Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

Espaço destinado a conversar sobre tudo.

Regras do fórum
Responder

Resumo dos Test Drives

FILTRAR: Neutros: 0 Positivos: 0 Negativos: 0 Pisada na Bola: 0 Lista por Data Lista por Faixa de Preço
Faixa de Preço:R$ 0
Anal:Sim 0Não 0
Oral Sem:Sim 0Não 0
Beija:Sim 0Não 0
OBS: Informação baseada nos relatos dos usuários do fórum. Não há garantia nenhuma que as informações sejam corretas ou verdadeiras.
Mensagem
Autor
Tricampeão
Forista
Forista
Mensagens: 13803
Registrado em: 22 Set 2005, 16:06
---
Quantidade de TD's: 56
Ver TD's

#46 Mensagem por Tricampeão » 20 Mai 2010, 00:01

caçador_novo escreveu:Quanto ao fato de que a construção de Balbina foi um absurdo, concordo totalmente contigo. E acrescento que hoje ela não seria construída.
Também concordo contigo que o grande problema do gás natural é o seu transporte/armazenamento, apesar de que tecnicamente ele pode ser liquefeito antes de ser transportado/armazenado (claro que há um custo envolvido).
Por tudo isso, mencionei a opção nuclear, que é adotada por países desenvolvidos como a França e os EUA. Aliás, há planos de construir várias no BRasil, com a vantagem que elas podem ser construídas próximas aos centros consumidores.
De qualquer forma, a nossa matriz energética baseada nas hidrelétricas é admirável, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico.
Quanto às fontes alternativas, me intriga quem vai pagar o alto custo necessário para implementá-las em larga escala - o que normalmente não é colocado nos debates. De repente, vem aí uma nova Conta de Consumo de Combustíveis, que todos nós usuários do sistema interligado pagamos
mesmo que poucos se dêem conta disso.
Quanto a Balbina, pode ter sido um erro de cálculo, como dizem, mas eu duvido.
Erro de cálculo quer dizer: fizeram um levantamento topográfico errado e quando abriram a torneira, viram que a área alagada ia ser muito maior do que o esperado.
Difícil de acreditar. Levantamento topográfico não tem mistério.
Para mim, os janízaros de Washington fizeram de propósito.
Naquela época, havia uma resistência muito grande da população à construção de usinas nucleares, e um dos argumentos empregados era que o potencial hidráulico brasileiro estava longe de ser esgotado. A gendarmeria do capital queria construir as usinas a qualquer custo, e podem ter perpetrado Balbina para convencer as pessoas de que era melhor fazer usinas nucleares no Sudeste do que uma hidrelétrica na Amazônia.
Outra coisa: a desculpa para Balbina foi de que era preciso substituir as termoelétricas que alimentavam Manaus por uma hidrelétrica porque o combustível estava muito caro. Acontece que justamente naquela época o governo estava incentivando as indústrias no Sudeste a substituir a eletricidade nos processos térmicos, porque havia falta de energia elétrica. Muitas empresas construíram caldeiras para gerar eletricidade porque o óleo combustível estava relativamente barato. Não consigo encontrar referências disso, mas eu me lembro bem porque nessa época eu já trabalhava.

O gás liquefeito é perigoso de se transportar, o que é um outro inconveniente. Além disso, os combustíveis não são fontes de energia renováveis.

Em energia nuclear eu não investiria, porque está previsto que por volta de 2030 esteja dominado o processo de fusão fria, o que tornará a tecnologia atual totalmente ultrapassada. Vale a pena pesquisar o enriquecimento de urânio para a produção nativa de radioisótopos, mas não para produzir energia, pois até lá nosso suprimento fica garantido com o aproveitamento do potencial hidráulico, complementado pelas fontes alternativas, que se tornarão viáveis em alguns anos.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Pinter
Forista
Forista
Mensagens: 1159
Registrado em: 16 Mar 2007, 16:47
---
Quantidade de TD's: 104
Ver TD's

Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#47 Mensagem por Pinter » 20 Mai 2010, 10:55

Ae Tricampeão!!!

Gostei do seu posicionamento.

Você precisa se candidatar a algum cargo político, como deputado, por exemplo.

Eu voto!

São pessoas assim que o nosso país precisa!

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Tricampeão
Forista
Forista
Mensagens: 13803
Registrado em: 22 Set 2005, 16:06
---
Quantidade de TD's: 56
Ver TD's

#48 Mensagem por Tricampeão » 06 Set 2010, 00:59

O próximo grande projeto hidrelétrico brasileiro é o Complexo do Tapajós. Vão ser umas cinco ou seis usinas, que serão construídas nos próximos dez anos. Seria bom que perguntassem aos candidatos o que pensam dele porque, quando estiverem na oposição, vão falar um monte de bobagens, mas agora, durante a campanha eleitoral, todo mundo faz pose de desenvolvimentista.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Avatar do usuário
FABGRU
Forista
Forista
Mensagens: 1240
Registrado em: 06 Dez 2009, 15:04
---
Quantidade de TD's: 72
Ver TD's

Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#49 Mensagem por FABGRU » 06 Set 2010, 08:00

Pinter escreveu:Ae Tricampeão!!!

Gostei do seu posicionamento.

Você precisa se candidatar a algum cargo político, como deputado, por exemplo.

Eu voto!

São pessoas assim que o nosso país precisa!


2.......Apoio total!!!!!!!!!!!!

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

roladoce
Forista
Forista
Mensagens: 3559
Registrado em: 28 Jun 2009, 20:59
---
Quantidade de TD's: 38
Ver TD's

Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#50 Mensagem por roladoce » 06 Set 2010, 20:47

Tri, na politica!!

Pelo menos, essa PUTARIA TODA, vai ter um chefe!!! :twisted: :twisted: :twisted: :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#51 Mensagem por Carnage » 19 Set 2011, 22:51

Depois de tanto escarcéu, a notícia que ninguém quis alardear:

http://www.conversaafiada.com.br/politi ... %E2%80%9D/
OEA não condena mais Belo Monte: “faltou informação”

Saiu no Globo, na pág. 25 (será que a Urubóloga leu ?):

“OEA volta atrás sobre Belo Monte”

“Comissão de Direitos Humanos da OEA pedira suspensão da obra da usina em abril”

“… há cinco meses a OEA havia baixado uma medida cautelar pedindo ao governo brasileiro que suspendesse o empreendimento …”

Agora, enviou uma carta à Presidenta “se retratando e pondo um ponto final no impasse”.

O “especialista” da OEA disse:

“Esse assunto está encerrado para nós. Creio que o que houve foi falta de informação dos integrantes da Comissão”.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#52 Mensagem por Carnage » 19 Nov 2011, 01:34

http://www.blogcidadania.com.br/2011/11 ... binario-2/
Belo Monte e o pensamento binário

Posted by eduguim on 18/11/11 • Categorized as Análise


Na matemática, sistema binário é um sistema de numeração posicional em que todas as quantidades se representam com base em dois números, zero e um (0 e 1). Os computadores, por exemplo, trabalham internamente com dois níveis de tensão, pelo que o seu sistema de numeração natural é o binário (ligado e desligado).

A metáfora é perfeita para ilustrar o que está acontecendo nessa discussão sobre a Usina de Belo Monte: ou se é contra ou a favor. Não há meio termo. Só preto ou branco, nenhum tom cinzento.

Mas esse pensamento binário só se aplica aos que militam contra ou a favor da obra, porque o conjunto da sociedade está perdido nessa enxurrada de dados e argumentos técnicos e, assim, pelo que percebi na primeira postagem que fiz sobre o caso essa maioria esmagadora ainda não conseguiu formar opinião, o que obriga muitas pessoas a se posicionarem contra ou a favor da obra com base em suas posições políticas pró ou contra o governo.

O primeiro post que este blog publicou sobre o assunto, na última quinta-feira, recebeu uma enxurrada de contribuições de alta relevância, com links diversos para estudos eminentemente científicos pró ou contra a obra, dados levantados pelos leitores e transcritos na própria caixa de comentários. Li cada um dos mais de 300 comentários, além de outros nas redes sociais Twitter e Facebook, e posso garantir que ao menos a caixa de comentários daquele post tem tudo o que se pode precisar para entender a questão.

O que mais falta nesse assunto, portanto, não são dados, mas tradução para uma linguagem simples que estabeleça os pontos de divergência e o que está em jogo.

Antes, porém, uma explicação. Como usei uma linguagem forte para me referir a vídeo em que atores e atrizes da Globo simplificam exageradamente o assunto, além de fazerem distorções e até de mentirem, militantes contrários à construção da usina trataram de distorcer o que escrevi, ao que oponho, agora, esclarecimento que antecede o relato do que apurei sobre o assunto com base nesse belo monte de dados que recebi dos leitores.

