O fracasso do Grupo Abril
Na década de 90, dois grupos empresarias brasileiros despontavam entre os principais grupos de mídia da América Latina. Depois da Globo, o outro grupo brasileiro era a Abril.
Desde então, a Abril Midia é uma coleção de fechamentos e venda de empresas ou participações acionárias. A Abril fechou a gravadora Abril Music, o site Usina do Som e os canais de TV paga Fiz TV e Idea TV. Vendeu sua participação na HBO Brasil, na DirecTV Latin America, na ESPN Brasil, no Eurochannel, na TVA MMDS, na TVA Cabo e no UOL, entre outras.
Hoje a Abril se resume basicamente à editora e sua gráfica, à DGB (holding de distribuição e logística que é um verdadeiro monopólio nas bancas de jornais), à Elemídia (que instala monitores informativos em hotéis, elevadores, aeroportos, etc) e ao canal de TV paga MTV Brasil. Além dos sites de cada um destes veículos. Um grupo de mídia pequeno para o cenário de convergência que vivemos.
Cabe registrar que a MTV Brasil (que licencia a marca da Viacom) vive às voltas com o fantasma dos cortes de gastos e demissão de pessoal. Sua duração no longo prazo é constantemente posta em dúvida.
Para piorar, os Civita venderam 30% da Abril (o limite permitido pela Constituição Federal) aos sul-africanos do Naspers (donos, no Brasil, do site Buscapé). O Naspers, quando se chamava Die Nasionale Pers, foi o órgão de imprensa oficioso do povo africâner e porta-voz do apartheid. Pieter Botha e Frederik de Klerk foram membros do board do Naspers.
Ou seja, a Abril vive hoje do prestígio da revista Veja. Sem ela, os Civita já teriam virado empresários de porte médio do setor de comunicações, irrelevantes para o futuro do setor no Brasil.
E, segundo denúncias de Luis Nassif, sabedores dessa situação, os Civita tratam de inflar de todos os modos as vendas da Veja, inclusive com uma ajuda substancial do governo de São Paulo, que adquire milhares de assinaturas.
Cada vez mais fracos, mais temerosos do futuro, a tendência é que elevem o tom de voz na crítica a qualquer regulação das comunicações no Brasil. E se aproveitem da falta de vontade política do governo para enfrentar o tema e blefem com um poder político que, se um dia o tiveram, hoje com certeza já se esvaiu quase todo.
PS: como não são bobos e sabem que seu horizonte se estreita, os Civita resolveram colocar os ovos em outro cesto e passaram a investir em educação, criando uma outra empresa, sem relações com a Abril Mídia, chamada Abril Educação. Quando a Veja for de vez para as calendas, é de educação privada que eles irão viver.
A imprensa e grande mídia no Brasil
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil
http://gindre.com.br/?p=403
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Record dedica mais de 25 minutos do 'Domingo Espetacular' para matéria do “apóstolo milionário”
Record dedica mais de 25 minutos do 'Domingo Espetacular' para matéria do “apóstolo milionário”

é o sujo falando do mal lavadoNa última edição do ‘Domingo Espetacular’, a TV Record produziu uma reportagem com mais de 25 minutos de duração sobre supostas denúncias envolvendo o religioso Valdemiro Santiago, fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus. A matéria, comandada por Marcelo Rezende, afirmou que o “apóstolo” desvia dinheiro dos fiéis para benefício próprio.
A reportagem da Record mostrou que Valdemiro é proprietário de duas fazendas no município de Santo Antônio do Leverger, em Mato Grosso. De acordo com a produção da Record, as propriedades – que juntas somam mais de 26 mil hectares e estariam, segundo a emissora, avaliadas em R$ 50 milhões – foram compradas em nome da Igreja Mundial e, posteriormente, repassadas para a W. S. Music, empresa controlada por Valdemiro.
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Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial, foi personagem da matéria produzida pela TV Record. (Imagem: Reprodução)
O material produzido pela Record e exibido na noite do último domingo, 18, não poupou frases de efeito para definir a situação envolvendo a Igreja Mundial do Poder de Deus, o empresário Valdemiro Santiago e a compras das fazendas no Mato Grosso. “Vocês vão conhecer agora, de perto, o paraíso que o dinheiro dos fiéis da Igreja Mundial do Poder de Deus proporcionou a Valdemiro Santiago, o apóstolo”, disse Rezende.
Em outro momento, o jornalista disse que o trabalho de apuração e produção da reportagem durou mais de quatro meses e que “seguiu a trilha do dinheiro, que começa na doação dos fiéis e vai parar no bolso do novo criador de gado do pantanal [mostrando imagens de Valdemiro]”. A reportagem citou que o fundador da Igreja Mundial esteve em Santo Antônio do Leverger e fez com que o “milagre do enriquecimento” deixasse rastros.
Guerra de igrejas
Durante os últimos cinco minutos da reportagem, foi exibido o perfil e Valdemiro o tema foi o conflito entre a Igreja Mundial do Poder de Deus e a Igreja Universal do Reino de Deus, criada pelo empresário Edir Macedo, dono da Rede Record de Televisão. Rezende conta que Valdemiro foi durante 18 anos membro da denominação do dono da emissora de TV em que trabalha, mas que “abandonou” a igreja em 1998 e criou seus próprios templos religiosos.
A prisão de Valdemiro, por porte ilegal de armas em 2003, foi lembrada pela TV Record, que destacou que o religioso afirmou, na época, que o armamento estava sendo usado para caça e que pertencia a um de seus amigos. Para mostrar episódios da Mundial com a polícia, a reportagem informou que em 2010 três pastores da igreja foram presos acusados de tráfico internacional de armas e estariam, supostamente, envolvidos com bandidos dos morros cariocas.
O jornalista, para quem Valdemiro se “autointitula apóstolo”, afirmou, sem observações, que Macedo é “o bispo”. Na matéria, Rezende afirma que o presidente da Igreja Mundial “ataca com violência” o dono da Universal/Record. A reportagem também mostrou que mais de 50 templos da Igreja Mundial podem receber ordem de despejo por falta de pagamento de aluguel. “O que mais o apóstolo Valdemiro Santiago tem a esconder?” foi a pergunta que encerrou a matéria - disponível na capa do R7 desde a noite de domingo.




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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil
O apelido "Falha de São Paulo" nunca foi tão preciso!Carnage escreveu:http://gindre.com.br/?p=403O fracasso do Grupo Abril
(...)
E o mais legal é que eu só fiquei sabendo no Twitter, emissora de merda!Comedor da ZN escreveu:Record dedica mais de 25 minutos do 'Domingo Espetacular' para matéria do “apóstolo milionário”
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil
Me mostra um "dono de igreja" dessas aí que não faz isso...
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil
http://colunas.cnews.com.br/tvaver/inde ... o-no-ibope
http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... ost_id=922Mesmo com a presença de Ronaldo, “TV Folha” dá traço no Ibope
Postado em 19 março 2012 por Renan Vinicius
Os índices alcançados pelo “TV Folha”, anunciado como a esperança aos domingos da televisão aberta brasileira, devem estar causando constrangimento ao Grupo Folha, que controla o jornal Folha de S.Paulo.
Exibida pela TV Cultura, a atração amargou a sexta colocação no Ibope durante a estreia, que aconteceu no domingo passado, 11. No entanto, a situação piorou para o programa do Grupo Folha que, neste domingo (18), marcou apenas 0,4 ponto no Ibope, que é considerado traço.
[ external image ]
Mesmo com a participação de Ronaldo e a exibição de uma reportagem sobre pornografia, o programa chegou a perder com folga para a RedeTV, que alcançou 1,6 pontos no Ibope.
