHC (2000, 2001 e 2002), quando o país mergulhou em uma gravíssima crise econômica que teve início em 1998 e que piorou todos os indicadores até o primeiro ano do governo Lula (2003), a partir do qual o Brasil começou a melhorar socialmente.

Assim como o desemprego e a inflação dispararam entre 1999 e 2002 (o segundo mandato de FHC), pode-se supor que os dados apurados pelo PNUD, pelo IBGE e pelo IPEA para compor o IDHM também devem ter sofrido com a situação vigente naqueles quatro anos.


Seja como for, para esclarecer melhor essa pequena diferença em favor do período FHC no âmbito do IDHM, o Blog da Cidadania, mais uma vez, recorreu ao doutor Marcio Pochmann, que foi presidente do IPEA entre 2007 e 2012 e que, semana passada, concedeu-lhe uma entrevista.

Abaixo, a visão de Pochmann sobre o resultado do estudo recém-divulgado e, em seguida, um dado impressionante que o Blog apurou sobre a distribuição de renda no Brasil nos governos Lula e FHC.

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“O índice de desenvolvimento Humano das Nações Unidas foi criado em uma época em que a dominação neoliberal era bastante grande no mundo. Hoje estamos vivendo um quadro de questionamento do que foi o neoliberalismo e os resultados sociais e econômicos que deixou.

O IDHM é simplista e se fundamenta em três informações: renda per capita, expectativa de vida e escolaridade. Esses três indicadores, de maneira geral, têm quase uma progressão natural porque é difícil um país não abrir escolas, não crescer minimamente a sua economia e é difícil não haver ganhos na saúde, que resulta em mais expectativa de vida.

No meu entender, esse índice deveria ser melhor aprofundado, com dados tão importantes quanto expectativa de vida, educação e escolaridade. Haveria que incluir indicadores de maior qualidade. Da forma que é feito, não permite uma visão mais complexa e aprofundada dos países.

Da forma como é feito esse estudo, é como medir a temperatura de dois braços, estando um no congelador e o outro no forno. Somam-se as temperaturas de ambos os grupos (mais pobres e mais ricos) e se tira a média, o que produz um resultado distorcido”.

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Com base na explicação do doutor Pochmann, o Blog foi verificar outro indicador que explica melhor o que aconteceu no Brasil durante os governos Lula e FHC em termos, por exemplo, de distribuição de renda e o resultado foi impressionante.

O gráfico abaixo foi extraído da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) 2011. Ilustra os níveis de concentração de renda no Brasil de 1995 a 2002 (governo FHC) e de 2003 a 2011 (governo Lula), apurados pelo Índice de Gini.

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O que se nota, através do gráfico acima, é que, enquanto entre 1995 e 2002 (8 anos) a concentração de renda no Brasil caiu 1,89%, de 2003 a 2011 (9 anos) a queda foi de 9,22%. Ou seja: o gráfico mostra uma queda da desigualdade durante a era FHC que foi quase que inercial, enquanto que durante a era Lula-Dilma foi uma política de Estado.

Se o IDH juntasse a concentração de renda e a redução da pobreza aos três dados “simplistas”, por certo haveria como comparar os governos Lula e FHC no que tange ao social. Usar para esse fim somente três indicadores que são afetados pelo transcurso do tempo e pelo desenvolvimento que experimenta qualquer país, é vigarice.

IDH é mosca na sopa conservadora
http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs ... NSERVADORA




Agora a cereja do bolo:

http://www.estadao.com.br/noticias/cida ... 0330,0.htm
Desigualdade de renda cai em 80% dos municípios do Brasil em uma década
Entre 2000 e 2010, rendimento dos 20% mais pobres cresceu mais rapidamente do que o dos 10% mais ricos em quatro de cada cinco cidades do País; nos dez anos anteriores, a desigualdade medida pelo índice de Gini havia crescido em 58% das cidades (caiu a ficha? Ou não??)
03 de agosto de 2013 | 22h 12
José Roberto de Toledo e Amanda Rossi - O Estado de S. Paulo


De 2000 a 2010 aconteceu algo inédito no Brasil: em 80% dos municípios, a desigualdade de renda entre seus habitantes diminuiu. O fato é ainda mais relevante porque reverteu uma tendência histórica. Na década anterior, a desigualdade medida pelo índice de Gini aumentara em 58% das cidades brasileiras. (não caiu a ficha não???)


A maior queda da desigualdade aconteceu numa cidadezinha do interior de São Paulo. No extremo oeste, perto de Presidente Prudente, Emilianópolis viu seu índice de Gini cair pela metade, de 0,76 para 0,38 em 2010. A escala varia de zero a 1. Se os 3 mil emilianopolenses ganhassem igual, o índice seria 0. Se um deles concentrasse toda a renda da cidade, o Gini seria 1.

Emilianópolis é um bom exemplo, uma vez que as condições em que se deu a redução da desigualdade são representativas do que aconteceu em outros 4.431 municípios brasileiros. O Gini da cidade crescera nos anos 1990, de 0,43 para 0,76. A reversão na década seguinte ocorreu com o enriquecimento da população em geral: a renda do emilianopolense foi de R$ 373 para R$ 585.

Na maior parte do Brasil foi igual. De 2000 a 2010, o rendimento domiciliar per capita cresceu 63% acima da inflação, na média dos 5.565 municípios. Foi um enriquecimento mais intenso do que nos dez anos anteriores, quando o ganho havia sido de 51%.

[/b]Isso é importante porque uma forma perversa de reduzir a desigualdade é via empobrecimento geral. Se os ricos perdem mais do que os pobres, a desigualdade também cai. Foi o que aconteceu em grande parte do Brasil nos anos 1980, por causa da recessão.

Nos dez anos seguintes, o alto desemprego comprometeu o salário dos trabalhadores e a renda voltou a se concentrar no topo da pirâmide. O índice de Gini do País cresceu, e a desigualdade aumentou em 58% dos municípios brasileiros.

Partilha do bolo.

É o oposto do que aconteceu em 80% dos municípios do Brasil na década passada. Nos anos 2000, houve redistribuição da renda simultânea ao crescimento. O bolo aumentou para todos, mas a fatia dos pobres cresceu mais, em comparação à dos ricos.[/color[/b]

Em quase todo lugar, os ricos não ficaram mais pobres. Ao contrário. Mesmo descontando-se a inflação, o rendimento médio dos 10% mais ricos de cada município cresceu 60%, na média de todos os municípios ao longo da década passada.

A desigualdade caiu porque a renda dos 20% mais pobres de cada município cresceu quase quatro vezes mais rápido do que a dos 10% mais ricos: 217%, na média. A distância que separava o topo da base da pirâmide caiu quase um terço. Ainda é absurdamente grande, mas o movimento está no sentido correto na imensa maioria dos municípios: o da diminuição.

Em 2000, a renda dos 20% mais pobres de cada um dos municípios era, na média, de R$ 58 por pessoa. Os 10% mais ricos ganhavam, também na média municipal, R$ 1.484. A diferença era, portanto, de 26 vezes. Em 2010, a renda dos 20% de baixo chegou a R$ 103, enquanto a dos 10% de cima ia a R$ 1.894. Ou seja, os mais ricos ganham, em média, 18 vezes mais.

Riqueza e pobreza não são conceitos absolutos, mas relativos. Em Emilianópolis, para estar nos 10% do topo da pirâmide de renda, o morador precisa ganhar pelo menos R$ 1.005 por mês. Mas, com essa renda, ele não estaria nem entre os 40% mais ricos de Porto Alegre, Santos, Curitiba e outros dez municípios brasileiros.

Já para estar entre os 20% mais pobres de sua cidade, basta a um emilianopolense ganhar menos do que R$ 250 por mês. Mas se ele morasse em Marajá do Sena, no Maranhão, e ganhasse os mesmos R$ 250, seria elite: estaria entre os 10% mais ricos da cidade. Apesar do nome, Marajá é o município mais pobre do Brasil.

A redução da desigualdade não foi total. Em 16% dos municípios, a distribuição de renda piorou. Principalmente no Norte do Brasil. O maior aumento aconteceu em Abreulândia, no Tocantins. As duas cidades de maior desigualdade entre seus moradores, Itamarati e São Gabriel da Cachoeira, ficam no Amazonas.

Trabalho e Bolsa Família.

O aumento da renda obtida no trabalho é o protagonista da queda da desigualdade nos municípios entre 2000 e 2010. Ele é responsável por 58% da redução, segundo o presidente do Ipea, Marcelo Neri. Outros 13% podem ser atribuídos ao Bolsa Família. Os números foram calculados em pesquisa da instituição.

Em outras palavras, o Bolsa Família leva o “Oscar de coadjuvante”, brinca o pesquisador. Mas é um coadjuvante de peso. Sem as políticas de transferência de renda, “a desigualdade teria caído 36% menos”, afirma o estudo. No figurino do protagonista, estão aumentos reais do salário mínimo e formalização do emprego. / COLABOROU DIEGO RABATONE OLIVEIRA


Mas que coisa, não??? :lol:
Provavelmente é só sorte do PT! E azar dos tucanos. Ou seja, o Brasil melhorou apesar do PT, por causa de sorte. E piorou na década anterior mesmo tendo os tucanos à frente, por causa de azar!! Só pode ser isso!!

http://www.viomundo.com.br/denuncias/an ... ornal.html
Retórica tucana falha ao reivindicar os méritos dos avanços sociais no Brasil
Por Antonio Machado


Em sua coluna de segunda-feira no jornal Folha de S.Paulo, o senador Aécio Neves, presidente do PSDB e pré-candidato do partido à presidência da República, ataca o que seria um mito construído pelo discurso petista, de que “o partido detém a exclusividade e a primazia do combate à pobreza no país”.

O argumento definitivo contra “uma das teses mais repetidas pela máquina de propaganda do PT”, segundo o tucano, é a constatação de que o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil, recém-divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), cresceu mais no período de 1991 a 2000 do que de 2001 a 2010.

“Nos anos 90, [o IDHM] saltou de 0,493 para 0,612, o equivalente a 24%, maior do que a [melhoria] verificada na década seguinte, quando subiu para 0,727, ou 19%. Em resumo, na década do Plano Real e da estabilização da economia, de FHC, a performance do IDHM foi superior ao período seguinte, de Lula*”, escreve Aécio.

A afirmação é verdadeira, mas não serve para desmontar a “tese” de que os governos petistas tiveram mais êxito no combate à pobreza do que o PSDB, como pretende o senador tucano.

Em primeiro lugar, é preciso entender que os dados relativos à renda compõem apenas uma das três dimensões do IDHM – os outras se referem a educação e longevidade. Nessa primeira dimensão, a diferença de desempenho do índice em favor da década de 1990 é de apenas 0,16%, embora a média anual do Produto Interno Bruto (PIB) per capita tenha sido menor.

O crescimento mais expressivo do IDHM durante o período governado por Collor, Itamar Franco e FHC seria melhor explicado pelo aumento do fluxo escolar nessa década, quando o acesso à educação básica foi praticamente universalizado no Brasil. Vale lembrar que o cálculo da ONU não considera nenhum dado sobre o aprendizado dos alunos, de modo que não permite qualquer avaliação sobre a qualidade do ensino.

Mas mesmo que o líder do PSDB mencionasse apenas o componente de renda do IDHM, estaria longe de cumprir seu objetivo, pois o “milagre econômico” da ditadura militar já demonstrou que o aumento da renda per capita – único critério utilizado por essa dimensão do indicador – nem sempre está relacionado à redução da pobreza.

Ao contrário do que leva a crer o artigo de Aécio, o IDHM não trata da distribuição da renda no país. Por isso, não identifica os “extraordinários resultados na redução da pobreza, na superação da miséria e na garantia da segurança alimentar à população”, dos quais a presidente Dilma Rousseff se gabou na chegada do papa Francisco ao Rio de Janeiro.

Não é por falta de estatísticas confiáveis que o PSDB não reconhece as conquistas dos governos petistas nesses aspectos. Com base em pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Fundação Getulio Vargas (FGV) demonstrou que a pobreza no Brasil caiu 50,6% nos oito anos de governo Lula, contra apenas 31,9% no período de FHC.

Trocando alhos por bugalhos, Aécio tenta confundir os leitores do jornal e municiar a oposição para as próximas eleições. Seu arsenal, porém, é fraco e não resiste ao simples confronto com a realidade factual.

*Na verdade, o período de 2001 a 2010 também abrange os dois anos finais do governo FHC.

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#215 Mensagem por Carnage » 03 Set 2013, 21:16

http://altamiroborges.blogspot.com.br/2 ... hor-x.html
FHC pode olhar nos olhos do Senhor X?
Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:


“Olha, Fernando, quando você conversar comigo, por favor, nivele teus olhos aos meus” (quem foi o homem que acusava FHC de ser um príncipe esquivo e escorregadio?) “Rameira, ponha-se daqui para fora” (quem disse essa frase principesca, após um ataque de cólera dentro do Senado Federal?)

Quem conhece a história recente do Brasil (e também o passado ‘republicano’ de nossas elites – com Convênio de Taubaté, Encilhamento etc…) sabe bem que o tal “mensalão do PT” está longe de ter sido o “maior escândalo da história política brasileira”– como pretendem augustos, mervais e outros quetais do jornalismo elitista. Mas quem ainda tinha dúvidas ganha, agora, mais uma chance para desfazê-las: o novo livro do jornalista Palmério Dória.