Eis a base das acusações:

Acusaram-me de usar argumento “ad hominem”, ou seja, quando se responde a uma crítica atacando quem a fez e não ao seu argumento. É uma bobagem porque argumentei, entre outras coisas, que houve má fé das celebridades do vídeo ao venderem energia eólica ou solar como alternativa à energia hidrelétrica.

Acusaram-me de qualificar como mal-intencionados todos os que são contrários à construção de Belo Monte, o que é outra bobagem porque critiquei exclusivamente os artistas da Globo que mentiram descaradamente, o que não significa que não existam aqueles que têm boas intenções e que usam argumentos aceitáveis contra a obra.

As críticas a Belo Monte se fundamentam exclusivamente em dois pontos: dano ambiental e dano às populações da região em que a usina será construída. Há também críticas absurdas, como a do vídeo das celebridades globais que diz que a obra sairá “do seu bolso” (do contribuinte) e que esgrime com o custo de bilhões para chocar as pessoas pela quantidade de dinheiro, mas esse não é um argumento sério. Parece até que o governo pegará esses bilhões e não colocará nada no lugar, sendo que construirá uma gigantesca usina hidrelétrica.

Então vamos aos argumentos sérios:

1 – Para o governo, Belo Monte é fundamental para assegurar o fornecimento de energia nos próximos anos, em um quadro em que a imprensa já noticiou fartamente como estamos no limite da capacidade de geração e distribuição de energia elétrica, o que pode gerar escassez no futuro próximo.

2 – Governantes das cidades no entorno da hidrelétrica creem em desenvolvimento e progresso, pois receberão investimentos dos empreendedores da obra e da União em uma região paupérrima e esquecida em que certas populações vivem ainda no século XIX.

3 – Liderança dos empresários locais afirma que obra pode trazer desenvolvimento e geração de emprego; novos negócios podem se formar na região.

4 – Engenheiros, biólogos e sociólogos ouvidos destacam que obra deve provocar seca na Volta Grande do rio Xingu e, com isso, prejudicar população local.

5 – Movimento de mulheres e entidades ambientais avaliam que o impacto da obra na região terá custo alto para a população local, já que alguns serão retirados de suas casas e índios e ribeirinhos podem perder navegabilidade.

6 – Agricultores de área que será alagada queixam-se de falta de informação. Alguns temem não receber indenização porque não têm documentos das suas terras.

7 – Moradores de casas de palafitas, na periferia de Altamira, acreditam que obra possa gerar empregos. Ficam preocupados, porém, sobre como serão as indenizações e a retirada daqueles que estão em áreas a serem alagadas.

8 – Comunidades indígenas como a Arara, na Volta Grande do Xingu, temem seca naquele trecho do rio. Afirmaram que vão resistir à obra e podem acampar no local da barragem.

9 – Comunidades de ribeirinhos, grupos que moram à margem do rio, também temem seca e perder a possibilidade de pesca, meio de sobrevivência de muitas famílias.

Além de Altamira, a hidrelétrica ocupará parte da área de outros quatro municípios: Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu. Altamira é a mais desenvolvida e tem a maior população dentre essas cidades, com 98 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os demais municípios têm entre 10 mil e 20 mil habitantes.

A região discute há mais de 30 anos a instalação da hidrelétrica no Rio Xingu. Belo Monte será a segunda maior usina do Brasil, atrás apenas da binacional Itaipu, e custará pelo menos R$ 19 bilhões, segundo o governo federal. Esse debate, portanto, não é novo e a obra foi planejada pelo governo Lula, na década passada, tendo todas essas questões presentes.

O vídeo abaixo trata das demandas contrárias a Belo Monte e exprime bem o sentimento contra a obra. Deve ser visto para que se entenda a base de apoio sólida que gera esse sentimento.

http://www.youtube.com/watch?feature=pl ... it1y0QUDcI

Aqui entra em cena o pensamento binário, essa verdadeira praga nas relações sociais e institucionais que dificulta, retarda e às vezes até impede que se chegue a soluções aceitáveis por todas as partes.

Por que você tem que ser meramente contrário ou favorável à obra, in limine (preliminarmente)? Por que não se pode ser favorável a uma obra necessária, mas desde que determinadas condições sejam cumpridas?

Não aceito discutir a inevitabilidade da matriz energética hidrelétrica. É uma falácia dizerem que é possível substituí-la por energia eólica ou solar. Essa não é uma discussão séria. O país está crescendo e precisa de energia, muita energia, e não encontrei nenhum estudo sério sobre ser possível substituir a atual e preponderante matriz energética brasileira a curto prazo. O governo dispõe de dados incontestáveis.

Não dá para discutir que o governo Dilma ou até mesmo o seu antecessor sejam malvados que querem maltratar as populações e o meio ambiente por divertimento ou que são corruptos que estão vendendo a região de Belo Monte para se locupletarem ou para apenas cederem ao grande capital.

Há uma questão clara em pauta: vai faltar energia no Brasil e não vai demorar, a menos que se construam hidrelétricas a tempo.

Há um país real que quer crescer e se desenvolver. A construção de Belo Monte imporá sacrifícios e causará danos ambientais, sim, mas é um preço que este país terá que pagar para se desenvolver e desenvolver, sobretudo, regiões subdesenvolvidas em que a pobreza e a ignorância imperam. É uma questão de custo versus benefício.

Não se pode, porém, construir essa obra sem garantir que as populações atingidas sejam colocadas no topo das prioridades e que compensações ambientais sejam formuladas. Mas a obra tem que ser feita. Não dá para levar a sério quem acha que pode impedir que o progresso chegue àquelas regiões, até porque um dos problemas deste país é a desigualdade de desenvolvimento regional.

O grande erro de ambos os lados, portanto, é não tentarem negociar esses pontos, pois não é possível que as idiossincrasias e até as razões sólidas de um pequeno grupo social se sobreponham ao interesse maior do país.

Por fim, quero esclarecer que votei em Dilma Roussef e não em Marina Silva. Esta última deixou o governo Lula e disputou a Presidência com Dilma porque discorda, por exemplo, de projetos como o de Belo Monte. Dilma ganhou a eleição, é quem governa e o projeto aprovado pela esmagadora maioria dos brasileiros contempla Belo Monte. Ponto.

Tenho confiança em que o governo saberá avaliar e promover as compensações sociais e ambientais, mas é prerrogativa de quem vence a eleição e ganha o governo implantar o projeto vencedor daquele pleito.

Este país tem Poder Judiciário e Poder Legislativo. Tudo que estiver em desacordo com o direito das populações atingidas e com a compensação ambiental possível pode ser contestado. Agora, não se pode estabelecer uma ditadura da minoria.

Fazer vídeos acusando o governo de estar jogando bilhões no lixo porque quer, pois haveria outras formas de gerar energia – será que as energias eólica ou solar sairiam de graça? –, e acusá-lo de estar querendo produzir uma catástrofe ambiental, é má fé, é desonestidade, é mentira e tem que ser denunciado.

Às vezes, portanto, a gente tem que usar recursos de retórica para chamar atenção e racionalidade. Sem qualificar esse debate, não chegaremos a lugar algum. Esse clima de fla-flu em nada contribui.

Quem é contra Belo Monte tem que entender que há um país que clama por desenvolvimento, ainda que alguns já contemplados pelas facilidades da vida moderna achem que já temos todo o desenvolvimento de que precisamos. Todavia, quem é a favor tem que ficar de olho para ver se os direitos que serão atingidos serão, também, respeitados.

O vídeo dos artistas da Globo, porém, induz a uma reflexão rasa. Por isso foi duramente criticado, aqui. Isso não significa que não existam pessoas sérias e razões concretas contra Belo Monte, mas que devem se submeter ao preceito democrático de que o interesse de todos prevalece sobre o de poucos, desde que resguardados os direitos destes.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#53 Mensagem por Carnage » 20 Nov 2011, 13:58

Belo Monte, nosso dinheiro e o bigode do Sarney
Por Assis Ribeiro

Da Revista Época


Um dos mais respeitados especialistas na área energética do país, o professor da USP Célio Bermann, fala sobre a “caixa preta” do setor, controlado por José Sarney, e o jogo pesado e lucrativo que domina a maior obra do PAC. Conta também sua experiência como assessor de Dilma Rousseff no Ministério de Minas e Energia

Se você é aquele tipo de leitor que acha que Belo Monte vai “afetar apenas um punhado de índios”, esta entrevista é para você. Talvez você descubra que a megaobra vai afetar diretamente o seu bolso. Se você é aquele tipo de leitor que acredita que os acontecimentos na Amazônia não lhe dizem respeito, esta entrevista é para você. Para que possa entender que o que acontece lá, repercute aqui – e vice-versa. Se você é aquele tipo de leitor que defende a construção do maior número de usinas hidrelétricas já porque acredita piamente que, se isso não acontecer, vai ficar sem luz em casa para assistir à novela das oito, esta entrevista é para você. Com alguma sorte, você pode perceber que o buraco é mais embaixo e que você tem consumido propaganda subliminar, além de bens de consumo. Se você é aquele tipo de leitor que compreende os impactos socioambientais de uma obra desse porte, mas gostaria de entender melhor o que está em jogo de fato e quais são as alternativas, esta entrevista também é para você.