No horário, a Globo liderou com 18,5 pontos contra 15,2 da Record, 8,8 do SBT e 2,2 da Band. Na última semana, a Folha de S.Paulo escondeu o fracasso de seu programa omitindo os dados do Ibope e dando como referência uma pesquisa realizada pelo DataFolha, seu próprio instituto de pesquisa.
Cada ponto equivale a aproximadamente 60 mil domicílios na Grande Sâo Paulo.
TV Cultura: uma nova privataria em curso
Joaquim Ernesto Palhares (*)
A ninguém mais é dado o direito de supor que o colapso da ordem neoliberal conduzirá, mecanicamente, à redenção da esfera pública na vida da sociedade. O que se verifica em muitos países, sobretudo na Europa, é que o pior pode acontecer. A imensa reconstrução a ser enfrentada ainda espera por seus protagonistas históricos. Em muitos casos, sequer existe o que recuperar. A crise realçou carências antigas; respostas nunca antes contempladas de fato, aguardam uma equação inovadora.
Esse é o caso, por exemplo da democratização da mídia. Em São Paulo, nesse momento, o esfarelamento da TV Cultura, uma emissora pública que nunca assumiu integralmente a sua vocação, é uma referência dos desafios a superar.
A exceção de um pequeno hiato nos anos 80, quando, inclusive, alcançou índices de audiência de até 14 pontos, a televisão pública paulista teve seus objetivos desvirtuados pela asfixia, ora financeira, ora política. Ou, como acontece agora, espremidos pelo duplo torniquete de constrangimentos institucionais e econômicos.
Dela pode-se dizer que até hoje não superou uma crise de identidade que conduz a permanente oscilação entre ser um canal estatal, um veículo público ou um arremedo amesquinhado de emissora comercial.
A longa agonia da TV Cultura de São Paulo está longe de ser um problema apenas financeiro, como se alardeia, e menos ainda de natureza técnica. Nichos de qualidade indiscutível comprovaram a capacidade dos profissionais que ali passaram de gerar uma programação diferenciada, irretocável competência. Suas raízes são políticas, agravadas pelo peso de uma agenda histórica que hoje definha. Aqueles que decretaram a irrelevância da esfera pública na construção da sociedade brasileira e de seu desenvolvimento não poderiam jamais ter um projeto coerente de emissora de televisão, voltada para os interesses gerais da cidadania.
Esse é o cerne da montanha-russa vivida pela TV pública paulista nas últimas décadas. Ele explica por que, no Estado mais rico da federação, uma emissora criada há 45 anos, ainda não sabe a que veio; não tem laços orgânicos com a cidadania; não dispõe de estrutura estável de financiamento e, sobretudo, continua a mercê do arbítrio de governantes de plantão que nomeiam e cortam cabeças ao sabor de suas conveniências fiscais e, pior que isso, eleitorais.
A crise da TV Cultura, é forçoso repetir, alinha-se a um processo corrosivo que, por quase três décadas, hostilizou, desdenhou, induziu ao sucateamento e estigmatizou aos olhos da opinião pública tudo o que não fosse mercado; tudo o que não fosse interesse privado, que não refletisse uma eficiência medida em cifras e valores negociados em bolsa, foi desqualificado e loteado.
Nesse funeral da coisa pública, seria um milagre se a emissora de TV do Estado que se notabilizou como a trincheira ideológica desse credo, tivesse outro destino que não o recorrente arrastar de demissões, o liquidacionismo de acervos, programações e talentos. Tudo a desembocar num eterno e desairoso recomeço rumo a lugar nenhum.
A essa montanha desordenada de impulsos irrefletidos agrega-se agora um novo golpe: o loteamento da grade de programação pública aos veículos de mídia privada, alinhados à doutrina e aos interesses dos ocupantes do Palácio dos Bandeirantes.
Reconheça-se a pertinência de um espaço ecumênico de debate jornalístico numa televisão pública, como contraponto à insuficiência - para dizer o mínimo - do noticioso oferecido pela maioria das emissoras comerciais.
Não é disso, porém, que se trata. Quando se concede, unilateralmente, a uma corporação midiática, caso da Folha de São Paulo, 30 minutos semanais, em horário nobre, o que se sugere é uma apropriação do sinal público pela endogamia de interesses que não são os da sociedade.
A construção de uma verdadeira emissora pública de televisão em São Paulo -e no Brasil - não é um capricho ideológico, mas uma necessidade da democracia brasileira. Trata-se de um serviço que a lógica privada do lucro não se dispõe, nem tem condições de atender.
Não é fazendo da TV Cultura um anexo do 'jornalismo amigo' produzido na Barão de Limeira que esse objetivo será alcançado.
O desmonte da TV Cultura tem que ser interrompido. Mais que isso, hoje ele tem condições de ser contrastado. O colapso da hegemonia neoliberal reforçou o discernimento da sociedade para a urgente necessidade de se construir exatamente o inverso do que se arquiteta sob as asas da Fundação Padre Anchieta. Ou seja, substituir a dominância dos interesses privados pela regulação democrática das demandas e aspirações da sociedade.
Em São Paulo, o primeiro passo nessa direção tem que ser dado agora. É preciso impedir que uma privatização anômala do sinal público seja consumada na TV Cultura.
(*) Diretor de Redação de Carta Maior
Postado por Saul Leblon às 17:49
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil
He, he... Curioso...
http://entretenimento.r7.com/blogs/fabi ... -emissora/
http://entretenimento.r7.com/blogs/fabi ... -emissora/
Empresa denunciada pela Globo presta serviços para a emissora
Chegou ao blog uma informação (confirmada pela própria Globo), que causou surpresa...
A Toesa, empresa de atendimento médico pré-hospitalar que foi denunciada pelo Fantástico por fazer parte do esquema de fraudes em licitações na área da saúde no Rio, trabalha para a Globo.
Mesmo depois da denúncia, neste domingo (18), ambulâncias e funcionários da Toesa continuaram circulando pelo Projac.
Curiosamente, as ambulâncias estavam descaracterizadas, sem o logotipo, mas os funcionários trabalhavam devidamente uniformizados.
A Globo diz, por meio de sua assessoria: "A Toesa presta, sim, serviços de ambulância e primeiros-socorros no Projac. Todos os veículos levam o logotipo da empresa e os funcionários andam uniformizados."
Já governo e a Prefeitura do Rio de Janeiro, após a denúncia, cancelaram contratos com a Toesa e as outras empresas denunciadas pela Globo.
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil
Esqueçam Policarpo: o chefe é Roberto Civita
www.advivo.com.br/blog/luisnassif/esque ... rto-civita
Mais uma peça do quebra-cabeça de Cachoeira
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... -cachoeira
Veja defende "empresário" Cachoeira desde 2004
http://brasil247.com/pt/247/poder/50984 ... e-2004.htm
As matérias que Cachoeira plantou na Veja
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... ou-na-veja
www.advivo.com.br/blog/luisnassif/esque ... rto-civita
Mais uma peça do quebra-cabeça de Cachoeira
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Veja defende "empresário" Cachoeira desde 2004
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As matérias que Cachoeira plantou na Veja
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil
http://observatoriodaimprensa.com.br/ne ... _e_medidas
Personagens, pesos e medidas
Por Claudio Julio Tognolli em 03/04/2012 na edição 688
Reproduzido do Brasil 247, 2/4/2012; título original “Grampeado em 2001, Boechat foi abatido por Veja”, intertítulo do OI
Um dos mais brilhantes jornalistas que o Brasil produziu, Ricardo Boechat sabe disso melhor do que ninguém: santo de casa não faz milagre. Mas a casa pode mudar as regras do jogo, aos 47’ do segundo tempo. E fazer milagre pelo seu santo. Traduzindo: a revista Veja há 11 anos fulminou Boechat. Gerou sua demissão do jornal O Globo e da TV Globo. Tudo porque ele aparecia em um grampo. Agora Veja adota sentido contrário com seu redator-chefe, Policarpo Junior. A casa quer salvar São Policarpo ao divulgar grampos em que Carlinhos Cachoeira absolve o jornalista como um ser inexpugnável.