Se Amaury Ribeiro Jr (com “A Privataria Tucana“) já havia lançado luzes sobre a vertente serrista do tucanismo, Palmério agora vai ao centro do esquema: “O Príncipe da Privataria” (Geração Editorial) traça, em quase 400 páginas de texto saboroso, o perfil de um homem vaidoso, simpático, com fama de mulherengo, e que dirigiu o Brasil com o propósito declarado de “enterrar a Era Vargas”. Fazia parte do pacote tucanista vender estatais a preços ridículos e, se fosse preciso, mudar as regras do jogo democrático usando todos os artifícios possíveis. FHC foi o presidente que fez o Real? Não. Este foi Itamar Franco. Mas FHC foi o presidente que quebrou o Brasil, vendeu nosso patrimônio público e transformou o Congresso Nacional numa feira de mascates.

Esse é o ponto alto do livro: a feira da reeleição. Em 1997, o repórter Fernando Rodrigues produzira uma série de reportagens históricas publicadas pela “Folha de S. Paulo”: nelas, um certo “senhor X” apresentava gravações de reuniões em que deputados federais falavam abertamente sobre a venda de votos para aprovar a reeleição de Fernando Henrique no Congresso. O preço do voto: 200 mil reais.

O “senhor X” entregou as gravações ao Fernando Rodrigues, mas jamais mostrou o rosto. Palmério Dória agora mostra quem é o “senhor X”. Ele tem nome, sobrenome e 16 anos depois dos fatos aceitou dar entrevista de peito aberto. Narciso Mendes, 67 anos, é empresário no Acre, e na época da reeleição de FHC era deputado federal. Por isso tinha acesso às reuniões em que se deu a tramóia.

Narciso Mendes recebeu o jornalista Palmério Dória, e relembrou toda a história – incluindo a forma como a base tucanista (no Congresso e na imprensa) conseguiu frear uma CPI para investigar a compra dos votos denunciada em 97:

“Nem Sérgio Motta queria CPI, nem FHC queria CPI, nem Luis Eduardo Magalhães queria CPI, ninguém queria porque sabiam que, estabelecida a CPI, o processo de impeachment ou no mínimo de anulação da emenda da reeleição teria vingado, pois seria comprovada a compra de votos“, disse Narciso a Palmério Dória.

O fim dessa história qual foi? CPI jamais foi instalada. O MPF jamais investigou nada. Havia um relato escandaloso, com gravações e tudo: pelos menos seis deputados do Acre teriam vendido seus votos pela reeleição. A classe média indignada não moveu uma palha. Nada se fez…

Numa conversa recente entre Palmério Dória e alguns blogueiros sujos, um observador maldoso chegou a afirmar: “200 mil reais era o preço pelo voto acreano, imagine quanto não deve ter custado o voto de um deputado de São Paulo ou Minas para aprovar a reeleição?” Quanto? Quanto? Sergio Mota talvez pudesse esclarecer. Mas levou para o túmulo o segredo de polichinelo…

Nunca antes na história desse país, a não ser em ditadura, um presidente mudou as regras do jogo eleitoral de forma tão escandalosa. Um atentado contra a democracia. Documentado. Como se sabe, FHC obteve o segundo mandato, quebrou o país, tentou vender todo o patrimônio público e – ao fim – saiu do poder com o rabo entre as pernas. Nem Serra em 2002, nem Alckmin em 2006 tiveram coragem de defender o legado fernandista. Hoje, o ex-presidente tem coragem de sair por aí a dizer o que os tucanos devem ou não fazer na próxima eleição. Serra deve se remoer. Sabe bem quem é o ex-presidente que posa de príncipe de Higienópolis. Terminados os oito anos de FHC, o neoliberalismo estava em frangalhos na América Latina: Fujimori foi preso no Peru, Salinas exilado do México, Menem jogado no lixo da história argentina. FHC tinha virado um príncipe. O livro de Palmério mostra que de príncipe ele tem muito pouco.

O livro também volta às privatizações, relembra a venda (ou doação?) da Vale, debruça-se sobre meandros e transações tenebrosas na telefonia… Mas a obra não é uma coleção de fatos e notícias do octanato fernandista. Não. O jornalista costura a crônica política (e financeira) com o perfil privado do marido de Dona Ruth. Fofocas? Também não.

Por que o Brasil não ficou sabendo que FHC era apontado – já ao chegar ao poder – como pai de uma repórter da TV Globo? Que favores FHC ficou devendo à família Marinho (e ao grupo seleto de políticos que lhe deu ‘cobertura’ na história do filho) quando a Globo aceitou “exilar” a tal repórter num posto sem importância em Lisboa (e depois na Espanha)?

“Rameira, ponha-se daqui para fora”? Quem disse essa frase principesca, após um ataque de cólera dentro do Senado Federal?

“Olha, Fernando, quando você conversar comigo, por favor, nivele teus olhos aos meus.” Quem foi o homem que acusava FHC de ser um príncipe esquivo e escorregadio?

Não são meros detalhes. Dezesseis anos depois de ter aparecido como “senhor X”, Narciso Mendes ressurge e confirma que a reeleição foi comprada. FHC pode “nivelar os olhos” e encarar Narciso de frente? Parece que não. E o Brasil, FHC pode encarar de frente? Leiam o livro do Palmério antes de dar a resposta definitiva.


http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=22624
Esqueçam o que escrevi, diriam os jornais
O livro “O Príncipe da Privataria”, de Palmério Dória, é uma lista extensa de pecados dos governos tucanos que jamais tiveram atenção do Ministério Público ou da Justiça. O jogo mais pesado foi feito para aprovar a reeleição de Fernando Henrique, parte de um projeto político verbalizado pelo então ministro Sérgio Motta de manter os tucanos no poder por 20 anos. Por Maria Inês Nassif

Maria Inês Nassif



O livro “O Príncipe da Privataria”, de Palmério Dória, lançado na semana passada, tem a qualidade de ser memória. Dez anos passados do final dos governos de Fernando Henrique Cardoso, um processo do chamado Mensalão que tomou oito anos de generosos espaços da mídia tradicional e uma viuvez inconsolável da elite brasileira – alijada do principal poder institucional, o Executivo, por falta de votos populares –, jogaram para debaixo do tapete a memória do que foi o processo de privatização brasileira e a violenta concentração de riqueza nacional que disso resultou.

Foi quase como se a mídia tradicional brasileira e a elite “moderna” que ingressou no capitalismo financeiro internacional na era Collor-Fernando Henrique Cardoso tivessem tirado as palavras da boca do próprio FHC. “Esqueçam o que eu escrevi”, teriam dito jornais e emissoras brasileiras, se perguntadas por que subtraíram de si próprios o mérito de ter, pelo menos, jogado luzes sobre a pesada articulação do governo tucano para dar mais quatro anos de mandato a Fernando Henrique, e sobre os interesses que se acumulavam por trás de um processo de privatização que, no mínimo, e para não dizer outra coisa, foi viciado.

Na ponta do lápis, a aprovação da reeleição a R$ 200 por cabeça (denunciada pela Folha, com três confissões de venda documentadas em gravações obtidas pelo jornalista Fernando Rodrigues, e uma previsão de que, no total, pelo menos 150 parlamentares venderam também o seu voto) e os prejuízos de uma privatização que concentrou pesadamente renda privada no país, além de desnacionalizar setores estratégicos para o crescimento brasileiro, resultam em valores muito, mas muito mais expressivos do que o escândalo do Mensalão, que os jornais (com a ajuda de declarações e frases feitas de ministros do Supremo Tribunal Federal) cansam em dizer que foi o maior escândalo de corrupção da história do país.

Nos dois casos – do governo Fernando Henrique e no escândalo maior do governo Lula, o Mensalão – os jornais denunciaram. A diferença para os dois períodos, todavia, foi a forma como a mídia enxergou os desmandos. No caso da compra de votos para a reeleição, jornais e tevês consideraram satisfatória a ação da Câmara, que cassou o mandado de três parlamentares que confessaram, para o gravador oculto do jornalista Fernando Rodrigues, terem recebido dinheiro para votar a emenda da reeleição. Os escândalos relativos à privatização foram divulgados muito mais como denúncias de arapongagem – escutas ilegais feitas por inimigos do programa de doação do patrimônio público a consórcios formados com dinheiro do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, fundos de previdência das estatais e capital estrangeiro (em menor volume, mas com direito a controle acionário), do que propriamente indícios de ilícitos do governo.

O fato de os jornais, revistas e tevês simplesmente terem apagado de suas memórias edições desses períodos não chega, portanto, a ser uma contradição. Ideologicamente, nunca houve uma proximidade política tão grande entre os meios de comunicação e um governo eleito democraticamente no país. O projeto tucano era também o projeto de modernização acalentado pela mídia tradicional: uma economia aberta ao capital estrangeiro, desregulada, obedecendo à máxima liberal de que o mercado é o melhor governo para os dinheiros. Nos editoriais da época, os jornais centenários brasileiros expressam a comunhão, com o governo, dos ideais de um Brasil moderno, neoliberal, fundado na ordem que já havia ganhado o mundo e subvertido o Estado de Bem-Estar social europeu, que foi o modelo mais longevo de capitalismo com justiça social do mundo (talvez tenha sido este um golpe mais duro para a esquerda democrática do mundo do que propriamente a queda do Muro de Berlim).

Com ressalvas para denúncias de desvios que foram colocados na categoria de “pontuais”, jamais como “sistêmicos” – como se repisa no caso dos escândalos dos governos petistas – a imprensa embarcou no discurso a favor de “reformas estruturais” que, ao fim e ao cabo, representavam extinguir conquistas sociais e garantias de soberania da Constituição de 1988. No final dos governos FHC, os editoriais lamentaram não a corrupção sistêmica, mas o fato de o Congresso (e não o governo) não ter cedido ao Executivo e aprovado as demais reformas, que consistiam em reformar a Previdência e reduzir garantias do trabalho. Enfim, acabar com a herança getulista, como havia prometido FHC.

Quando se tira a história debaixo do tapete, conclui-se também que os oito anos de governos FHC, mais os tantos anos que sobraram do governo Collor – que sofreu o impeachment em 1991 – e os anos em que o governo Itamar Franco esteve dominado por intelectuais ligados a FHC e Serra e economistas da PUC do Rio, usaram todos os recursos disponíveis na atrasada política tradicional com o propósito declarado de “mudar” o país. Qualquer oposição era jurássica e estava exposta ao ridículo: a elite “moderna” desprezava o que considerava ser subdesenvolvimento cultural das esquerdas.

O jogo mais pesado foi feito para aprovar a reeleição de Fernando Henrique, parte de um projeto político verbalizado pelo então ministro Sérgio Motta de manter os tucanos no poder por 20 anos. A compra de votos foi generalizada no período, segundo farto material produzido pela mídia tradicional. Não houve ação da Polícia Federal, do Ministério Público ou da Justiça contra as fartas evidências de que a aprovação da reeleição foi uma fraude, proporcionada por mais de 150 votos comprados a R$ 200 mil cada um, segundo reitera a fonte de Fernando Rodrigues à época, agora entrevistado por Palmério Dória para o “Príncipe da Privataria”.

Da mesma forma, os indícios de vícios graves na formação dos consórcios que viriam a comprar o sistema estatal de telefonia, fatiado pelo governo tucano, nunca foram objeto de uma preocupação mais séria por parte do Ministério Público, ou jamais sofreram a contestação de um Supremo Tribunal Federal que, na era petista, imiscuiu-se em todos os assuntos relativos aos demais poderes da República.

Em 1994, consolidou-se um bloco hegemônico em torno de um governo. MP, STF, polícias – todos tinham chefe. Era FHC, mas o principal partido político não era o PSDB, e sim os jornais – assim como hoje eles se constituem no principal partido de oposição. O que aconteceu de 2002 para cá é que a unidade em torno do governo não existe mais, mas a hegemonia das outras instituições se impõe sobre os poderes instituídos pelo voto. O bloco hegemônico é o mesmo, exceto pelo governo e pelo Congresso, que dependem do voto popular. A unidade se faz em torno da mídia – que nega o que escreveu na última década do milênio. Dois pesos e duas medidas viraram uso corriqueiro por este bloco. Por isso é tão simples cunhar frases do tipo “nunca houve um governo tão corrupto” para qualquer um posterior ao período tucano, que vai de 1995 a 2002. E por isso esta simplificação não pode ser pedagógica: não reconhecer que há uma corrupção estrutural no sistema político é uma forma de mantê-lo inalterado. E, quando um presidente do bloco hegemônico for eleito, poderá usar esse sistema político atrasado, com o pretexto de “modernizar” o país, pagando o preço que ele cobrar.

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#216 Mensagem por EXT » 18 Set 2013, 00:02

A perda de prestígio do Lula e da Dilma, que já foram quase absolutos há alguns meses atrás, levou a uma certa recuperação do FHC. Mais pelo seu simbolismo na história e como intelectual.