Como tenho escrito com frequência sobre a megausina hidrelétrica de Belo Monte, por considerar que é uma das questões mais relevantes do país no momento, observo com atenção as manifestações dos leitores que comentam neste espaço ou em redes sociais como o Twitter. Anotei as principais dúvidas para incluí-las aqui e assim colaborar com o debate.

Desta vez, propus uma conversa sobre Belo Monte a Célio Bermann, um dos mais respeitados especialistas do país na área energética. Bermann é professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), com doutorado em Planejamento de Sistemas Energéticos pela Unicamp. Publicou vários livros, entre eles: “Energia no Brasil: Para quê? Para quem? – Crise e Alternativas para um País Sustentável” (Livraria da Física) e “As Novas Energias no Brasil: Dilemas da Inclusão Social e Programas de Governo” (Fase). Ex-petista, ele participou dos debates da área energética e ambiental para a elaboração do programa de Lula na campanha de 2002 e foi assessor de Dilma Rousseff entre 2003 e 2004, no Ministério de Minas e Energia. Célio Bermann foi também um dos 40 cientistas a se debruçar sobre Belo Monte para construir um painel que, infelizmente, foi ignorado pelo governo federal.

Vale a pena ouvir o professor a qualquer tempo. Mas, especialmente, depois de uma semana dramática como a passada. Na quarta-feira (26/10), o julgamento da ação movida pelo Ministério Público Federal reivindicando que os índios sejam ouvidos sobre a obra, como determina a Constituição, foi interrompida e adiada mais uma vez no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. Na mesma quarta-feira, chamado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) para explicar por que não suspendeu as obras de Belo Monte, o Brasil não compareceu, desrespeitando o organismo internacional e exibindo um comportamento mais usual em ditaduras. Em reportagem publicada em 20/10, o Estadão denunciou que, como retaliação por ter sido advertido sobre Belo Monte, o Brasil deixou de pagar sua cota anual como estado-membro.

Na quinta-feira (27/10), centenas de pessoas, entre indígenas, ribeirinhos e moradores das cidades atingidas, ocuparam pacificamente o canteiro de obras de Belo Monte, no rio Xingu, pedindo a paralisação da construção da usina. Foram expulsos por ordem judicial. Enquanto o canteiro de obras era ocupado por uma população invisível para o governo de Dilma Rousseff, o cineasta Daniel Tendler apresentava no Seminário Nacional de Grandes Barragens, no Rio de Janeiro, o projeto de uma megaprodução cinematográfica que se propõe a documentar as obras de Belo Monte por cinco anos. O projeto é comandado pela LC Barreto, a produtora da poderosa família Barreto, a mesma que fez “Lula, O Filho do Brasil”. Tendler, aliás, foi um dos roteiristas do filme sobre a vida do ex-presidente. Entre as repercussões da megaprodução cinematográfica sobre a megaobra do PAC no Twitter, destacou-se uma: “Os Barreto estão para o cinema nacional como os Sarney para a política”.

Ainda na semana passada, o governo federal publicou um pacote de sete portarias ministeriais com o objetivo de “destravar a concessão de licenças ambientais no país para acelerar grandes empreendimentos, como rodovias, portos, exploração de petróleo e gás, hidrelétricas e até linhas de transmissão de energia”. Ou seja: o governo caminha para anular as conquistas socioambientais obtidas na redemocratização do país.

Dias antes, em 26/10, o Senado havia aprovado um projeto de lei que retira o poder do Ibama para multar crimes ambientais, como desmatamentos. Se não for vetado pela presidente, o poder de multar passará para estados e municípios, sujeito às pressões locais já bem conhecidas. A aprovação do projeto aconteceu quatro dias depois de mais um assassinato no Pará: João Chupel Primo, mais conhecido como João da Gaita, foi morto com um tiro na cabeça, depois de denunciar ao Ministério Público Federal, em Altamira, uma rota de desmatamento ilegal na reserva extrativista Riozinho do Anfrísio e na Floresta Nacional Trairão, área do entorno de Belo Monte. Como de hábito, o Congresso decide os rumos do país desconectado com o que acontece na vida real para além do aquário brasiliense.

No momento histórico em que recursos como água e biodiversidade se consolidam como o grande capital de uma nação, o Brasil, um dos países mais beneficiados pela natureza no planeta, corre em marcha à ré. O cenário que você acabou de ler tem no centro – como obra simbólica e estratégica – Belo Monte, a maior obra do PAC. A seguir, parte de minha conversa de quase três horas com o professor Célio Bermann, em sua sala no Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP.

- Por que o senhor, assim como outras pessoas que estudam o setor, afirma que a área energética do país é uma “caixa preta”. Afinal, que caixa preta é essa?
Célio Bermann – A política energética do nosso país é uma caixa preta e é mantida dessa forma por uma série de razões. Primeiro, porque a baixa escolaridade da população brasileira não permite, por exemplo, que o leitor da Época entenda o que é terawatts-hora. Mas seria interessante que a população toda tivesse conhecimento e pudesse, com informação, começar a definir junto com empresas e governo os rumos que são mais adequados. Acho que a academia tem um papel fundamental nesse processo. Eu, particularmente, tento, na área do meu conhecimento, procurar as populações tradicionais, mostrar o que é uma usina hidrelétrica, por que alaga quando você interrompe o fluxo, o que é uma barragem, e como isso vai acabar transformando a vida da comunidade. Acho importante que a academia preste esse tipo de informação, já que governo e empresas não o fazem.

- Sim, mas por que o setor energético tem sido uma caixa preta por décadas?
Bermann - A governabilidade foi encontrada através de uma aliança que mantém o círculo de interesses que sempre estiveram no nosso país. É a mesma turma que continua na área energética. E isso é impressionante. A população não participa do processo de decisões. Não existem canais para isso. Ainda no governo FHC, durante a privatização, o governo criou um Conselho Nacional de Política Energética. Nos dois mandatos de FHC participavam os dez ministros, mas havia um assento para um representante da academia e um da chamada sociedade civil. Eles sentavam, discutiam as diretrizes energéticas de uma forma aparentemente saudável, mas, no frigir dos ovos, na prática não mudava nada. De qualquer forma, havia pelo menos esse sentido de escutar. Isso, com Lula, acabou. O resultado do governo "democrático popular" do Lula, nos dois mandatos, e da Dilma, agora, é a negação de escutar outros interesses que não sejam aqueles que sempre estiveram junto ao poder. A própria Dilma, no início do governo Lula, tinha uma dificuldade muito grande de ouvir, de sentar-se com os movimentos sociais e ouvir. Eu tive a oportunidade de vivenciar o primeiro mandato do Lula, lá, em Brasília.

- E qual era o seu papel?
Bermann – Era apagar fogo, este era o meu papel...

- Mas, oficialmente...
Bermann - O meu papel era tentar amenizar um pouco os conflitos, mas, oficialmente, eu fui trabalhar com a Dilma como assessor ambiental no Ministério de Minas e Energia. A ideia inicial era criar uma Secretaria de Meio Ambiente dentro do ministério. Era a época em que tínhamos a Marina (Silva) falando em transversalidade, então havia um ambiente extremamente propício para aparar arestas e ver se a coisa poderia caminhar de uma forma mais adequada. Achei, então, que a melhor forma de fazer isso não era criar um lugar dos ambientalistas no ministério, mas colocar em todas as secretarias do ministério gente que pensasse o meio ambiente. Mas acabei ficando um ano lá em Brasília. Mesmo assim, foi extremamente interessante, porque me permitiu sair da academia e ter, na prática, a percepção de como as coisas se dão no dia a dia dentro do governo.

- E como as coisas se dão no dia a dia dentro do governo?

Bermann – É um horror. É uma lentidão. É um imobilismo. É incrível a capacidade da máquina de governo de fazer de conta que faz sem estar fazendo absolutamente nada. Eu falo isso com todos os pontos nos “is”. No início do governo se buscava um entendimento entre os chamados "ministérios fins" e o meio ambiente. Transportes, por causa da construção de estradas e portos, e Minas e Energia, por causa da atividade mineral, metalúrgica e energética, e as questões ambientais que são intrínsecas a essas atividades. Houve uma boa intenção de levar adiante a possibilidade do estabelecimento de pontos comuns. Fizemos, então, um acordo entre Ministério de Minas e Energia e Ministério do Meio Ambiente em função da definição de "pontos comuns", de procurar verificar onde poderíamos estabelecer alguns consensos. Era um documento em que se definia uma agenda energética e ambiental comuns aos dois ministérios. Se bem me lembro, o documento foi concluído em setembro de 2003. Mas as duas ministras só foram assinar em 31 de março de 2004.