Uai: que seja inexpugnável. O que causa estranheza é simples: a revista perdeu o ethos fulminante, com o qual fuzilava “bandidos” de ocasião, tornando os seus clássicos vieux combatants (os mesmos “bandidos”) ora aliados adventícios: para justificarem a petição moral de princípios da publicação. Ou por outra: a revista Veja teve de usar, nesse final de semana, das frases de Carlinhos Cachoeira para defender São Policarpo. “O Policarpo você conhece muito bem. (...) Ele não faz favor para ninguém e muito menos para você”, disse o contraventor, hoje preso, para seu auxiliar e ex-araponga Jairo Martins, também encarcerado pela Operação Monte Carlo. “Nós temos de ter jornalista na mão, ô Jairo. Nós temos que ter jornalista. O Policarpo nunca vai ser nosso...”, relatou Veja neste fim de semana.
Bem de vida
Só para você lembrar: em 2005, Cachoeira foi responsável pela entrega a Policarpo da fita que deu origem ao chamado escândalo do Mensalão, na qual o então diretor dos Correios, Maurício Marinho, recebe um pacote de R$ 3 mil. Essa fita, cujas imagens e diálogos foram veiculados por Veja em primeira mão, foi gravada por auxiliares do próprio Cachoeira.
Reconhecido, ao lado do norte-americano Bill Kovach, como um dos pais mundiais da crítica de mídia moderna, Alberto Dines há mais de quinze anos já alertava para o surgimento do “jornalismo fiteiro”. Trata-se do conjunto de jornalistas que se comprazem em pegar escutas feitas pela Polícia Federal, legalmente, ou por arapongas, ilegalmente, e publicá-las na íntegra. O jornalismo investigativo, que deveria usar os documentos oficiais como ponto de partida, passou a usá-los como ponto de chegada. E não para por aí. Teve jornalista que chegou a admitir que um procurador da República alterasse a sua reportagem. E, depois de vitaminada, ela foi usada como peça inicial de uma ação: devidamente prolatada não pelo procurador, mas por uma parte interessada no processo...
O jornalismo fiteiro já não tinha limites quanto ao seu conteúdo: agora surfou os limites quanto à sua defesa ética. Aliás, não surfou os limites: os destruiu, por vários motivos, inclusive esses. “O milagre diferenciador dá-se nas situações-limite, nas encruzilhadas do destino onde só valem as opções morais”, escreveu o mesmo Alberto Dines à página 15 de sua obra magna sobre a vida de Stefan Zweig.
Pois bem: tudo o que você viu nesse final de semana a revista Veja fazer para defender um seu funcionário, ela fez ao contrário há 11 anos. Fulminou Boechat, um gênio do jornalismo, porque ele aparecia num grampo numa situação muitíssimo mais confortável do que Policarpo. Fosse culpado, como Veja apontou, Boechat não estaria hoje bem de vida, de sorriso perene, aparecendo na TV, no rádio etc.
Confira como Veja comemorou o fuzilamento de Boechat, em edição de 25 de junho de 2001:
REPERCUSSÃO
Escândalo no setor de telefonia faz Globo demitir Ricardo Boechat
Por Bia Reis
O jornalista Ricardo Boechat, que assinava a coluna mais lida do jornal O Globo, foi demitido neste domingo, depois que uma reportagem de VEJA revelou bastidores da guerra entre o grupo canadense TIW e o presidente do Banco Opportunity, Daniel Dantas, pelo controle de das empresas de telefonia celular Telemig Celular e Tele Norte Celular. Nesta segunda-feira, o jornal carioca não explica a saída de Boechat, mas informa na capa que a coluna Swann volta a ser publicada. O jornalista também foi afastado do Bom Dia Brasil, da Rede Globo.
Reportagem de VEJA desta semana divulga uma série de ligações telefônicas que desvenda a guerra entre dois grupos pelo controle de empresas de telefonia móvel. Em uma das ligações, Boechat conversa com Paulo Marinho, assessor de Nelson Tanure, aliado da TIW e acionista majoritário do Jornal do Brasil. Em um telefonema de 15 de abril, o jornalista conta a Marinho o teor do texto que seria publicado no dia seguinte sobre a disputa no setor de telefonia e explica detalhes dos procedimentos internos do jornal.
Pela conversa, fica claro que a direção de O Globo não sabia sobre o grau de ligação do jornalista com Tanure nem que a reportagem havia sido discutida com Marinho. Não há menção a favor, pagamento ou outras práticas rregulares de compensação.
Dez dias depois da publicação, o texto foi usado como peça de processo na ação judicial dos fundos de pensão, aliados da TIW, contra o Opportunity.
Bastidores - De acordo com o Jornal do Brasil, Boechat conversou na manhã de domingo com o editor-chefe do jornal, Rodolfo Fernandes. O jornalista perguntou se deveria escrever um artigo explicando seu diálogo ou apresentar pedido de demissão. Como resposta, escutou que sua situação já estava insustentável. À noite, o diretor-executivo do jornal foi até a casa de Boechat e oficializou a demissão.
A decisão de demitir o jornalista foi unânime, ainda segundo o Jornal do Brasil. Os responsáveis pelo jornalismo das Organizações Globo consideraram que a conduta de Boechat feriu as normas do código de ética da empresa. Eles concordaram que o jornalista não poderia ter lido seu texto para Marinho nem discutir questões internas do jornal.
Instrução - As conversas gravadas sugerem que a participação de Boechat foi além da reportagem por encomenda que acabou por derrubá-lo. Em outro diálogo, não reproduzido por VEJA, Boechat instruiu Tanure sobre como agir e o que falar em uma conversa com o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho.
O objetivo era passar a imagem de um empresário sem ambições políticas nem projeto de poder, o que seria visto com maus olhos no concorrente dono do Jornal do Brasil. Análise feita pelo perito Ricardo Molina comprova que a voz gravada na fita é de Boechat e aponta que não há indícios de que a gravação tenha sido editada.
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil
http://www.viomundo.com.br/politica/emi ... izado.html
O partido mídia e o crime organizado
por Emiliano José, deputado federal do PT-Bahia, via e-mail
Algumas análises sobre a velha mídia brasileira, aquela concentrada em poucas famílias, de natureza monopolista, e que se pretende dona do discurso e da interpretação sobre o Brasil, pecam por ingenuidade. Pretendem conhecer sua atuação orientando-se pelos cânones e técnicas do jornalismo, como se ela se guiasse por isso, como se olhasse os fatos com honestidade, como se adotasse os critérios de noticiabilidade, como se recusasse relações promíscuas com suas fontes, como se olhasse os fatos pelos vários lados, como se recusasse uma visão partidarizada da cobertura.
