A imprensa e grande mídia no Brasil

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#586 Mensagem por Carnage » 30 Ago 2011, 21:48

http://www.blogcidadania.com.br/2011/08 ... a-de-leis/
Veja ilustra por que a mídia precisa de leis
Posted by eduguim on 27/08/11 • Categorized as Análise


O silêncio da grande imprensa em torno dos fatos que culminaram com a reportagem de capa da edição da revista Veja desta semana, tem duas explicações: a primeira é a de que a matéria é um amontoado de suposições e de “escandalização” do nada; a segunda, é o crime que o veículo cometeu na tentativa de conseguir alguma sustentação para o que publicou.

A matéria, primeiro. Constata que José Dirceu tem relações com políticos do PT, alguns dos quais estão no governo. A matéria poderia ter ido mais longe. Dirceu tinha relações com Lula quando presidente e agora tem com Dilma. Se ela não o visita, ele a visita. O fato de ele estar sendo investigado no inquérito do “mensalão” não o impede de ter relações políticas.

Tudo passaria como apenas mais uma demonstração de jornalismo irresponsável e antiético entre tantas outras que a revista da família Civita já deu. Desta vez, porém, ocorreu um fato espantoso, a despeito das suposições da revista sobre irregularidade que inexiste no fato de Dirceu se reunir com membros de seu partido ou de outros. Esse fato é o gerador do silêncio.

A Veja foge de se aprofundar no fato de ter hospedado seu jornalista no hotel em que José Dirceu se reúne com políticos em Brasília e de que este tentou invadir o apartamento do ex-ministro. Entrar no apartamento alheio em um hotel enganando a camareira, é crime. Pouco importa o que Dirceu estava fazendo.

Mesmo se o repórter tivesse conseguido esconder um equipamento de escuta no quarto de Dirceu, ou uma câmera, ou coisa que o valha, nada do que obtivesse por tais métodos seria legal. Na verdade, seria criminoso.

Há dúvida de que o repórter da Veja tentou invadir o quarto? Os testemunhos de funcionários do hotel não valem? O Boletim de Ocorrência não é nada? O fato de o repórter ter pedido para ficar no quarto ao lado do de Dirceu, não indica nada? Há alguma diferença entre os métodos da Veja e os do jornal britânico The News of the World?

E o principal: quem investigará o que ocorreu? A Polícia Federal? A de Brasília? O Congresso? A classe política aceitará que órgãos de imprensa invadam suas casas em busca de provas contra seus membros? É democrático e republicano que se possa invadir a casa de alguém sem ordem judicial, sem sustentação nenhuma?

O cerne da questão é a regulação da imprensa. A “reportagem” da Veja deixou claro que a brasileira usa métodos iguais ou piores dos que já se vai descobrindo que eram usados por parte da imprensa britânica e que, por lá, estão gerando um escândalo de proporções gigantescas, que inclui até prisão de jornalistas.

E ninguém fala em “censura”, por lá.

O que a Veja acaba de fazer só comprova que este país não avançará sem leis específicas e abrangentes para o exercício da atividade jornalística e sem limites éticos a tal atividade, e que não se pode justificar que a imprensa cometa crimes alegando que os comete para combater outros supostos crimes.

O silêncio em torno da constrangedora matéria da Veja e do ataque criminoso da revista não esconde pudor, mas consciência de que, se esse debate avançar, ficará muito claro o caráter imprescindível de um projeto de lei com regras e limites ao exercício da atividade jornalística e com mecanismos de punição de excessos como o que acabamos de ver.

Se mesmo com a comprovação cabal de que a imprensa brasileira comete crimes iguais ou piores do que os da britânica o governo Dilma não enviar de uma vez ao Congresso um projeto de lei de regulação da mídia, haverá uma crise institucional no Brasil. E todos nós sabemos como sempre acabaram as crises institucionais neste país.
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... -caso-veja
Repórter não é Polícia; Imprensa não é Justiça
Do blog Balaio do Kotscho


Ao voltar de Barretos (ver post anterior), o meu correio eletrônico já estava entupido de mensagens de amigos e leitores comentando e me pedindo para comentar a reportagem da revista "Veja" sobre as "atividades clandestinas" do ex-ministro José Dirceu, um dos denunciados no processo do "mensalão", que tramita no Supremo Tribunal Federal e ainda não tem data para ser julgado.

Só agora, no começo da tarde de segunda-feira, consegui ler a matéria. Em resumo, como está escrito na capa, sob o título "O Poderoso Chefão", ao lado de uma foto em que Dirceu aparece de óculos escuros e sorridente, a revista faz uma grave acusação:

"O ex-ministro José Dirceu mantém um "gabinete" num hotel de Brasília, onde despacha com graúdos da República e conspira contra o governo da presidente Dilma".

Para justificar a capa, a revista publica dez reproduções de um vídeo em que, além de Dirceu, aparecem ministros, parlamentares e um presidente de estatal entrando ou saindo do "bunker instalado na área vip de um hotel cinco-estrelas de Brasília, num andar onde o acesso é restrito a hóspedes e pessoas autorizadas".

Nas oito páginas da "reportagem"  _ na verdade, um editorial da primeira à última linha, com mais adjetivos do que substantivos _ não há uma única informação de terceiros que não seja guardada pelo anonimato do "off" ou declaração dos "acusados" de visitar o bunker de Dirceu confirmando a tese da "Veja".

Fiel a uma prática cada vez mais disseminada na grande mídia imprensa, a tese da conspiração de Dirceu contra o Governo Dilma vem antes da apuração, que é feita geralmente para confirmar a manchete, ainda que os fatos narrados não a comprovem.

Para dar conta da encomenda, o repórter se hospedeu num apartamento no mesmo andar do ex-ministro. Alegando ter perdido a chave do seu apartamento, pediu à camareira que abrisse o quarto de Dirceu e acabou sendo por ela denunciado à segurança do hotel Naoum Plaza, que registrou um boletim de ocorrência no 5º Distrito Policial de Brasília, por tentativa de invasão de domicílio.

Li e reli a matéria duas vezes e não encontrei nenhuma referência à origem das imagens publicadas como "prova do crime", o primeiro dos mistérios suscitados pela publicação da matéria. O leitor pode imaginar que as cenas foram captadas pelas câmeras de segurança do hotel, mas neste caso surgem outras perguntas:
* Se o próprio hotel denunciou o repórter à polícia, segundo "O Globo" de domingo, quem foi que lhe teria cedido estas imagens sem autorização da direção do Naoum?
* Se foi o próprio repórter quem instalou as câmeras, isto não é um crime que lembra os métodos empregados pela Gestapo e pelo império midiático dos Murdoch?
* As andanças pelo hotel deste repórter, que se hospedou com o nome e telefone celular verdadeiros, saiu sem fazer check-out e voltou dando outro nome, para supostamente entregar ao ex-ministro documentos da prefeitura de Varginha, são procedimentos habituais do chamado "jornalismo investigativo"?

As dúvidas se tornam ainda mais intrigantes quando se lê o que vai escrito na página 75 da revista:
"Foram 45 horas de reuniões que sacramentaram a derrocada de Antonio Palocci e durante as quais foi articulada uma frustrada tentativa do grupo do ex-ministro de ocupar os espaços que se abririam com a demissão. Articulação minuciosamente monitorada pelo Palácio do Planalto, que já havia captado sinais de uma conspiração de Dirceu e de seu grupo para influir nos acontecimentos que ocorriam naquela semana (6,7 e 8 de junho, segundo as legendas das fotos) _ acontecimentos que, descobre-se agora, contavam com a participação de pessoas do próprio governo".

A afirmações contidas neste trecho provocam outras perguntas.
* Como assim? Quem do governo estava conspirado contra quem do governo?
* Por acaso a revista insinua que foi o próprio governo quem capturou as imagens e as entregou ao repórter da "Veja"?
* Por que a reportagem/editoral só publica agora, no final de agosto, fatos ocorridos e imagens registradas no começo de junho, no momento em que o diretor de redação da revista está de férias?

Só uma coisa posso afirmar com certeza, depois de 47 anos de trabalho como jornalista: matéria de tal gravidade não é publicada sem o aval expresso dos donos da empresa ou dos acionistas majoritários. Não é coisa de repórter trapalhão ou editor descuidado.

Ao final da matéria, a revista admite que "o jornalista esteve mesmo no hotel, investigando, tentando descobrir que atração é essa que um homem acusado de chefiar uma quadrilha de vigaristas ainda exerce sobre tantas autoridades (...) E conseguiu. Mas a máfia não perdoa".

Conseguiu? Há controvérsias... No elenco de nomes apresentados pela revista como frequentadores do "aparelho clandestino" de Dirceu, no entanto, não encontrei nenhum personagem que seja publicamente conhecido como inimigo do ex-ministro Antonio Palocci.

O texto todo foi construído a partir de ilações e suposições para confirmar a tese _ não de informações concretas sobre o que se discutiu nestes encontros e quais as consequências efetivas para a queda de Palocci.

Não tenho procuração para defender o ex-ministro José Dirceu, nem ele precisa disso. Escrevo para defender a minha profissão, tão aviltada ultimamente pela falta de ética de veículos e profissionais dedicados ao vale-tudo de verdadeiras gincanas para destruir reputações e enfraquecer as instituições democráticas.

É um bom momento para a sociedade brasileira debater o papel da nossa imprensa  _ uma imprensa que não admite qualquer limite ou regra, e se coloca acima das demais instituições para investigar, denunciar, acusar e julgar quem bem lhe convier.

Diante de qualquer questionamento sobre as responsabilidades de quem controla os meios de comunicação, logo surgem seus porta-vozes para denunciar ameaças à liberdade de imprensa.

Calma, pessoal. De vez em quando, convém lembrar que repórter não é Polícia e a Imprensa não é  Justiça, e também não deveria se considerar inimputável como as crianças e os índios. Vejam o que aconteceu com Murdoch, o ex-todo-poderoso imperador. Numa democracia, ninguém pode tudo.
http://www.viomundo.com.br/denuncias/pa ... encia.html
Repúdio ao jornalismo marrom da revista Veja
da Liderança do PT na Câmara dos Deputados


Na semana passada, a revista Veja sofreu uma condenação judicial.  Acionada pelo deputado Vicentinho (PT-SP), a 13ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal condenou a publicação, em processo de injúria, calúnia e difamação, a conceder-lhe direito de resposta.

Na mesma semana, a revista apareceu também no Wikileaks. Foram divulgados telegramas da embaixada americana em Brasília, dirigidos ao Departamento de Estado, nos quais afirma-se  que  matérias da Veja sobre o relacionamento do PT com as FARCs  – incluindo o suposto financiamento de campanhas eleitorais do partido por aquela organização guerrilheira  -— eram absolutamente carentes de fundamentos. O caso foi relatado pela embaixada dos EUA como um exagero, além de uma tentativa de “manobra política” patrocinada pela publicação.

Para completar o período curto de uma semana, a revista se envolve em uma série de crimes, como o de quebra de privacidade contra o dirigente petista José Dirceu. Possivelmente, Veja instalou câmeras clandestinas no corredor de um hotel onde está o apartamento que fora ocupado pelo ex-presidente do PT, bem ao estilo do jornalismo de Murdoch e talvez até com mais ousadia que seu congênere australiano. Trata-se também de uma tentativa de chantagear a Justiça.

A Bancada do Partido dos Trabalhadores alerta a sociedade e as forças democráticas para o perigo que representa uma revista de grande circulação entrar no campo da provocação e da delinquência e lembra que a defesa democracia é dever de todos.

Brasília, 29 de agosto de 2011
Deputado Paulo Teixeira-PT/SP
Líder da Bancada na Câmara
Liderança do PT Câmara dos Deputados
http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... ra-lascada
Jornalismo político volta à Era da Pedra Lascada
Por Alberto Dines em 30/08/2011 na edição 657


“Caso o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) fique insustentável, a presidente Dilma tem seu preferido: Franklin Martins”. (“Panorama Político”, O Globo, domingo, 28/8, pg. 2). Três linhas apenas, no pé da coluna. O suficiente, a mídia entenderá o recado.

Há hoje uma metamensagem ou criptojornalismo, cifrado, exclusivo de um seleto grupo de iluminados. O governo manda suas mensagens, a mídia é obrigada a entender. Mesmo não gostando. A réplica pode vir com a mesma sutileza. Profissionais não brincam em serviço. Faz parte do jogo democrático.

O que conspira contra o jogo democrático são as ameaças de rupturas. O presidente Lula não entendeu, não quis ou não teve paciência para entender o tricô das raposas. Subia no palanque e “mandava ver” – ou mandava brasa, como se dizia na Era Jango. Criou impasses, cavou confrontos perigosos.

É o que fez Veja com a sua última matéria de capa sobre o ex-ministro José Dirceu (“O poderoso chefão”, edição nº 2232, data de capa 31/8/2011). Sutil como uma carga de cavalaria – e tão eficaz quanto esta –, produziu um curto-circuito, reintroduziu a imprudência no diálogo governo-imprensa. Repercutiu no exterior. E daí?

Frágil, inconsistente

A verdade é que a matéria recoloca o jornalismo político brasileiro na Era da Pedra Lascada. Traz de volta os vídeos clandestinos, os arapongas, os dossiês secretos jogados no colo de jornalistas ditos “investigativos”.

José Dirceu, mesmo sem cargo ou mandato parlamentar, suspeito de integrar um grupo que está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal, é um dirigente nacional do partido que ganhou as eleições para a Presidência da República, é também um consultor/lobista. Pode alugar um andar inteiro num hotel dez estrelas em Brasília ou Luanda e nele receber legiões de correligionários, clientes e amigos. Não há nada de ilícito ou malfeito (para usar o dernier-cri dos substantivos).

O texto inteiro de Veja, da primeira à última linha, é customizado, adaptado para servir à tese de que o ex-chefe da Casa Civil está conspirando contra a sua sucessora, atual presidente da República. Não há evidências, apenas insinuações, ambigüidades, gatilhos.

Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, é amigo pessoal de Dilma Roussef, não poderia conspirar contra ela. José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras cujo maior acionista é o governo, não enfrentaria o seu maior eleitor quando reiniciar sua carreira política. Delcídio Amaral é um petista light, quase-tucano.