- Por quê?
Bermann – Boa pergunta. Por quê? Boas intenções... mas por quê? Eu realmente não consigo definir exatamente se era uma questão de veleidade... não sei. No final de 2003 a Marina começou a perceber a dificuldade de ela continuar, e o Lula, daquele jeito dele, deixando a coisa acontecer. Naquele momento, o governo poderia ter tido uma agenda comum, um processo extremamente positivo de entender que existem usinas hidrelétricas que não devem ser construídas.

- Imagino que não era fácil ser assessor ambiental da Dilma Rousseff...

Bermann - É, foi uma coisa meio... difícil. Como falei, eu tinha uma relação particular com os movimentos sociais e estava mais numa situação de bombeiro. Vou te contar uma coisa, como referência. Eu encontrei a Dilma na posse do (físico) Luiz Pinguelli Rosa, no Rio de Janeiro, como presidente da Eletrobrás. Ela estava extremamente satisfeita, alegre, contente, porque tinha conseguido, politicamente, afastar a turma do (José) Sarney da seara energética. (Luiz Pinguelli Rosa deixaria o cargo em 2004, a pedido de Lula, que precisava colocar alguém ligado ao PMDB e a José Sarney.) Para você ver. Na época, o (José Antonio) Muniz (Lopes) era diretor da Eletronorte... e depois tornou-se presidente da Eletrobrás (de 2008 a 2011).

- O José Antonio Muniz Lopes, um homem da cota do Sarney, é um personagem longevo nessa história de Belo Monte... Só para situar os leitores, em 1989, no último ano do governo Sarney, ele era diretor da Eletronorte e foi no rosto dele que a índia caiapó Tuíra encostou seu facão por causa da proposta de Belo Monte (então chamada de Kararaô), naquela foto histórica que correu mundo. O tal do Muniz já estava lá... Depois de deixar a presidência da Eletrobrás, no início deste ano, continuou lá, agora como diretor de Transmissão da Eletrobrás...
Bermann – Pois então. Naquela época, em 2003, era ele o diretor da Eletronorte que a Dilma tinha ficado feliz por ter conseguido afastar. Por isso que eu falo que não é o governo Lula, é o governo Lula/Sarney. E agora Dilma/Sarney. Constituiu-se um amálgama entre os interesses históricos do superfaturamento de obras, sempre falado, nunca evidenciado. Não se trata de construir uma usina para produzir energia elétrica. Uma vez construída, alguém vai precisar produzir energia elétrica, mas não é para isso que Belo Monte está sendo construída. O que está em jogo é a utilização do dinheiro público e especialmente o espaço de cinco, seis anos em que o empreendimento será construído. É neste momento que se fatura. É na construção o momento onde corre o dinheiro. É quando prefeitos, vereadores, governadores são comprados e essa situação é mantida. Estou sendo muito claro ao expor a minha percepção do que é uma usina hidrelétrica como Belo Monte.

- No momento em que o senhor encontrou a Dilma, logo na constituição da equipe do primeiro mandato de Lula, o senhor conta que ela estava feliz porque tinha conseguido tirar a turma do Sarney do comando da área energética. O que aconteceu a partir daí?
Bermann - A pergunta é: tirou mesmo?

- E qual é a resposta?
Bermann - Naquele momento, manter esse pessoal à distância era estratégico para reconstruir as relações e viabilizar algumas das diretrizes que tinham sido objeto da proposta de governo. O que aconteceu é que a vida dessa situação (de afastamento) foi extremamente curta devido às relações de poder. Eles não gostaram de se sentir afastados. E eu suponho que a percepção do problema da governabilidade no governo Lula foi uma ação desses setores que tinham percebido que estavam longe da teta da vaca e que não podiam continuar assim. Qual era o jeito de fazer? PMDB era oposição. Vamos conversar... E aí se reacomodam as questões. Eu não digo que seja um grupo de ladrões mercenários. Não é isso que está em jogo. Mas essa capilaridade do Sarney permite manter o usufruto do poder. Eu não sou psicólogo para entender o que o senhor Sarney pensa quando vê o Muniz voltar para o governo, ou quando se encontra diante da incapacidade técnica do senador Edison Lobão ao conduzir o Ministério de Minas e Energia no governo Lula e agora no de Dilma. Não há lógica para isso. Vou dizer de novo: não é possível a gente acreditar na capacidade gerencial de um governo que se submete a esse tipo de articulação política, colocando uma pessoa absolutamente incapaz de entender o que é quilowatt, quilowatt-hora. De ir a público sem saber a diferença entre tensão em volts e energia em quilowatts-hora.

- O senhor está falando do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão?
Bermann- Edison Lobão.

- E Belo Monte ocupa que lugar nesse jogo?
Bermann - É a oportunidade de se fazer dinheiro e de se reconstituir as relações de poder. Essa obra tinha sido sepultada em 1989, por conta da mobilização da população indígena, e voltou à tona no governo Lula, aprovada pelo Congresso (em 2005) com o discurso de que era um novo projeto.

- A ameaça de retomar Belo Monte esteve presente também durante o governo Fernando Henrique Cardoso, mas só no governo Lula saiu mesmo do papel, o que ninguém imaginava que acontecesse, devido ao apoio massivo dos movimentos sociais da região à campanha de Lula. O senhor acha que o fato de Belo Monte ter saído do papel tem a ver com a denúncia do Mensalão, em 2005, e a recomposição das forças políticas para a eleição de 2006?
Bermann - Não tenho a mínima ideia. Mas vamos falar em cifras, agora. Em 2006 o projeto foi anunciado com um custo de R$ 4,5 bilhões. Você sabe, as cifras avançaram violentamente. Antes de ir para o leilão, a usina foi avaliada em R$ 19 bilhões. Foi feito o leilão e se definiu um custo fictício de geração de energia elétrica de R$ 78 o megawatt-hora.

- Por que fictício?
Bermann - Fictício porque esse custo não remunera o capital investido. É por isso que várias empresas caíram fora do empreendimento, sob o ponto de vista da geração da energia elétrica. Mas as grandes empreiteiras estão presentes, porque não é na venda da energia elétrica, mas sim na obra que se dá uma parte significativa da apropriação da renda. Com o consórcio constituído com 50% entre Eletrobrás e Eletronorte, as empreiteiras voltaram para fazer a obra. A elas interessa a obra – e não ficar vendendo energia elétrica. Essa situação é entendida pelos dirigentes, pelo governo, como normal. Para o governo federal, é uma parceria público-privada que está dando certo. Em que termos? A obra hoje está oficialmente orçada em R$ 26 bilhões. Imagine, de R$ 4,5 bilhões para R$ 26 bilhões...

- Em cinco anos, o valor da obra avançou em mais de R$ 20 bilhões?
Bermann – Oficialmente está hoje orçada em R$ 26 bilhões. Mas existem estimativas de que não vai sair por menos de R$ 32 bilhões. Isso sem falar em superfaturamento.

- Deste valor, quanto sairá do BNDES, ou seja, do nosso bolso?
Bermann – Oitenta por cento da grana para isso é dinheiro público. O que estamos testemunhando é um esquema de engenharia financeira para satisfazer um jogo de interesses que envolve empreiteiras que vão ganhar muito dinheiro no curto prazo. Um esquema de relações de poder que se estabelece nos níveis local, estadual e nacional – e isso numa obra cujos 11.200 megawatts de potência instalada só vão funcionar quatro meses por ano por causa do funcionamento hidrológico do Xingu. Então, é preciso entender que a discussão sobre a volta da inflação não se dá porque está aumentando o preço da cebola, do tomate, do leite... É por causa da volúpia de tomar recursos públicos que será necessário fabricar dinheiro. O ritmo inflacionário vai se dar na medida em que obras como Belo Monte forem avançando e requerendo que se pague equipamento, que se pague operários, que se pague uma série de coisas e também que se remunere com superfaturamento.

- Quem perde a gente já sabe. Agora, quem ganha, além das empreiteiras envolvidas na obra?

Bermann - Há as pessoas que ganham pela obra - fabricantes de equipamentos, empreiteiras. E há quem ganhe não financeiramente, mas politicamente, por permitir que essa articulação seja possível, porque é esse pessoal que vai bancar a campanha para o próximo mandato. É a escolinha ou o posto de saúde que eventualmente aquele vereador, aquele prefeito vai dizer: "É obra minha!". É isso que está em jogo. É dessa forma que a cultura política se estabelece hoje no nosso país. Isso precisa mudar. Como? É complicado.