Essa velha mídia não pode ser entendida pelos caminhos da teoria do jornalismo, sequer por aquela trilha dos manuais de redação que ela própria edita, e que se seguida possibilitaria uma cobertura minimamente honesta. Ela abandonou o jornalismo há muito tempo, e se dedica a uma atividade partidária incessante. Por partidária se entenda, aqui, no sentido largo da palavra, uma instância que defende uma política, uma noção de Brasil, sempre ao lado dos privilégios das classes mais abastadas. Nisso, ela nunca vacilou ao longo da história e nem cabe recapitular. Portanto, as clássicas teorias do jornalismo não podem dar conta da atividade de nossa velha mídia.
Volto ao assunto para tratar da pauta que envolveu o senador Demóstenes Torres e o chefe de quadrilha Carlinhos Cachoeira. É possível adotar uma atitude de surpresa diante do acontecido? Ao menos, no mínimo, pode a revista VEJA declarar-se estupefata diante do que foi revelado nas últimas horas? Tudo, absolutamente tudo, quanto ao envolvimento de Carlinhos Cachoeira no mundo do crime era de conhecimento de VEJA. Melhor: era desse mundo que ela desfrutava ao montar o que lhe interessava para atacar um projeto político. Quando caiu o senador Demóstenes Torres, caiu a galinha dos ovos de ouro.
“Esqueçam o Policarpo”. Está certo, certíssimo, o jornalista Luis Nassif quando propõe que se esqueça o jornalista Policarpo Júnior que, com os mais de duzentos telefonemas trocados com Cachoeira, evidenciou uma relação profunda, vá lá, com sua fonte, e se ponha na frente da cena o, vá lá, editor Roberto Civita.
Este, como se sabe, constitui o principal dirigente do partido midiático contrário ao projeto político que se iniciou em 2003, quando Lula assume. Policarpo Júnior apenas e tão somente, embora sem nenhuma inocência, cumpria ordens de seu chefe. Agora, que será importante conhecer o conteúdo desses 200 e tantos telefonemas do Policarpo Júnior com Cachoeira, isso será. Até para saber que grampos foram encomendados por VEJA ao crime organizado.
Nassif dá uma grande contribuição à história recente do jornalismo ao fornecer um impressionante elenco de matérias publicadas por VEJA nos últimos anos, eivadas de suposições, sem qualquer consistência, trabalhadas em associação com o crime. Civita nunca escondeu a sua posição contra o PT e seus aliados. É um militante aplicado da extrema-direita no Brasil, e que se dedica, também, subsidiariamente, a combater os demais governos reformistas, progressistas e de esquerda da América Latina.
Importante, como análise política, é que o resto da mídia sempre embarcou – e com gosto – no roteiro, na pauta, que a revista VEJA construía. Portava-se, não me canso de dizer, como partido político. Não adianta escamotear essa realidade da mídia no Brasil. O restante da velha mídia não queria checar, olhar os fatos com alguma honestidade. Não. Era só fazer a suíte daquilo que VEJA indicava. Esse era um procedimento usual dos jornalões e das grandes redes de tevê.
Barack Obama, ao se referir à rede Fox News, ligada a Rupert Murdoch, chamou-a também de partido político, e tirou-a de sua agenda de entrevistas. Não é novidade que se conceitue a mídia, ou grande parte dela, como partido político conservador. Pode lembrar Gramsci como precursor dessa noção, ou, mais recentemente, Octavio Ianni que a chamava de Príncipe Eletrônico. No Brasil, inegavelmente, essa condição se escancara. A velha mídia brasileira sequer disfarça. Despreza, como já se disse, os mais elementares procedimentos e técnicas do bom jornalismo.
Na decisão da Justiça Federal em Goiás, ressalta-se, quase que com assombro, os “estreitos contatos da quadrilha com alguns jornalistas para a divulgação de conteúdo capaz de favorecer os interesses do crime”. Esses contatos, insista-se, não podem pressupor inocência por parte da mídia, muito menos da revista VEJA que, como comprovado, privava da mais absoluta intimidade com o crime organizado por Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres dada à identidade de propósitos.
Esse episódio, ainda em andamento, deve muito, do ponto de vista jornalístico, a tantos blogs progressistas, como o de Luis Nassif (vejam “Esqueçam Policarpo: o chefe é Roberto Civita”); o de Eduardo Guimarães, Blog da Cidadania (vejam “Leia a espantosa decisão judicial sobre a Operação Monte Carlo”); o Portal Carta Maior (leiam artigo de Maria Inês Nassif, “O caso Demóstenes Torres e as raposas no galinheiro”); o Blog do Jorge Furtado (“Demóstenes, ora veja”), o Vi o Mundo, do Azenha, entre os que acessei.
Resta, ainda, destacar a revista CartaCapital que, com matéria de Leandro Fortes, na semana que se iniciou no dia 2 de abril, furou todas as demais revistas ao evidenciar a captura do governo de Marconi Perillo pelo crime organizado de Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira. Em Goiânia, toda a edição da revista foi comprada aos lotes por estranhos clientes, ninguém sabe a mando de quem – será que dá para desconfiar?
A VEJA enfiou a viola no saco. Veio de “O mistério renovado do Santo Sudário”, tão aplicada no conhecimento dos caminhos do cristianismo, preferindo dar apenas uma chamadinha na primeira página sobre “Os áudios que complicam Demóstenes” e, internamente, mostrar uma matéria insossa, sem nenhuma novidade, com a tentativa, também, de fazer uma vacina para inocentar o editor de Brasília, Policarpo Júnior. Como podia ela aprofundar o assunto se está metida até o pescoço com Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira?
Impunidade do crime jornalístico
Há algumas perguntas que pairam no ar. O jornalismo pode ser praticado dessa maneira, em associação explícita com o crime organizado, sem que nada aconteça aos que assim procedem? Por menos do que isso, a rede de Rupert Murdoch, na Inglaterra, enfrenta problemas sérios com a Justiça, houve prisões, e seu mais importante semanário, o News of the World, que tinha 168 anos, e era tão popular quanto desacreditado, fechou.
E aqui? O que se fará? A lei não prevê nada para uma revista associada havia anos com criminosos de alto coturno? Creio que se reclamam providências do Ministério Público e, também, das associações profissionais e sindicais do jornalismo. Conivência com isso, não dá. Assim, o crime compensaria, como compensou nesse caso durante anos.
Há, ainda, outra questão, e de grande importância e que a velha mídia ignorou solenemente, e este foi um trabalho realizado primeiro pelo jornalista Marco Damiani, do Portal 247, e completado, de modo brilhante, pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, evidenciando a atuação do crime organizado de Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira na construção do que ficou conhecido como Mensalão.
A entrevista com Ernani de Paula (ex-prefeito de Anápolis) feita por Paulo Henrique Amorim é impressionante. Ele fora derrubado da Prefeitura numa articulação que envolveu a dupla criminosa, e agora revela o que sabe, e diz que tudo o que se armou contra o ex-chefe da Casa Civil do primeiro governo Lula, José Dirceu, e contra o governo Lula, decorreu da ação consciente e criminosa de Carlinhos Cachoeira, que se insurgia contra um veto de José Dirceu à assunção de Demóstenes Torres ao cargo de Secretário Nacional de Justiça do governo, depois que ele se passasse para o PMDB.
Em qualquer país do mundo que tivesse um jornalismo minimamente comprometido com critérios de noticiabilidade, ainda mais diante do possível julgamento do processo denominado Mensalão, ele entraria fundo no assunto para que as coisas se esclarecessem. Mas, nada. Silêncio.
É como se a velha mídia tivesse medo de que a construção da cena midiática em torno do assunto, construção que tem muito de fantasiosa e é obviamente contaminada por objetivos políticos, pudesse ser profundamente alterada com tais revelações e, inclusive, ter reflexos no julgamento que se avizinha. Melhor deixar isso confinado aos “blogs sujos” e às poucas publicações que se dedicam ao jornalismo. A verdade, no entanto, começa a surgir. Nós não precisamos mais do que dela, como dizia Gramsci. Insistamos nela. Se persistirmos, ela se imporá. Apesar do velho partido midiático.