A lista dos “conspiradores” é frágil e as possíveis motivações, inconsistentes. O conjunto é disparatado, não faz sentido, carece de lógica. Mesmo enquanto ficção.

Um desserviço

Os encontros gravados duraram em média 30 minutos, tempo insuficiente até para acertar uma empreitada de pequeno porte. Devidamente investigados, os fatos poderiam vincular-se e ganhar alguma dimensão. No estado bruto em que foram apresentados pelo semanário de maior tiragem do país representam um atentado à inteligência do leitor, não renderiam sequer uma nota numa coluna de fofocas políticas.

Este é um jornalismo que não se sustenta, é retrocesso. Não favorece a imagem da imprensa, não ajuda a presidente Dilma, prejudica a oposição. Faz esquecer a faxina moralizadora e degrada o processo político.

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Carnage
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#587 Mensagem por Carnage » 02 Set 2011, 23:36

http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... -midiatico
O tribunal midiático
Por Washington Araujo em 02/09/2011 na edição 657


Espanto, perplexidade, surpresa. Alguém em sã consciência poderia dizer que teve uma destas reações ao deparar com a capa da revista Veja (nº 2232, de 31/8/2011)? Só se for a de um brasileiro residindo em Berlim ou em Nairobi. Veja pode ser acusada de práticas jornalísticas pouco usuais, politicamente destemperada, editorialmente desequilibrada, mas não pode ser acusada de incoerência. No caso atual, a eterna “bola da vez” é o combativo militante petista – e sempre combatido pela revista – José Dirceu. E quem apostar que está difícil nesses tempos de turbulência na economia internacional “emplacar” um escândalo com fortes cores nacionais apostará corretamente, pois nesses casos a revista da Abril lança mão de seu tema-de-escândalo-habitual: Zé Dirceu.

Uma rápida busca nos arquivos digitalizados da própria revista mostra nada menos que 49.587 resultados quando preenchemos o campo de pesquisa as palavras “José Dirceu”. E se formos pesquisar por edição, teremos que bisbilhotar – algo que a revista faz com maestria – nada menos do que em 91.

Em uma breve retrospectiva vemos o vírus insidioso da intriga em seu nascedouro, como a farejar a proximidade inevitável do poder. E assim nasce a primeira chamada lateral de capa (25/9/2002): “José Dirceu: O homem que faz a cabeça de Lula”. E perfil mostra o guerrilheiro que treina em Cuba, participa ativamente da luta contra a ditadura brasileira e, foragido, se submete a uma cirurgia plástica no rosto. A segunda “aparição”, ocorre na edição de 6/11/2002, quando Dirceu divide a capa-palco com dois outros ministros do primeiro governo Lula – Antonio Palocci e Luiz Gushiken. Os três vestidos a caráter para ilustrar a chamada que guarda certa nostalgia dos tempos do Brasil Império. Diz a manchete: “A cúpula da nova corte – Os três mosqueteiros com quem é preciso falar para ser ouvido no governo Lula”. O texto tem um único objetivo: mostrar quem tem poder real no novo governo e classificar as demais autoridades como meros figurantes, resultado de acertos de promessas a partidos políticos ao longo da campanha presidencial.

Escolhidos a dedo

Chega o ano de 2004 e Veja mostra a que veio, elegendo José Dirceu como representante-mor do “mal” que se apossa do corpo do Brasil, quase como uma entidade sobrenatural, não obstante a chamada lateral de sua capa de 3/3/2004 parecesse vender a imagem de um ex-ministro-todo-poderoso em franca desgraça: “José Dirceu: O ministro continua encolhendo”.

Para chegar à tese do encolhimento do detentor de poder político, a revista vinha desde 2003 lançando farpas e lanças, como par dividir de forma irremediável aqueles mesmos três que antes saudara como sucedâneos de Athos, Portus e Aramis. É o período em que escapa da artilharia pesada apenas o D’Artagnan redivivo em Luiz Inácio Lula da Silva. E escapa porque consegue se manter em crescente popularidade junto aos milhões de súditos, para usar a metáfora acolhida pela revista. Logo na semana seguinte a edição de Veja (10/3/2004) traz seu rosto tomando toda a capa e os dizeres simulando desabafo do retratado: “Dirceu: Não vou sair do governo”.

São muitas matérias, geralmente citando fontes em off, frases recolhidas fora do contexto em que foram ditas e reajuntadas a contextos mais atuais, mas tendo um único objetivo: manter com Dirceu a aura de malévolo, gângster, traficante de influência nato e outros epítetos nada lisonjeiros a alguém que tem claro protagonismo político e partidário, além de sagaz operador do governo que ajudou a eleger ao criar estratégias vitoriosas e reconhecidas mesmo por seus mais acerbos adversários. Esta abordagem que cada vez mais se enraíza no modo-Veja-de-fazer-jornalismo deságua em outra capa com o rosto do ex-ministro e a manchete premonitória e sombria (3/8/2005): “O Risco Dirceu”.

De 2005 a 2007, José Dirceu estará sempre relacionado com o que a grande imprensa optou por chamar de “Mensalão do PT”. Matérias e quase-reportagens no período esposarão teses fatalistas tendo como ponto de convergência o impeachment do presidente Lula, a desmoralização completa dos partidos de esquerda, em particular do Partido dos Trabalhadores. As “páginas amarelas”, aqueles que abrem as edições de Veja com “grandes entrevistas”, serão literalmente amareladas com entrevistados que desenvolvam qualquer tese, por mais estúpida que seja, para desmerecer ou se contrapor frontalmente a quaisquer das políticas públicas mais vistosas do governo Lula: o Bolsa Família, a transposição de águas do Rio São Francisco, o ProUni, a política de ações afirmativas (cotas para negros, índios nas universidades). Entrevistados mostrarão por a+b que o Bolsa Família é na realidade uma Bolsa-Esmola, que o programa tem apenas apelo eleitoral, é insustentável e só tem porta de entrada.

Lembram dessas histórias? Entrevistados escolhidos a dedo para prestar sua devoção incondicional aos cânones do neoliberalismo, ao papel mínimo do Estado, ao sacrossanto direito a extensões de terras para corar de inveja os faraós do antigo Egito. O acesso de afrodescendentes às universidades através de cotas receberá a cada semana um novo petardo onde tais luminares encontrarão apenas mazelas sociais no Brasil e nunca mazelas raciais.

Imprensa criminosa

Na edição de 19/9/2007 a chamada lateral na capa é um primor de síntese da atividade judiciária: “Caso MSI/Corinthians: A Polícia Federal descobre as pegadas de José Dirceu”. A criminalização de José Dirceu parece fazer parte do manual de redação da revista. É quando Veja levanta suspeitas, investiga, acusa, julga, condena, acompanha o cumprimento da pena e veta qualquer direito ao contraditório. O Tribunal Midiático parece ter mais poder destruidor que Tribunal regular, instância judiciária em uma sociedade democrática.

O Tribunal Midiático recebe o apoio não falado, não escrito, não reverberado, não consignado de seus pares, igualmente juízes e donos do mesmo poder de noticiar, informar, afirmar, acusar, julgar, condenar. Para integrar tal Corte basta ter jornal impresso com alta tiragem e ampla circulação diária, ter concessão pública de exploração de canal de tevê aberta e emissora de rádio com cobertura nacional em AM e FM, além de vistosos portais na internet e a propriedade de alguns canais de tevê a cabo.

Como um contrato de gaveta, sem legitimidade ou valor legal perante o Poder Público, os que integram o Tribunal Midiático agem à la James Bond, aquele velho personagem vivido por Sean Connery, cujo poder estava inscrito em sua identidade: “Licença para matar”. A verdade é que a maior concessão que um capo da mídia pode fazer em relação a um desafeto é lhe conceder, eventualmente, espaço para escrever algo, colocar de pé uma ideia. Mas nunca para se contrapor de maneira frontal e explícita contra o veículo de comunicação que assaque contra sua honra, invada sua privacidade, utilize de banditismo para fazer circular a “sua” verdade sobre um determinado assunto. Qualquer assunto.

Chega agosto, mês de desgosto para alguns, mês de tragédias nacionais na política brasileira (Getúlio Vargas, Jânio Quadros etc). E a revista Veja parece continuar impressionada com a saga de Mario Puzo, com o seu Don Corleone, de O Poderoso Chefão. A capa da edição de 31/8/2011 traz o rosto de José Dirceu, óculos escuros, meio-sorriso mafioso, bem versão Marlon Brando, vestindo o personagem de Puzo. O texto de capa é, muito provavelmente, o mais destoante entre uma chamada de capa e sua matéria interna: “O Poderoso Chefão / O ex-ministro José Dirceu mantém um ‘gabinete’ num hotel de Brasília, onde despacha com graúdos da República e conspira contra o governo da presidente Dilma”.

O que merecia mesmo uma ampla reportagem é a metodologia adotada pela revista para cumprir sua pauta. Repórter se passando por companheiro de quarto de hotel de José Dirceu. Repórter tentando conseguir a chave do apartamento de José Dirceu com a camareira. Imagens citadas/retratadas na revista como se houvessem sido cedidas pela segurança do hotel – aliás, e isso parece inacreditável, o mesmo hotel que lavrou boletim de ocorrência em delegacia de polícia dando conta de hóspede suspeito querendo invadir um quarto. Etc., etc., etc. Os crimes lançados na “reportagem” infelizmente, para a revista, não são tipificados no Código Penal brasileiro: receber visitas em seu quarto de hotel, visitas que tanto podem ser de entregadores de pizza ou comida chinesa, como de parlamentares ou mesmo ministros de Estado.

Não discorro mais sobre o assunto porque Ricardo Kotscho já disse tudo sobre esta última parte (ver “Repórter não é polícia; imprensa não é justiça”. A pulga que tenho na orelha é saber se, por algum acaso, repórteres de Veja estagiaram recentemente no jornal News of the World do realmente mafioso midiático Rupert Murdoch. Caso tenham estagiado, pelo jeito não aprenderam bem as lições que somente uma imprensa criminosa poderia ensinar.

[Washington Araújo é mestre em Comunicação pela UnB e escritor; criou o blog Cidadão do Mundo; seu twitter]

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... na_id=5182
Ética e credibilidade de uma profissão
Apenas algumas semanas depois do escândalo provocado pelas revelações de ações criminosas do tablóide “News of the World” na Inglaterra, o tipo de jornalismo reiteradamente praticado pela revista Veja acende uma perigosa luz amarela no campo da comunicação.
Venício Lima

Desde o dia 7 de julho pp. a Comissão de Ética (CE) do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) tem em suas mãos um pedido de abertura de processo por violação do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros contra o jornalista Gustavo Ribeiro da sucursal de Brasília da revista Veja. O pedido foi protocolado por um dos membros da comissão que redigiu o novo Código de Ética em vigor desde 2007 (disponível em http://www.fenaj.org.br/federacao/comet ... leiros.pdf) e também um dos fundadores do Movimento Pró-Conselho de Comunicação Social no Distrito Federal (MPC), o jornalista Antonio Carlos Queiroz.

O pedido original tinha por base a matéria intitulada "Madraçal no Planalto" sobre a Universidade de Brasília e seu reitor, publicada na Veja com data de capa de 6 de julho.

Tanto do ponto de vista técnico como ético, a referida matéria é um exemplo acabado de mau jornalismo. Editorializada e adjetivada, a matéria não cumpre as regras elementares básicas do jornalismo e foi desmentida por “fontes” cujos nomes nela aparecem, além de ter recebido repúdio quase unânime da própria comunidade acadêmica da UnB (cf. http://www.unb.br/noticias/unbagencia/u ... hp?id=5317). Mais ainda. Uma das “fontes” e articulador da matéria de Veja, conhecido adversário político do atual reitor, publicou em seu blog o seguinte post:

"Parabéns à revista VEJA por este inestimável serviço ao Brasil, mostrando o que faz o reitor Zé do MST (ligado ao PT) com a educação superior no país. Está agora na hora da oposição (DEM, PSDB e PPS) colocar a boca no trombone! -- PS: Ajudei a VEJA com essa reportagem (tem uma declaração minha na 4. página), eu e mais de 20 professores, lógico que apenas alguns apareceram" [cf. cienciabrasil.blogspot.com post de 3 de julho).

Jornalista não sindicalizado

No dia 9 de agosto pp. a CE respondeu ao jornalista Antonio Carlos Queiroz informado haver decidido pela não abertura do processo tendo em vista que Gustavo Ribeiro “não é filiado ao SJPDF”.

Trata-se de um equívoco da CE de vez que a filiação aos sindicatos da categoria não é requisito para o exercício profissional e o Código de Ética, por óbvio, se aplica a toda a categoria, não somente aos jornalistas sindicalizados. Aliás, está escrito no próprio CE:

Art. 17. Os jornalistas que descumprirem o presente Código de Ética estão sujeitos às penalidades de observação, advertência, suspensão e exclusão do quadro social do sindicato e à publicação da decisão da comissão de ética em veículo de ampla circulação.

Parágrafo único - Os não-filiados aos sindicatos de jornalistas estão sujeitos às penalidades de observação, advertência, impedimento temporário e impedimento definitivo de ingresso no quadro social do sindicato e à publicação da decisão da comissão de ética em veículo de ampla circulação.

O equívoco da CE motivou um recurso impetrado pelo jornalista Antonio Carlos Queiroz no SJPDF solicitando a reconsideração da decisão.

Reincidência

Enquanto se aguardava uma resposta da CE ao recurso, o mesmo jornalista Gustavo Ribeiro, aparece novamente como um dos responsáveis por matéria aparentemente envolvendo práticas ilícitas, publicada na mesma revista Veja com data de 31 de agosto pp. Trata-se, como se sabe, de matéria de capa sob o título “O Poderoso Chefão” sobre o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que padece dos mesmos vícios da matéria anterior sobre a UnB. O jornalista está agora sendo formalmente acusado de tentativa de invasão de domicílio e falsidade ideológica pelo Hotel Naoum de Brasília, onde escritório de advocacia associado ao ex-ministro José Dirceu mantém um apartamento alugado.

Naturalmente o novo episódio envolvendo o jornalista Gustavo Ribeiro provocou o encaminhamento de um “agravo” à CE do SJPDF.

O que está em jogo?