- O senhor costuma usar a expressão “Síndrome do Blecaute” para se referir ao pânico da população de ficar à luz de velas devido a um apagão energético. Acredita que essa “síndrome” é manipulada pelo governo federal e pelos grandes interesses empresariais para emprestar um caráter de legitimidade a megaobras como Belo Monte?
Bermann – O que eu tenho chamado de "Síndrome do Blecaute" conduz à legitimação de empreendimentos absolutamente inconsistentes. Belo Monte, como foi provado pelo conjunto de cientistas que se debruçaram sobre o tema (painel dos especialistas), é uma obra absolutamente indesejável sob o ponto de vista econômico, financeiro e técnico. Isso sem falar nos aspectos social e ambiental. Mas se dissemina uma ideia do caos e, hoje, há 77 projetos de usinas hidrelétricas somente na Amazônia que utilizam a "Síndrome do Blecaute" para se viabilizarem. O fato de hoje o aquecimento global dominar a mídia e o senso comum, assim como a própria academia, ajuda a mostrar a hidroeletricidade como uma grande maravilha, independentemente do lugar em que a usina vai ser construída e dos impactos que ela vai causar. Mas o que é preciso compreender e questionar? Hoje, seis setores industriais consomem 30% da energia elétrica produzida no país. Dois deles são mais vinculados ao mercado doméstico, que é o cimento e a indústria química. Mas os outros quatro têm uma parte considerável da produção para exportação: aço, alumínio primário, ferroligas e celulose.

- As chamadas indústrias eletrointensivas...
Bermann – Isso. Eu não estou defendendo que devemos fechar as indústrias eletrointensivas, que demandam uma enorme quantidade de energia elétrica a um custo ambiental altíssimo. Mas acho absolutamente indesejável que a produção de alumínio dobre nos próximos 10 anos, que a produção de aço triplique nos próximos 10 anos, que a produção de celulose seja multiplicada por três nos próximos 10 anos. E é isso que está sendo previsto oficialmente.

- O que poucos parecem perceber e menos ainda questionam, quando essas metas são comemoradas, é a forma como o Brasil está inserido no mercado internacional em pleno século XXI. O quanto o fato de nossa economia estar baseada na exportação de bens primários tem a ver com a necessidade de grandes hidrelétricas?

Bermann – Desde a ditadura militar, passando pela redemocratização, pelos sucessivos governos até FHC, tem sido assim. Nós imaginávamos que, com Lula, essa questão ia ser reorientada. Porque o programa de governo em que eu me envolvi preconizava a necessidade dessa mudança. E o que aconteceu? Se você comparar os dados de 2001 com os dados de 2010, vai constatar que a economia brasileira está se primarizando cada vez mais. Isto é: cada vez mais são produzidos no Brasil bens industriais primários, sem agregação de valor. E são justamente os bens primários que consomem muita energia e geram pouco emprego. Além disso, satisfazem uma demanda marcada pelo consumismo. E o Brasil se mostrou incapaz de dizer: "Não, nós não vamos fazer isso".

- E depois esses produtos retornam para o Brasil, via importação, com valor agregado...
Bermann – É. Eu sempre chamo a atenção para o fato de que, do alumínio primário que o Brasil produz, 70% é exportado. E o alumínio consome muita energia. Para se pegar um barro vermelho, que é a bauxita, e transformá-la em alumínio, é preciso um processo de produção extremamente devastador sob o ponto de vista ambiental. Há um primeiro refino para obter a alumina, que é um pó branco. Esse pó branco tem como consequência ambiental uma borra chamada de “lama vermelha”. Um ano atrás, na Europa, na Hungria, houve uma catástrofe em função do rompimento de uma barragem que continha essa lama vermelha e tóxica. Ela se espalhou pelo Rio Danúbio e foi um horror. E cada vez mais se faz isso no nosso país – e, claro, não se faz mais isso nos países centrais. Isso não está acontecendo agora no Brasil, está acontecendo desde os anos 70.

- Houve acentuação desse processo no governo Lula e agora no de Dilma Rousseff?

Bermann – O que acontece a partir de Lula é o que eu tenho chamado de "reprimarização da economia". Nós já tivemos uma época em que a economia dependia basicamente da produção de bens primários: café, açúcar e também alguns bens industriais primários. Depois, tivemos Getúlio Vargas, Juscelino (Kubitschek), e nos anos 50 houve a substituição das importações com a vinda da indústria pesada. Aquele período marca um processo acelerado de industrialização da economia brasileira em que se buscava um desenvolvimento tecnológico para acompanhar o ritmo internacional. Agora, vivemos a reprimarização da economia. E não é uma questão do governo, simplesmente. O governo poderia tornar essa questão pública, dar condições para que a população compreendesse e debatesse o que está em jogo, e isso pudesse servir como base de apoio para uma tomada de decisão do tipo: "Olha, Alcoa (corporação de origem americana com grande presença no Brasil, é a principal produtora mundial de alumínio primário e alumínio industrializado, assim como a maior mineradora de bauxita e refinadora de alumina), vocês não vão continuar aumentando a produção aqui no Brasil. Procurem um outro lugar. A produção de energia elétrica gera um problema ambiental enorme, um problema social enorme, e nós vamos priorizar a demanda da população”. Mas, infelizmente, isso não é feito.

- Mas essa obstinação do governo Lula, e agora do governo Dilma, em fazer Belo Monte, mesmo já tendo um prejuízo de imagem aqui e lá fora, mesmo tendo mais de uma dezena de ações judiciais contra a obra movidas pelo Ministério Público Federal, fora as outras... Essa obstinação se dá apenas por causa do esquema de governabilidade, do esquema político para as eleições a curto e médio prazo, ou é por mais alguma coisa?
Bermann – Isso já não te parece plausível? Ou você acha que tem alguma coisa meio doentia, que precisa ser explicada? (risos)

- Doentia, não sei. Mas eu gostaria de compreender melhor por que o senhor e a maioria dos especialistas que estudaram o projeto afirmam que esta obra é ruim também do ponto de vista técnico.

Bermann – Divulgaram que esta será a única usina do Xingu. Inclusive, houve um seminário recente aqui na USP em que tive a oportunidade de discutir com o Mauricio Tolmasquim (presidente da Empresa de Pesquisa Energética, ligada ao Ministério de Minas e Energia). E ele veio com essa ladainha: “Vai ser a única...”. E eu disse a ele: “Com o perdão do poeta, o que você está afirmando, somente de papel passado, com firma em cartório e assinado: Deus”.

- O senhor não acredita que será a única usina do Xingu, então?
Bermann – Me diga alguma coisa no nosso país que vigorou como cláusula pétrea. Me fale alguma coisa aqui no nosso país que foi dito de uma forma e se manteve ao longo do tempo. VAI ser necessário construir outras usinas. No atual projeto, esta é uma usina que vai funcionar à plena carga, no máximo, quatro meses por ano, por causa do regime hidrológico. Se ela estiver sozinha, o volume de água para rodar as turbinas dependerá da quantidade de chuva. E aquela região tem a seguinte característica: quando chove, quando tem água, quando desce a água dos tributários para o Xingu é muita água, é um volume enorme de água. Mas isso só acontece durante quatro meses por ano. Só nesse período os 11.200 megawatts vão estar operando. Em outubro, na época da estiagem, será apenas 1.100 megawatts, um décimo. Então, a pergunta é: por que construir uma usina desse porte, se, na média anual, ela vai operar com 4.300 megawatts? Necessariamente vão vir as outras quatro. Eu estou afirmando isso, infelizmente. Tecnicamente, eu tenho absoluta certeza. Porque as usinas rio acima vão segurar a água e aí Belo Monte não vai depender da quantidade de chuva. É o único jeito dessa potência instalada de 11.200 megawatts existir de fato.

- O senhor está dizendo que o governo federal está mentindo ao afirmar que será apenas uma usina, para conseguir vencer as resistências ao projeto e aprová-la, e depois fará mais três ou quatro?
Bermann – Estou dizendo que, da forma como esta usina está colocada, é uma aberração técnica tão grande que é totalmente ilógico construí-la.

- E essa afirmação, discutida hoje na Justiça, de que os povos indígenas não serão atingidos?
Bermann – A noção que as empresas e o governo federal têm é a noção de população afogada – e não atingida.

- Agora, digamos que nós concordássemos que a obstinação de construir Belo Monte, ainda que atropelando a população e talvez a Constituição, se devesse à necessidade de energia elétrica. E digamos que Belo Monte fosse de fato um projeto de engenharia viável e inteligente. As usinas hidrelétricas são as melhores opções para a geração de energia no Brasil de hoje? Quais são as alternativas a elas?