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil
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http://www.youtube.com/watch?v=FftfTWgI6Y0
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil
Manchete cagada ou a arte de transformar uma oscilação normal em uma catástrofe:
Emprego com carteira cai 26% no mês, mas sobe 21% em um ano
http://economia.uol.com.br/ultimas-noti ... m-ano.jhtm
Emprego com carteira cai 26% no mês, mas sobe 21% em um ano
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil
http://www.blogcidadania.com.br/2012/04 ... do-brasil/
A primeira investigação sobre a imprensa na história do Brasil
CPI do Cachoeira, CPI da empreiteira Delta, CPI do Agnelo… A mídia passou dias e dias construindo versões sobre o foco que terá a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que ela mesma disse que não sairia porque, pasme-se, “o governo” teria “medo” da investigação.
As ameaças dos meios de comunicação de inverterem o foco da CPMI e de jogá-lo contra os partidos da base aliada e contra o governo Dilma de fato surtiram algum efeito. Parlamentares de todos os partidos se preocuparam. Mas a preocupação decorreu da campanha midiática. Ponto.
Todavia, essa investigação tem tanta chance de se voltar para a relação da Veja com o esquema Cachoeira quanto contra qualquer outro alvo.
Jornalistas de alguns grandes meios de comunicação, sobretudo os da Folha de São Paulo, começaram a tocar no assunto como este blog previu que fariam. Ao tratarem das relações da Veja com Cachoeira, dizem o óbvio: criminosos podem, sim, ser fontes da imprensa.
Alguns desses jornalistas reconhecem que tiveram contato com Cachoeira e explicam que foram contatos fortuitos, o que os torna explicáveis. Agora, no caso da Veja, não. São CENTENAS de ligações e sabe-se lá quantos encontros presenciais.
Quando um jornalista fala com uma fonte criminosa uma vez, cinco vezes, dez vezes, é uma coisa. Quando fala CENTENAS de vezes, é casamento.
Eis, aí, o potencial da CPMI que transpareceu da clara resposta que, ao aprová-la maciçamente, o Congresso deu a uma imprensa que dizia que o Poder Legislativo abafaria o caso. E esse potencial é o de, pela primeira vez na história, a imprensa sentar-se no banco dos réus.
Uma fonte muitíssimo bem informada me diz que anda por volta de mais de duas centenas de parlamentares o contingente deles que tem a imprensa atravessada na garganta. E claro que dirão que isso ocorre porque são todos corruptos que temem o trabalho da imprensa livre, blábláblá.
O fato, porém, é o de que as gravações da Operação Monte Carlo revelam que ao menos no caso da Veja não se trataram de relações fortuitas com uma fonte, mas de um crime continuado.
Não há mera relação entre imprensa e uma fonte que possa assim ser caracterizada diante da descoberta de que aquele veículo falava várias vezes por semana, durante anos, com um criminoso, e de que a quadrilha desse criminoso deu TODAS as matérias que o veículo publicou contra o PT.
A Veja argumenta, literalmente, que a relação que mantinha com Cachoeira era a mesma que os criminosos mantêm com a Justiça quando optam pela “delação premiada”. Ora, então a pergunta é uma só: se a delação é premiada, que prêmio a revista ofereceu a Cachoeira em troca de suas denúncias contra o PT?
Parlamentares petistas, peemedebistas, comunistas, pedetistas e de quantos partidos se possa imaginar não assinaram essa CPI à toa. Há um clima no Congresso para que venham à tona os métodos que setores da imprensa brasileira usam.
Isso porque todos têm muito claro que uma imprensa que se alia a determinado grupo político e usa seu poder e até concessões e dinheiro público para fazer luta política, é uma imprensa que não serve a ninguém além de seus proprietários e aos políticos amigos deles.
A CPMI aprovada pela esmagadora maioria do Congresso terá um viés inédito na história da República. Será a primeira vez que o país irá esmiuçar o comportamento do dito “quarto Poder”. E já fará isso tarde. Depois dessa investigação, o Brasil nunca mais será o mesmo.
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... rnalistica
Os truques na edição jornalística
Enviado por luisnassif, sab, 14/04/2012 - 22:46
Por Alexandre Tambelli
Deu na telha, após ler um comentário aqui no Nassif de enumerar situações que acontecem no telejornalismo da Rede Globo. Como estamos falando do Poder da velha mídia vou postá-las aqui. Foram feitas de lembranças e a partir das ideias difundidas aqui no Blog e em outros blogs e portais da "mídia alternativa". FALTA MUITA COISA, MAS CREIO QUE VALE POSTAR.
A seletividade da denúncia e da informação na Rede Globo sempre existiu. (Eu não assisto mais a Rede Globo).
Métodos básicos, que sempre assisti nos seus telejornais (lembrando-me, de memória, do tempo em que assistia com meu pai, já falecido, e em locais públicos, onde acabo assistindo A Rede Globo, porque está a TV ligada no canal):
1. Seleção. Corrupção no Governo, hospitais públicos com pessoas em leitos nos corredores, obras superfaturadas, etc. só existem, praticamente, nos Governos que ela não apoia; Os telejornais da Rede Globo selecionam os estados das matérias. Quanto mais perto das eleições mais evidente fica este modo de agir. Elogios são para administrações do DEM, PSDB, PPS e demais opositores do Governo Federal. Toda a reportagem negativa está situada em um Estado que ela não apoia ou na técnica de mostrar problemas em obras ou estabelecimentos "FEDERAIS" no Estado oposicionista.
Na eleição passada, vendo o Jornal Nacional, próximo do dia do voto, observei uma reportagem, apontando problemas estruturais no Hospital São Paulo da capital paulista, ele é administrado pelo Governo federal, pois, pertence à Unifesp - Universidade Federal de São Paulo. Fica a impressão de que a Rede Globo faz reportagens investigativas, denúncias em todos os estados e que só se encontram erros em obras e estabelecimentos do Governo Federal no Estado de São Paulo.
1.1. Seleção do comentarista. Todo comentarista e especialista defende a mesma posição. A emissora tem um grupo de pessoas, que revezam nos seus microfones. Eles aparecem umas 8, 10 vezes ao ano, para dar uma disfarçada. No Jornal Nacional, de vez em quando via um Economista, homem de estatura média para alta, utilizava óculos, cabelo branco, peso normal e fala mansa. Vinha para dar respaldo a toda tese econômica da emissora.
1.2. Seleção da pergunta. Todo apresentador e repórter tem um tipo de pergunta e de atitude para com o entrevistado. Se for seu aliado, ameniza todas as críticas e faz perguntas para "encher a sua bola". Se tiver outro pensamento político, aterroriza nas perguntas, não dá trégua ao entrevistado e busca emparedá-lo.
Em 2010. É só lembrar o tratamento dado pelo JN e seus apresentadores, nas entrevistas da campanha eleitoral. A DILMA quase foi fuzilada pelo apresentador e o SERRA parecia íntimo da casa.
1.3. Seleção do momento de exposição. Alguns políticos, opositores às ideias da emissora, tem vez e voz na Rede Globo, em determinados momentos.
Se surgir uma denúncia contra o Governo Federal, um político da extrema-esquerda pode ser entrevistado, para falar mal do Governo. Não para expor suas ideias, estas não possuem espaço nos microfones da emissora.