Apenas algumas semanas depois do escândalo provocado pelas revelações de ações criminosas do tablóide “News of the World” na Inglaterra, o tipo de jornalismo reiteradamente praticado pela revista Veja acende uma perigosa luz amarela no campo da comunicação.

O Grupo Abril, ao qual pertence a revista Veja, criou recentemente o IAEJ – Instituto de Altos Estudos em Jornalismo que, em parceria com a ESPM, oferece o Curso de Pós-Graduação com Ênfase em Direção Editorial “um programa sem precedentes no Brasil, (que) tem a ambição de contribuir para a melhoria da imprensa no país” (cf. http://www.espm.br/Candidato/Cursos/SP/ ... orial.aspx ).

Por óbvio, matérias como as referidas acima não são publicadas sem o conhecimento da direção da revista e, portanto, não são de responsabilidade apenas dos jornalistas envolvidos. Trata-se de uma determinada visão de jornalismo e de seu papel que confrontam toda a retórica liberal sobre a liberdade de imprensa na democracia.

Está na hora das organizações sindicais darem o primeiro passo e aplicarem exemplarmente o Código de Ética da profissão se pretendem zelar pela dignidade profissional mínima que sustente a credibilidade dos jornalistas.

E está mais do que na hora dos próprios empresários de mídia e do Estado brasileiro dialogar sobre a inadiável necessidade de uma ampla e democrática regulação do setor. Não dá mais para “fazer de conta” que no Brasil é diferente do resto do mundo e que aqui a mídia será sempre um poder acima de todos os outros.

A ver.

Professor Titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Regulação das Comunicações – História, poder e direitos, Editora Paulus, 2011.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#588 Mensagem por Sempre Alerta » 03 Set 2011, 11:06

Jornalismo investigativo e declaratório, por Caco Barcelos

Por Assis Ribeiro

O preconceito de classe da imprensa e da Justiça. A aula do Caco
O incomparável repórter Caco Barcellos, da Globo, participou do Seminário “Poder Judiciário e Imprensa”, promovido pela Escola de Magistratura da Justiça Federal da Terceira Região.
Caco deu uma aula magna.
Aqui se tenta reproduzí-la de forma não literal.
Há uma diferença essencial entre o jornalismo “investigativo” e o jornalismo “declaratório”, começou Caco.
O investigativo é o do repórter ativo, com luz própria, que investiga antes de a informação se tornar pública.
Que ouve os envolvidos e, a partir das declarações, começa a investigar, confrontar a declaração com os fatos que apurou.
Declaratório é o jornalismo praticado na maioria das redações brasileiras.
Basta uma fonte da área publica ou privada e isso, por si só, se torna uma notícia.
(Frequentemente, a fonte é anônima – PHA.)
Ao ouvir o “outro lado”, o que esse jornalismo declaratório consegue, na melhor das hipóteses é criar uma polêmica.
E se as duas declarações contiverem mentiras ?
Como agir ?
Investigar depois de colher as declarações.
Caco deu dois exemplos desastrosos de jornalismo declaratório.
Um ocorreu no lado direito do espectro político e outro, no lado esquerdo.
No lado direito, o impeachment do Presidente Collor se iniciou na imprensa com a entrevista de um irmão ressentido.
A imprensa não provou uma linha do que ele disse.
Collor sofreu uma punição política, mas não se provou nada contra ele.
A denúncia judicial e a denúncia de imprensa devem ter sido, portanto, incompetentes.
No lado esquerdo, se fala de um mensalão.
A partir de uma declaração de um deputado advogado criminalista que disse existir um mensalão.
Cadê a prova ?
A imprensa não conseguiu produzir uma prova de que havia um mensalão.
(Ou como diz o Mino Carta, o mensalão ainda está por provar-se – PHA).
É no que dá o jornalismo “declaratório”.
Caco, em seguida, falou do preconceito de classe na Justiça e na imprensa.
Por exemplo, quando se denúncia corruptos e não se identifica, nunca, os corruptores.
(Quem corrompia o PC Farias ? Quem botava grana no valeriodantas ?– pergunta este ansioso blogueiro ao PiG (*). Ele sabe resposta …)
No Brasil existe o que se chama na linguagem policial – e da imprensa policial – o “auto de resistência”, explicou Caco.
É como se registra a morte de um civil que teoricamente entrou em confronto armado com a polícia.
Um em cada cinco mortos em São Paulo, numa pesquisa do Caco, morreu em “auto de resistência”, em tiroteio com policiais.
Outra maneira de se nomear os atos que resultam em autos de resistência, diz Caco, seria usar a expressão “esquadrão da morte” – que todo brasileiro conhece.
A imprensa esconde os autos de resistência das estatísticas.
E as vítimas também.
Num levantamento que o Caco fez, de 4 mil e 200 vítimas da Policia de São Paulo, três eram de classe média.
Todos os outros, trabalhadores de São Paulo.
Nos últimos anos, no Rio, houve 5 mil mortes nas mesmas circunstâncias.
20% das mortes no Grande Rio são autos de resistência.
Os autores dos autos de resistência são provavelmente os autores da morte da Juíza de Niterói.
Caco desafiou a plateia:
Dê o nome de uma única vitima de um auto de resistência.
Dê o nome de um dos 5 mil.
Estamos diante de uma manifestação de preconceito de classe, disse Caco.
O regime militar que tanto lamentamos matou 400 pessoas.
Em quatro meses, no Rio, as tropas de elite mataram 500 pessoas.
E ninguém sabe quem morreu.
Dê o nome de um único morto.
Você não verá na imprensa nem na Justiça.
(Aplausos !)

Em tempo: Caco contou que um Juiz se ofereceu para lhe dar uma informação em off. Dessas informações tão comuns na imprensa brasileira: quando alguém destrói o caráter de outro, sem sujar as mãos. O Juiz disse que a Juíza ia aos presídios de Niterói para ter relações sexuais com presos. Caco perguntou, também em voz baixa, no ouvido do Juiz: e ela gozava ?

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... o-barcelos

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#589 Mensagem por Carnage » 07 Set 2011, 01:22

http://www.esmaelmorais.com.br/?p=57730
Chefe de gabinete de Gleisi acusa revista Época usar métodos “murdochianos”
5 de setembro de 2011 - 15:23 -


Carlos Carboni, chefe de gabinete da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, distribuiu uma nota de esclarecimento nesta segunda-feira (5) contestando reportagem da revista Época.

Carboni disse que um repórter da revista se fez passar por um suposto cliente, de São Paulo, interessado em contratar a empresa da esposa dele, Lucimar Carboni, mas teria sido informado que as atividades de consultoria estavam sendo encerradas.

“Curiosamente, a revista ocultou tal relato. Somente após a ligação soubemos que se tratava de alguém que telefonava da redação da revista Época, após checagem do número”, reclamou.

O chefe de gabinete considerou o método da revista pouco transparente na apuração das informações, que fere a ética jornalística. “Por que o repórter não se identificou corretamente? E, já que agiu assim, por que não considerou as informações que lhe foram dadas?”, questionou.

Carboni compara os métodos da Época aos usado pelo magnata Rudolf Murdoch, dono do extinto jornal britânico News of the World, que grampeava políticos e personalidades para obter informações privilegiadas e sensacionalistas.

“Nota de Esclarecimento


Neste final de semana, a revista Época trouxe uma matéria relatando que minha mulher, Lucimar Carboni, possui uma consultoria que atende prefeituras do Paraná e que, por eu estar na chefia de Gabinete da Casa Civil, teria facilidade de fechar contratos com as prefeituras.

Lucimar de fato abriu uma consultoria no ano de 2007. Ela tem experiência em administração municipal e prestava serviços de assessoria técnica para prefeitos interessados em elaboração e acompanhamento de projetos. Nesses quatro anos, atendeu seis prefeituras, todas através de processo licitatório, recebendo, em média, por mês, $ 2.500,00 por contrato. Três prefeituras já tiveram seus contratos encerrados e as outras três estão em processo de encerramento.

Quando a então senadora Gleisi Hoffmann convidou-me a trabalhar com ela, recomendou que Lucimar encerrasse a consultoria, o que de fato está sendo feito. Desde então, a empresa não fechou contrato com nenhuma prefeitura. A consultoria está em processo de encerramento.

Essas informações foram passadas à revista Época. Eu informei a eles por escrito. Lamentavelmente, desconsideraram as informações, apenas registrando minha resposta de maneira burocrática, e publicaram reportagem com insinuações irresponsáveis, sem qualquer indício de irregularidade que sustentasse a matéria.

É importante registrar que o repórter da revista ligou para Lucimar, fazendo-se passar por funcionário de uma prefeitura de São Paulo, interessado em contratá-la.

Na ocasião, foi informado de que ela estava de mudança para Brasília, que a empresa seria fechada e que, portanto, não poderia aceitar um novo contrato. Curiosamente, a revista ocultou tal relato. Somente após a ligação soubemos que se tratava de alguém que telefonava da redação da revista Época, após checagem do número.

Considero este um método pouco transparente de apurar informações, que fere a ética jornalística. Por que o repórter não se identificou corretamente? E, já que agiu assim, por que não considerou as informações que lhe foram dadas?

Acho importante prestar estes esclarecimentos. Não temos nada a esconder. E, repito: não há fato na matéria que demonstre que praticamos irregularidade.

Att,
Carlos Carboni“

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#590 Mensagem por Carnage » 07 Set 2011, 19:36

http://blogdoalok.blogspot.com/2011/09/ ... a-uma.html
Como funciona a velha imprensa: uma experiência pessoal.
Blog do Alok


No sábado, 3 de setembro, foi publicada no Globo Online uma matéria repercutindo o debate sobre a regulação da mídia, um dos temas mais importantes discutidos durante o Congresso do PT.

Motivados pelos recentes acontecimentos no Hotel Naoum, em Brasília, quando repórter da revista Veja tentou invadir o quarto aonde estava hospedado o ex-deputado José Dirceu, a questão da regulação se tornou tema central na agenda dos delegados e militantes do partido.

Pois bem. A referida matéria anunciava a intenção do partido em tratar do assunto e tomava a opinião da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, sobre a postura do governo em relação a esta renovada disposição do PT em colocar a questão em pauta. Entretanto, em momento nenhum, a matéria se referiu à tentativa de invasão do quarto do hotel. Mencionou apenas a “reportagem” publicada pela Veja contra José Dirceu, relacionada às atividades do ex-ministro da Casa Civil no governo Lula. É o que se lê no texto, aqui reproduzido:

"Para Ideli, o momento é oportuno para se reabrir esse debate sobre o marco regulatório da mídia.
- Ainda mais diante de episódios que levantam dúvidas entre a liberdade de imprensa e a espionagem. Não podemos admitir espionagem política - observou a ministra, sem citar diretamente a reportagem da revista "Veja" que denunciou o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu de estar tentando desestabilizar o governo de Dilma Rousseff."

Aqui a matéria completa: http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/0 ... ivel-gov...

Decidi então enviar um e-mail à jornalista autora da matéria, observando que o texto, tal como foi escrito, induz o leitor a pensar que a motivação da ministra e do PT nada mais era que mera retaliação a matéria desfavorável publicada pela Veja. Não havia, na matéria do Globo Online, nenhuma linha que explicasse ao leitor que Ideli, na verdade, estava se referindo à tentativa de invasão do quarto de José Dirceu, no Hotel Naoum, no dia 24 de agosto, pelo repórter Gustavo Ribeiro. Não é pouca coisa. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de Brasília e há suspeitas de que o repórter plantou uma câmera escondida no corredor do hotel.

Solicitei ao Globo, portanto, que o texto fosse revisado e alterado no site para, justamente, incluir os fatos relativos à tentativa de invasão e, assim, dar ao leitor o verdadeiro sentido da declaração da ministra. Em vão. No fim das contas, fui tratado como se, ao invés de um cidadão em busca do meu direito de ser bem informado, como um assessor do PT interessado em brigar com a notícia.

Segue abaixo, o diálogo travado entre mim e a repórter Adriana Vasconcelos, de O Globo, responsável pelo texto:
--- mensagem original ---
De: Dario Achkar
Assunto: Marco Regulatório da Mídia, Veja x Dirceu, Ideli, etc..
Data: 3 de Setembro de 2011
Hora: 18:33:38

Prezada Adriana,
com referencia a matéria publicada hoje no Globo online, http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/0 ... ivel-gov...
a ministra Ideli se referiu a espionagem política não pela matéria da Veja sobre José Dirceu, mas sobre a tentativa do seu repórter de invadir o apartamento do hotel, o que aliás, não é mencionado em parte alguma da sua matéria. Colocado da forma em que está na sua matéria, fica parecendo que é mera retaliação do governo e do PT a matéria desfavorável publicada pela revista.

Alguma chance em corrigir o equívoco?