Bermann – Não podemos olhar a questão da produção de energia sem questionar ou considerar o outro lado, que é o consumo de energia. Parece meio prosaico, porque envolve hábitos culturais da população. E a população sempre entendeu que energia elétrica se resume a você apertar o botão e ter eletricidade disponível. E por isso fica em pânico com a “Síndrome do Blecaute”. Mas é preciso pensar além disso. Não estou dizendo para fechar as fábricas de alumínio, de aço e de celulose no Brasil. O que estou dizendo é o seguinte: parem de ampliar a produção. Parem, porque diversos países desenvolvidos já fizeram isso. O Japão fez mais do que isso. O Japão produzia, em 1980, 1,6 milhões de toneladas de alumínio. Nós estamos produzindo quase 1,7 milhões de toneladas hoje. Só que a energia elétrica necessária para produzir alumínio tornou-se da ordem do absurdo. Então o governo japonês, as empresas japonesas produtoras de alumínio e os trabalhadores da indústria do alumínio realizaram um debate que culminou com o fechamento de todas as usinas de produção de alumínio primário no Japão, exceto uma. Isso ainda nos anos 80. Hoje, o Japão produz apenas 30 mil toneladas. De 1,6 milhões para 30 mil toneladas. Diante da necessidade de gerar muita energia para produzir alumínio, o que o Japão fez? O governo e a sociedade japonesa disseram: “Vamos priorizar a eficiência, o maior valor agregado. Nós não precisamos produzir aqui. Tem o Brasil, tem a Venezuela, tem a Jamaica, tem os lugares para onde a gente pode transferir as plantas industriais e continuar a assegurar o suprimento para a nossa necessidade industrial. A gente pega esse alumínio, agrega valor e exporta na forma de chip. Parece uma coisa tão besta, né? Mas foi isso o que os japoneses fizeram. Eles mantiveram o crescimento econômico e reduziram a demanda por energia. Nós estamos caminhando no sentido inverso. Estamos aumentando o consumo de energia a título de crescimento e desenvolvimento, e, numa atitude absolutamente ilógica, porque a gente exporta hoje a tonelada de alumínio a US$ 1.450, US$ 1.500 dólares. E, para se ter uma ideia, hoje falta esquadrias de alumínio no mercado interno, no mercado de construção brasileiro. O preço foi aumentado por indisponibilidade. Hoje, e fizemos um estudo recente sobre isso, é preciso importar esquadrias de alumínio porque a oferta no mercado interno é insuficiente. E, enquanto o Brasil exporta o alumínio por US$ 1.450, US$ 1.500, o preço da tonelada de esquadria importada é o dobro: cerca de US$ 3 mil a tonelada.

- Para o senhor, a questão de fundo é outra...
Bermann - Nós temos pouca capacidade de produzir alumínio com valor agregado. Então, não estou dizendo para fechar essas fábricas, botar os trabalhadores na rua, mas dizendo para parar de produzir alumínio primário, que exige uma enorme quantidade de energia, e investir no processo de melhoria da matéria-prima para satisfazer inclusive a demanda interna hoje insatisfeita. Agora, vai perguntar isso para a ABAL (Associação Brasileira de Alumínio). Veja se eles estão pensando dessa forma. Billiton, Alcoa, mesmo o sempre venerado Antônio Ermírio de Moraes, com a Companhia Brasileira de Alumínio. A perspectiva desse pessoal é a cega subordinação ao que define hoje o mercado internacional, o mercado financeiro. E é assim que o nosso país fica desesperado com a ideia de que vai faltar energia.

- Além de ser um modelo de desenvolvimento que prioriza a exportação de bens primários, sem valor agregado, é também um modelo de desenvolvimento que ignora o esgotamento de recursos. Enquanto tem, explora e lucra. Alguns poucos ganham. O custo socioambiental, agora e no futuro, será dividido por todos...
Bermann – Isso. Os recursos naturais são limitados. Por isso, no meu ponto de vista, a discussão do aquecimento global obscurece o entendimento da hidroeletricidade em particular. Ficamos às cegas. Para transformar o barro da bauxita naquele pó branco do alumínio, que depois é fundido através de uma corrente elétrica, é uma quantidade de energia enorme, absurda. Essa possibilidade você não vai conseguir com energia solar, com energia eólica. São processos produtivos que exigem a manutenção do suprimento de energia elétrica 24 por 24 horas. A solar não consegue fazer isso na escala necessária. Uma tonelada de alumínio consome 15 a 16 mil kilowatts-hora. Para se ter uma ideia, na média, o consumidor brasileiro consome, por domicílio, 180 kilowatts-hora por mês, o que é baixo. Nós ainda estamos vivendo uma situação muito próxima da miserabilidade em termos energéticos para a população. Nós temos uma demanda a ser satisfeita com equipamentos eletrodomésticos. Satisfeita não construindo grandes usinas hidrelétricas para as empresas eletrointensivas, mas para conseguirmos equilibrar a qualidade de vida, que se deve fundamentalmente a uma herança histórica: a de sermos um dos países com a pior distribuição de renda do mundo.

- Uma das piores distribuições de renda e uma das piores distribuições de eletricidade do mundo...
Bermann – Eu chamo o programa de universalização de "Luz para quase todos". Não é para todos, é para quase todos. Desde que estejam próximos da rede para extensão, tudo bem. Mas, para o sujeito distante, só agora é que se começa a pensar em sistemas de produção descentralizada. A percepção ainda é, infelizmente, de pegar e estender a rede. Mas o custo de extensão da rede é muito alto. Principalmente, se você pegar e atravessar 15 quilômetros para atender duas, três casas. O lógico seria a adoção de energia descentralizada em escala menor, que seja mais bem controlada pela população. Mas isso não passa pela cabeça porque define inclusive uma outra relação social. Eu também chamo esse programa de “Conta de luz para todos”, porque de repente você fica refém de uma companhia e necessariamente paga conta de luz, quando você poderia criar uma situação de autonomia energética.

- O senhor poderia explicar melhor quais são as alternativas para a população, já que todos nós crescemos dentro de uma lógica em que recebemos a conta da luz e pagamos a conta da luz; apertamos um botão na parede e a luz se faz. A realidade está exigindo que sejamos mais criativos e tenhamos mais largura de raciocínio. Quais são as alternativas para o cidadão comum, especialmente o de regiões mais afastadas?

Bermann – Depende muito do acesso à tecnologia existente no local ou na região. Hoje, por exemplo, temos no Rio Grande do Sul uma experiência de queimar casca de arroz para gerar energia. O calor da queima da casca de arroz aquece a água, a água se transforma em vapor e esse vapor é injetado num tubo e gira uma turbina produzindo energia elétrica. Não tem nada de fantástico nisso, esse processo é conhecido há muito tempo, mas, puxa vida, eu estou tão acostumado a simplesmente acender e apagar o botão... Vou ficar agora me preocupando se tem combustível? Existe um lado meio trágico da população em geral que é o comodismo: deixa que resolvam por mim. Então, quando você me pergunta sobre alternativas, depende do que a gente está falando. Existem alternativas promissoras deixando de produzir mais mercadorias eletrointensivas. Como também é promissor ter esquemas de financiamento para que o pequeno empresário adquira um painel fotovoltaico (placa que transforma luz solar em energia elétrica) ou uma usina de geração eólica (transformação de vento em energia elétrica). E use essa tecnologia que está disponível para satisfazer as suas necessidades, sem necessariamente ficar ligado a uma grande linha de transmissão, de distribuição, puxando energia não sei de onde.