Se for útil, em determinado momento, a exposição de um político e suas ideias, de um movimento social contrário às suas ideias, a emissora aceita sua presença diante de seus microfones, e depois, ao bel-prazer a emissora colocará o político ou o movimento social em total descrédito, como é o caso do MST, que do nada ficou, respeitado e conhecido no Brasil todo, por uma novela e foi para as páginas policiais da emissora algum tempo depois.
Como é o caso da Marina Silva e da Heloísa Helena, espécies de "quarentena" da emissora para atacar seus opositores, por terem saído do PT, seus adversários máximos, segundo a lógica da emissora. Quando precisaram delas para atacar o Governo LULA foi só tirá-las da quarentena e colocar na caixa de entrada. Depois, é só jogá-las na quarentena novamente. Marina Silva, que teve até suas ideias políticas veiculadas, para tirar votos de Dilma Rousseff em 2010.
2. Omissão. Quando existe uma denúncia grave de corrupção no Governo, seu aliado, diz-se o nome do denunciado, mas se evita falar a sigla partidária; ou simplesmente, ignora-se o fato. E ainda, se acusam envolvidos, o Governante é poupado; já na corrupção dos seus opositores, o Governante opositor, tem partido e é suspeito de prevaricação.
Certo dia no Jornal local da noite, assisti no médico, houve duas reportagens distintas, com dois prefeitos que foram pegos em atos ilícitos. Um recebia propina, outro não prestara socorro a vitima que atropelou e, ainda, tentou subornar o delegado para sair da cadeia. O prefeito da propina era do PMDB (a reportagem veio antes e o apresentador do telejornal falou a sigla do partido); o da omissão de socorro não foi dito o partido dele. Como sou curioso e atento eu fui à internet e vi, era do PSDB. PMDB - aliado do Governo Federal; PSDB - oposição.
Obras inauguradas da oposição têm partido, belas imagens, sorrisos e discurso; quando é do Governo federal geralmente a Globo não anuncia, como foi o caso da criação do SAMU 2003, em que mostraram o LULA em uma fábrica automotiva do ABCD paulista discursando, mas não disseram o que ele tinha ido fazer lá: criar o SAMU; ou no caso da inauguração em SUAPE, Pernambuco, do Petroleiro Almirante Negro, um momento histórico de recuperação da Indústria Naval brasileira, que não foi motivo de reportagem para a Rede Globo.
3. Edição. Escolha de imagens para ilustrar um ponto de vista da emissora. Subjetividade e propaganda subliminar. A técnica dessa emissora é apurada.
Lembro-me da eleição de 1989, onde, na véspera da eleição, colocaram a imagem do Collor sentado em uma poltrona de couro, dentro de uma biblioteca, lendo um livro; e colocaram a imagem do LULA jogando bola na rua com o filho. Mais editado impossível, aquele era homem culto, preparado, este, um ignorante, que ocupa seu tempo livre jogando bola e pouco preocupado com o cargo que pleiteava de Presidente da República.
Na última eleição, calhou de estar na padaria comendo Pizza, bem na hora do JN. E era uns três dias antes da eleição. Outra edição. Aparecia a DILMA toda suada em cima de uma caminhonete, de baixo de um sol enorme - parecia uma pessoa desesperada a caça de votos; enquanto isso o SERRA aparecia numa moderna sala de reuniões, discutindo "questões importantes" com uma bela assessora, se não falha a memória, sobre o escândalo da licitação combinada do metrô. Moral da história, idêntica a de Collor e de LULA - o SERRA com a imagem de quem decide as coisas, um homem preparado, sábio e sanando questões de corrupção; a DILMA, em desespero, buscando um último suspiro para ganhar alguns votos, uma candidata derrotada.
4. Divisão. Outro truque da Rede Globo é o truque da divisão. Ela coloca o Brasil, quando não gosta de uma decisão do Governo Federal em âmbito internacional, ao lado dos países que ela considera ser ditaduras, sempre as mesmas: Cuba, Venezuela e Bolívia (principalmente) + o Irã, País da Ásia. Em um assunto que casa as posições desses três países e a do Brasil, dá-lhe divisão. De um lado a Europa, os Estados Unidos e o Japão; do outro o Brasil e as supostas ditaduras.
Pense em qualquer tema: o Irã e a bomba atômica. Quando o Brasil, no Governo LULA, defende que o Irã poderia utilizar a energia nuclear para fins pacíficos, fomos colocados no grupo dos países que defendem ditaduras e citaram os três países de sempre, como, também, partidários do direito do Irã utilizar do enriquecimento do urânio para a produção de energia nuclear. Nesse truque existe a omissão inclusa. Países como Israel, já possuem, até a bomba atômica, e são uma ameaça à paz no Oriente Médio, e não existe nenhuma menção do fato e grita para com eles, talvez, porque são aliados dos Estados Unidos.
É clássico o que vou dizer: em Países da África e a da Ásia há ditaduras, se forem aliados os Governantes aos Estados Unidos, mesmo que seja uma ditadura sanguinolenta, a Rede Globo não coloca estes Países no grupo seleto das ditaduras, omite ou fica do lado do Ditador.
E a técnica da divisão tem o truque da não citação. Se Países de distintas bandeiras políticas possuem uma posição semelhante em determinado assunto e a Rede Globo tem outra, se calhar de fazer uma reportagem dirá assim: Brasil, Cuba, Venezuela, Grécia (está caindo pelas tabelas, inclui para dar um ar de diversidade) são favoráveis; Japão, EUA, Dinamarca são contrários. Só que no grupo em que se encontra o Brasil, podem estar: França, Alemanha, Canadá e a Rede Globo engambela quem assiste o seu telejornal, omitindo a informação. Fica sempre parecendo que o Governo do PT está do lado de ditaduras e/ou de países subdesenvolvidos.
5. Acusação. A emissora decide fazer uma acusação grave contra uma pessoa, partido político, etc.
Exemplo: um Ministro de Estado. O acusado se tem direito de resposta, não é o último a falar. Vem depois dele a personalidade que respalda a acusação. Geralmente, colocam um político da oposição. As figuras "carimbadas" - os "supostamente" paladinos da moralidade e incorruptíveis, de sempre, aqueles políticos que vivem dos holofotes da mídia, para referendar a matéria acusativa. O acusado, por exemplo, de corrupção, está, quase sempre, numa pose desesperada e quem respalda a notícia (o último a falar) muitas vezes aumenta a voz e diz: - são fatos gravíssimos e devemos apurar o mais breve possível! Já parece, de antemão, o julgamento final e a culpabilidade do acusado.
6. Reputação. É clássico na emissora o derrubar de reputações por interesses escusos. Eles dão aos seus opositores políticos um tratamento desrespeitoso.
Quando quiseram atingir o Governo Dilma, as ONGS e por tabela o PCdoB, dá-lhe atacar o Ministro Orlando Silva por todos os lados, sem nenhuma prova contundente. É interessante, que jogam a reputação da pessoa, partido político, País, etc. no chão, sem o menor constrangimento. E qualquer acusado fica marcado como corrupto e mesmo que consiga provar sua inocência e honestidade a Rede Globo não faz nenhuma retração pública.
No quesito reputação é praxe se dizer: Fidel castro, Evo Morales, Hugo Chaves são uma ameaça para a Democracia. Insistem, nos mesmos inimigos, dia e noite. E vivem propalando que qualquer tentativa de se buscar uma moralização da Profissão de Jornalista em suas redações, tendo um código de ética e conduta, uma Lei que garanta ao acusado, o direito de resposta às acusações; que as reportagens se pautem pela verdade dos fatos; que sejam realizadas de uma maneira correta, sem ilicitudes, com o equilíbrio da informação, não tendendo a mostrar a ilicitude só de seus opositores seria um cerceamento à liberdade de expressão e uma afronta à Democracia.