Att,

Dario
Ao que obtive a seguinte resposta:
De: Adriana Vasconcelos - Redação Suc BSB - O GLOBO
Data: 3 de setembro de 2011 20:56
Para: Dario Achkar

Dario,
Só agora vi sua msg, mas qdo me refiro à reportagem da Veja, penso que está clara a referência do episódio relatado pelo ex-deputado José Dirceu em seu blog.
Um abraço
Adriana
Não satisfeito com a resposta, insisti:
----------
De: Dario Achkar
Data: 4 de setembro de 2011 12:28
Para: Adriana Vasconcelos - Redação Suc BSB - O GLOBO

Prezada Adriana,

este é o ponto. Não está clara a referência, uma vez que o episódio foi sequer mencionado na matéria, e a grande maioria dos leitores quase não teve acesso a notícia, pois a mesma quase não foi repercutida na grande imprensa. E quando foi, ficou restrita a notas de rodapé. E de fato, colocado como está. fica parecendo mera retaliação do governo a matéria desfavorável a um membro do PT. Não soa estranho que a real motivação do debate não figure na matéria, cabendo ao leitor supor então qual teria sido a real motivação do debate?

att,

Dario
Ao que se seguiram duas titubeantes respostas em sequência:
----------
De: Adriana Vasconcelos - Redação Suc BSB - O GLOBO
Data: 4 de setembro de 2011 12:56
Para: Dario Achkar

Vou encaminhar seu email para a direção do Online. ok?
----------
De: Adriana Vasconcelos - Redação Suc BSB - O GLOBO
Data: 4 de setembro de 2011 12:58
Para: Dario Achkar

Mas antes de mandar, gostaria que vc se identificasse. Por acaso é assessor da ministra Ideli? Quais são os seus contatos?
Respondi:
----------
De: Dario Achkar
Data: 4 de setembro de 2011 13:05
Para: Adriana Vasconcelos - Redação Suc BSB - O GLOBO

Adriana,

Meu nome é Dario Achkar Petrillo, tenho 52 anos, moro na zona rural do DF, sou pequeno produtor rural, não sou filiado a nenhum partido, não tenho cargos no governo, bem como ninguém da minha família. Caso seja necessário outras informações, tais como telefone, CPF ou outras, posso também disponibilizar estas infos.

grato pela atenção,

Dario
Eis que então a brilhante jornalista me sai com esta pérola:
----------
De: Adriana Vasconcelos - Redação Suc BSB - O GLOBO
Data: 4 de setembro de 2011 13:45
Para: Dario Achkar

Dario,
Se a ministra não reclamou, porque eu teria de alterar o texto? Vc mesmo não teve dúvida sobre o que a ministra se referia, sinceramente acho que os outros leitores tb.
Att.
Ao que obviamente respondi:
----------
De: Dario Achkar
Data: 4 de setembro de 2011 14:03
Para: Adriana Vasconcelos - Redação Suc BSB - O GLOBO

A ministra, assim como eu, faz parte de uma minoria que tem acompanhado com atenção o desenrolar do imbróglio. A matéria deveria considerar que a grande maioria dos leitores não teve acesso a toda a informação, uma vez que ela mal foi divulgada na grande imprensa. Não é curioso que um fato de tamanha relevância seja sequer mencionado numa matéria aonde a questão da tentativa de invasão era o tema central ao qual a ministra se referia?

Volto a reafirmar, da forma como foi colocado, fica parecendo que a motivação da ministra e dos delegados do partido é mera retaliação a matéria desfavorável, publicada pela revista. Não te parece?

att,

Dario
E assim, fui brindado com sua resposta final:
----------
De: Adriana Vasconcelos - Redação Suc BSB - O GLOBO
Data: 4 de setembro de 2011 15:02
Para: Dario Achkar

Respeito sua opinião, mas a minha é diferente da sua.
É mole???

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#591 Mensagem por Carnage » 07 Set 2011, 20:00

http://www.cartacapital.com.br/politica ... terditados
#interditados
Leandro Fortes 7 de setembro de 2011 às 19:13h


As relações arcaicas que ainda prevalecem nas redações brasileiras, sobretudo naquelas ancoradas nos oligopólios familiares de mídia, revelam um terrível processo de adaptação às novas tecnologias no qual, embora as empresas usufruam largamente de suas interfaces comerciais, estabeleceu-se um padrão de interdição ideológica dos jornalistas. Isso significa que a adequação de rotinas e produtos da mídia ao que há de mais moderno e inovador no mercado de informática tem, simplesmente, servido para coibir e neutralizar a natureza política da atividade jornalística no Brasil.

Baseados na falsa noção de que o jornalista deve ser isento, as grandes empresas de comunicação criaram normas internas cada vez mais rígidas para impedir a livre manifestação nas redes sociais e, assim, evitar o vazamento do clima sufocante e autoritário que por muitas vezes permeia o universo trabalhista da mídia. Em suma, a opinião dos jornalistas e, por analogia, sua função crítica social, está sendo interditada.

Recentemente, a ombudsman da Folha de S.Paulo, Suzana Singer, opinou que jornalista não deveria ter Twitter pessoal. Usou como argumento o fato de que, ao tuitar algo “ofensivo”, o jornalista corre o risco de, mais para frente, ter que entrevistar o ofendido. A preocupação da ombudsman tem certa legitimidade funcional, mas é um desses absurdos sobre os quais me sinto obrigado a, de vez em quando, me debruçar, nem que seja para garantir o mínimo de dissociação entre a profissão, que tem caráter universal, e os guetos corporativos onde, desde os anos 1980, um sem número de manuais de redação passaram a ditar todo tipo de norma, inclusive comportamental, sobretudo para os repórteres.

Suzana Singer deu um exemplo prosaico, desses com enorme potencial para servir de case em cursinhos de formação de monstrinhos corporativos que pululam nas redações:

“Hoje o jornalista pode estar em um churrasco, com os amigos, e ser ofensivo com os palmeirenses porque eles ganharam o jogo de domingo. E na semana seguinte ele tem que ir entrevistar o presidente do Palmeiras. Ou seja, é uma situação muito desagradável, que poderia ter sido evitada se o repórter tivesse a postura adequada de não misturar as coisas. Não tem como ter dupla personalidade, separar a sua vida pessoal da profissional, assim como não dá para ter duas contas no Twitter”.

Bom, primeiro é preciso esclarecer duas coisas, principalmente para os leitores desse blog que não são jornalistas: é possível, sim, separar a vida pessoal da profissional; e, claro, dá para ter duas contas no Twitter. Essa história de que jornalista tem que ser jornalista 24 horas é a base do sistema de exploração trabalhista que obriga repórteres, em todo o Brasil, a trabalhar sem hora extra, ser incomodado nas férias e interrompido nos fins de semana, como se fossem cirurgiões de guerra. Também é responsável, na outra ponta, por estimular jornalistas que se tornam escravos de si mesmo, ao ponto de, mesmo em festas de crianças e batizados de bonecas, passarem todo tempo molestando alguma fonte infeliz que calhou de frequentar o mesmo espaço.

A interdição imposta aos jornalistas pelas empresas de comunicação tem servido, entre outras coisas, para a despolitização das novas gerações de repórteres, instadas a acreditar que são meros repassadores de notícias e tarefeiros de redações. Desse triste amálgama é que surgem esses monstrinhos entusiasmados com teses fascistas, bajuladoras profissionais e bestas-feras arremessados sobre o cotidiano como cães raivosos, com carta branca para fazer, literalmente, qualquer coisa.

Não causa mais estranheza, mas é sempre bom expor o paradoxo dessa posição da ombudsman, que não é só dela, mas do sistema na qual ela está inevitavelmente inserida, desde que o pensamento reacionário e de direita passou a ser bússola fundamental da imprensa brasileira. Digo paradoxo porque o mesmo patronato que confunde, deliberadamente, liberdade de expressão com liberdade de imprensa, para evitar a regulação formal da atividade midiática, é esse que baixa norma sobre norma para impedir seus funcionários de se manifestarem no ambiente de total liberdade das redes sociais, notadamente o Twitter e o Facebook. Não o fazem, contudo, por zelo profissional.

Na campanha, jornalistas me informaram que seriam demitidos sumariamente se contestassem, no Twitter e no Facebook, a tese patética do segundo ataque com um rolo de fita crepe contra José Serra (PSDB).

Essa interdição visa, basicamente, evitar que os jornalistas opinem, publicamente, sobre a própria rotina e, assim, exponham as mazelas internas das corporações de mídia. Ou que expressem opiniões contrárias à de seus patrões.

Foi assim, por exemplo, no caso da bolinha de papel na cabeça de José Serra, na campanha de 2010. Aquela farsa ridícula foi encampada, sem nenhum respeito ao cidadão consumidor de notícia, por quase toda a imprensa, por imposição editorial. Diversos colegas jornalistas, alguns que nem sequer conheço, me mandaram mensagens (um me abordou numa livraria de Brasília) implorando para que eu tratasse do assunto nas redes sociais. Todos me informaram que seriam demitidos sumariamente se contestassem, no Twitter e no Facebook, a tese patética do segundo ataque com um rolo de fita crepe. Todos, sem exceção.

A ética do jornalista é a ética do cidadão, dizia um grande jornalista brasileiro, Cláudio Abramo, aliás, responsável pela modernização de O Estado de S.Paulo e da Folha, nos anos 1960 e 1970. Portanto, nada mais natural que tenha o jornalista os mesmos direitos do cidadão, aí incluído o de se expressar. Impedi-lo, sob um argumento funcional, de exercer seu direito de opinião e crítica é, no fim das contas, mais um desses sinais de decadência moral da mídia brasileira. E, claro, retrato fiel do que ela se tornou nos últimos anos.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#592 Mensagem por Carnage » 15 Set 2011, 23:28

http://www.cartacapital.com.br/politica ... bilaterais
Equívocos bilaterais
Mauricio Dias 9 de setembro de 2011 às 10:36h


Só os inconsequentes de esquerda, incluídos também nesse rol os espíritos aflitos equivocados, defendem a censura à imprensa. Analogamente, os inconsequentes de direita e, igualmente, os espíritos aflitos desse lado tentam interditar o debate sobre o marco regulatório, tão necessário e já tão tardio.

Essa me parece ser uma epígrafe inevitável, por circunstâncias históricas do País, quando se trata de debater a imprensa tendo em vista a proposta de regulação do setor de volta à pauta, empurrado pela resolução aprovada no IV Congresso do Partido dos Trabalhadores.

O tema ganhou força no PT a partir da reportagem de Veja sobre o ex-deputado José Dirceu, importante e influente líder do partido. Em certas passagens a revista atropela a ética criminosamente. O problema conta, agora, com o silêncio constrangedor da mídia.

A proposta do PT: o erro é acreditar em jornalismo objetivo. Foto: Rennato Testa

A proposta do PT de criação de um marco regulatório é inspirada pela emoção, mas também pela razão, embora, às vezes, se guiem pelo desconhecimento da profissão e da natureza especial das empresas jornalísticas. Como não decifram melhor o tema são, às vezes, devoradas por ele. É possível retirar exemplos da moção aprovada no Congresso do PT, em que se resgata o mito da objetividade e da isenção na informação.

Este colunista tem, nos arquivos, os títulos dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo, de 13 de janeiro de 2008, sobre a reabertura do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Ei-los:

O Globo: “Masp reabre com mais polícia do que público”.

Folha: “Na reabertura do Masp, sobra público e falta segurança”.

Dois repórteres e um fato. É o bastante. A objetividade foi para a cucuia. Equívocos sobre jornalismo prosperam como capim-gordura.

O debate que se abre agora traz à memória uma confusão incluída na soterrada intenção da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), de criação de um Conselho Federal de Jornalismo. Atacada em geral pelos méritos, tinha vícios como o do artigo 1º, que tentava definir o que lhe parecia ser a atividade profissional: “De natureza social e finalidade pública”. Ou seja, a propagação do sacerdócio amador na iniciativa privada. Um tiro no profissionalismo a favor do princípio de que a imprensa é isenta, objetiva e imparcial tão ao gosto dos barões do setor.

Em palestra na Univerdade Federal do Rio de Janeiro, em 2009, o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos identificou um dos dilemas que perturbam o jornalismo no País e oscila entre o dever profissional de difundir notícias e análises e o papel político que exerce, “na medida em que forma opinião, agenda demandas e, eventualmente, beneficia ou cria obstáculos para governos”.

“A imprensa brasileira não tolera a ideia de governos independentes, autônomos em relação às suas campanhas. Isso implica um caminho de duas mãos. Significa que ela terá de sobreviver sem os governos. Então, é preciso que os governos precisem dela”, diz.

O núcleo da proposta do PT trata do que chama de “novo ambiente” do setor com o surgimento de novas mídias, a reestruturação das telecomunicações e da radiodifusão, além do choque “econômico e político” entre as telefônicas e as televisões.

Assim é possível entender melhor o porquê da propagação de que há no País ameaça à liberdade de imprensa em razão do debate do marco regulatório que o Congresso, cedo ou tarde, vai discutir.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... leal-filho
Internet assusta os poderosos

Por Laurindo Lalo Leal Filho


Numa noite de sábado o Jornal Nacional surpreendeu os telespectadores. Depois de um intervalo comercial, os apresentadores titulares do programa (que geralmente não trabalham aos sábados) passaram a ler o princípios editoriais das Organizações Globo. Muita gente ficou intrigada. Porque aquilo naquela hora? Não havia mais nenhuma notícia importante no mundo a ser dada? E porque só agora, depois de 86 anos de existência, a empresa resolveu divulgar na TV suas normas de trabalho?

Milhões de telespectadores em todo o Brasil ficaram sem respostas. Só quem tem acesso à internet soube do que se tratava. A explicação para o inusitado texto lido no Jornal Nacional estava no blogue “O Escrevinhador”, de Rodrigo Vianna. Nele eram reproduzidas informações de um jornalista da Globo sobre como a emissora pretendia cobrir a indicação do embaixador Celso Amorim para o Ministério da Defesa.

Durante os oito anos do governo Lula em que esteve à frente do Ministério das Relações Exteriores, Amorim sempre foi visto com desagrado pelas Organizações Globo. A empresa não engolia as posições do ministro em defesa da soberania nacional, principalmente quando elas não coincidiam com os interesses dos Estados Unidos.

A volta de Amorim ao primeiro escalão do governo foi uma afronta para a Globo. Segundo o jornalista mencionado no blogue a orientação da empresa era clara: “os pauteiros devem buscar entrevistados para o Jornal Nacional, Jornal da Globo e Bom dia Brasil que comprovem a tese de que a escolha de Celso Amorim vai gerar ‘turbulência’ no meio militar. Os repórteres já recebem a pauta assim, direcionada: o texto final das reportagens deve seguir essa linha. Não há escolha”.

Pena que só internautas atentos ficaram sabendo disso. Jornais e revistas não repercutiram o assunto e muita gente acabou achando que, finalmente, a Globo havia tomado a iniciativa magnânima de expor à sociedade seus princípios editoriais partindo de vontade própria.

Mas mesmo atingindo um público relativamente muito menor do que o da televisão, a internet prestou um bom serviço à sociedade. Inibiu um pouco a ação nefasta armada contra o novo ministro e mostrou que a poderosa organização não consegue mais fingir que denúncias e criticas não a atingem. A Globo sentiu o golpe e tentou responder recorrendo a princípios por ela violados várias vezes ao longo de sua história.

Esperava-se uma mudança de conduta a partir daquele momento. Não foi o que ocorreu. Na mesma edição a apresentadora do Jornal Nacional disse o seguinte: “está foragida a merendeira que pôs veneno de rato na comida de crianças e professores numa escola pública de Porto Alegre”, mostrando uma foto da moça de 23 anos.