- O que o senhor diria para a parcela da população brasileira que faz afirmações como estas: "Ah, se não construir Belo Monte não vai ter luz na minha casa", ou "Ah, esses ecochatos que criticam Belo Monte usam Ipad e embarcam em um avião para ir até o Xingu ou para a Europa fazer barulho". O que se diz para essas pessoas para que possam começar a compreender que a questão é um pouco mais complexa do que parece à primeira vista?
Bermann – Não é verdade que nós estamos à beira de um colapso energético. Não é verdade que nós estamos na iminência de um “apagão”. Nós temos energia suficiente. O que precisamos é priorizar a melhoria da qualidade de vida da população aumentando a disponibilidade de energia para a população. E isso se pode fazer com alternativas locais, mais próximas, não centralizadas, com a alteração dos hábitos de consumo. É importante perder essa referência que hoje nos marca de que esse tipo de obra é extremamente necessário porque vai trazer o progresso e o desenvolvimento do país. Isso é uma falácia. É claro que, se continuar desse jeito, se a previsão de aumento da produção das eletrointensivas se concretizar, vai faltar energia elétrica. Mas, cidadãos, se informem, procurem pressionar para que se abram canais de participação e de processo decisório para definir que país nós queremos. E há os que dizem: “Ah, mas ele está querendo viver à luz de velas...”. Não, eu estou dizendo que a gente pode reduzir o nosso consumo racionalizando a energia que a gente consome; a gente pode reduzir os hábitos de consumo de energia elétrica, proporcionando que mais gente seja atendida, sem construir uma grande, uma enorme usina que vai trazer enormes problemas sociais, econômicos e ambientais. É importante a percepção de que, cada vez que você liga um aparelho elétrico, a televisão, o computador, ou a luz da sua casa, você tenha como referência o fato de que a luz que está chegando ali é resultado de um processo penoso de expulsão de pessoas, do afastamento de uma população da sua base material de vida. E isso é absolutamente condenável, principalmente se forem indígenas e populações tradicionais. Mas também diz respeito à nossa própria vida. É necessário ter uma percepção crítica do nosso modo de vida, que não vai se modificar amanhã, mas ela precisa já estar na cabeça das pessoas, porque não é só energia, é uma série de recursos naturais que a gente simplesmente não considera que estão sendo exauridos e comprometidos. É necessário que desde a escola as crianças tenham essa discussão, incorporem essa discussão ao seu cotidiano. Eu também tenho uma dificuldade muito grande de chegar aqui na minha sala e não ligar logo o computador para ver emails, essas coisas. Confesso que tenho. Mas eu também percebo uma grande satisfação quando eu consigo não fazer isso. E essa percepção da satisfação é uma coisa cultural, pessoal, subjetiva. Mas ela precisa ser percebida pelas pessoas. De que o nosso mundo não existe apenas para nos beneficiarmos com essas "comodidades" que a energia elétrica em particular nos fornece. Agora isso exige um esforço, e a gente vive num mundo em que esse esforço de perceber a vida de outra forma não é incentivado. Por isso é difícil. E por isso, para quem quer construir uma usina, quer se dar bem, quer ganhar voto, quer manter a situação de privilégio, seja local ou nacional, para essas pessoas é muito fácil o convencimento que é praticado com relação a essas obras. Por mais que eu tenha sempre chamado a atenção para o caráter absolutamente ilógico da usina, das questões que envolvem a lógica econômico e financeira dessa hidrelétrica, para o absurdo que é a utilização do dinheiro público para isso, para a referência à necessidade de se precisar, num futuro próximo, enfrentar um ritmo violento de custo de vida, emitindo moeda para sustentar empreendimentos como esse, é muito difícil fazer com que as pessoas compreendam a relação dessa situação com as grandes obras. E Belo Monte é mais um instrumento disso. Eu não sou catastrofista, não tenho a percepção maléfica da hidroeletricidade. Não demonizo a hidroeletricidade. Eu apenas constato que, da forma como ela é concebida, particularmente no nosso país nos últimos anos, é uma das bases da injustiça social e da degradação ambiental. Se não é pensando em você, você necessariamente vai precisar pensar nas gerações futuras. Este é o recado para o leitor: é preciso repensar a relação com a energia e o modelo de desenvolvimento, é preciso mudar o nosso perfil industrial e também é preciso mudar a cultura das pessoas com relação aos hábitos de consumo. Nós precisamos mudar a relação que nos leva a uma cega exaustão de recursos.

- O senhor acha que a Dilma tem essa obstinação com Belo Monte, em parte, por teimosia?
Bermann - Ela é muito cabeça dura.

- Às vezes eu acho que as questões subjetivas têm um peso maior do que a gente costuma dar. Não sei...
Bermann - É, mas eu também não sei, não tenho nenhuma proximidade maior com o que ela está pensando agora. O que eu sei é que, no dia a dia, lá no ministério, ela demonstrava uma capacidade muito reduzida de ouvir. Ela pode até ouvir, mas as coisas na cabeça dela já estão postas.

- Por que o senhor saiu do governo em 2004?
Bermann - Porque venceu o contrato, e eu achei que não valia a pena continuar. Há conhecidos meus que foram na mesma época que eu e estão até hoje em Brasília. Não estão mais no ministério, mas estão em Brasília. Acho que Brasília é uma cidade com um vírus letal, que é a "Brasilite". A "Brasilite" se compõe de um verme que entra no umbigo e toma a barriga da pessoa de forma a ela achar que é o centro do universo. A partir daí, mudam as relações pessoais, o que a pessoa era e o que ela passa a ser. Eu mesmo perdi muitos amigos que começaram a empinar o queixo. Fazer o quê? E isso faz parte do “modus vivendi” brasiliense. Basta você ter um terno e uma gravata que você é doutor. Eu acho que a gente não vai muito longe alimentando isso.

- O senhor participou da elaboração do programa de Lula na campanha de 2002 e participou do primeiro ano de governo. Está desiludido?
Bermann – Eu não aceito quando me definem como: "Ah, você também é daqueles que estão desiludidos, estão chateados...". Tem essa conotação, né? Em absoluto. Eu não estou desiludido, chateado, bronqueado. Eu estou indignado!

- Quando o senhor se desfiliou do PT?
Bermann – Ah, quando o bigode do Sarney estava aparecendo muito nas fotos.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Sempre Alerta
Forista
Forista
Mensagens: 1538
Registrado em: 21 Jul 2005, 14:11
---
Quantidade de TD's: 220
Ver TD's

Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#54 Mensagem por Sempre Alerta » 22 Nov 2011, 14:07

O esgotamento do potencial hidrelétrico no Brasil

Potencial hidrelétrico decairá em 2025

Por Lilian Milena, no Brasilianas.org
Da Agência Dinheiro Vivo

A matriz nuclear tende a ter papel importante no Brasil e no mundo, declarou o chefe de gabinete da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, na última quinta-feira (17) durante o 17º Fórum de Debates Brasilianas.org, sobre Tecnologia Nuclear.

Estudos da EPE - Empresa de Pesquisa Energética - apontam para o esgotamento da capacidade de uso e armazenamento das fontes hidrelétricas no Brasil, a partir de 2025. Portanto, nos próximos anos, o país necessitará ter um sistema "hidrotérmico", equilibrando o uso de reservas de água e dos combustíveis que alimentam as térmicas (gás natural, carvão e nucleares, em especial urânio), uma vez que “as fontes renováveis e o aumento da eficiência energética serão complementos importantes, mas jamais carros chefes do sistema nacional de oferta energética", considerou Guimarães. Isso porque, para atender a base do consumo é preciso contar com matrizes que não dependem das sazionalidades climáticas e que forneçam grandes quantidades de energia elétrica (EE) sem a necessidade da utilização de grandes áreas.
[ external image ]
Fonte Eletronuclear

Guimarães também destacou que não se deve confundir energia com potência. Estimativas divulgadas em 2009 pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) apontam, por exemplo, que o Brasil tem potencial eólico equivalente a mais da metade da energia elétrica hoje produzida. Portanto, se pudéssemos instalar parques eólicos aproveitando todo o potencial dos ventos já seria o suficiente para atender a demanda do Plano de Desenvolvimento Energético 2030 (PDE).

Entratano, continuou, é impossível aproveitar todo o potencial dos ventos. O fator de capacidade da energia eólica, ou seja, a produtividade média de usinas do setor no mundo, hoje, é da ordem de 35%. Já o fator de capacidade das usinas térmicas é de 90%, e isso ocorre porque, basicamente, essas fontes não são dependentes das sazonalidades climáticas.

Do total de EE produzida hoje no país - cerca de 100 mil megawatts - 74% provém de hidrelétricas, 24% de termoelétricas, cerca de 2% de nucleares e menos de 1% de parques eólicos. A participação das termelétricas nucleares no conjunto de energia elétrica ofertado no país cresceu de 8%, em 2003 para 11%, em 2010.

Até 2020 o Brasil necessitará ofertar, pelo menos, mais de 35 mil megawatts para atender o crescimento da demanda estimado pela EPE. Nesse planejamento, a participação das energias renováveis (pequenas centrais hidrelétricas/PCH, eólica e biomassa), será 14,6 mil megawatts, contra o aumento em 8,1 mil megawatts advindos da matriz hidrelétrica. A parcela restante, cerca de 12 mil megawatts, virá das usinas térmicas, tanto de fontes nucleares, quanto movidas a gás natural e carvão mineral.
Ao defender a energia nuclear como importante matriz para atender a crescente demanda brasileira no longo prazo, o porta-voz da Eletronuclear destacou que o elemento químico mais popular para a produção de energia nuclear no mundo é o urânio; sendo que, atualmente, o Brasil tem reconhecidamente a sexta maior reserva, atrás da Austrália, Cazaquistão, Canadá, África do Sul e Namíbia. Por outro lado, estudos recentes apontam que o Brasil deve passar a ser o país com a primeira ou segunda maior reserva de urânio, abrigando em seu território cerca de 800 mil toneladas de minérios com o elemento radioativo - a quantidade de urânio prospectado atualmente no país é de aproximadamente 309 mil toneladas.
[ external image ]
Fonte Eletronuclear

Para um debate saudável

Em relação às críticas quanto uso da energia nuclear, Guimarães levantou a necessidade de se evitar quatro reconhecidos fatores que atrapalham discussões profundas sobre o tema:

- Sectarismo – “cada pessoa tem uma história pessoal e muito facilmente tende ao partidarismo, ou seja, defendem o que acreditam sem abertura às discussões”.