7. Investigação. Quando um político opositor aos seus interesses é acusado de algo, imediatamente a Rede Globo repercute, investiga e condena de antemão; mas quando se trata de um aliado político ela não condena, de antemão, e coloca alguém para falar: - só ao término do inquérito policial, do Processo na Justiça é que poderemos dizer se o Réu é culpado ou inocente.
Geralmente, a emissora, desqualifica a denúncia e dá toda voz do mundo para o acusado se defender.
8. Postergação. Um fato de relevância pulula no País e investigações e mais investigações acontecem. A população toma partido e fica do lado da oposição às suas convicções e parceiros, a Rede Globo finca o pé nas suas convicções até o instante que não dá mais para segurar, então, ela posa de partícipe da causa defendida pela população, a um bom tempo.
Nas Diretas Já e no impeachment do Collor demorou a estar do lado vencedor. E será assim, na CPI do Cachoeira. Quando ela sentir que não dá mais para defender o indefensável, irá posar de defensora da verdade desde o limiar do fato e execrar os culpados, que até bem pouco tempo, eram defendidos ardorosamente.
9. Criação. Uma ideia, um personagem é criado no decorrer do tempo. Os dois, ideia e personagem caminham juntos.
A. Vai sendo moldada uma ideia: a do Mensalão do PT, do PT criador de dossiês contra a oposição, etc. Ideia - mensalão, personagem - PT.
B. Vai sendo moldado um político: Collor, o caçador de marajás; Serra, o grande gestor, criador dos medicamentos genéricos, etc. Ideia - Caçador de marajás, personagem - Collor. Ideia - grande gestor, personagem - serra.
9.1. Apartação. A ideia e o personagem podem ser abandonados no decorrer dos meses, anos.
Exemplos clássicos de apartação: o caso do Senador Demóstenes Torres e do Ex-senador José Inácio Arruda, além do Ex-presidente Fernando Collor. Do nada, a intimidade da emissora com o personagem desaparece e o mesmo some de seus holofotes. Parece que o personagem só serve para garantir os interesses de momento da emissora, são como robôs, descarta-se se tornar obsoleto. E ao haver a apartação, outro personagem ocupa o espaço daquele que não serve mais à emissora.
10. Diferenciação. Tratamento desigual para situações semelhantes. Cai um enorme temporal com várias vítimas fatais, em dois estados distintos, um de seu aliado político outro de um opositor às suas ideias. O tratamento é diferenciado.
Em 2010 choveu uma barbaridade na cidade de São Paulo e na cidade de Niterói. Em São Paulo, o Governador sequer apareceu para dar entrevistas, visitar os locais afetados, após as enormes enchentes nas avenidas marginais e outros locais. A Rede Globo culpou as chuvas torrenciais e a população pelas enchentes, por jogar lixo nas ruas. A emissora não exigiu do Governador, seu aliado, explicações para o ocorrido e nem reclamou de sua conduta, um tanto estranha, de se esquivar de ir aos locais afetados.
Já na cidade de Niterói que fica no Estado do Rio de janeiro, o Governador do Estado, opositor da Rede Globo, foi acusado dos transtornos, das enchentes e das mortes ocorridas, naquele ano, por exemplo, no Morro do Bumba, onde aconteceu grande tragédia. Foram pedidas explicações imediatas para ele das chuvas e não se utilizou em defesa do governador do Rio de janeiro, a quantidade de chuvas e nem o lixo jogado pelos moradores da cidade, bem como a população não foi considerada culpada.
No Rio de janeiro parecia um jornalismo policialesco, o fato ocorreu pelo descaso do poder público. Em São Paulo, a culpa foi de São Pedro.
Aqui cabe o tratamento desigual da notícia e do acusado. Os 3 mil reais de propina do Waldomiro valem muito mais que os 1,4 bilhões de reais desviados da Sudene no Governo FHC, seu aliado, e o primeiro caso, merece muito mais apuração, mais reportagens da emissora, só pelo fato de ser uma corrupção que pode incriminar e desmoralizar seus opositores.
11. Desqualificação e inversão. Se surge uma notícia (denúncia) que não seja favorável aos seus aliados de momento, a emissora corre logo para desqualificar a denúncia e provar que não é verdade o que está sendo denunciado. A Rede Globo pode até inverter a situação, acusar quem fez a denúncia e provar a inocência do denunciado.
Na Operação Monte Carlo está bem claro este processo. Pegaram o Deputado Protógenes Queiroz e começaram a acusar a pessoa que primeiro quis investigar numa CPI o Cachoeira e suas ilicitudes e tentaram incriminá-lo como parte integrante do grupo do contraventor.
11.1. Desqualificação com mudança de foco. Se surge uma notícia (denúncia), impossível de ser contestada, muda-se o foco das reportagens da emissora e aparecem denúncias outras, envolvendo seus opositores.
Na Operação Monte Carlo está bem claro, também, este processo. Deputado Protógenes, Governo Federal, Governo do PT do Distrito Federal, Governo do PMDB do Rio de janeiro são colocados no meio das denúncias, enquanto os agentes principais são esquecidos. Fica a impressão de que políticos de todos os partidos estão envolvidos com as ilicitudes do Carlinhos Cachoeira.
Se não tem como envolver seus opositores na denúncia com provas robustas, cria-se outra denúncia explosiva, mesmo sem prova alguma, e centram todas as reportagens nela. Até o esquecimento, quase total, da denúncia com provas robustas.
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil
http://www.cartacapital.com.br/sociedad ... -historia/
Na contramão da História
Roberto Amaral
Leitor da seção “O Globo há cinquenta anos”, recomendo sua leitura por alunos e professores em sala de aula. Ali, quase diariamente, encontra-se um repositório notável do atraso de nossa vida republicana, o que nos possibilita conhecer o papel de nossa imprensa corporativa como eficiente correia de transmissão da ideologia da Guerra Fria (importando um embate que não nos dizia respeito e trazendo para cá a visão estadunidense), invariavelmente de costas para os interesses nacionais, avessa aos interesses populares e sempre atenta aos negócios do grande capital, principalmente o capital internacional.
os grandes jornais sempre se opuseram ao nacional e ao popular, e assim combateram a campanha do “Petróleo é nosso” e ainda hoje rejeitam a Petrobrás. Foto: José Vieira Trovão / Ag. Petrobras
Escrevo “nossa imprensa” de forma proposital, pois O Globo não era, não foi e não é uma exceção nesse servilismo aos interesses antinacionais e, sobretudo, contrários ao desenvolvimento do país e a tudo que diga respeito ao povo. O cheiro dos marmiteiros sempre ofendeu ao olfato sensível dos comensais dos Le bec fin.
Por coerência, os grandes jornais sempre se opuseram ao nacional e ao popular, e assim combateram a campanha do “Petróleo é nosso” e ainda hoje rejeitam a Petrobrás e se arrepiam, irritadiços, sobressaltados, diante de qualquer movimento que lhes possa sugerir o menor sintoma de nacionalismo (ou defesa dos interesses nacionais) que possa pôr em risco o projeto do grande Império. Ou de defesa do Estado. E sempre que este submerge, quem paga o pato são os interesses da Nação e dos mais pobres.