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Carnage
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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#217 Mensagem por Carnage » 01 Dez 2013, 13:01

Não precisa dizer mais nada:

Quase 60% não votariam em candidato apoiado por FHC
http://tijolaco.com.br/index.php/quase- ... o-por-fhc/
por Miguel do Rosário on 10/11/2013[/b]

Índices FH x Lula-Dilma não “empatam”. Ou como a estatística pode esconder o que você percebe
http://tijolaco.com.br/index.php/indice ... e-percebe/



Para relembrar os bons tempos do maravilhoso governo FHC:

http://www.ocafezinho.com/2013/11/10/ar ... ns-tempos/
Presença de Arminio


Leio no blog do Kennedy Alencar, que Arminio Fraga é o ministro da Fazenda dos sonhos de Aécio Neves. Eles já conversaram a respeito e acertaram tudo. Segundo Aécio, “uma indicação antecipada de um ministro da Fazenda com esse perfil ajudaria a campanha tucana a atrair simpatia de investidores internacionais e de boa parte do empresariado brasileiro, sobretudo do grande capital financeiro.”

Pois bem, então eu lembrei dos “bons tempos” e fui pesquisar os jornais de 1999, mais especificamente, de março daquele ano, quando Fraga assumiu a presidência do Banco Central.

Sua primeira medida foi aumentar os juros de 25% para 45%. Foi talvez a maior paulada nos juros que já se deu, em qualquer civilização, nos últimos cinco mil anos.

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A grande imprensa comemorou. Em editorial, o Globo afirmou que “as medidas anunciadas pelo novo presidente do Banco Central, Arminio Fraga, vão na direção certa”.

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Fraga falou à imprensa que, para o futuro, a tendência dos juros era cair. Ah, bom.

O que ninguém falou é que a medida de Fraga significava dezenas, quiçá centenas de bilhões de dólares, na conta dos grandes credores nacionais e internacionais, ao longo dos meses seguintes. Dinheiro fácil, líquido e certo.

No mesmo dia, o Globo anunciava que os combustíveis iriam subir e que uma comissão da Câmara havia aprovado a nova CPMF (imposto criado para aplicação em saúde, mas que no governo FHC era usado para superávit primário). O acordo político entre governo e legislativo era quase cínico. O imposto não iria para a Saúde. Tanto que os jornais afirmavam, sem pejo, que o FMI aguardava, com ansiedade, a aprovação do novo imposto. Ou seja, o FMI queria a CPMF, porque esse dinheiro ia para os credores internacionais.

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Não pára por aí. Aquela sexta-feira, 5 de março de 1999, prometia muitas emoções. O colunista político do Globo, Marcio Moreira Alves, um digno jornalista que havia crescido dentro do Globo durante os esforços do jornal para se redimir com a opinião pública no pós-ditadura, comentava sobre uma certa “indiscrição” do ministro da fazenda, Pedro Malan. Malan havia encomendado estudos para a venda do Banco do Brasil e da Caixa Econômica, o que provocou fortes contestações no Congresso. É aí que grande parte do PMDB, inclusive caciques conservadores, como Sarney e seus companheiros, rompem com os tucanos.

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A tentativa de privatização da Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa produz a grande fenda na elite política que iria sorver o PSDB e abrir espaço para uma nova coalizão governamental, uma aliança entre PT e a centro-direita, representada pelo PMDB, cujo nacionalismo repentino surpreendeu a mídia.

Mesmo com inflação estourada, juros a 45%, governo articulando não apenas para prorrogar a CPMF, mas para aumentar a alíquota, estudos para venda das últimas grandes estatais brasileiras, ministérios anunciando grandes cortes de servidores, nenhuma obra de infra-estrutura em curso, a grande mídia tentava afastar o “baixo astral”.

Teresa Cruvinel, outra colunista estrategicamente posicionada para amansar os ânimos esquerdistas do pós-ditadura, abria sua coluna daquela fatídica sexta-feira com um título solar e feliz: Apesar do baixo astral.

[ external image ]

Os jornais omitiam acintosamente informações sobre as consequências terríveis para as finanças públicas daquele “choque” nos juros. A dívida brasileira, já complicada, se tornaria quase impagável.

Em resumo, o governo FHC aumentava pesadamente a carga tributária, criava novos impostos, e espancava os juros, asfixiando a classe média, não para aprimorar os serviços públicos ou fazer obras de infra-estrutura, mas para transferir mais dinheiro aos credores domésticos e internacionais. A grande imprensa, sócia nessa empreitada, tinha missão de enganar a sociedade, afirmando que o remédio era necessário, e que tudo ia bem, “apesar do baixo astral”.

Enquanto isso, a Polícia Federal continuava sendo sucateada, e não havia nenhuma investigação séria, por parte do governo, contra os grandes problemas de corrupção no país. Nem na imprensa. O escândalo da compra de votos para a reeleição já havia sido devidamente abafado, a mídia preparava o terreno para as últimas grandes privatizações, entre elas a da Vale do Rio Doce.

Quem falasse em “concessão”, à época, seria considerado socialista. O governo não queria conceder nada. O objetivo era alienar completamente o patrimônio público, o mais rápido possível, entregando-lhe nas mãos de empresários politicamente afinados com o Planalto.

Bons tempos! A Globo não era incomodada por nenhum blogueiro sujo e podia continuar ganhando seu dinheiro, tranquilamente, no mercado financeiro, enganando os trouxas da classe média a quem vendia o discurso do “Estado mínimo”. Ou seja, o governo aumentava a transferência de recursos do indivíduo para as grandes instituições controladoras do capital, Estado e bancos, através do aumento da carga tributária e juros, com auxílio luxuoso de uma imprensa sócia no butim. Não havia nenhum programa de “desoneração tributária”, como faz Dilma.

Não havia nenhuma obra de infra-estrutura. Era só pau, pau, pau. E, no entanto, a classe média leitora do Globo, com ajuda de Marina Silva e Eduardo Campos, ainda acredita no “tripé econômico” e na maravilhosa gestão de Fernando Henrique.


Lindo!!! :lol:


Pra encerrar:


http://www.ocafezinho.com/2013/11/08/di ... uta-cai-5/
Dívida pública bruta cai 5%
por Miguel do Rosário on 08/11/2013


Miriam Leitão vivia esnobando, até pouco tempo, a forte queda da dívida pública líquida dizendo que a dívida bruta havia crescido. Agora – estranhamente – parou de falar nisso.

Fui pesquisar e entendi porque.

A dívida bruta de fato registrou um pico em 2012, embora ainda permanecendo em patamar muito inferior aos de 2003 ou 2002.

Mas este ano voltou a cair, e está em nível historicamente bastante baixo. Em setembro de 2013, estava em 64,1%, queda de 5% sobre o final de 2012.

Para os padrões internacionais, dívida de 64% do PIB é um luxo.

Está, sobretudo, bem menor do que em 2002, quando atingiu 76,7% do PIB. Ou seja, a era FHC, tão elogiada por Marina Silva como “tempo da estabilidade”, na verdade nos legou um país com finanças estouradas.

A dívida pública líquida, por sua vez, atingiu, em setembro de 2013, o mais baixo nível de sua história: 35,4% para o governo geral (União, Estados e Municípios), e 22,7% (governo federal e BC).

Olhe o gráfico e confira como estávamos antes. Esses números desmentem qualquer descontrole nas finanças públicas, ou fissura na política de responsabilidade fiscal. O Brasil continua aprimorando suas contas públicas, e reduzindo seu endividamento. Se formos analisar o perfil das dívidas, teríamos outra boa notícia: estão menos atreladas ao dólar; estão mais seguras, atreladas a juros pre-fixados ou à taxa selic. A dívida pública brasileira está mais qualificada e menor.

Ver gráficos no link acima








http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs ... ternalPage
FHC perdeu chance de ficar quieto
Nem por oportunismo rasteiro Fernando Henrique Cardoso deveria juntar-se ao coral que aplaude as prisões dos condenados da ação penal 470


Em pronunciamento, ontem, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso empregou termos duros. Referindo-se às denuncias dos prisioneiros do mensalão e seus advogados, que têm críticas consistentes ao julgamento, como tantos juristas admitem, chegou a dizer: “Temos de dar um basta nisso. Chega de desfaçatez.”
“Desfaçatez?”

“ Basta?”

O retrospecto do PSDB e de seu governo não autorizam um discurso nestes termos.

FHC só manteve-se no Planalto por oito anos depois de conquistar o direito de disputar a reeleição, num esquema de compra de votos em que se demonstrou aquilo que apenas se disse sobre o mensalão de Delúbio e Valério.

O repórter Fernando Rodrigues publicou, já naquela época, o depoimento de um certo senhor X, que organizou os pagamentos de parlamentares. Trouxe o depoimento, gravado, de um parlamentar que assumia ter embolsado o dinheiro. No livro Príncipe da Privataria, Palmério Doria completou o serviço. Entrevistou o próprio senhor X, revelou sua identidade verdadeira e explicou que ele comprou 150 parlamentares.

Outro dia, conversei com um deputado do PP que assistiu ao mercado da reeleição e me disse o seguinte: “O pessoal votava a favor e na saída do plenário já tinha gente esperando para acertar o pagamento em dinheiro junto a doleiros. Não tinha erro.”

FHC falou em tom crítico sobre adversários políticos que se tornaram prisioneiros, enfrentando medidas duras e espetaculares de Joaquim Barbosa que receberam críticas até de outros ministros do STF. A verdade é que muitos prisioneiros da ação penal 470 foram mais próximos de seu governo do que se imagina.

Marcos Valério começou a se aproximar das verbas do Visanet a partir dos diretores que o PSDB instalou no Banco do Brasil durante o governo de Fernando Henrique. Foram eles, no segundo mandato de FHC, que assinaram os primeiros contratos com a agência DNA, que seriam apenas renovados depois da posse de Lula.

O diretor responsável pelos pagamentos à DNA – aqueles que Joaquim Barbosa diz que foram desviados para subornar políticos – era um homem de confiança do governo Fernando Henrique, um diretor chamado Leo Batista.

Ele tinha esse papel no governo FHC. Seguiu na função depois de 2003. Se alguém foi tão decisivo para o esquema, seu nome não é Henrique Pizzolato, hoje foragido na Itália, mas Leo Batista. Estava acima de Pizzolato e tinha a prerrogativa de assinar os cheques.

FHC fez elogios às prisões ao lado de estrelas graúdas do PSDB. Uma delas era Geraldo Alckmin, cujo governo afunda-se em três gerações de governadores denunciados no propinoduto Alston-Siemens. Outro era o presidenciável Aécio Neves. Conforme a CPMI dos Correios, durante seu governo estatais mineiras fizeram dezenas de milhões de reais em depósitos nas contas da DNA. Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, sócios de Valério na agência, eram publicitários de reputação firmada no Estado. As relações de Cristiano Paz com Aécio se assemelham às relações de Nizan Guanaes com Fernando Henrique. Hollerbach integrou a coordenação da campanha de Aécio em 2002.

Um ditado popular ensina que não se deve falar de corda em casa de enforcado, mas o retrospecto mostra que há fundamento para FHC portar-se como se nada tivesse a ver com estes fatos e pessoas. Em 1997, o procurador Geraldo Brindeiro encarregou-se de enterrar a denúncia da compra de votos e a maioria tucana impediu que se fizesse uma CPI. Embora um homem de confiança do PSDB tenha sido o responsável final pelos pagamentos para a agência de publicidade do mensalão, nenhum deles foi investigado na ação penal 470. Por uma questão de hierarquia, deveria ter sido mais investigado do que Pizzolato. Pela proximidade, era um caso típico de coautoria. Sua investigação ocorreu em segredo, num inquérito paralelo, cuja existência só veio a público durante o próprio julgamento.

O propinoduto paulista foi investigado até na Suíça, mas é alvo permanente de um esforço para arquivar qualquer indicio e toda denúncia que possa envolver os tucanos e seus amigos. O procurador Rodrigo de Grandis recebeu oito solicitações do Ministério da Justiça para prestar esclarecimentos e não atendeu a nenhuma. O mensalão PSDB-MG está sendo investigado na primeira instância, em Belo Horizonte, com vagarosidade espantosa e metodologia diversa. Enquanto os réus da ação penal 470 não tiveram direito ao duplo grau de jurisdição, o STF autorizou que os mineiros tivessem um julgamento na primeira instância e, mais tarde, um segundo julgamento. Entre os petistas, viveu um clima de guerra civil para um pequeno grupo de condenados conseguir, após diversos lances de chantagem dos meios de comunicação contra Celso de Mello, o direito de apresentar embargos infringentes sobre uma das penas recebidas.

Como parece difícil de negar, a principal diferença entre escândalos tucanos e ação penal 470 é a blindagem.

Esse acesso assegurado à impunidade – 100% garantida até aqui na maioria dos casos – mostra que o PSDB não apenas dedicou-se às mesmas práticas que condena nos adversários, como tantos indícios confirmam, mas construiu um impenetrável muro de proteção sobre seus atos, situação que apenas eleva a gravidade do atos que cometeu.

Vamos combinar que não é um motivo honroso para FHC falar contra a “ desfaçatez” dos adversários.

Derrotado por Jânio Quadros na disputa pela prefeitura em 1985, quase ministro de Fernando Collor em 1990, Fernando Henrique pode sentir de perto os efeitos nocivos do nosso moralismo. Tem experiência demais para dedicar-se a ele.

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#218 Mensagem por Compson » 04 Dez 2013, 11:12


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Taiado
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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#219 Mensagem por Taiado » 06 Dez 2013, 19:00

E impressionante a cegueira dos ptstas de plantao, o pais indo para o buraco e neguinho critica o melhor presidente que o Brasil ja teve... se Deus me der a saude um dia, vou ver a verdade restabelecida e alguns detes ladroes na cadeia!