Poderia até ser verdade, mas o Jornal Nacional baseava-se apenas numa versão da policia, negada pela acusada. Seu advogado havia divulgado a palavra dela, através da Rádio Guaíba, oito horas antes do JN ir ao ar. Mas para não perder uma notícia espetacular – envenenamento de crianças – nada disso foi levado em conta. Nem os tais princípios editoriais.

Se não fosse outra vez a internet, fatos como esse não estariam sendo contados aqui em detalhes. Foi o blogue do Mello que registrou a violação dos princípios editorais da Globo, na mesma edição em que eles foram divulgados, acompanhados da gravação do desmentido da merendeira feito através do rádio.

Dessa forma vão sendo levantados os véus de interesses que recobrem o noticiário divulgado por grandes meios de comunicação, não só no Brasil mas em várias outras partes do mundo. Parece ser um caminho sem volta.

A medida em que um número maior de pessoas vai tendo acesso à internet, fica cada vez mais difícil para os meios tradicionais de comunicação realizar desvios desse tipo.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#593 Mensagem por Carnage » 20 Set 2011, 23:15

http://www.blogcidadania.com.br/2011/09 ... tupidos-2/
Ato Contra Corrupção da Mídia: era a divulgação, estúpidos!

Posted by eduguim on 19/09/11 • Categorized as Reportagem


Escrevo tardiamente sobre o Ato Público Contra a Corrupção da Mídia que o Movimento dos Sem Mídia levou à rua no último sábado. Essa, como todos sabem agora, foi a primeira manifestação que o MSM promoveu da qual não pude participar e com a qual não pude colaborar arregimentando apoios e incentivando adesões até de outros movimentos simplesmente porque estava participando de uma convenção em um país que tem duas horas a menos do que o nosso de fuso horário, o que me obrigou a militar na internet por ela só nas primeiras horas da manhã e nas madrugadas.

Na volta ao Brasil, tive uma viagem conturbada. A companhia aérea me fez de gato e sapato. Nem gastarei o tempo do leitor com isso, mas só quero informar que fiquei cerca de 30 horas sem dormir e, assim, escrevi aquele post rápido, ontem, sem nem saber o resultado real da manifestação, da qual não participei porque fiquei em lista de espera da companhia aérea e esta não me conseguiu uma passagem de volta que me permitisse chegar a tempo ao Brasil.

Escrevi e fui dormir e só despertei por umas duas horas no fim da noite de domingo, quando encontrei um movimento impressionante de agressões de militantes tucanos e demos no Twitter desqualificando a manifestação, cometendo seguidos crimes de calúnia, injúria e difamação pessoais a este blogueiro e difundindo versões distorcidas sobre o ato. Naquele momento, como o ataque foi feito publicamente, uma pessoa com experiência em crimes na internet passou-me informações sobre envolvimento de alguns dos agressores em possíveis crimes que já estão sendo apurados, além daqueles cometidos não só contra mim, mas contra o Movimento dos Sem Mídia e todos os que se manifestaram no sábado no Masp.

Diante de tudo isso, a pessoa que me contatou orientou-me a documentar todos os crimes de calúnia e difamação cometidos, o que me gastou tempo para copiar ataques de umas duas dezenas de pessoas e uma meia dúzia de blogs de extrema-direita, alguns deles envolvidos na criação da ficha falsa de Dilma Roussef que o jornal Folha de São Paulo publicou em sua primeira página após tê-la recebido por e-mail de dois desses blogs. Aliás, vale dizer que são blogs anônimos, sediados no exterior na pretensão de não poderem ser facilmente identificados.

A parte não criminal dessas ações da extrema-direita foi a divulgação de versões distorcidas sobre o ato, que, devo reconhecer, valeram-se da necessidade que tive de divulgar a manifestação pelas redes sociais e por este blog. Ao fazer isso, evidentemente que tinha que me pautar pelo que dizia a convocação do ato pelo Facebook. Para quem não conhece, a rede social permite que você crie um evento ao qual as pessoas podem aderir. Você pode perguntar se irão comparecer e elas podem optar por responder se irão, se não irão ou se talvez poderão ir.

Como cerca de 1.400 pessoas disseram que compareceriam e, segundo avaliação da polícia militar, o comparecimento foi de cerca de 100 pessoas, evidentemente que os militantes de extrema-direita se aproveitaram do fato para carimbá-lo como “um fracasso”. É óbvio, porém, que este blogueiro não poderia incentivar um ato público dizendo que, apesar de mais de mil pessoas prometerem presença, o provável é que não se chegaria a esse número. Mas a experiência mostra que todos os atos convocados pelo Facebook, nos últimos tempos, prometem uma presença mais massiva que acaba resultando no comparecimento de uma pequena fração dos que se comprometeram.

No Churrascão da Gente Diferenciada, que ocorreu em maio deste ano diante do Shopping Higienópolis, em São Paulo, para protestar contra moradores do bairro que queriam impedir ali a construção de uma estação de metro para não atrair para lá “gente diferenciada”, a avaliação da Polícia Militar foi a de que compareceram 600 pessoas apesar de mais de 50 mil terem dito que compareceriam. E aquele ato foi repercutido intensamente por toda mídia durante dias e dias antes de acontecer.

Como se sabe, essas avaliações sobre presença feitas pela Polícia Militar são sempre bastante conservadoras, mas, justiça seja feita, mesmo na manifestação que ocorreu no mesmo Masp em que os sem-mídia nos manifestamos no sábado, só que no dia 7 de setembro, e que fez parte dos movimentos “contra a corrupção” que a grande mídia vem divulgando com todo seu peso, a avaliação do jornal O Estado de São Paulo foi a de que tal ato, apesar de no Facebook ter recebido a adesão de mais de 10 mil pessoas, só reuniu 500 pessoas. Desta maneira, vamos nos pautar, sempre, pelas avaliações da Polícia.

Ora, parece-me ponto pacífico a premissa de que a mídia vem dando suporte publicitário aos atos “contra a corrupção” que estão sendo feitos em diversas capitais e que, com exceção do ato de 7 de setembro em Brasília, constituíram-se em ataques político-partidários contra o PT, contra o governo do ex-presidente Lula e contra o governo Dilma Rousseff. Os jornais Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, O Globo e as revistas Veja e Época, a rádio CBN e a tevê à cabo Globo News são apenas alguns dos muitos veículos da grande imprensa que se transformaram em veiculadores desse “movimento espontâneo” que conta com tanta generosidade da mídia.

Detalhe: quem quiser saber quem está por trás desse movimento midiático, pode obter detalhes sobre ele no excelente site Curso Básico de Jornalismo Manipulativo, que pode ser acessado clicando aqui. A matéria deixa muito claro o envolvimento de políticos do PSDB e do DEM e de meios de comunicação como os supra mencionados na organização, na divulgação e, segundo informações preliminares, talvez até no financiamento desses movimentos.

Em contrapartida, o Ato de sábado passado, convocado pelo Movimento dos Sem Mídia e pelos companheiros Marcia Brasil e Adolfo Fernandez, da entidade “Mav”, foi divulgado exclusivamente através deste blog e recebeu divulgação de outros blogs e sites de expressão só dois ou três dias antes de acontecer. O site Viomundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha, o Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, o portal Vermelho, o blog do Altamiro Borges, a Rede Brasil Atual e blogs independentes ajudaram bastante, mas os mais importantes chegaram tarde, até por culpa minha…

Na opinião deste blogueiro, quem deveria estar preocupado não é o Movimento dos Sem Mídia, portanto, mas a grande mídia, que, em São Paulo – e só se pode comparar um ato no Masp e em São Paulo com outro ato no mesmo local, como o que ocorreu no 7 de setembro – só conseguiu pôr na rua cinco vezes mais pessoas que um bloguinho de esquerda editado por um representante comercial .

Repito: o ato do MSM no Masp, em São Paulo, no sábado reuniu 100 pessoas e o de 7 de setembro “contra a corrupção”, convocado pela mídia e que ocorreu no mesmo local, reuniu 500. Parece-me que o último ato foi muito bem, então.

Até porque, o principal objetivo foi atingido. Após os blogs e sites supra mencionados terem noticiado tardiamente até por falha deste blogueiro, que não os comunicou por estar envolvido com a própria viagem ao exterior, posteriormente a divulgação ocorreu na grande mídia e ultrapassou a expectativa. O ato foi noticiado pela Agência Brasil e a matéria foi repercutida pela Folha.com, pelo portal Terra, pela revista Carta Capital e por várias tevês, rádios e sites menores, mas de boa audiência. Abaixo, reproduzo as matérias desses veículos sobre o ato do MSM. Para ler, clique no link acima de cada imagem.

Agência Brasil – PARA LER A MATÉRIA, CLIQUE AQUI
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia ... I.facebook


Carta CapitaL – PARA LER A MATÉRIA, CLIQUE AQUI
http://www.cartacapital.com.br/sociedad ... M.facebook


Folha.com – PARA LER A MATÉRIA, CLIQUE AQUI
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ ... acao.shtml
—–

Terra – PARA LER A MATÉRIA, CLIQUE AQUI
http://noticias.terra.com.br/brasil/not ... cacao.html

O fato é que o ato do MSM, convocado de verdade apenas por este blog, colocou o debate na rua. Durante a manifestação, mais de dez mil panfletos foram distribuídos na avenida mais movimentada do Brasil, a avenida Paulista. A questão da democratização da comunicação entrou na agenda, saiu da blogosfera, onde estava confinada. Porque era preciso pôr esse assunto em pauta.

Após o ato, há entidades que já vinham fazendo fóruns e discussões sobre o assunto, como o excelente Intervozes, entre outras, com as quais o Movimento dos Sem Mídia, já na manhã desta segunda-feira, iniciou diálogos no sentido de produzirmos ações conjuntas para novos atos que atraiam maior público e que consigam visibilidade ainda maior.

O Movimento dos Sem Mídia já promoveu vários atos públicos. Em 2007, diante da Folha de São Paulo e diante da sede da Globo em São Paulo; em 2008, no Masp, pedindo o impeachment do ministro do STF Gilmar Mendes; em 2009, diante da mesma Folha, o ato da Ditabrabranda (de longe o melhor de todos, pois reuniu 500 pessoas e mais de vinte entidades); novamente diante da Folha ainda em 2009, para protestar contra matéria do jornal que acusou Lula de ser um maníaco sexual; e, por fim, o de sábado passado no Masp.

O ato de 2007 que gerou a criação do MSM e o ato contra a Ditabranda foram os melhores, foram um sucesso. Os outros, nem tanto, ou bem pouco. Mas todos foram válidos. O de sábado passado, imagino que foi o melhor de todos.

Abaixo, reproduzo vídeos do ato. Em seguida, as conclusões sobre o que já se constitui no primeiro movimento concreto da sociedade em prol do Marco Regulatório da Comunicação no Brasil.

http://www.youtube.com/watch?v=uVeo-Ed5 ... r_embedded

Como se vê, foi um ato politizado, com razões, argumentos e propostas. E quem pôs o tema para fora da internet foi o Movimento dos Sem Mídia em um momento em que os setores da sociedade que militam pelo Marco Regulatório das comunicações no Brasil vinham se resumindo a reclamar na internet, o que é pouco para pressionar o governo a enviar ao Congresso o projeto de lei que até já existe, mas que sem pressão da sociedade jamais será enviado.

Sendo assim, na qualidade de presidente do Movimento dos Sem Mídia comunico que estamos construindo, junto com outras entidades, novos atos públicos e uma intensa campanha com os fins supracitados, que, não duvidem nossos adversários, chegou à discussão pública – e às ruas – para ficar. Com efeito, meus caros leitores, o ato de sábado foi apenas um aperitivo do que está por vir.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#594 Mensagem por Carnage » 20 Set 2011, 23:16

Eu (é lógico) achei bastante interessante.
Aqui acho que a maioria não vai ligar...

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=18519
Vinte anos nas capas da 'Veja'
Selecionamos 123 capas da revista, de 1993 a 2010. Elas formam uma narrativa surpreendente, quase uma história em quadrinhos da história política do período. FHC é o presidente dos sonhos da publicação. Sério, compenetrado e trabalhador, fez uma gestão exemplar e não está para brincadeiras. O ex-metalúrgico, por sua vez, brinca a bola e é um demagogo que merece apenas um chute no traseiro.

Gilberto Maringoni

O presidente Lula sofreu impeachment em agosto de 2005. Quase ninguém se lembra dele. Era um trapalhão barrigudo, chefe de quadrilha e ignorante.

A história seria assim, se o mundo virtual da revista Veja fosse real. Selecionamos 123 capas da revista, de 1993 a 2010. Elas formam uma narrativa surpreendente, quase uma história em quadrinhos da história política do período. FHC é o presidente dos sonhos da publicação. Sério, compenetrado e trabalhador, fez uma gestão exemplar. O ex-metalúrgico, por sua vez, é um demagogo que merece apenas um chute no traseiro.

A visão de Veja é a visão da extrema direita brasileira. Tem uma tiragem de um milhão de exemplares e é lida por muita gente. Entre seus apreciadores está, surpreendentemente, o governo brasileiro. Este não se cansa de pagar caríssimas páginas de publicidade para uma publicação que o achincalha com um preconceito de classe raras vezes visto na imprensa.

Freud deve explicar. Clique no link abaixo para ver a sequência. Vale a pena.

http://www.cartamaior.com/capas_veja/

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#595 Mensagem por Gilmor » 21 Set 2011, 19:55

Carnage escreveu:Eu (é lógico) achei bastante interessante.
Aqui acho que a maioria não vai ligar...

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=18519
Vinte anos nas capas da 'Veja'
Selecionamos 123 capas da revista, de 1993 a 2010. Elas formam uma narrativa surpreendente, quase uma história em quadrinhos da história política do período. FHC é o presidente dos sonhos da publicação. Sério, compenetrado e trabalhador, fez uma gestão exemplar e não está para brincadeiras. O ex-metalúrgico, por sua vez, brinca a bola e é um demagogo que merece apenas um chute no traseiro.

Gilberto Maringoni

O presidente Lula sofreu impeachment em agosto de 2005. Quase ninguém se lembra dele. Era um trapalhão barrigudo, chefe de quadrilha e ignorante.