Exemplar do que afirmo é a primeira página da edição do Globo do dia 26 de abril de 1962. Depois de anunciar com alegria a “Primeira explosão nuclear no Pacífico”, sem danos ambientais (embora também diga que “o engenho lançado de um avião que voava a grande altitude, desencadeou numa força explosiva calculada entre 20.000 e um milhão de toneladas de TNT”), o jornal condenava a ameaça de aprovação do projeto do deputado Aarão Steinbruch que instituía o 13º salário: “Os meios financeiros consideram altamente inflacionária e de consequências desastrosas para a economia nacional a implantação de um 13º salário”.
A previsão catastrofista vem no discurso do oráculo do conservadorismo de então: “Deixando de lado a agricultura, para a qual faltam dados positivos, o economista Eugênio Gudin calcula em cerca de Cr$ 80 bilhões a sobrecarga que o aumento representaria no orçamento das empresas”.
Contam os fatos que o projeto foi aprovado e que sua aplicação acumula, hoje, 50 anos de sucesso. Nenhuma empresa faliu por conta dele, o comércio ganhou (e ainda hoje festeja a iniciativa) e começávamos ali a investir no que até os ortodoxos reconhecem ser a alternativa de nossa economia, a saber, o fortalecimento do mercado interno.
Leia também:
Mino Carta: Eternos chapa-branca
Na contramão da História, a mesma imprensa combatia, desde sua instituição, tanto o salário mínimo (Decreto-Lei n.2 2.162 , de 12 de maio de 1940), quanto seus reajustes anuais, sempre apontados como inflacionários. Assim, em 1954, o anúncio de um reajuste de 100%, afinal concedido, provocou grande campanha de imprensa, a edição de um famoso e subversivo “Memorial dos Coronéis” e, afinal, a demissão do Ministro do Trabalho, João Goulart. Jamais aumentar salários, jamais regular a remessa de lucros para o exterior, taxar as grandes fortunas e as grandes heranças. Jamais estabelecer alíquotas crescentes do Imposto sobre a Renda. Derrubar a CPMF e assim desfalcar o orçamento de nada menos que o ministério da Saúde, ah! isso, sim… Para “destravar a economia”? Não. Seu objetivo era reduzir o controle das movimentações financeiras.
Lembremo-nos de que um dos primeiros atos dos golpistas de 1964 foi a revogação da lei de remessa de lucros…
Agora, já começa a mesma imprensa a dizer que o combate aos juros altos, aumentando o crédito ao consumidor, pode constituir-se em agente inflacionário. Todos os países do mundo podem ter juros mais baixos que o nosso e muitos deles crescer em índices superiores ao nosso. Mas o Brasil, não. Esquecem-se os catastrofistas, e esquecem propositalmente, que nosso país sempre cresceu por força da expansão de seu mercado interno, responsável, ademais, pela resistência de nossa economia ao abalos exógenos, de que é exemplo esta última (no sentido de a mais recente) crise do capitalismo financeiro.
O panorama internacional é de desaceleração (e sabemos hoje que as potências europeias não conhecem vacina para a crise, cenário persistente ainda por muitos anos), principalmente na medida em que insistem na suicida política recessiva, imposta unilateralmente (contra os países e suas populações) por uma Alemanha governada pelos interesses dos banqueiros.
A desaceleração das grandes economias, seja qual for o comportamento da China, cuja taxa de crescimento tende a decair sob controle (felizmente), indica, para países como o Brasil, uma queda de suas exportações, principalmente em setores como a exportação de produtos primários, commodities e minérios.
Esse panorama, que assim se descreve desde a aceleração da crise, cobra da economia brasileira o fortalecimento do mercado consumidor interno. Consumidor, bem entendido, na medida em que tiver trabalho e renda.
O fortalecimento desse mercado interno – antigo e permanente pleito da esquerda brasileira – é uma das mais significativas conquistas do governo Lula. Para tal objetivo foi importante o Bolsa Família, foram importantíssimas as políticas de transferências previdenciárias e de assistência social e o apoio à agricultura familiar. Mas fundamental foi o aumento de algo como 60% do salário mínimo. Essas medidas foram responsáveis, em seu conjunto, pela criação do que se chama de Classe C (ou de uma nova classe C), cujo poder de compra é equivalente a 12% do PIB.
Essa política é aprofundada pela presidente Dilma quando, corajosamente, decide enfrentar a ganância do sistema financeiro insaciável e irresponsável, impondo uma política de juros consentânea com nossa realidade e as necessidades de nosso mercado, a saber, aumentando o acesso ao crédito, de que decorre o aumento do poder de compra do mercado interno, a reativação do comércio e da indústria, transformando em virtuoso o círculo vicioso da recessão que aumentaria a recessão.
Nesse ponto identificamos um salto de qualidade da atual política, na medida em que se livra dos grilhões do sistema financeiro (parasita por definição) e se associa ao capital produtivo, construindo novas perspectivas de vida para as grandes massas, sempre marginalizadas pelos monetaristas de plantão.
Sabe-se, porém, que a nova política de Dilma, nada obstante sua decisão pessoal, não seria exequível se o governo não dispusesse do tripé Banco do Brasil-Caixa Econômica Federal-BNDES, quase privatizados pela insânia neoliberal.
A política Lula-Dilma, assim, incorpora ao desenvolvimento sua fundamental dimensão social, o acesso à cidadania das populações mais pobres.
Enquanto isso, do outro lado do Equador, as economias classicamente desenvolvidas (EUA, Inglaterra e Japão, para não lembrar Grécia, Irlanda, Espanha e Itália…) convivem com altas taxas de desemprego, baixíssimas taxas de crescimento (tendendo para a estagnação) e no limiar da recessão, com seu perverso custo político, as restrições ao Estado do bem-estar, a xenofobia, as restrições ao livre-trânsito dos nacionais em suas fronteiras, e, mesmo, a realimentação da direita, na França com o fortalecimento da herdeira de Le Pen e na Grécia com o reaparecimento de um arremedo de nazismo, e como tal tanto abjeto quanto grotesco.
A combinação de recessão, miséria e desemprego foram sempre o caminho mais curto para a instauração das tiranias.
De outra parte, os países que se afastaram do monetarismo e do catecismo neoliberal, como o Brasil, retomaram o crescimento, aumentaram suas taxas de emprego e até aqui mantêm sob controle a ameaça da recidiva inflacionária, e, assim, em situação melhor que os “ricos” a enfrentar a crise global, uma crise do sistema privado que estourou no colo do setor público.
Por isso mesmo, cada vez mais consolidamos a opção democrática e começamos a transitar da democracia formal (política), para o que, num amanhã ainda distante, poderemos chamar de democracia real (à falta de denominação mais adequada), aquela que realizará a justiça social.
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil
http://www.conversaafiada.com.br/pig/20 ... rivataria/
Robert(o) Civita confisca a Privataria
O Conversa Afiada publica e-mail do amigo navegante Willian, da Geração Editorial:
Olha aí,
A Exame do Robert(o) Civita fez uma lista com SETE (7) LIVROS para entender a corrupção no país. Ok? Qual era o primeiro?… Vc sabe…
A Privataria foi o primeiro.
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Antes (28/05)
Como eu desconfiava que essa lista poderia mudar, tirei um PRINT SCREEN ontem.
E hoje cedo o que aconteceu ??????????
MUDOU…
Agora são seis livros para entender a corrupção…
[ external image ]
Depois (29/05)
(O Robert(o) Civita confiscou a Privataria – PHA. Clique aqui para ver a entrevista do Collor, que chama Robert(o) de analfabeto e cúmplice do crime organizado.)
Vale outro comentário, de “sete” livros, a Geração lidera com QUATRO. Ou agora com TRÊS. Isso mostra o nosso papel de uma editora de verdade… e o SEU?
Grande Abraço,
W
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