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#220 Mensagem por bullitt » 07 Dez 2013, 00:37

Uns punhetam com o PIG, outros punhetam com Brizola Neto... FAP FAP FAP

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#221 Mensagem por Carnage » 07 Dez 2013, 12:10

http://www.blogdacidadania.com.br/2013/ ... ho-de-fhc/
Busca da Globo por “laranjas” deveria incluir o filho de FHC
Eduardo Guimarães


Ao final da minuciosa reportagem do Jornal Nacional da última terça-feira (3/12) sobre a composição societária do hotel Saint Peter, de Brasília – uma escancarada tentativa da Globo de “melar” a contratação do ex-ministro José Dirceu pelo hotel, que lhe permitiria se beneficiar do regime semiaberto –, a esposa me olha e pergunta: “E aí?”.

Fiz um teste. Perguntei a ela: “Qual é a denúncia?”.

A resposta que me deu poderia ter sido dada por um advogado de renome ou por qualquer outra pessoa com maior ou menor qualificação para entender o que acabara de ser “denunciado” pelo telejornal da Globo. A patroa disse que, pelo que entendeu, a composição societária do hotel é “suspeita”.

Insisto na pergunta. Suspeita por que? “Ora, porque o presidente da empresa que administra o tal hotel Saint Peter é auxiliar de escritório”, respondeu.

A cara metade tem certa razão. O sujeito reside em uma casa comum e não em uma mansão na qual o senso comum sugere que deveria residir o alto executivo de uma empresa como essa “Truston International Inc.”

O panamenho José Eugenio Silva Ritter reside na periferia de Panamá City. Ao Jornal Nacional, ele reconheceu que aparece mesmo como sócio de muitas empresas mundo afora. É mais do que provável, pois, que a Truston use “laranjas” – ou, ao menos, um “laranja”. Que outra razão essa empresa transnacional teria para concentrar estruturas societárias nesse sujeito?

O mensalão abriu mesmo as portas do setor do inferno que abriga os hipócritas empedernidos. Deve haver, só no Brasil, centenas de milhares de empresas que se valem do mesmo tipo de estrutura societária do Saint Peter e ninguém – muito menos a Globo – cisma de montar grandes esquemas de reportagem, enviando repórteres ao exterior, para mostrar que os donos de um empreendimento preferem não constar em um contrato social.

Tanto é que, como mostrou furo de reportagem do Brasil 247 divulgado ontem, o Grupo Abril vendeu operação da TVA em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba para o mesmo grupo estrangeiro que comprou, em Brasília, o hotel Saint Peter.

Se o grupo que edita a congênere de antipetismo da Globo (a revista Veja) associou-se ao grupo estrangeiro que controla o hotel em que Dirceu vai (?) trabalhar, daí se pode entender como o uso de “laranjas” é quase uma regra em grandes aquisições e investimentos estrangeiros aqui e em muitas outras partes do mundo.

Mas se a Globo está mesmo preocupada com o uso de “laranjas”, deveria usar toda essa estrutura multimilionária de seu jornalismo para investigar um caso escandaloso envolvendo Paulo Henrique Cardoso, filho de Fernando Henrique Cardoso, que integra – ou integrou – sociedade junto com o mega grupo empresarial Disney.

Em 2011, o Ministério das Comunicações abriu investigação sobre o grupo Disney para saber se controlava ilegalmente a rádio Itapema FM, de São Paulo, que usava o nome fantasia de “Rádio Disney”.

A emissora, porém, pertencia legalmente a Paulo Henrique Cardoso e à Disney. Oficialmente, à época, PHC tinha 71% da emissora e a Disney menos de 30%, de acordo com o que é permitido pela Constituição para que empresas estrangeiras sejam proprietárias de meios de comunicação no Brasil.

Executivos da Disney no país – o diretor financeiro e o diretor-geral – tinham procuração de PHC para autorizar empréstimos, emitir cheques e vender bens da emissora, o que mostra que interferiam na gestão da empresa.

Até 2007, a Rádio Itapema foi de Orestes Quércia (morto em 2010), que ganhou a concessão no governo Sarney. Ele negociou a emissora com o grupo RBS, que revendeu 71% à Rádio Holding e 29% à Walt Disney Company (Brasil). Paulo Henrique, em 2011, tinha 99% da Rádio Holding. O 1% restante era do grupo Disney.

Os gráficos abaixo, divulgados à época pela revista IstoÉ, resumem melhor o imbróglio.

[ external image ]

[ external image ]

Diante de evidência tão escandalosa de que o filho de um ex-presidente é o evidente “laranja” da mega corporação norte-americana – não se imagina que a Disney entraria em uma sociedade em que tivesse 1% de participação e o seu sócio brasileiro 99% –, o Ministério das Comunicações abriu investigação que até hoje não teve o resultado divulgado.

Aliás, o assunto “sumiu”.

Seja como for, é evidente que, tal qual a Panamenha Truston, o Grupo Disney se valeu de um “laranja” (filho de um ex-presidente da República) para burlar a lei brasileira, que limita a 30% a participação de capital estrangeiro em empresas de comunicação.

Esse caso envolvendo PHC e a Disney, aliás, é bem mais grave e suspeito do que o do hotel em que Dirceu irá trabalhar – se é que irá, após a “escandalização” do nada levada a cabo pelo Jornal Nacional. Afinal de contas, o caso envolvendo a Truston não diz respeito ao Brasil, até onde se sabe. Já o caso envolvendo a Disney burla a legislação brasileira.

Tudo bem se a Globo quiser acabar com estruturas societárias como as da Truston e as da Disney, ao menos no Brasil. Seremos o único país do mundo em que não ocorrerão associações de conveniência em que o controlador oficial de uma empresa não seja seu verdadeiro dono. Mas, se assim for, tem que ser para todo mundo.

Espera-se, por exemplo, que se a Truston for considerada inidônea no Brasil o mesmo ocorra com a Disney. Mas não só. Você, aí, que está acusando Dirceu e que controla uma empresa com um contrato social desse tipo – e há muita, mas muita empresa assim no país – deveria se preparar.

De repente, se esse caso for levado em frente, o governo brasileiro poderia desencadear uma onda de fiscalização de todo e qualquer contrato social cujo sócio majoritário não tenha patrimônio que comprove que tem condições de controlar aquela empresa. Garanto que vai ter muito antipetista de cabelos em pé, se isso ocorrer.

O que, aliás, seria muito bom, pois essas composições societárias esquisitas são uma praga que acoberta toda sorte de ilícitos.

Será que o ministro Joaquim Barbosa, mais uma vez, inventará leis e regras que só valem para petistas? Talvez não autorize a Truston a empregar Dirceu, mas a autorize fazer negócios com o Grupo Abril. Assim, a empresa poderá ou não fazer associações esquisitas dependendo de com quem faça. Com filho de tucano, por exemplo, pode.

eheeheheheheheh

Adoro gente que critica sem nem ler! rs


Taiado escreveu:neguinho critica o melhor presidente que o Brasil ja teve... se Deus me der a saude um dia, vou ver a verdade restabelecida e alguns destes ladroes na cadeia!

Será mesmo???
Carnage escreveu:Quase 60% não votariam em candidato apoiado por FHC
Não sou eu que digo não:

Folha de São Paulo, pesquisa deles:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/ ... stir.shtml
Aécio, porém, não deve se animar com isso. O motivo é a rejeição que os dois tucanos podem carregar. Quase 60% afirmam que não votariam num nome apoiado por FHC. Com Serra, o índice é de 54%.
Ninguém pode acusar a Folha de ser petista....

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#222 Mensagem por Carnage » 27 Fev 2014, 14:28

http://www.redebrasilatual.com.br/blogs ... -4287.html
O dia em que a Globo aplaudiu um aumento de impostos chamado Plano Real
Emissora chegou a anunciar o pacote como Plano FHC, parte da estratégia para fixar no eleitorado o nome do então ministro, escolhido por ela para disputar a presidência contra Lula e Brizola
por Helena Sthephanowitz

Como o Jornal Nacional da TV Globo, dogmático contra qualquer aumento de tributos, noticiaria um pacote econômico que começasse pelo aumento de 5% nas alíquotas dos impostos de uma tacada só?

Pois o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, em fins de 1993, anunciou três etapas do plano econômico, sendo a segunda delas justamente o aumento de 5% nas alíquotas dos impostos, e a notícia foi dada com alarde pelo principal telejornal da TV Globo, sem qualquer crítica.

As outras medidas do plano foram um corte de 22 bilhões de dólares no orçamento completando o ajuste fiscal, e a implantação da URV (Unidade Real de Valor), um indexador para contratos e pagamentos atrelado ao dólar que serviu de transição para a troca da moeda.

Em reportagem de mais de três minutos, a única voz ouvida no Jornal Nacional foi a do então ministro da Fazenda. Ninguém da oposição teve espaço. Nenhum "especialista" foi ouvido. Em um show de jornalismo "chapa branca", o repórter narrava: "... como diz o próprio ministro da Fazenda, desta vez o que existe é um processo, que está começando agora e que para dar certo precisa do apoio do Congresso e da adesão voluntária da sociedade...". Mais adiante, com um infográfico ilustrando, a narração da reportagem justificava o aumento na tributação: "... ainda assim, é preciso mais dinheiro para equilibrar as contas. A ideia, então, é aumentar todos os impostos em 5%".

Na verdade o aumento da carga tributária no governo Itamar Franco e nos oito anos de mandato de FHC foi bem maior do que os 5% anunciados. Saltou da faixa de 25% do PIB (Produto Interno Bruto) para 35,86%.

De fato, é improvável que o Brasil conseguisse estabilizar a moeda sem aumentar os impostos, pois sem uma arrecadação maior o endividamento explodiria. A questão é a forma que este aumento foi feito, penalizando mais a classe média e pobre, sem tributar grandes fortunas e deixando a alíquota de imposto de renda para milionários baixa quando comparadas a outros países.

Mas não deixa de ser curioso o apoio "global" ao aumento da carga tributária quando o governo era tucano. Talvez seja porque, naquela época, o Darf doesse mais em outros bolsos.

O "Consenso de Washington", receituário econômico prescrito pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos e pelo FMI, explica em parte a subserviência da Globo, sempre alinhada ao pensamento estadunidense.

O contexto das eleições de 1994 explica o resto. Em 1993, Lula despontava como favorito. Setores do PSDB, sem candidato competitivo até então, cogitavam até a coligar-se com o PT. Outro nome forte era o de Leonel Brizola (PDT). A Globo era contra os dois. O debelamento da inflação tinha potencial para tornar FHC um candidato competitivo, como tornou-se de fato. O próprio nome inicial do pacote econômico foi "Plano FHC" para dar mais exposição política ao então ministro da Fazenda. A Globo apostou suas fichas no tucano e, eleitoralmente, não seria conveniente disparar "fogo amigo" por causa do aumento de impostos. Simples assim.

Assista a reportagem do Jornal Nacional de 1993

http://www.youtube.com/watch?v=elyZhvXW ... r_embedded
http://www.redebrasilatual.com.br/polit ... -3542.html
Fernando Henrique e tucanos 'mentem' sobre o Plano Real, diz petista
Para Ricardo Berzoini, tucanos 'ficaram inebriados' com sucesso inicial e descuidaram da sequência. 'Foi um período de desemprego recorde e ataques a direitos', lembra presidente da CUT
por Eduardo Maretti, da RBA publicado 26/02/2014 20:23, última modificação 27/02/2014 09:49

Datafolha em 31/12/1999: menos de três meses depois da reeleição garantida, 70% achavam que FHC havia perdido controle da crise e 56% que ele havia enganado os eleitores


São Paulo – O deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) rebateu hoje os pronunciamentos de algumas das principais lideranças do PSDB feitos ontem (25) em sessão solene no Senado para comemorar 20 anos do Plano Real. “Eles têm contado uma história que não corresponde à realidade documentada nas estatísticas do Banco Central, do Ministério da Fazenda, do IBGE, do Ipea, do Dieese, da Fundação Getúlio Vargas. Existem estatísticas, não adianta brigar com números”, disse Berzoini, ex-ministro da Previdência e do Trabalho do ex-presidente Luiz Inácio Lula, entre 2003 e 2005. "Fernando Henrique mais uma vez mentiu, assim como os tucanos, nesse ato do Senado."

O parlamentar afirma que assinou o primeiro reajuste dos aposentados da era Lula, em maio de 2003. “O reajuste foi de 19,78% na época, sem embutir nenhum aumento real, representava só a inflação de 12 meses. Era uma inflação basicamente decorrente do descontrole do governo Fernando Henrique Cardoso”, avalia.

Para o petista, o real foi produto de “engenharia inteligente” no sentido de desindexar o processo inflacionário. “Mas como eles ficaram inebriados com o sucesso inicial do plano, descuidaram de fazer o que era necessário pela estabilidade de médio e longo prazos. Elevaram tanto o endividamento externo como o interno do país em doses cavalares e, para tentar aplacar a especulação, elevaram pesadamente a parcela dolarizada da dívida interna. E não olharam a política de crescimento econômico, do emprego e da renda”, analisa Berzoini.

Segundo o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o Plano Real (instituído em 27 de fevereiro de 1994 com a introdução da URV, Unidade Real de Valor) pela Medida Provisória 434, foi “o maior programa de distribuição de renda do Brasil”, por ter tirado o “imposto inflacionário” do trabalhador.