A história seria assim, se o mundo virtual da revista Veja fosse real. Selecionamos 123 capas da revista, de 1993 a 2010. Elas formam uma narrativa surpreendente, quase uma história em quadrinhos da história política do período. FHC é o presidente dos sonhos da publicação. Sério, compenetrado e trabalhador, fez uma gestão exemplar. O ex-metalúrgico, por sua vez, é um demagogo que merece apenas um chute no traseiro.

A visão de Veja é a visão da extrema direita brasileira. Tem uma tiragem de um milhão de exemplares e é lida por muita gente. Entre seus apreciadores está, surpreendentemente, o governo brasileiro. Este não se cansa de pagar caríssimas páginas de publicidade para uma publicação que o achincalha com um preconceito de classe raras vezes visto na imprensa.

Freud deve explicar. Clique no link abaixo para ver a sequência. Vale a pena.

http://www.cartamaior.com/capas_veja/

Em que pese a absoluta parcialidade, as capas da Veja são uma obra.

O arcabouço manipulatório da grande mídia só comprova a colossal incompetência dos tucanos,

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#596 Mensagem por Carnage » 25 Set 2011, 18:20

http://www.diretodaredacao.com/noticia/ ... a-imprensa
Afinal, o que quer a imprensa?

A maioria dos grandes meios de comunicação da América Latina está em conflito aberto com os presidentes eleitos de muitos países, trazendo à tona o debate sobre deveres, limites e responsabilidades da informação. Em nome de uma suposta liberdade de imprensa, os meios rejeitam qualquer tipo de regulamentação, sempre acusada de censura, e afirmam que já existem os canais de controle da sociedade sobre possíveis erros ou excessos cometidos pelos jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão.

Um destes caminhos seria a Justiça comum. Um cidadão, político, artista, jogador de futebol ou o que seja, teria a lei a seu lado para exigir reparações no caso de se sentir ofendido ou injustiçado. A situação não é tão simples assim, já que os danos que uma matéria mal apurada ou mal intencionada podem causar são, muitas vezes, irreparáveis. Ter o seu nome estampado nas páginas como ladrão, corrupto ou assassino é uma mancha difícil de apagar, mesmo que a Justiça venha a estabelecer alguma reparação, geralmente de caráter pecuniário. Os meios de comunicação não costumam se desculpar por seus erros e o que se resolve nos tribunais não merece grande espaço nos noticiários.

O recurso à Justiça foi a opção tomada pelo presidente do Equador, Rafael Correa, contra um artigo do jornalista Emilio Palacio, no jornal El Universo, no qual afirmava que o dirigente máximo do país teria ordenado "fogo à vontade contra um hospital cheio de civis e inocentes" durante a rebelião policial de setembro de 2010, quando o próprio Correa foi mantido por 12 horas como refém no mesmo hospital, cercado pelos revoltosos.

De vítima do que foi considerado tentativa de golpe de Estado e que valeu a Correa a solidariedade de vários presidentes latino-americanos e até de líderes conservadores mundiais, como o francês Nicolas Sarkozy, o presidente do Equador passou a "assassino de lesa humanidade", que, de acordo com o articulista do El Universo, poderia vir a ser processado por futuros presidentes.

Correa entrou com processo contra o jornal em março deste ano e, em julho, decisão de primeira instância condenou três diretores do jornal e o jornalista Emilio Palacio a três anos de prisão e multa de US$ 40 milhões por injúria. As duas partes recorreram. Os advogados de Correa consideraram a quantia insuficiente, pois o dano causado seria irreparável, já que o editorial ficaria nos anais da história, nas bibliotecas do país e do mundo e permanentemente na internet. Os advogados do jornal pediram nulidade do processo, considerando decisão incompleta por fixar multa mas não a responsabilidade penal da empresa.

Decisão de segunda instância, nesta semana, confirmou a condenação e o caso vai agora à Corte Nacional de Justiça. "Tudo isso foi muito duro mas necessário", afirmou Correa após a decisão. Seus advogados já tinham afirmado após a primeira decisão que pela primeira vez na história do país tinha sido eliminado o "direito ao insulto" e que qualquer cidadão seria capaz de exigir que sua honra fosse restaurada.

A história poderia ter sido diferente se o jornal tivesse provas de que Correa mandara abrir fogo contra o hospital, o que normalmente se exige do bom jornalismo. Depois, poderia ter sido mais responsável e evitado a publicação do texto diante da gravidade das acusações e da falta de sustentação do que era afirmado. Nada disso foi feito. Os gestores do jornal se eximiram da responsabilidade sobre o artigo e propuseram uma retificação escrita pelo próprio presidente, que a recusou, considerando a proposta um insulto à inteligência.

A decisão judicial pode levar ao fechamento do jornal, com muitos prejuízos envolvidos. Correa anunciou que não pretende ficar com um tostão do dinheiro a ser pago e cogita utilizá-lo para garantir o emprego dos jornalistas que lá trabalham. O radicalismo da situação reflete bem o que acontece em boa parte da América do Sul. A grande imprensa tem ou teve problemas com Correa, com Lula, com Evo e com Chavez, desde que se candidataram à presidência de seus respectivos países.

Os dirigentes da grande mídia costumam atribuir os conflitos a um caráter ditatorial dos presidentes legitimamente eleitos, mas parece muito mais que não aceitam a ascensão ao poder de líderes populares, que buscam acabar com privilégios e reduzir as desigualdades e a pobreza no continente.

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Carnage
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#597 Mensagem por Carnage » 28 Set 2011, 22:16

http://www.blogcidadania.com.br/2011/09 ... bilizacao/
Lei da Mídia: razões, entraves, detalhamento e viabilização

Posted by eduguim on 26/09/11 • Categorized as Análise


Recentes declarações de lideranças petistas como o ex-ministro José Dirceu de que o governo Dilma Roussef pretenderia enviar ao Congresso, até o fim deste ano, projeto de lei sobre o marco regulatório da comunicação exige que se aprofunde esse debate. Até hoje, o tema regulação da mídia vinha sendo tratado pelo seu aspecto político, mas parece ter chegado a hora de ser tratado como possibilidade concreta.

Houve tempo em que jamais se cogitaria discutir, por exemplo, uma Comissão da Verdade que esclarecesse crimes ocorridos durante a ditadura militar, e hoje já se discute se ela terá mais ou menos poderes e se terá profundidade suficiente. Nãos se discute mais se será criada, porém. Devido à enormidade desse passo de se conseguir ao menos discutir os crimes da ditadura, parece necessário discutir, passo a passo, os quatro fatores que envolvem a regulação da mídia brasileira.

Os quatro fatores referentes ao arcabouço jurídico-institucional das comunicações são as razões para que seja criado, os entraves para sequer discuti-lo, os detalhes do que seria uma “lei da mídia” e, finalmente, a idéia sobre como se pode viabilizar uma discussão muito mais difícil do que a da Comissão da Verdade, que terá apenas conseqüências políticas enquanto que a regulação da mídia teria enormes desdobramentos econômicos, políticos e sociais.

Vamos a esses fatores, pois.

Por que criar uma lei da mídia?

A grande dificuldade de se elaborar e aprovar uma lei da mídia reside no fato de que a comunicação, no Brasil, transformou-se em uma sucessão de feudos controlados por empresas familiares e que concede a esse reduzido grupo de empresários um poder político que paira sobre a sociedade de forma extraordinária.

As faixas de onda da mídia eletrônica (tevês e rádios, sobretudo), por serem concessões distribuídas pelo governo, ao longo do século XX foram entregues a grupos políticos que pretendiam se perpetuar no poder valendo-se do que a comunicação concede a quem a controla, o poder de decidir o que a sociedade deve ou não saber e de influir e pautar costumes e a própria cultura popular.

Por conta disso, suspeita-se de que muitos grandes meios de comunicação sejam alimentados por verbas imensas que nem dariam retorno financeiro proporcional aos investimentos. Entretanto, devido ao poder político que uma televisão ou uma rádio concedem aos seus controladores valeria a pena investir nesses meios de comunicação para obter outro tipo de retorno mais valioso do que dinheiro.

Em São Paulo, por exemplo, o governo do Estado acaba de investir 9 milhões de reais em compra de assinaturas de jornais e revistas politicamente alinhados com o partido do governador Geraldo Alckmin. A contrapartida para essa generosidade de comprar tanto material impresso para escolas em que muitas vezes falta até o básico de tudo, desde instalações até professores, mostra que o retorno do investimento em mídia não se resume ao resultado das operações daquela empresa de comunicação, mas dos favores daqueles aos quais a mídia presta “serviços”.

Essa é a razão pela qual todas as democracias mais avançadas tratam de impedir que a comunicação se concentre nas mãos de poucos e que políticos controlem concessões públicas de rádio e tevê, além de proibirem que um mesmo grupo econômico tenha meios eletrônicos e impressos simultaneamente.

Em um país de dimensões continentais como o Brasil e no qual poucos empresários controlam tantos meios de comunicação ao mesmo tempo, a opinião deles e seus interesses econômicos, comerciais e políticos acabam se tornando lei por disporem de meios inclusive de chantagear a classe política e os governos municipais, estaduais e o governo federal, pois se as vontades midiáticas não forem feitas poder-se-á ou negar espaço a políticos e a administrações públicas ou até difamá-los sem que os prejudicados tenham como reclamar, pois estarão amordaçados.

Assim sendo, é lícito dizer que a comunicação não difere, por exemplo, do setor supermercadista. Como todos se lembram, há pouco tempo foi amplamente divulgado que estaria havendo risco de concentração de propriedade de grandes redes de supermercados, o que iria gerar risco maior de os grandes grupos imporem preços mais altos ao consumidor caso este tenha poucas alternativas de compra.

Com a comunicação é a mesma coisa. Todavia, a sociedade não se dá conta de que a concentração de propriedade neste ou naquele segmento de mercado não difere da concentração de propriedade de meios de comunicação. As pessoas se acostumaram a ter poucas fontes de informação e passaram a julgar normal que um grupo empresarial como as Organizações Globo controle o que lêem, assistem e ouvem, pois controla revistas, jornais, tevês, rádios e portais de internet. Tudo ao mesmo tempo e na mesma região.

Um exemplo bem esclarecedor e de fácil assimilação pelo cidadão comum de como a concentração de propriedade de meios de comunicação afeta negativamente a sua vida – e que foi usado com muito sucesso na Argentina, quando implantou a sua lei da mídia – diz respeito ao futebol, esporte cuja importância no cotidiano dos brasileiros dispensa comentários.

Os jogos dos campeonatos nacional e regionais são comprados pela Globo e esta consegue, com o poder de transmiti-los quando e como quiser, impor um horário para que sejam realizados que obriga o cidadão que levanta cedo no dia seguinte a ficar até próximo da meia noite acordado. Se os jogos fossem ao ar mais cedo, atrapalhariam a programação da emissora, sobretudo a novela das oito. Assim, a Globo faz o cidadão se adaptar às suas necessidades e os clubes obedecerem às suas ordens.

Mas a comunicação em poucas mãos é danosa à sociedade em muitos outros aspectos. Por exemplo, nas relações trabalhistas. Recentemente, foi aprovada uma lei justa que concede aviso prévio maior para quem trabalha há mais tempo em uma empresa. Essa lei foi bombardeada pela imprensa, que, obviamente, falava em nome do patronato, ou dos anunciantes. Apesar disso, foi aprovada. Mas foi exceção.

Uma das leis trabalhistas mais necessárias em um país como este é a que reduziria a jornada de trabalho. Em centros urbanos como São Paulo, por exemplo, em que se gastam horas para ir ao trabalho e voltar, a jornada de 48 horas semanais é desumana. Grande parte da população não pode dedicar praticamente tempo nenhum dos seus dias a si mesma. Apesar disso, a mídia impede qualquer tentativa de discutir o assunto, que é sempre tratado como danoso para o próprio trabalhador e fim de conversa.

A razão de fundo para o Brasil vir a ter um marco regulatório que impeça a concentração de propriedade de meios de comunicação, portanto, é a de que enquanto poucos controlarem esses meios a democracia não funcionará de verdade, pois essa concentração resulta em cassação do debate sobre os temas que desagradam aos grandes grupos econômicos.

Entraves à Lei da Mídia

Para que se possa mensurar a dificuldade de se implantar no Brasil uma legislação para a mídia à altura das leis que existem hoje não só nos países mais importantes daqui da América do Sul, mas em praticamente todos os países mais desenvolvidos, é de natureza política e econômica. Imagine-se o que seria a Globo ter que se desfazer de parte de seu império.

Uma regulamentação da mídia igual à que existe nos Estados Unidos, por exemplo, impediria que a Globo tivesse tevê, rádio, revistas, jornais e portais de internet não só nas regiões menos povoadas mas também em São Paulo, no Rio ou em outros grandes centros urbanos. Nos EUA, a Globo teria que se desfazer da maioria de seu império, assim como aqui não se permite que uma única rede de supermercado controle metade das lojas de varejo.

Ocorre que a Globo tem, além do poder de comunicar, de calar ou de dar voz, o poder político. Tem na mão o PSDB, o DEM e o PPS e suborna o PSOL com uma exposição que jamais teria para que se junte à cantilena dos outros partidos contra o PT. Assim sendo, consegue impedir a discussão do marco regulatório da mídia simplesmente qualificando-o como desejo de alguns “petistas” autoritários de “censurar a imprensa”. Por conta disso, não se permite que alguém apareça em uma grande televisão ou em um grande jornal defendendo a Lei da Mídia, explicando do que realmente se trata.

Apesar de haver um forte sentimento pela adoção de uma legislação dessa natureza no Congresso Nacional, não se pode esquecer que a cultura brasileira nas comunicações doou tevês e rádios regionais a políticos influentes, o que formou uma forte bancada suprapartidária que não aceita sequer discutir uma lei que fatalmente impediria que políticos tivessem meios de comunicação. Até para não terem vantagem injusta sobre seus adversários.

Hoje, esses meios de comunicação entregues a políticos concentram-se no PMDB, no PSDB e no DEM. O resto do espectro político-partidário também tem seus veículos, mas a parte do leão é controlada por esses partidos. Ou seja: mesmo entre as hostes governistas, francamente favoráveis à regulação da mídia, há quem não aceite lei alguma para moralizar a propriedade de meios de comunicação no Brasil.