No Senado, FHC disse que, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com a sucessora Dilma Rousseff, o Brasil perdeu um momento positivo na economia mundial. “Perdemos o momento da fartura de capitais”, declarou.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirma que se os "criadores do real" tivessem vencido as eleições em 2002, possivelmente ninguém estaria comemorando nada hoje. "O real foi bem até assegurar a reeleição tranquila do Fernando Henrique em 1998. Assim que ele tomou posse, em janeiro de 1999, foi desfeita a farsa", observa. Freitas. Na época, lembra ele, as pesquisas demonstravam que a população se sentia "enganada" na eleição de 1998.

"Foi uma época em que quem não estava desempregado tinha pelo menos um amigo ou parente nessa situação. Onde estavam os empregos? Que conquistas os trabalhadores podem lembrar dos primeiros oito anos de real? Passamos oito anos travando lutas para não perder direitos. Foi um quase massacre", critica o presidente da CUT, que enumera: "Mentira cambial, desemprego recorde, arrocho salarial, tentativa de desregulamentar a legislação trabalhista, privatizações para responder a um endividamento irresponsável. Foram essas as âncoras do real que a partir de 2003 começaram a ser corrigidas."

Lula assumiu o governo a inflação estava em 17%, o risco Brasil era 4 mil pontos, observa o deputado federal Nelson Pellegrino (PT-BA). "Tínhamos um déficit brutal nas contas externas, o Brasil estava perto de quebrar. Só não quebrou porque Lula como candidato à presidência da República teve responsabilidade de chancelar o acordo que foi feito com o FMI e depois conduziu uma transição", rebate. "É uma tentativa do senador Aécio Neves de reivindicar a si a estabilidade econômica. E tentar uma aposta, que acho perigosa da parte dele, de querer reivindicar a herança de FHC."

Na opinião do parlamentar baiano, o risco embutido na “aposta" de Aécio, declarado pré-candidato tucano à presidência da República, é confrontar “um certo consenso” na sociedade brasileira segundo o qual o real foi um processo de construção. “Fernando Henrique teve um papel, como teve Itamar, como também Lula”, acredita Pellegrino, lembrando que, quando a MP 434 foi editada, Fernando Henrique Cardoso era o ministro da Fazenda do então presidente Itamar Franco.
Campanha antecipada?

O fato de os líderes tucanos atacarem os atos públicos dos quais a presidenta Dilma Rousseff participa, chamando-os de “campanha eleitoral antecipada”, e terem produzido um evento que também poderia ser considerado campanha antes da hora, é minimizado pelos deputados petistas.

“Temos de sempre relativizar isso, porque é impossível na política você abstrair completamente os impactos eleitorais de atos realizados antes do período de campanha”, diz Berzoini. “Eu não seria leviano, como são levianos os tucanos, que a todo momento fazem ilações e acusações e até representações ao Judiciário para tentar denunciar campanha antecipada. Mas no evento do Senado ontem obviamente teve uma conotação de buscar fazer um palanque do Aécio Neves junto com o Fernando Henrique”, afirma Berzoini.

“É uma agenda que a pré-candidatura Aécio tenta construir para se manter na polêmica. Ele tenta se colocar como alternativa. Você tem um modelo econômico, de Lula e Dilma, que levou o Brasil a um outro momento indiscutivelmente de sucesso e ele tenta fazer o contraponto”, acrescenta Pellegrino.

A reportagem procurou o líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), mas não obteve retorno.

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#223 Mensagem por Carnage » 11 Mai 2014, 18:44

http://www.cartacapital.com.br/economia ... l-407.html
20 anos depois: quem são os donos do plano Real?
A estabilização da inflação aconteceu ao custo da substituição de produtos nacionais por importados e o agravamento da situação fiscal. Por João Sicsú
por João Sicsú — publicado 17/03/2014 16:27, última modificação 18/03/2014 09:09


O plano Real, lançado em 28 de fevereiro de 1994, foi um plano influenciado pelas ideias do economista inglês John Maynard Keynes e pelas experiências hiperinflacionárias europeias (da primeira metade do século XX), mas que contou com uma questionável administração de economistas brasileiros e com as (des)orientações do Fundo Monetário Internacional (FMI). Longe de ter sido “idealizado por Fernando Henrique Cardoso”, como afirmam O Globo e outros veículos assemelhados, o plano foi organizado e dirigido exclusivamente pelos economistas do PSDB.

Fernando Henrique Cardoso (FHC) era o ministro da Fazenda durante o período de lançamento do Plano. O presidente era Itamar Franco. Um mês após o lançamento do plano, FHC se desincompatibilizou do cargo para se candidatar à Presidência da República pelo PSDB. Rubens Ricupero assumiu o ministério da Fazenda. Ricupero deveria ser o responsável por toda a condução do plano.

Em um estúdio da TV Globo, antes de uma gravação, o ministro da Fazenda revelou reservadamente ao jornalista Carlos Monforte suas intenções, vontades e ideias sobre o plano Real. Não contava, contudo, que estava em canal aberto para algumas residências que possuíam antena parabólica. Sua conversa com o jornalista foi gravada e divulgada.

O ministro, falando informalmente sobre o plano Real, disse: “O que é bom a gente fatura. O que é ruim, esconde.” Além disso, afirmou que era o principal “cabo eleitoral” de FHC. Ele se considerava também um achado para a Rede Globo porque a emissora poderia fazer a campanha de FHC através das suas aparições - “o tempo todo no ar”, segundo palavras do próprio ministro da Fazenda.

Após a divulgação da sua conversa com o jornalista da Globo, não restou outra alternativa: ele pediu demissão do cargo em 6 de setembro para não contaminar a campanha tucana à Presidência. Contudo, o mais importante para entendimento da economia política do Real foi a proposta econômica que o ministro fez durante a conversa informal e que viria a se tornar o carro-chefe da fase de derrubada da inflação proposta no plano. À frente, este ponto será desenvolvido.

Antes do lançamento da nova moeda, o real, a inflação era elevada. Mais do que isso: existia um regime de alta inflação, isto é, havia uma dança de preços. Alguns preços subiam porque outros tinham subido. E estes subiam porque aqueles haviam subido. E assim os preços aumentavam de forma sucessiva. Havia uma corrida de preços, mas de forma dessincronizada: aumentavam em momentos diferenciados e com percentuais diferentes. Além disso, nenhum contrato era assinado com a moeda corrente, o cruzeiro real. Os contratos usavam moedas fictícias (referências) ou algum índice para indexar o seu valor à inflação e/ou aos desejos dos contratantes.

Muito foi acumulado em termos de discussões e experiências desde o Plano Cruzado de fevereiro de 1986 até o lançamento do Real. Nos meios acadêmicos fervilhavam artigos e debates sobre o assunto. O Plano Cruzado havia dado errado por um simples fato: o seu carro-chefe foi o congelamento de preços. O raciocínio era simples: se os preços sobem porque outros já subiram, então congelam-se os preços e não haverá mais motivos para reajustes. Errado: os preços estavam dessincronizados, então quem ficara “mal na foto” (isto é, ainda não tinha reajustado o seu preço) no momento em que houve o congelamento não aceitou aquela situação e reagiu, reajustando seus preços. Aí... os outros reagiram também. Assim, ruiu o congelamento e o Plano Cruzado. Utilizado eleitoralmente pelo PMDB, o congelamento de preços foi mantido (com a Polícia Federal e fiscais nas ruas) somente até as eleições de novembro de 1986. O resultado: o PMDB ganhou o governo dos estados de todas as unidades da federação, exceto Sergipe.

Além da experiência do Cruzado, havia mais uma lição muito importante na história econômica. Keynes, o economista inglês, foi convidado pelo governo alemão, em 1922, a apresentar um plano para derrubar a hiperinflação alemã.

Os pilares do Plano de Keynes eram os seguintes: (i) a derrubada da inflação deveria ser uma iniciativa do governo, já que desconfiava de qualquer tipo de ajuda externa, (ii) fixação da taxa de câmbio para promover a estabilização, já que os preços estavam perfeitamente indexados ao dólar (isto é, os preços subiam de forma sincronizada todos os dias) e (iii) os déficits públicos seriam curados posteriormente, depois da estabilização e como consequência do crescimento econômico (que possibilitaria aumento da arrecadação).

Estas lições eram bastante conhecidas entre os economistas brasileiros no início dos anos 1990. Minha dissertação de mestrado, defendida em 1993, intitulava-se “As lições do Plano Keynes para um projeto de estabilização”. Muitos economistas escreveram trabalhos acadêmicos relevantes relacionando as ideias de Keynes, os países que conviveram com a hiperinflação e um plano de estabilização para o Brasil. Destacavam-se Paulo Nogueira Batista Jr. e Gustavo Franco. Rudner Dornbusch, um professor americano do MIT – e que com frequência visitava o departamento de economia da PUC-Rio, ninho dos economistas do PSDB – republicou parte do Plano Keynes em 1987 em artigo de sua autoria.

Na primeira parte da década de 1990, havia uma grande lição já apreendida do Plano Keynes e do fracasso do Cruzado: era preciso sincronizar a dança dos preços com a variação diária do valor do dólar. Dado este passo, o próximo seria o lançamento de uma âncora cambial (cuja versão mais recomendada era o congelamento da taxa de câmbio em um patamar de equilíbrio, isto é, que estimulasse exportações e defendesse o mercado doméstico da invasão de produtos importados). O FMI aproveitou este ambiente para lançar mais uma de suas ideias: países “irresponsáveis” não poderiam ter sequer moeda, deveriam utilizar o dólar americano como moeda. O FMI foi o principal incentivador da radical dolarização argentina, que quase extinguiu o peso durante a década de 1990, e do fim da moeda nacional (o sucre) no Equador, que até hoje está sem sua própria moeda – apesar de ser governado pelo antineoliberal Rafael Correa.

Os economistas do PSDB inventaram uma dolarização disfarçada para a economia brasileira. Uma boa invenção, originária nas proposições de André Lara Rezende e Pérsio Arida (proposição conhecida à época por “Larida”). Lançaram no dia 1º de março de 1994 a Unidade Real de Valor (URV), que valia 1 dólar americano e tentaram por 4 meses (de março a junho) URVerizar todos os preços. Em outras palavras, estimularam que os preços subissem todos os dias de forma sincronizada e referenciada na URV que valia 1 dólar – e que variava de valor todos os dias.

A tentativa de dolarização/sincronização de preços à brasileira foi um fiasco. Somente os contratos públicos (energia elétricas e outros) aderiram, de fato, à URV. Existem trabalhos científicos (nunca contestados) publicados na Revista de Economia Política que demonstram esta afirmação. Na época, surgiu um racha entre os economistas do PSDB. Uns avaliavam que seria necessário que o período de dolarização/sincronização tivesse pelo menos um ano para que todos os preços aderissem à URV. Outros, não. O motivo para o tiro curto de apenas quatros meses foi essencialmente eleitoral.

Óbvio que uma boa sincronização seria desejada para que a fase seguinte, a da estabilização, fosse bem sucedida – afinal, a lição do Cruzado estava viva na memória dos economistas. Mas a parte vencedora argumentou que tal fase deveria ser curta (não havia tempo, diziam). A fase de estabilização deveria chegar logo, deveria ocorrer pelo menos quatro meses antes das eleições de novembro de 1994. Caso contrário, perderiam as eleições, já que Lula estava bem na frente de FHC – em maio, as pesquisas apontavam a vitória do petista no primeiro turno (43% contra 17% de FHC) – a reviravolta eleitoral somente ocorreu depois de 1º de julho, quando entrou em cena a nova moeda, o real, em substituição à velha, o cruzeiro real.

A fase de sincronização da dança de preços via URV foi um fiasco econômico. Então, alguns céticos do plano Real pensaram que tudo daria errado porque os preços voltariam a dançar e subir, tal como no Plano Cruzado. Os economistas do PSDB sabiam que isto, de fato, poderia ocorrer. Lançaram mão de uma “âncora” inovadora: câmbio megavalorizado e abertura comercial. A âncora lançada em 1º julho não foi a do câmbio fixo e equilibrado, tal como estava no Plano Keynes, mas sim a do câmbio flutuante (para baixo) e do câmbio megavalorizado (inicialmente com R$ 1 comprava-se US$ 1,mas logo em seguida com 84 centavos de real comprava-se 1 dólar americano). Com esse câmbio e com a abertura comercial, as pressões por reajuste foram dissolvidas de forma truculenta com uma invasão avassaladora de produtos importados.

O caminho foi exatamente aquele anunciado pelo ministro Ricupero na conversa reservada que foi capitada pelas antenas parabólicas. Ele considerava que quem desejava fazer reajustes eram “bandidos” e que ele daria uma “pancada” promovendo importações. Disse:

- Eu vou fazer um troço firme.

- É pra tudo quanto é bem de consumo e tal. Importação de tudo. ... Bens duráveis também.

- Vou fazer uma coisa grande.

- É tudo bandido.

O que manteve os preços estabilizados, após o lançamento da nova moeda em 1º de julho de 1994, foi a concorrência desleal de produtos importados – essa foi a principal “âncora” do plano Real – não existiu qualquer âncora cambial, tal como sugerida por Keynes ou aplicada em diversas experiências. Não houve acomodação de preços, mas sim o deslocamento de produtos nacionais e a introdução de produtos importados no mercado doméstico brasileiro. O valor das importações de bens de consumo era, em 1993, US$ 3,2 bilhões; em 1998, alcançou US$ 10,8 bilhões – mais que triplicou!

Dessa forma, os preços foram controlados e as pressões foram, dissolvidas pela exclusão de produtos domésticos do mercado brasileiro. Logo em seguida, para fazer crer que o que estava funcionando era a âncora cambial, foi permitida a concessão de crédito bancário em dólares – a operação era feita em real, mas era convertida de acordo com a taxa de câmbio do dia. Também a dívida pública interna foi, em boa parte, dolarizada para fazer crer que até o governo não aceitaria uma desvalorização.

Embora vendessem a fantasia do câmbio fixo, o crucial para os economistas do PSDB, à época, não era se o câmbio estava congelado, mas sim se ele estava megavalorizado para ser combinado com uma estratégia de abertura comercial. As importações cresceram, o saldo negativo com o exterior aumentou e os preços foram estabilizados, mas com taxas de juros estratosféricas com o objetivo de atrair dólares para o país. Essas taxas de juros bancavam a avalanche de importações de bens de consumo. Em 1994, a taxa de juros Selic média foi superior a 70% ao ano; em 1995, superior a 54%. No período que vigorou o plano Real, entre 1º de julho de 1994 a meados de 1999 (quando foi implantado o regime de metas de inflação), a taxa de juros Selic média foi de 38% ao ano.

Em 1998, a taxa de câmbio super-hiper-megavalorizada já não era mais suportável. Houve muitos debates internos entre economistas do PSDB e foi decidido pelo presidente-candidato à reeleição que a desvalorização somente ocorreria após as eleições de novembro. Vitorioso nas urnas com a promessa que não haveria desvalorização (veja a capa de O Globo de 31 de agosto de 1998: FH GARANTE QUE NÃO MEXE NOS JUROS NEM NO CÂMBIO). Mas em janeiro de 1999, FHC substituiu o presidente do Banco Central, que estava provavelmente entre aqueles que não queriam a desvalorização, e autorizou o desmonte da farsa eleitoral e econômica: o câmbio foi desvalorizado.

Os céticos erraram novamente. Pensaram: “agora a coisa afunda”. Não percebiam que a âncora do Real era outra. Apesar da desvalorização ocorrida dentro de uma “banda diagonal transversa”, segundo os termos quase ininteligíveis do novo presidente do Banco Central, o dólar continuava muito barato.

Esta foi a história do Plano Real. Entre 1999 e 2003/4 houve somente o aprofundamento dos fundamentos macroeconômicos ditados pelos economistas liberais do PSDB e pelo FMI. Os resultados dos anos de Plano Real foram dramáticos em termos de criação de empregos formais, de crescimento e concentração de renda.

A “responsabilidade” fiscal apregoada (pelo FMI e os economistas do PSDB) foi transformada em elevação da carga tributária e da dívida líquida pública como proporção do PIB. Os resultados fiscais somente viriam a melhorar (e muito) com o crescimento econômico da era Lula – tal como sugeria o Plano Keynes. Cabe lembrar que a primeira fase do Real, anterior à suposta sincronização de preços e à estabilização da inflação, era a fase da busca do equilíbrio das contas públicas. Neste ponto talvez resida o maior desastre do plano Real. A dívida líquida do setor público em relação ao PIB, de 38,2% em 1993, saltou para 48,7% em 1999.

A maior herança benigna do Plano Real foi a consciência antiinflacionária absorvida pela sociedade (para a qual o plano Cruzado também contribuiu). Sim, a inflação foi controlada, mas isso não isenta os organizadores e condutores do plano Real de seus graves equívocos. Por outras vias, mais aderentes ao plano Keynes, a inflação também teria sido debelada – é o que mostram inúmeras experiências. Não foi somente o Brasil que enfrentava um regime de alta inflação e não foi somente o Brasil que conseguiu superá-lo. Por exemplo, na Argentina, nos cinco primeiros anos pós-estabilização, a economia cresceu em média 7,8% ao ano – em seguida as orientações do FMI levaram a Argentina para uma crise profunda. Mas, no Brasil, o crescimento foi medíocre e, em decorrência, os custos sociais foram altos demais.

A primeira fase do Real promoveria um ajuste fiscal e melhoraria os resultados das contas públicas. Ocorreu o inverso. A segunda fase, a da sincronização do reajuste de preços, foi apenas “para inglês ver”. E a terceira fase, a da estabilização, obteve êxito, mas alcançou seu objetivo à custa de juros altos para conter a perda de reservas, desnacionalização da economia, geração de poucos empregos formais, baixo crescimento e concentração de renda. Poderia ter sido bem sucedida sem estes custos.

Ainda sobre a última fase do Real, a fase de estabilização, que foi de julho de 1993 a meados de 1999, vale uma observação muito importante: a inflação média desse período foi superior a 12% ao ano – uma inflação muito superior à inflação dos últimos dez anos, que é inferior a metade daquela registrada nos anos que são hoje comemorados pelo PSDB. Portanto, o que o plano Real fez, de fato, foi lançar as bases da estabilização consagrada apenas no último decênio – é o que está provado pelos números. Mas cabe uma observação: a sociedade brasileira precisa de muito mais do que uma economia com inflação controlada – e tudo o que vai além disso não foi sequer iniciado nos governos do PSDB.

Vale o exame de alguns outros números. A concentração de renda foi extraordinária nos anos do plano Real: a participação dos salários no PIB caiu de 45,1% em 1993 para 38,2% em 1999. A carga tributária aumentou 11% entre 1993 e 1999. A taxa média de crescimento econômico foi de 2% (a mesma taxa de crescimento do governo Dilma). No primeiro mandato de FHC, que corresponde à aproximadamente ao período do plano Real, foram criados apenas 824 mil empregos formais (em 4 anos), um número ridículo se comparado à média da última década, que tem sido a criação de mais de 1 milhão de empregos formais por ano.

A concepção original do Plano Real era excepcional e tinha base teórica e histórica – contudo, não foi uma invenção de economistas brasileiros. Coube, sim, aos economistas do PSDB patrocinar o não aprofundamento da fase de sincronização dos preços, a promoção de uma enorme substituição de produtos nacionais por produtos importados durante a fase de estabilização e o agravamento da situação fiscal brasileira. Mas hoje, 20 anos depois, somente lembram do que chamam de derrubada da inflação. Não possuem sequer a honestidade intelectual para reconhecer os erros e os custos sociais pagos em nome de estratégias eleitorais e crenças neoliberais.

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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#224 Mensagem por Carnage » 20 Jun 2014, 11:36

A memória das pessoas é uma coisa muito engraçada. E incrível a facilidade com que esquecem as coisas de forma seletiva!

Um pouco de refresco é sempre legal. Tem gente que fala muito do filho do Lula mas esquece as coisas que aconteceram (e ainda acontecem, só que ninguém mais na mídia se interessa em falar disso) com o filho do seu sucessor.

O mais engraçado é como a Veja fala toda cheia de dedos do filhinho do príncipe, tem sempre um adversativo, um porém, um senão, um "não é necessariamente algo ilegal" antes de falar o que se sabe. Bem diferente do estilo atual de falar do PT....


http://www.terra.com.br/istoegente/35/r ... ep_phc.htm
As andanças do filho do presidente
Paulo Henrique Cardoso trabalha em revista trimestral, anda numa BMW blindada e usa jatinho de empresário para voar entre Rio e São Paulo

Cláudia Carneiro - 1999


Paulo Henrique Cardoso, 45 anos, filho do presidente da República, é um sociólogo por formação acadêmica – estudou na Unicamp, logo após a família voltar dos anos de exílio, durante o governo militar. Mas nunca abraçou exatamente o que a carreira lhe oferece. É hoje diretor-geral da recém-lançada Brasil Sempre, uma publicação trimestral com mais de 150 páginas, com oito mil exemplares de tiragem.

A revista não é vendida em bancas. É distribuída para embaixadas, organismos internacionais e empresas. É um produto do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), organização não-governamental carioca ligada a 55 grupos empresariais e que tem como objetivo discutir problemas relacionados ao meio ambiente e à atuação das empresas brasileiras num mundo globalizado.

Mais pomposo que o nome do Conselho é a lista dos conselheiros editoriais da revista, que mais parece a relação dos representantes do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Estão estampados na página 2 Álvaro Cunha, das Organizações Odebrecht, Jorge Gerdau Johannpeter, da Metalúrgica Gerdau, Antônio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, Benjamin Steinbruch, da Companhia Siderúrgica Nacional, só para citar alguns deles.

Para fazer as vezes de jornalista da publicação, na qual realiza entrevistas com nomes do empresariado brasileiro, Paulo Henrique ganha bem, trabalha pouco e gosta menos ainda O emprego oferece jornada de trabalho sem obrigações ou compromissos todos os dias, e não exige dedicação exclusiva. E ainda garante viagens, alimentação e outras despesas pagas pela instituição. “O Paulo Henrique custa pouco para nós”, afirma Félix de Bulhões, presidente do Cebds. PHC, como é chamado por alguns políticos e assessores do presidente, não tem cargo público e nunca foi personagem de peso do universo empresarial. “Com todo o orgulho que tenho de ser filho de presidente, sou obrigado a lidar com expectativas que têm de ser cumpridas, mesmo que eu não queira cumpri-las”, disse Paulo Henrique Cardoso a Gente.

O mais velho dos três filhos do presidente também trabalhou como conselheiro de algumas empresas. Atilano de Oms Sobrinho, presidente da Inepar – Indústrias Elétricas do Paraná Ltda., convidou-o há dois anos a fazer parte do Conselho de Desenvolvimento Estratégico da empresa, ao lado de nomes notórios como os ex-ministros Aureliano Chaves, Rafael de Almeida Magalhães e Eliezer Batista. No Brasil, a remuneração paga a esse tipo de função varia de R$ 5 mil a R$ 15 mil para cada uma das reuniões esporádicas da qual participam os conselheiros – em que são discutidas questões de interesse da empresa, como cenários econômicos e rumos estratégicos para o negócio. Paulo Henrique permaneceu no conselho até meados de 1999. Saiu e manteve os amigos. Tanto que ele tem a sua disposição o jatinho que pertence a Oms Sobrinho – que eventualmente usa em seus deslocamentos entre Rio e São Paulo. “Estava difícil conciliar a agenda de trabalho do Cebds com o projeto proposto pela Inepar”, diz.

SOLTEIRO COBIÇADO

Para manter a forma física, ele faz caminhadas sempre a partir de 11 horas da manhã, no calçadão da praia de São Conrado, zona sul do Rio. Vive hoje num confortável apartamento em São Conrado, cujo aluguel é estimado por imobiliárias locais em R$ 4 mil por mês. Mas o apartamento é de propriedade da família Almeida Braga, do Banco Icatu, e por conta disso, garantem amigos da família Cardoso, Paulo Henrique desembolsa um valor menor pela moradia.

Para se locomover na Cidade Maravilhosa, ele utiliza uma BMW blindada, sempre acompanhado por guarda-costas e seguranças do Exército brasileiro. Paulo Henrique é um dos solteiros mais cobiçados dos salões da alta sociedade. Não faltaram namoradas depois da separação, em 1997, de Ana Lúcia Magalhães Pinto, herdeira do Banco Nacional, com quem esteve casado por 17 anos e com quem tem as filhas gêmeas Joana e Helena, de 13 anos. Ele se separou um ano depois da intervenção do Banco Central nas empresas da família de Ana Lúcia. A primeira empreitada de solteiro foi com Tereza Collor, 35, a viúva de Pedro Collor de Mello.

O romance durou oito meses, contados no calendário. Está há um ano e meio de namoro com a consultora de artes Evangelina Seiler, 42 anos, a quem conheceu quando ela separou-se do marido na Suíça e retornou ao Brasil. Casamento? “Nenhum de nós dois fez essa pergunta ao outro”, garante Paulo Henrique. Sua rotina tem sofrido alterações há um ano, desde que se envolveu no projeto de R$ 14 milhões oriundos de recursos públicos e destinados à montagem e organização do pavilhão brasileiro na Expo 2000, que acontece em Hannover, na Alemanha, a partir de 1.º de junho.

Por conta da nova empreitada, ele viaja a Brasília quase toda semana. “Não ganho um tostão nesse trabalho”, diz Paulo Henrique. Quando há necessidade de ficar na capital federal, Paulo Henrique mostra a face de filho de presidente e se hospeda no Palácio da Alvorada, moradia oficial do presidente e da primeira- dama, Ruth Cardoso. Paulo Henrique Cardoso é o representante de um grupo de empresas brasileiras no comissariado-geral que levará produtos e projetos artísticos e culturais brasileiros para serem expostos na Feira de Hannover. Foi colocado ali pelo governo comandado por seu pai, que constituiu por decreto o Conselho Empresarial para os 500 Anos, numa parceria com o Cebds.

O tema do pavilhão escolhido pelo Itamaraty é “Homem, Natureza e Tecnologia”. “O Conselho foi convidado e aceitou participar da conceituação porque atuamos na tese do desenvolvimento sustentável”, explicou Paulo Henrique. “Não vou negar que tentamos, sim, influenciar o governo para o Brasil discutir o desenvolvimento sustentável em Hannover, porque esta é a feira mais importante do final do milênio e qualifica o País para ser mais competitivo”, diz Bulhões.