O que é a Lei da Mídia?


Chega-se, portanto, ao ponto crucial. Esta é a discussão que a direita brasileira tenta travar e impedir a todo custo, pois se fosse explicado à sociedade o que conteria a legislação que se quer aprovar, não haveria quem ficasse contra. Aliás, não é por outra razão que em países como a Argentina, por exemplo, a maioria esmagadora da população apoiou a criação da “ley de medios” e se diz satisfeita com ela.

No país vizinho, estão sendo distribuídas centenas de tevês e rádios e a propriedade de meios de comunicação está se desconcentrando rapidamente. Todavia, a Globo argentina, o Grupo Clarím, ainda está conseguindo resistir a vender parte de seu oligopólio graças a recursos à Justiça.

Apesar disso, o melhor exemplo de que a “ley de medios” argentina não gerou qualquer tipo de censura à imprensa local está em matéria recente nessa imprensa que veiculou uma notícia sem qualquer comprovação e até um tanto quanto inverossímil, de que a presidente Cristina Kirchner teria gasto 100 mil dólares em sapatos.

Não há censura, na Argentina. Há regras como as que vigem em qualquer país civilizado e democrático e há disseminação de opções. Ou seja, com o tempo o argentino poderá escolher múltiplas fontes de informação e inclusive poderá comparar opiniões divergentes e saber de fatos como os que, no Brasil, é impossível saber.

São Paulo, por exemplo, é um dos Estados que tem sofrido forte piora na qualidade de vida, que vem perdendo importância e peso na formação do Produto Interno Bruto (PIB), que sofreu forte redução de renda per capita, no qual a violência e a criminalidade subiram a níveis estratosféricos de 1995 para cá, apesar de nos últimos anos ter havido redução dos índices, que vêm sendo questionados e até acusados de manipulação…

Não faz muito tempo, por exemplo, que o portal de internet UOL, que pertence ao Grupo Folha, veiculou matéria que insinuava que as enchentes e mortes ocorridas na capital paulista no início do ano derivaram de o governo José Serra ter reduzido drasticamente as obras de limpeza do rio Tietê entre 2007 e 2010, e que no ano passado os gastos com publicidade aumentaram exponencialmente em medida similar à redução das obras naquele rio. A matéria ficou poucas horas no ar e não foi tratada por nenhum veículo da imprensa escrita paulista.

A Lei da Mídia que se pretende, portanto, permitiria que escândalos assim não fossem abafados. Ou seja: o que se quer não é que a mídia fale menos, mas que fale mais. Sobretudo aquilo que não diz para atender aos seus aliados políticos ou parceiros comerciais.

A desconcentração da propriedade de meios de comunicação certamente tornaria praticamente impossível que o governo paulista expedisse uma ordem para sumir com uma matéria da imprensa. Mudanças na legislação trabalhista, políticas públicas de interesse da sociedade mas que não interessam aos grandes grupos econômicos, enfim, é infindável o cabedal de benefícios que a sociedade colheria.

Se a Globo optasse – e certamente optaria – por manter as televisões, teria que abrir mão das rádios, dos jornais, das revistas e dos portais de internet. E teria, como nos EUA, um limite de audiência. Nenhuma rede de televisão pode ter mais do que cerca de 30% da audiência, naquele país. Aqui, acharíamos um nível adequado. Provavelmente nesse patamar.

Na Inglaterra, já se discute até regulação da imprensa que não é feita através de concessão pública, a imprensa escrita. Até há pouco, antes do escândalo na imprensa local que mostrou práticas criminosas que no Brasil são comuns, aquele país adotava, nesse segmento, a auto-regulação. Isso deve mudar. Haverá um controle externo para inibir, por exemplo, escutas ilegais ou mesmo invasão de domicílio por “jornalistas”.

Nos países do dito primeiro mundo, a fiscalização sobre a imprensa aumenta exponencialmente nos períodos eleitorais. Por exemplo: há comitês que fiscalizam se um grupo de mídia não está expondo acusações (comuns em períodos eleitorais) contra alguns e escondendo contra outros. Ou seja: não haveria impedimento a que a Globo noticiasse o caso Erenice Guerra, ano passado, mas a emissora seria penalizada por ter escondido os negócios da filha de José Serra com a irmã de Daniel Dantas.

Outro abuso da mídia brasileira diz respeito ao direito de resposta. Hoje, por exemplo, um grande jornal pode fazer a acusação que quiser a qualquer um e essa pessoa não tem direito nem ao menos de dizer naquele mesmo veículo a sua versão dos fatos, se o tal jornal não quiser. E isso acontece o tempo todo.

Para se conseguir um direito de resposta, então, será preciso ingressar na Justiça e a obtenção desse direito pode demorar anos, caso aquele indivíduo tenha recursos financeiros suficientes para sustentar por tanto tempo um dispendioso processo judicial. Por conta disso, a mídia destrói reputações, causa danos imensos a pessoas acusadas por ela e depois, apesar de não provar a acusação que fez, não acontece nada. E as vidas das pessoas vão sendo destruídas pelo caminho.

Onde está, então, a censura? É censura querer dar ao público daquele veículo uma outra versão para a história que ele contou?

Como tornar viável a Lei da Mídia


O principal entrave para regular a comunicação sem regras que há no Brasil reside no fato de que muitos deputados e senadores que votariam a Lei da Mídia são proprietários de meios de comunicação e essa lei fatalmente os privaria desse poder político imenso. Todavia, é a minoria da minoria dos parlamentares que detém tais meios. Resta saber, portanto, quão grande é a influência que parlamentares “com-mídia” exercem sobre seus pares “sem-mídia”.

De qualquer forma, uma campanha publicitária ampla explicando à sociedade o que seria a Lei da Mídia poderia desmascarar a campanha midiática e dos partidos de oposição ao governo Dilma – e até de alguns aliados – que tenta tachar como “censura” uma legislação que todos os países democráticos têm. Contudo, o governo pode sofrer um forte ataque midiático se levar essa campanha à frente e corre o risco de dividir a base aliada.

Recentemente, portanto, surgiu a idéia de promover um “plebiscito” sobre a Leia da Mídia. Isso impediria que interesses de parte da própria classe política no oligopólio das comunicações, prevalecessem. Na verdade, não seria bem um plebiscito. Teria que ser um referendo a um projeto de lei enviado ao Congresso pelo governo ou que fosse criado pelos parlamentares.

Como foi feito em relação às armas, o referendo permitiria um “horário eleitoral” na tevê no qual os que são contra e a favor daquele projeto de regulação da mídia expusessem as suas razões, e que vencesse quem tivesse os melhores argumentos. Todavia, entre os defensores da Lei da Mídia há quem não goste da idéia.

Segundo os opositores da proposta de um referendo à Lei da Mídia, os grandes meios de comunicação desencadeariam uma campanha contrária que tornaria desigual a disputa pelo voto popular. Parece bobagem. Não se faria nada mais ou nada menos do que se fez em todas as eleições presidenciais desde a redemocratização e, como todos sabem, hoje a mídia só consegue fazer o povo votar como ela quer em São Paulo.

Uma campanha que discutisse a regulação da comunicação dessa forma certamente desembocaria na aprovação da legislação, pois os argumentos são fortíssimos. A parcela da população que escuta ou lê a mídia dizendo que os petistas querem censurá-la nem faz idéia de que a lei que se propõe existe em todos os países mais democráticos. E não sabe dos malefícios que a ausência dessa lei lhe causa.

Na verdade, a iniciativa de submeter uma Lei da Mídia à vontade do povo nem precisa partir do governo Dilma, apesar de que se o projeto de lei partisse do Poder Executivo chegaria mais forte ao Congresso. E é nesse ponto que reside a grande esperança de este país moralizar sua comunicação, pois só uma grande comoção popular esvaziaria uma pauta que vai tomando o Legislativo. Algo assim como grandes marchas contra a corrupção…

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Carnage
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#598 Mensagem por Carnage » 28 Set 2011, 22:17

http://www.blogcidadania.com.br/2011/09 ... 2%80%9D-2/
Caco Barcelos: “Faço jornalismo, não militância política”

Posted by eduguim on 21/09/11 • Categorized as Crônica


Não poderia deixar de abordar um belo momento do jornalismo brasileiro, a prova definitiva de que não se pode discriminar profissionais que, até por falta de opção, trabalham para o oligopólio pretensamente imperial e antidemocrático que domina a comunicação no Brasil.

Na terça-feira (20), por volta das 19 horas, foi ao ar o programa da emissora a cabo Globo News, o “Em Pauta”, apresentado pelo jornalista Sergio Aguiar, que entrevistou o jornalista Caco Barcelos e teve a participação virtual da jornalista Eliane Cantanhêde.

O começo da entrevista deixa bastante claro que Barcelos, um repórter renomado e corajoso, não seria presa fácil para a manipulação de seus empregadores. Reproduzo, a seguir, esse diálogo entre entrevistador e entrevistado.



Sergio Aguiar — Vamos explorar esse seu lado repórter, primeiro: como é que estava a manifestação, lá?

Caco Barcelos — Três mil pessoas me parecem uma forte manifestação “virtual”; o Facebook fala mais de 30 mil pessoas. Na rua, na praça, pouco. Por volta de três mil…

Aguiar — Foi mais “devagar” do que se esperava, então?

(…)

Barcelos — É interessante, não é, o pessoal com vassoura? Eu lembro do tempo do Jânio Quadros. O pessoal usava vassoura para “varrer os comunistas”, queriam um regime militar… Não é?

Aguiar — A Vassoura volta, agora, a entrar na moda, será?

Barcelos — Talvez com outra conotação…

(…)

Barcelos — Interessante, também, que ninguém protesta contra os corruptores; só contra os corruptos… (sorriso)

Aguiar — Agora, você acha que essa mobilização menor do que o esperada [sic] é porque o brasileiro está um pouco descrente?

Barcelos — Não sei te dizer…

(…)

—–

A Globo mutilou esse belo momento de coragem de um militante do bom jornalismo, responsável, apartidário, e que, dali em diante, travaria com Eliane Cantanhêde um diálogo que constitui um dos mais completos diagnósticos da crise por que passa a grande imprensa brasileira.

No site do programa “Em Pauta”, a Globo cortou o resto da entrevista, quando Barcelos diz a Cantanhêde tudo o que tem sido dito pelos que militam pela democratização da comunicação no Brasil. Falou sobre os assassinatos de reputação, do “jornalismo declaratório”, que distribui acusações que, posteriormente, não são comprovadas, o que faz com que gente inocente pague.

Cantanhêde ainda tentou argumentar que a denúncia da mídia contra o ex-ministro Antonio Palocci, por exemplo, revelou-se “verdadeira” porque se descobriu que ele tinha um apartamento de 6 milhões de reais e, apesar disso, viveria em um apartamento alugado por uma imobiliária que tentou caracterizar como suspeita, apesar de que tal denúncia jamais se mostrou verdadeira.

Barcelos disse a ela que discorda porque faz jornalismo e não “militância política”. E reiterou que há vários exemplos de casos em que a mídia acusou sem provas e as pessoas acusadas, depois, mostraram-se inocentes.

A censura que a Globo impôs a parte da entrevista insinua que Barcelos pode ter problemas. Não será surpresa se, apesar de seu currículo invejável, vier a se juntar a outros que tiveram que deixar a Globo por discordarem do patrão.

Resta dizer que, apesar de haver quem julgue que essas manifestações “contra a corrupção” não passam de militância política da mídia, como bem definiu Barcelos, ele parece se deixar seduzir pela idéia de que a mídia tentar pôr o povo na rua lembra os idos de 1964…
http://maureliomello.blogspot.com/2011/ ... cacos.html
Juntando os Cacos

Marco Aurélio Mello


Há duas teses sobre a participação de Caco Barcellos no programa "Em Pauta", da Globo News, no início desta semana. A primeira sustenta que a direção quis correr o risco ao levá-lo para o estúdio ao vivo e deixar que ele falasse à vontade. A segunda é que não pensaram que o jornalista fosse capaz de tal surpresa, diante de circunstâncias tão adversas que o jornalismo da emissora enfrenta.

Precisamos examinar bem, primeiro, quem é Caco Barcellos e do que ele é capaz. Caco nasceu e cresceu na periferia de Porto Alegre durante os anos de chumbo. Testemunhou na infância várias atrocidades praticadas por policiais contra os pobres. Foi taxista e militou na imprensa alternativa nos anos 70. Apesar da cara de mocinho, Caco já passou dos sessenta, acreditem!

O que o leitor acha de um repórter que é capaz de se disfarçar de morador de rua durante uma semana para fazer uma reportagem? Isso mesmo, dormir no papelão, ficar sem banho e barba, apenas com a roupa do corpo e um saco de lixo para lá e para cá? Esse é o repórter sobre o qual estamos falando. E é por essas e outras que se transformou num ícone do jornalismo brasileiro.

Obstinado, passou oito anos examinando arquivos da polícia de São Paulo, para produzir talvez o melhor livro-reportagem da história do país: o Rota 66. Um documento oportuno até para ajudar os parlamentares e governantes a entenderem a importância da instalação no país da Comissão da Verdade.


O livro faz um retrato de como a polícia torturou e matou muitas vezes sem prova alguma, apenas por diversão. E inventou um termo que até hoje é aceito pelas polícias de todo país, sobretudo a paulista, como permissão para matar: a chamada resistência seguida de morte. Sua investigação ajudou a identificar mais de quatro mil vítimas da Rota, que aliás segue matando.

Caco também retratou a ditadura Somoza, na Nicaragua, apesar do livro ser pouco conhecido entre nós, lamentavelmente. Em Abusado, o dono do Morro Dona Marta, seu best seller, nosso repórter desmascara a cumplicidade entre traficantes e policiais no Rio, e fala sobre as relações delicadas do tráfico com a comunidade.

Acho que ficou claro para todos porque Caco Barcellos não aceita mordaças. Com mais tempo quero desenvolver um pouco melhor, agora, a relação dele com a emissora, que nunca foi fácil, com o Schroder, seu avalista, e analisar sua participação nos episódios mais recentes: a vaia que levou na Avenida Paulista e sua participação no programa Em Pauta.
http://maureliomello.blogspot.com/2011/ ... cos-2.html
Juntando os Cacos 2

Marco Aurélio Mello


Se Caco Barcellos é alguém que não aceita mordaças, quem teria autorizado sua participação no programa Em Pauta, da Globonews e com que objetivo? Tenho para mim que houve não uma estratégia orquestrada da emissora, ela foi pega de guarda baixa, digamos assim.