A presença do filho do presidente em um cargo como esse gerou situações de constrangimento. Numa reunião ocorrida em 14 de setembro no Ministério do Turismo, com 18 representantes ministeriais, Paulo Henrique disse que queria mostrar aos países do primeiro mundo que aqui se tem “multiintegração racial, diversidade e competitividade internacional”. “Afinal, temos até um presidente mulato”, concluiu, provocando risos contidos dos participantes.

“Não podemos nos preocupar com os custos dos projetos, porque eu estarei me empenhando para mostrar aos ministros a importância desse investimento na Expo 2000”, disse o filho do presidente. “Entendo que o Brasil possa expor outros temas em seu pavilhão, como suas mulatas, suas sambistas”, retrucou o alemão Thomas Timm, representante da Câmara do Comércio Brasil Alemanha de São Paulo. “Mas não convém ao Brasil concentrar esforços num estande baseado em tecnologia”, concluiu. “Não devemos demonstrar um projeto individual de um ministério ou empresa num contexto que é global”, argumenta Paulo Henrique.

LIGAÇÕES PERIGOSAS

Mas Paulo Henrique já foi alvo de especulações sobre influências paralelas na economia nacional. Concessionária de serviços na área de energia elétrica, há um mês a Inepar foi a beneficiária de uma decisão do governo que causou perplexidade no mercado. Em 24 de fevereiro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) revogou a licitação pública para concessão da linha de transmissão de energia Tucuruí-Vila do Conde, no Pará. Um mês antes, a Inepar havia perdido a concorrência para o consórcio das empresas Schahin/Alusa.

A Aneel alegou “pioneirismo” da licitação e excesso de recursos ingressados pelos dois consórcios, o que prejudicaria o andamento da obra. A Schahin recorreu à Justiça. “Não sabemos dizer por que a Aneel tomou essa decisão, nossa proposta era a melhor e fomos pegos de surpresa”, afirmou o diretor jurídico da Schahin, Rinaldo Zangirolami. Um alto funcionário da empresa jogou mais lenha na fogueira. “Tivemos informação de que a concorrente contou com ajuda de interlocutores influentes no governo, como Paulo Henrique Cardoso”, disse ele, que não quis se identificar.

“Ter o filho do presidente da República como representante de uma empresa é um lobby maravilhoso”, comenta um parlamentar com negócios na área de construção civil. “Jamais fui lobista e acho inacreditável essa discussão”, irrita-se Paulo Henrique. “É evidente que um empresário do porte de Atilano não precisaria de uma pessoa como eu para chegar ao governo”, completa o primeiro filho.


A carreira do filho do presidente da República não prima pela estabilidade profissional – como sempre buscaram seus pais, profissionais de carreira acadêmica pela Universidade de São Paulo. Paulo Henrique chegou a cursar Economia na Unicamp, época em que andava de jipe e usava cabelos compridos, mas acabou formando-se em Sociologia pela mesma universidade. Nunca se interessou em mergulhar em pesquisas e estudos acadêmicos. Mas abraçou a carreira de marketing e publicidade e fundou, nos anos 70, uma produtora independente, a Rádio 2. Durou pouco.

Já na década seguinte, ingressou no meio cultural e arrumou trabalho na produtora de cinema e vídeo Intervalo, de Walter Salles Júnior. Mudou novamente de emprego e foi parar na Miksom, outra produtora de vídeo, na função de diretor. Passou pela Rádio MEC, quando seu pai Fernando Henrique era senador, e pela extinta TV Manchete. Em 1995, quando Fernando Henrique vestia a faixa presidencial, Paulo Henrique arrumou emprego na ex-estatal Companhia Siderúrgica Nacional. Tinha como função primordial cuidar da imagem institucional da siderúrgica. Também durou pouco no cargo. E saiu para assumir, em 1997, um cargo em marketing da ex-estatal Light, no Rio de Janeiro. “Ele sempre foi da área de marketing, mas agora estou feliz porque ele está atuando com sucesso na área empresarial”, diz Bulhões.

Xodó da mãe, Paulo Henrique aprendeu com ela a cozinhar, lavar, passar e até costurar. Com o pai, teve a vivência do exílio político no Chile e na França. No Chile, PHC viveu dos 10 aos 14 anos, depois acompanhou o pai na passagem pela França, Inglaterra e Berkeley, na Califórnia. Aprendeu a falar fluentemente inglês, francês e espanhol. “Tenho muita admiração pelos meus pais. Hoje vejo o que representou o fato de minha casa ter sido um ponto de encontro e de debates durante o exílio.” É também elogiado pelos amigos. “Ele é brilhante e um excelente relações públicas”, define o deputado federal Xico Graziano (PSDB-SP). “Ele é mais expansivo que o pai e gosta de política, só não gosta da militância política”, diz o ex-secretário-geral da Presidência da República Eduardo Jorge Caldas.


http://veja.abril.com.br/291100/p_050.html
O estilo de Paulo Henrique
A última dos arapongas da Agência Brasileira
de Inteligência: eles se interessaram até pelo primogênito do presidente FHC

Policarpo Júnior e Consuelo Dieguez - novembro de 2000


É cada vez mais evidente que o presidente Fernando Henrique Cardoso, de fato, desconhece as peripécias dos arapongas da Agência Brasileira de Inteligência, que já andaram bisbilhotando a vida de um governador, um procurador e um jornalista. É impossível imaginar que o presidente tenha mandado arapongas xeretar a vida do próprio filho, o sociólogo Paulo Henrique Cardoso. Pois é isso que agentes da Abin estão fazendo há, pelo menos, três meses. Em agosto passado, dois deles foram à residência de um empresário no interior do Rio de Janeiro para colher detalhes de uma denúncia segundo a qual Paulo Henrique usara sua condição de filho do presidente para beneficiar uma multinacional. Em setembro, agentes da Abin estavam eletrizados com outra denúncia, a de que Paulo Henrique estaria comprando uma mansão de 2 milhões de reais em São Paulo. Arregaçaram as mangas para desvendar o caso, até descobrir que a tal mansão não passava de uma casa comum e não ficava em São Paulo, mas numa praia do sul da Bahia.

Em 17 de agosto, dois agentes da Abin, Marcelo e João Alberto, foram à casa do empresário João Batista Pereira Vinhosa em Itaperuna, no interior do Rio. Eles queriam saber que provas o empresário tinha para acusar o primogênito do presidente de ajudar a White Martins, uma multinacional que atua no ramo de materiais químicos. Cordiais, apresentaram-se como agentes da Abin, deram o nome e telefone de contato. O empresário, que há anos atribuiu a falência de sua empresa a práticas supostamente ilegais da White Martins, encheu-se de entusiasmo. Achou que, enfim, a investigação que tanto pedia estava começando. Falou com os arapongas por duas horas e lhes passou 141 documentos, nos quais atira para todos os lados, denuncia repartições e coloca até o nome do filho do presidente no bolo. A certa altura, um dos agentes explicou por que resolveram procurá-lo. "O senhor virou o canhão para o doutor Paulo Henrique."

Os canhões do empresário foram acionados há muito tempo – mas só foram surtir efeito quando chegaram à agência da bisbilhotagem. Em 6 de janeiro de 1998, Pereira Vinhosa mandou uma carta com suas denúncias ao próprio presidente Fernando Henrique. Como não teve resposta, fez uma nova carta em julho de 1998. Em fevereiro deste ano, escreveu ao presidente pela terceira vez. Nunca recebeu resposta. Milhares de pessoas, pelos mais diferentes motivos, escrevem ao presidente, que não faria outra coisa caso se ocupasse com as reclamações de todo mundo que se acha injustiçado pelo país afora. Mas no mínimo os que o cercam tomaram conhecimento da reclamação. Como não obtivesse resposta, o empresário Pereira Vinhosa escreveu, em março de 2000, ao general Alberto Cardoso, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional e da Abin. E aí as coisas começariam a andar. Em 17 de agosto, os agentes bateram à porta do empresário, que voltou a falar com eles duas vezes, por telefone. No último contato, sentiu que seu entusiasmo fora exagerado. "Encaminhamos os documentos a quem solicitou", limitou-se a informar o agente Marcelo.

O encarregado direto da Abin, coronel Ariel De Cunto, confirma a visita de seus agentes ao empresário em Itaperuna. "Temos um analista, que também é psicólogo, e ele foi lá apenas fazer uma entrevista." De Cunto ressalva que o agente-psicólogo encaminhou um relatório a Brasília no qual informou que o empresário estava muito revoltado com a injustiça de que se julgava vítima. "Nem levei ao conhecimento do general Alberto Cardoso", diz o diretor da agência de espionagem. O coronel também nega que a Abin tenha feito qualquer xeretagem sobre o filho do presidente. "Nem sabia que ele tinha sido citado nesse caso", afirma De Cunto.

Os fatos apontam em outra direção. Em setembro, agentes do departamento de operações da Abin, em Brasília, alvoroçaram-se com uma suposta denúncia envolvendo o mesmo Paulo Henrique Cardoso. Corria entre um grupo restrito de agentes a informação – nesses termos – sobre uma tal "operação imobiliária que o senhor Paulo Henrique Cardoso realizou recentemente, possivelmente em São Paulo". Era a história da mansão paulista de 2 milhões de reais. A "operação imobiliária" perdeu a graça para os agentes quando se soube que, na verdade, se tratava de um imóvel em nada excepcional na Praia de Trancoso, no litoral sul da Bahia. A casa, no valor estimado de 300.000 reais, está sendo erguida num terreno que Paulo Henrique comprou de frente para o mar, cerca de dez anos atrás. Quem está bancando a construção, até agora, é um amigo de juventude do filho do presidente, Carlos Eduardo Régis Bittencourt, que se mudou para Trancoso e lá se transformou num construtor de sucesso.

Nada há de ilegal nesse tipo de situação, mas ela é incomum e um pouco constrangedora. Pelo seu estilo de vida, Paulo Henrique talvez esteja despertando os instintos protetores dos leais funcionários da Abin, que começam a ver fantasmas na sombra das árvores. No caso de Paulo Henrique, estilo de vida não quer dizer exibição nem excesso. Ele é discreto. Foi casado por dezessete anos com Ana Lúcia Magalhães Pinto, com quem tem duas filhas e de quem se separou logo após a quebra do Banco Nacional, do qual era herdeira. Durante todo esse tempo, Paulo Henrique nem sequer era freqüentador de colunas sociais. Há dois anos, pela primeira vez na vida, começou a atrair a atenção dos fotógrafos quando iniciou um romance com Thereza Collor, a viúva de Pedro Collor. Hoje namora a carioca Evangelina Seiler, discreta como ele.

Nada em seu estilo social é ostensivo, mas há detalhes que não passam despercebidos aos que o conhecem. Paulo Henrique, único filho homem de Fernando Henrique, mantém, aos 46 anos, um padrão de vida superior ao que permitiria o salário de aproximadamente 18.000 reais que recebe como diretor do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), uma ONG formada por 430 grandes empresas. Só para morar de frente para o mar em São Conrado, um dos endereços mais nobres do Rio, ele teria de gastar 10.000 reais de aluguel, mais 1.000 reais de condomínio. Tem um BMW prata, ano 98. Freqüenta os melhores restaurantes do Rio e viaja bastante. Tem muito do que um rico herdeiro costuma ter. Menos a herança.


Mas não faltam amigos a Paulo Henrique, e a história da casa de Trancoso é apenas um exemplo. O apartamento onde mora em São Conrado pertence a Lúcia Almeida Braga, uma das herdeiras do grupo Icatu, que lhe aluga o imóvel por 4 000 reais – menos da metade do valor de mercado. Seu emprego no Cebds foi conseguido graças a empresários aliados do presidente Fernando Henrique Cardoso. O dono de um imóvel pode alugá-lo a quem quiser e por quanto bem entender. Também não há nenhuma questão ética envolvida na oferta de um emprego a alguém. Mas quando de um lado está o filho do presidente da República e, de outro, empresários cujos interesses passam por Brasília, começa a delinear-se uma situação pouco confortável, por mais inocente que possa ser na realidade. O Icatu, por exemplo, tem negócios com a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco do Brasil através da Icatu Hartford, seguradora do grupo. Agora mesmo, a Icatu Hartford é uma das quatro candidatas a comprar a Sasse, a seguradora da CEF. Tome-se também o exemplo do Cebds, poderosa ONG que tem em seus quadros até o vice-presidente, Marco Maciel. Ela faz lobby com o governo federal em nome de 430 empresas. No Cebds, o filho do presidente cuida das relações com o mercado, área de comunicação e contato com as empresas.

É um cartão de visitas invejável. Paulo Henrique convida pessoalmente empresas para participar da ONG e contribuir mensalmente com 2.000 reais. Só com isso já são quase 900.000 reais por mês. Ao captar associados para o Cebds, Paulo Henrique ajuda a engordar a receita da revista da entidade, Brasil Sempre, cujos anunciantes são principalmente os associados – inclusive a estatal Petrobras e a Petros, fundo de pensão de seus funcionários – e até ministérios, como o das Minas e Energia. Cada anúncio de página inteira custa 17.800 reais. Comercialmente, a publicação é um sucesso incomum. Paulo Henrique aparece no expediente da Brasil Sempre como diretor-geral.


Foi forte também a ligação entre Paulo Henrique e Benjamin Steinbruch, há alguns anos. O filho de FHC estava ao lado do empresário na época da privatização da Light, leiloada em maio de 1996. Steinbruch, um dos controladores da CSN, queria que o BNDES participasse do consórcio formado pela Electricité de France e dois grupos americanos, além da própria CSN. Pessoas que então conviviam com o empresário dizem que o filho do presidente contribuiu para que o banco realmente entrasse no grupo. Como se sabe, esse foi o consórcio vencedor. Nessa tempo, Paulo Henrique trabalhava na CSN como coordenador de comunicação. Com a Light privatizada, foi convidado a ir para lá. Nesse momento, empresários próximos ao tucanato resolveram, no entanto, que já era hora de tirá-lo "das garras de Steinbruch" (para usar a expressão de um grande empresário ligado ao PSDB) e levá-lo para o Cebds, comandado pelo ex-presidente da White Martins Félix de Bulhões.

A naturalidade com que o filho do presidente faz contatos com autoridades de Brasília é grande. "Ele não se dá conta de que isso não fica bem para alguém na sua posição, parece um pouco ingênuo", avalia um empresário importante que já foi levado por Paulo Henrique a se encontrar com um ministro. Chegando ao ministério, Paulo Henrique entrou sem se identificar e saiu abrindo pessoalmente todas as portas até chegar à sala do ministro.

O emprego no Cebds é aquele tipo de situação que pareceria um bilhete sorteado na loteria. Paulo Henrique não precisa ficar no trabalho por mais de quatro horas. Nem aparece todos os dias. E, como nos tempos da CSN e Light, só trabalha na parte da tarde. A partir das 10 da manhã, faça chuva ou faça sol, pode ser encontrado caminhando de sunga e camiseta no calçadão da Praia de São Conrado. Vida de príncipe.

http://www.dgabc.com.br/Noticia/174102/ ... he-noticia
Filho de FHC é acusado por açao ilegal na feira em Hannover

Do Diário do Grande ABC - 22 de setembro de 2000

Os procuradores da República Luiz Francisco Fernandes de Souza e Guilherme Zanina Schelb impetraram nesta sexta-feira na Justiça Federal um pedido de liminar para a suspender pagamentos às empresas Artplan Prime, Periche/Evidence e BD Produçoes, ligadas à Feira de Hannover, na Alemanha, realizada este ano.

Entre os réus estão presentes o ex-ministro do Esporte e Turismo Rafael Greca, a produtora Bia Lessa, o filho do presidente Fernando Henrique Cardoso, Paulo Henrique Cardoso, e o presidente da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), Caio Luiz de Carvalho, além de alguns parentes do senador Jorge Bornhausen (PFL-SC).

De acordo com os procuradores, a contrataçao dessas empresas para montar a exposiçao na Alemanha teve conduta ilícita e contrataçao ilegal com pagamentos indevidos.

Na açao, os procuradores dizem que uma das empresas contratadas, a Arplan Prime, pertence à filha do senador Bornhausen, Fernanda Maria Barreto Bornhausen Sá, e o sobrinho do senador Ricardo Dalcanale Bornhausen e alegam que o senador beneficiou seus familiares.

Os procuradores dizem ainda que o filho do presidente é réu por ter dado aparência de honestidade às açoes de construçao ilegais do pavilhao e pela contrataçao de Bia Lessa.

Entre as 97 páginas da açao, eles pedem a condenaçao dos réus e a suspensao dos pagamentos.

O advogado de defesa da empresa Arplan, José Mário Mollo, declarou que nao há nenhum tipo de crime na contrataçao da empresa, que também presta serviços à Embratur.
http://www.istoe.com.br/reportagens/377 ... E+FAMILIAS
Negócio de famílias
MP investigará uso de R$ 14,1 milhões na feira de Hannover

29.Mai.2000


Já se sabia da ligação de Paulo Henrique Cardoso, filho do presidente da República, e de Rubens Medina, deputado do PFL do Rio de Janeiro, com o esquema de participação do Brasil na Expo 2000 de Hannover. A novidade é a presença de Ricardo Dalcanale Bornhausen e Fernanda Bornhausen, ele sobrinho e ela filha do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen, através da empresa Artplan Prime, de Santa Catarina, contratada para prestar “serviços de publicidade” no Exterior. O senador é tido como padrinho político do ex-ministro do Esporte e Turismo Rafael Greca e há quem vincule a demora da demissão deste ao suposto interesse em evitar alarde sobre a presença de tantas famílias poderosas em torno do caixa de R$ 14,1 milhões destinados à participação brasileira no evento. Em Hannover o governo bancou um megaestande de três mil metros quadrados para comemorar os 500 anos do Descobrimento – com inauguração marcada para 1º de junho. Parte do dinheiro saiu pela Fundação Universidade Federal do Paraná (Funpar), do Estado de Greca. Mas a maior parte da conta está sendo paga pela Embratur, ligada ao Ministério do Esporte.

O Ministério Público acha que o pavilhão milionário acabou nas mãos do seleto grupo de forma tortuosa. O procurador da República, Luiz Francisco Fernandes de Souza, acha que o contrato principal da participação brasileira na feira “é ilícito” e vai pedir sua anulação. Segundo Souza, a montagem, desmontagem e todos os serviços do estande foram entregues, em fevereiro, pela Embratur à Artplan Prime, com base em um contrato já existente para a “prestação de serviços de publicidade” no Exterior. No entender do procurador, a agência de publicidade não estava credenciada para assumir outros serviços, além de filmes publicitários. A Artplan Prime manejou uma verba de R$ 14,1 milhões para levantar paredes, contratar artistas e fazer compras. Para os donos da agência, os serviços extras não extrapolam o contrato. “Não há irregularidade”, garante Ricardo Bornhausen.

A Embratur põe a culpa no ex-ministro Greca. “Ele ficou um ano discutindo com o Itamaraty e só quando chegou em fevereiro percebeu que não tinha ninguém para montar o pavilhão. Foi irresponsabilidade”, afirma o presidente da Embratur, Caio Luiz de Carvalho. Para o procurador, houve desvio de finalidade. Ele investigará o “festival” de subcontratações feitas pela Artplan Prime. Por exemplo, com a Evidência, sediada em Lisboa, onde Jorge Bornhausen serviu como embaixador.

O Comissariado-Geral do Brasil para a Expo 2000, que organizou o evento, é formado por representantes de quatro ministérios e por Paulo Henrique Cardoso, filho do presidente Fernando Henrique. O projeto do pavilhão ficou a cargo da diretora teatral Bia Lessa, uma amiga da família Cardoso contratada por R$ 580 mil e com despesas pagas pela Funpar.
http://www.istoedinheiro.com.br/noticia ... 4603.shtml
O Rolo de Hannover
07/06/2000


Na semana passada, o presidente Fernando Henrique Cardoso desembarcou em Hannover para participar da abertura da Exposição Universal "a Expo" e a missão de desembrulhar um rolo da ordem de 10 milhões de dólares. A dinheirama foi utilizada para edificação, construção, administração e manutenção de um prédio de dois andares ao longo de dois mil metros quadrados da feira alemã, que este ano vem com o tema-enredo o homem, a natureza e a tecnologia. Detalhe: tudo sem licitação, com a desculpa de que esta foi a única alternativa do governo brasileiro diante da não aprovação do orçamento da União. Foi uma dessas discussões nacionais que se arrastam por dias sem que se conclua se houve danos ou não aos cofres do contribuinte. O procurador da República, Luiz Francisco Fernandez de Souza saiu em defesa do erário e suspendeu, após entendimento com a Embratur, o pagamento da última parcela de pouco mais de um milhão de dólares. O episódio em si já continha combustível suficiente para jogar o estande brasileiro pelos ares. Do lado chapa branca da questão, estava o ministro do Esporte e Turismo, Carlos Mellis. Ex-relator da Comissão de Orçamento, Mellis foi guindado ao primeiro escalão pelo presidente do PFL, Jorge Bornhausen, que tinha filha e sobrinho como proprietários da Artplan Prime, empresa que levou a bolada sem licitação. A explosividade aumentou quando Paulo Henrique Cardoso, filho do presidente da República, também apareceu na Alemanha para explicar e defender o embrulho.

Na condição de comissário-geral adjunto do empreendimento, PHC não mexeu nas verbas. Também não efetuou pagamentos para os que participaram da criação do estande. Sua responsabilidade se limitou ao entusiasmo em torno do trabalho artístico da produtora cultural Bia Lessa. Inexperiente, PHC sequer bancou o advogado do diabo, quando a Embratur, por meio de seu presidente, Caio Carvalho, assegurou ao comissariado que a Artplan Prime estava legalmente qualificada para tocar o pavilhão brasileiro. Para ele, como para a grande maioria dos intelectuais ligados a FHC, o importante era o Brasil mostrar-se forte na feira, como potência capitalista emergente. A licitação era um mero detalhe. Não havia má-fé, mas a convicção de que estava em jogo uma oportunidade real de vender a imagem do Brasil. "A Bia Lessa é ilicitável", proclama o historiador Jorge Caldeira. "As redações cometeram um crime contra o Brasil", reclamava PHC com os jornalistas.

[Que engraçado!!! Um presidente da república reclamando da imprensa porque esta denunciou o que parece ser uma falcatrua deslavada!!! Mas que coisa!!]

Pacote.

A primeira batalha perdida pelo governo foi a da transparência. Em lugar das boas intenções, justificou-se o desleixo com base nas normas legais que regem as licitações. Se a lei é ruim, muda-se a lei. É melhor do que burlá-la com manobras jurídicas marotas. O governo perdeu uma outra, fundamental, conseqüência da primeira derrota. Não soube explicar, como pretendia, que a participação brasileira em Hannover não foi um gasto, mas sim um investimento, que poderá trazer ganhos e dividendos no curto e médio prazo, em setores como turismo e comércio bilateral. Até a semana passada, o governo não tinha sequer um levantamento enumerando as vantagens de participar de um evento do porte da Expo.

Ao contrário, em Hannover o que se viu foi um festival de informações desencontradas. O presidente da Embratur culpou a não liberação do orçamento pela não realização da licitação. Estava, em última análise, culpando seu próprio chefe: o ministro Carlos Mellis, ex-relator do orçamento. Foi mais longe. Como não soube explicar por que uma obra prevista há dois anos somente foi agora orçada. [como sempre, os tucanos mostrando como são óitmos gestores!!! :lol: ] Por fim, escorregou mais ainda quando decidiu investigar a participação brasileira na Expo de 1998, que custou aos cofres públicos a bagatela de 5 milhões de dólares, ressaltando que, aí sim, "teve roubalheira". Por pouco não caiu no ridículo. Salvou-se ao assumir a responsabilidade pelo pagamento da maior parte dos gastos, um total de 13 milhões e 700 mil reais, ponderando que concordara com o procurador na suspensão da última parcela. O detalhe deselegante do episódio foi contado de forma educada e com punhos de renda sobre a mesa. Escalado para explicar a dinheirama gasta em Hannover, o embaixador Cesário Mellantônio acabou revelando detalhes sórdidos de como se decide com base na absoluta falta de critérios. Confidenciou que o Brasil resolveu torrar dois milhões de dólares para alugar um espaço de 2 mil metros quadrados porque soube que a falimentar Argentina já tinha adquirido um terreno do mesmo tamanho. A decisão é semelhante como a de mandar o craque Ronaldinho tratar do joelho em Cuba, somente porque o argentino Maradona está se tratando em Havana da dependência de cocaína.

Inventividade.


A diferença ficou por conta da produtora cultural Bia Lessa. Ao contrário dos profissionais de primeiro escalão que se escondiam por trás dos números, Bia Lessa revelou detalhes do seu contrato, dizendo que dos 10 milhões de dólares, sua equipe tinha ficado com apenas 580 mil reais, pela concepção e criação do pavilhão, sendo que desse total ela ficou apenas com 160 mil que serão pagos ao longo de nove meses. Onde será que foi parar o resto do dinheiro? Enquanto isso não se responde, fica o gosto, a esta altura um pouco amargo, de apreciar o trabalho da artista.

Ele chamou a atenção pela criatividade e simplicidade, e foi um dos mais visitados de toda a feira. "Fiquei orgulhoso com a inventividade, unindo ciência e arte", disse Fernando Henrique, logo após apresentar o pavilhão ao chanceler alemão Gehard Schröeder. E há quem aposte que se o espaço fosse menor a inventividade seria ainda maior, e talvez os gastos se apresentassem com o tamanho de investimento.
Hoje em dia o filhinho do ex-presidente se ás voltas em "rolos" com a Disney....

Pois é.... Pois é....

Fernado Henrique: uma história obscura
http://www.consciencia.net/brasil/03/cardoso.html

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Carnage
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Re: DESMISTIFICANDO FHC

#225 Mensagem por Carnage » 23 Jun 2014, 21:53

Mais refresco:

Tem saudade do fantasma FHC ? Lembra do que ele fez ?
http://www.conversaafiada.com.br/brasil ... e-ele-fez/

Conheça a história da compra de votos a favor da emenda da reeleição
http://fernandorodrigues.blogosfera.uol ... reeleicao/

Nos tempos do engavetador-geral: Refrescando Henrique Cardoso
http://www.cartacapital.com.br/politica ... ue-cardoso

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