Toda pauta de programa na Globo é submetida a um superior que, na dúvida, consulta a direção. Portanto, todos sabiam que Caco estaria ali para dizer o que pensa. Acho que o que ninguém esperava é que a polêmica fosse se dar em torno de princípios jornalísticos, e não sobre o tema da pauta: a marcha contra a corrupção.


Eles só não contavam com a astúcia de Eduardo Guimarães, que assistiu ao programa, procurou no site e, ao ver que tinha sido cortado, pôs a boca no trombone. Mais um ponto para a internet que tem vigiado a mídia como ninguém.


Para Luis Nassif, "a reação de Caco Barcelos nada teve de política ou ideológica. Ao denunciar esse jornalismo declaratório, simplesmente fazia uma defesa do jornalismo que aprendeu a praticar, de respeito aos fatos, de apuração das denúncias, de cautela nas acusações."


Nesse sentido, ganharam o Caco, que volta aos holofotes no papel que sempre esteve e perde a emissora, que ao suprimir o trecho polêmico do programa na internet impede que outras pessoas - ao assistirem na íntegra - possam fazer seus próprios juízos sobre o que aconteceu ao vivo.


A considerar os princípios recém divulgados, fica mais um exemplo de mau jornalismo, de parcialidade e de manipulação de conteúdo, tudo o que eles não querem que seja difundido nos dias de hoje.


Devo voltar ao tema para contar em que circunstâncias conheci Caco e tudo o que aconteceu com ele e com outros na emissora, a partir de 2002. Mas preciso de tempo, que anda bastante escasso nos últimos meses.

http://maureliomello.blogspot.com/2011/ ... .html#more
Juntando os Cacos 3

Marco Aurélio Mello


"Encontraram novas ossadas no Cemitério Dom Bosco, em Perus. Um repórter do local foi para lá e está trazendo o material. Como o JN vai dar, você pega o material deles, pede um arquivo e tenta resolver por aqui. O Caco foi para lá, mas vai chegar, gravar uma passagem e volta correndo. Não terá tempo para mais nada." Foi a partir deste comando que editei meu primeiro vt, não sem um frio na barriga, de um dos mais importantes repórteres da televisão brasileira ainda em atividade na Globo.


Os editores do Jornal Nacional que atuavam em São Paulo, quatro ao todo, geralmente editavam um vt por dia. Sempre que aparecia mais um, não raro, a coordenadora me escalava. Quero pensar que é porque eu era mais rápido, não porque havia um interesse em me sacanear. Sempre tentei ver as coisas por uma perspectiva otimista, hehehe.


Ainda que fosse o segundo vt do dia, editar o Caco era um presente. Gentil, delicado e respeitoso na relação profissional, o repórter sempre foi unanimidade. As colegas suspiravam por ele. Como era o único "menino" no meio de quatro "meninas" foram raras as oportunidades em que trabalhamos juntos. Não por acaso, sua editora preferida à época, Ana Escalada, é hoje diretora do Programa Profissão Repórter. Função que deve exercer com a mesma competência e empenho de tempos atrás.


O programa comandado por Caco é um projeto antigo do diretor-geral, Carlos Henrique Schroder. E foi a chance de Caco sair do dia a dia quando as coisas começaram a piorar lá dentro. Schroder teve papel importante no sentido de blindar profissionais que se ficassem expostos poderiam ser alvo de perseguição. Caco jamais concordaria em fazer o jornalismo que passou a ser feito a partir de 2005.


Assim como protegeu Caco, Schroder também protegeu Carlos Dorneles levando-o para o Globo Rural, depois da crise de 2006, quando a cobertura política se transformou em campanha aberta pelo candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Aqueles que não tinham, nem tanta densidade histórica, nem um padrinho com tamanha envergadura, acabaram sucumbindo. Foi o caso do Azenha, que fez um acordo até o término do contrato e do Rodrigo Vianna, dispensado sumariamente. Isso para ficar apenas com os repórteres.


Outros bons repórteres, que também se opuseram ao tipo de jornalismo implementado passaram uma temporada ajoelhados no milho e agora estão voltando aos poucos, reassumindo seus lugares. Não posso citar nomes, infelizmente, para não prejudicá-los. Hoje, Stanley Burburinho perguntou para mim no twitter se eu acredito que as coisas estejam mesmo mudando. Respondi que assim que houver algum grande interesse corporativo em jogo o departamento de jornalismo voltará a ser requisitado para fazer o serviço sujo.


Artigo de Jô Soares, escrito por ele logo que saiu da Rede Globo indo para o SBT.
Parece que com o tempo ele esqueceu tudo isso...

http://maureliomello.blogspot.com/2011/ ... epoca.html
Em 1947, os grandes produtores de Hollywood se reuniram no hotel Waldorf-Astoria, em Nova Iorque, e resolveram que artistas com tendências políticas em desacordo com seu ideário não trabalhariam mais em filmes. Surgia a lista negra e a conseqüente caça às bruxas. Em pouco tempo, não somente radicais ou liberais eram perseguidos; qualquer artista que desagradasse aos chefes de estúdio era listado e não conseguia mais trabalho.

Com impecável senso de oportunidade, a TV Globo escolheu exatamente o momento da Constituinte no Brasil para inaugurar sua lista negra. Quem sair da emissora sem ter sido mandado embora corre o risco de não poder mais trabalhar em comerciais, sob a ameaça de que estes não serão lá veiculados. Como a rede detém quase o monopólio do mercado, os anunciantes não ousam nem pensar em artistas que possam desagradá-la.
Neste ponto, alguém pode achar que eu estou falando por interesse pessoal. Garanto que não.

Não falo pelo fato de os meus comerciais não poderem ser exibidos, nem pelo fato mais recente, das chamadas pagas do meu novo espetáculo no Scala 2 “O Gordo ao vivo” terem sido proibidas. Sou um artista muito bem remunerado e meus espetáculos têm outros meios de divulgação. Graças a Deus meus shows de humor já lotavam teatros antes que eu fosse para a Globo.
Que as chamadas de “O Gordo ao vivo” não passariam na emissora eu já sabia desde outubro, pelo próprio Boni, que me disse em sua sala quando fui me despedir:
– Já mandei tirar todos os seus comerciais do ar. Chamadas do seu novo show no Scala 2, também, esquece. Estou vendo como te proibir de usar a palavra ‘gordo’. – claro que esta última ameaça ficou meio difícil de cumprir: a megalomania ainda não é lei fora da Globo.

Logo, não é por isso que escrevo pela primeira vez sobre esse assunto. Saí da Globo, onde conservo grandes amigos, com a maior lisura, e nunca me aproveitei deste espaço, ou de nenhum espaço, em causa própria.

Escrevo, isso sim, porque atores que trabalham no meu programa, como Eliéser Mota, como Nina de Pádua, foram vetados em comerciais. As agências foram informadas, não oficialmente, é claro – como acontece em todas as listas negras – que suas participações não seriam aceitas.

É triste, nesse momento, em que se escreve diariamente a democracia no Congresso, que uma empresa que é concessão do Estado cerceie, impunemente, o artista brasileiro, de um modo geral já tão mal remunerado.

Finalmente, eu gostaria de dizer que Silvio Santos foi tremendamente injusto quando chamou Boni numa entrevista de “office-boy de luxo”. Nenhum office-boy consegue guardar tanto rancor no coração.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#599 Mensagem por Sempre Alerta » 29 Set 2011, 23:24

A GLOBO MUDOU??? OU FOI O JÔ???

A “ética” da Globo, segundo Jô Soares

Depoimento feito no programa Troféu Imprensa, do SBT, em 1988. Vale a pena resgatar esse depoimento.

http://www.youtube.com/watch?feature=pl ... o4TKlePzhU

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#600 Mensagem por Comedor da ZN » 03 Out 2011, 10:59

Lula em Paris: imprensa sabuja dá vexame



Por que Lula e não Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor, para receber uma homenagem da instituição?

Começa assim, acreditem, com esta pergunta indecorosa, a entrevista de Deborah Berlinck, correspondente de "O Globo" em Paris, com Richard Descoings, diretor do Instituto de Estudos Políticos de Paris, o Sciences- Po, que entregou o título de Doutor Honoris Causa ao ex-presidente Lula, na tarde desta terça-feira.

Resposta de Descoings:

"O antigo presidente merecia e, como universitário, era considerado um grande acadêmico (...) O presidente Lula fez uma carreira política de alto nível, que mudou muito o país e, radicalmente, mudou a imagem do Brasil no mundo. O Brasil se tornou uma potência emergente sob Lula, e ele não tem estudo superior. Isso nos pareceu totalmente em linha com a nossa política atual no Sciences- Po, a de que o mérito pessoal não deve vir somente do diploma universitário. Na França, temos uma sociedade de castas. E o que distingue a casta é o diploma. O presidente Lula demonstrou que é possível ser um bom presidente, sem passar pela universidade".

A entrevista completa de Berlinck com Descoings foi publicada no portal de "O Globo" às 22h56 do dia 22/9. Mas a história completa do vexame que a imprensa nativa sabuja deu estes dias, inconformada por Lula ter sido o primeiro latino-americano a receber este título, que só foi outorgado a 16 personalidades mundiais em 140 anos de história da instituição, foi contada por um jornalista argentino, Martin Granovsky, no jornal Página 12.

Tomei emprestada de Mino Carta a expressão imprensa sabuja porque é a que melhor qualifica o que aconteceu na cobertura do sétimo e mais importante título de Doutor Honoris Causa que Lula recebeu este ano. Sabujo, segundo as definições encontradas no Dicionário Informal, significa servil, bajulador, adulador, baba-ovo, lambe-cu, lambe-botas, capacho.

Sob o título "Escravocratas contra Lula", Granovsky relata o que aconteceu durante uma exposição feita na véspera pelo diretor Richard Descoings para explicar as razões da iniciativa do Science- Po de entregar o título ao ex-presidente brasileiro.

"Naturalmente, para escutar Descoings, foram chamados vários colegas brasileiros. O professor Descoings quis ser amável e didático (...). Um dos colegas perguntou se era o caso de se premiar a quem se orgulhava de nunca ter lido um livro. O professor manteve sua calma e deu um olhar de assombrado(...).

"Por que premiam a um presidente que tolerou a corrupção", foi a pergunta seguinte. O professor sorriu e disse: "Veja, Sciences Po não é a Igreja Católica. Não entra em análises morais, nem tira conclusões apressadas. Deixa para o julgamento da História este assunto e outros muito importantes, como a eletrificação das favelas em todo o Brasil e as políticas sociais" (...). Não desculpamos, nem julgamos. Simplesmente, não damos lições de moral a outros países.

"Outro colega brasileiro perguntou, com ironia, se o Honoris Causa de Lula era parte da ação afirmativa do Sciences Po. Descoings o observou com atenção, antes de responder. "As elites não são apenas escolares ou sociais, disse. "Os que avaliam quem são os melhores, também. Caso contrário, estaríamos diante de um caso de elitismo social. Lula é um torneiro-mecânico que chegou à presidência, mas pelo que entendi foi votado por milhões de brasileiros em eleições democráticas".

No final do artigo, o jornalista argentino Martin Granovsky escreve para vergonha dos jornalistas brasileiros:

"Em meio a esta discussão, Lula chegará à França. Convém que saiba que, antes de receber o doutorado Honoris Causa da Sciences Po, deve pedir desculpas aos elitistas de seu país. Um trabalhador metalúrgico não pode ser presidente. Se por alguma casualidade chegou ao Planalto, agora deveria exercer o recato. No Brasil, a Casa Grande das fazendas estava reservada aos proprietários de terra e escravos. Assim, Lula, silêncio por favor. Os da Casa Grande estão irritados".

Desde que Lula passou o cargo de presidente da República para Dilma Rousseff há nove meses, a nossa grande imprensa tenta jogar um contra o outro e procura detonar a imagem do seu governo, que chegou ao final dos oito anos com índices de aprovação acima de 80%.

Como até agora não conseguiram uma coisa nem outra, tentam apagar Lula do mapa. O melhor exemplo foi dado hoje pelo maior jornal do país, a "Folha de S. Paulo", que não encontrou espaço na sua edição de 74 páginas para publicar uma mísera linha sobre o importante título outorgado a Lula pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris.

Em compensação, encontrou espaço para publicar uma simpática foto de Marina Silva ao lado de Fernando Henrique Cardoso, em importante evento do instituto do mesmo nome, com este texto-legenda:

"AFAGOS - FHC e Marina em debate sobre Código Florestal no instituto do ex-presidente; o tucano creditou ao fascínio que Marina gera o fato de o auditório estar lotado".

Assim como decisões da Justiça, criterios editoriais não se discute, claro.

Enquanto isso, em Paris, segundo relato publicado no portal de "O Globo" pela correspondente Deborah Berlinck, às 16h37, ficamos sabendo que:

"O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido com festa no Instituto de Estudos Políticos de Paris - o Sciences- Po _, na França, para receber mais um título de doutor honoris causa, nesta terça-feira. Tratado como uma estrela desde sua entrada na instituição, ele foi cercado por estudantes e, aos gritos, foi saudado. Antes de chegar à sala de homenagem, em um corredor, Lula ouviu, dos franceses, a música de Geraldo Vandré, "para não dizer que eu não falei das flores.

"A sala do instituto onde ocorreu a cerimônia tinha capacidade para 500 pessoas, mas muitos estudantes ficaram do lado de fora. O diretor da universidade, Richard Descoings, abriu a cerimônia explicando que a escolha do ex-presidente tinha sido feita por unanimidade".

Em seu discurso de agradecimento, Lula disse:

"Embora eu tenha sido o único governante do Brasil que não tinha diploma universitário, já sou o presidente que mais fez universidades na história do Brasil, e isso possivelmente porque eu quisesse que parte dos filhos dos brasileiros tivesse a oportunidade que eu não tive".

Para certos brasileiros, certamente deve ser duro ouvir estas coisas. É melhor nem ficar sabendo.
http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-ko ... da-vexame/

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