- Mito da panacéia – “ou seja, a crença que para tratar a questão [energética], que é de altíssima complexidade, existe uma solução única”;

- Confusão entre potência e produção de energia – “as pessoas quando tratam do tema falam em números energéticos utilizando os números de potência, sendo que energia é potência vezes o tempo. Não se compara um megawatts hídrico, com um megawatts nuclear, assim como não se compara com eólica”.

- Mercantilização da energia – “A oferta de energia é um serviço público, e serviços públicos têm características diferentes das mercadorias, ou seja, têm a função de fazer a economia evoluir e são responsáveis por inúmeras externalidades, tanto positivas quanto negativas. Então, não deve ser entendida como simples commodity. Claro que o preço é importante, mas essa visão é perigosa, e não é por leilões que o valor deve ser estabelecido, isso tende a ser perigoso para nós no longo prazo”.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... -no-brasil

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#55 Mensagem por Carnage » 27 Nov 2011, 19:39

http://www.interney.net/blogs/oescriba/ ... falcatrua/
Bora discutir Belo Monte sem falcatrua?
Novembro 22nd, 2011


http://www.youtube.com/watch?v=Z0eCshTv ... _embedded#!

Ok, vamos discutir Belo Monte? Mas que tal fazermos isso com base em dados reais? Sim, porque qualquer discussão baseada em suposições, falseamento, mentiras, não vai levar a lugar algum. Só vai desvirtuar o debate e promover mais ignorância. Então, a partir dos dados fidedignos, podemos nos posicionar contra ou a favor e, melhor, podemos exigir que se cumpra o combinado. Foram décadas de discussão sobre o projeto, que foi alterado para atender muitas das demandas, como não-alagamento de terras indígenas, diminuição dos impactos na região, melhoria das condições de vida das populações das cidades do entorno.

Não podemos cair na 'esparrela' das Reginas Duartes da vida, que aparecem aqui e ali pontuando com a cara constrita que estão "com medo". Ainda mais quando a causa do medo é informação deturpada. O pior é ver ambientalista tarimbado alimentando essa falcatrua, comemorando por exemplo o sucesso de um vídeo de artistas ( http://www.youtube.com/watch?v=TWWwfL66MPs )que em vez de jogar luz sobre o assunto, prefere fazer terrorismo barato, com base em informações defasadas, falsas até - chegaram a afirmar que o Parque Nacional do Xingu, que fica mais de 1.300 km ao sul do local da usina, poderá ser inundado!! Pô, aí não, vai... muita apelação! (não acredita? Veja aqui a distância de um para o outro)

Como bem disse o Gilberto Camara, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), recentemente em seu blog, os ambientalistas estão perdendo a oportunidade histórica de conseguir avançar, exigindo que o governo e a iniciativa privada promovam a sustentabilidade em seus projetos. Em vez disso, estão apelando para o obscurantismo, a desinformação, o marketing raso, e com isso perdem credibilidade. Uma pena. Quando sentam para discutir e negociar honestamente, conseguem boas vitórias - como a moratória da soja, que envolveu sojeiros da Amazônia, Greenpeace e até o McDonald's. É assim que funciona numa democracia moderna: os diferentes sentam à mesa, colocam seus argumentos, 'senões' e 'poréns' e tentam chegar a um denominador comum. Isso foi feito com Belo Monte, tanto que o projeto mudou da água pro vinho nesse meio tempo e hoje tem tudo para ser exemplo para outras obras do tipo que virão - e virão, não tem pra onde correr - para a Amazônia.

Mas enfim, vamos aos fatos sobre Belo Monte, que estão longe do bicho-papão pintado por aí:

* O lago de Belo Monte terá 503 km2, dos quais 228 km2 já são o leito do próprio rio Xingu. E boa parte da área restante já está desmatada por criadores de gado, agricultores e madeireiras ilegais. O desmatamento efetivo por conta da usina, portanto, é muito pequeno se comparado com o tamanho do empreendimento, a energia que fornecerá e os benefícios que trará à região. E o lago, uma vez criado, servirá para proteger o entorno de cerca de 28 mil hectares (280 km2), já que vira uma Área de Preservação Permanente (APP).

* É normal que empreendimentos hidrelétricos, e quase todas as fontes de geração de energia, tenham uma capacidade de geração e um fator de potência - ou seja quanto dessa capacidade será possível gerar em média em um ano. No caso de Belo Monte, que tem capacidade instalada de 11.233 MW, a geração média é de 4.571 MW, ou 41%. Esse número é o suficiente para abastecer 40% do consumo residencial de todo o Brasil. Ao longo de sua elaboração, o projeto Belo Monte foi modificado para restringir os impactos que poderia causar ao meio ambiente e à população da região, reduzindo-se a área de inundação prevista em 60% em relação ao projeto inicial. Isso diminuiu a geração média de energia, mas foi importante para a diminuição do seu impacto.

É pouco? Nem tanto. Dá uma olhada nos dados que este blog ( http://casatolerancia.blogspot.com/2011 ... a.html#mor ) compilou sobre a média em outros países (na China é 36% e nos EUA, 46%) e mesmo no Brasil, em outras usinas já em operação, como Itaipu, Tucuruí.

* A média nacional de área alagada é de 0,49 km2 por MW instalado, em Belo Monte essa relação é de apenas 0,04 km2 por MW instalado.

* 100% da energia a ser produzida por Belo Monte destinam-se ao Sistema Interligado Nacional (SIN), sendo que 70% são para pôr nas redes das distribuidoras de energia de todo o país com o segundo menor valor por MWhora entre todos os empreendimentos elétricos nos últimos 10 anos (R$ 78 por MWh). Aquele papo de que a energia de Belo Monte beneficiará apenas esta ou aquela empresa, é balela, lenda. A energia gerada pela usina será conectada ao SIN e, com isto, gera energia para todo o país. O mesmo acontece com TODAS as demais usinas construídas por aqui.

* Há duas maneiras de se construir uma usina hidrelétrica: basear-se exclusivamente no critério de eficiência, em que tería que dispor de um lago enorme, como era o projeto original de Belo Monte de 1980, alagando amplas regiões, ou um sistema energeticamente menos eficiente - o de geração de energia em cima da corretenza do rio, denominado fio d'água - justamente para privilegiar questões ambientais. Belo Monte é desse segundo tipo, não sendo tão eficiente como a média das hidrelétricas brasileiras (na faixa de 50%) justamente em respeito a questões sociais e ambientais.

* Nenhum índio terá que sair de suas terras por causa do projeto e os ribeirinhos que serão realocados vivem, em sua maioria (quase 7 mil famílias), em palafitas nos igarapés de Altamira, em condições sub-humanas. O governo pretende realocar essas famílias para condomínios habitacionais que ficam em torno de 2 quilômetros de distância de onde estão hoje. São cerca de 18 mil pessoas. A promessa do governo é que essas pessoas receberão casas em locais totalmente urbanizados, com saneamento básico, postos de saúde, escolas e locais de lazer, tudo antes do final de 2014. É anotar e cobrar.

* Substituir a energia de Belo Monte por eólicas e energia solar parece fácil, mas é praticamente impossível. Precisamos de 5 mil MW por ano de energia adicionada ao sistema para garantir o mínimo necessário para que o país continue se desenvolvendo e gerando emprego e renda, e garantindo a inclusão de milhões de brasileiros que hoje estão à margem de todo e qualquer consumo. Isso não é possível, no curto/médio prazo, com eólica e solar. O Brasil até tem investido bastante nessas duas formas de geração de energia, somos o país que mais tem atraído empresas do setor para cá, mas é coisa para médio-longo prazo. Enquanto isso, fazemos a transição - mas com energia de baixo impacto e limpa, como a hidrelétrica. Nenhum outro país do mundo consegue isso - EUA, China, Europa, Ìndia, todos estão fazendo investimentos em energia renovável (eólica, solar, etc) com base numa economia sustentada por energia suja - nuclear, térmicas a carvão ou óleo diesel.

Para se ter uma ideia, para ter o mesmo potencial energético de Belo Monte, seria necessário instalar mais de 6 mil aerogeradores, de 3MW cada, ocupando uma área de 470 km2 - ou quase o tamanho do lago de Belo Monte (503 km2).

Bom, tem muito mais coisa para se pontuar, mas já tem um bocado aí pra refletirmos, né mesmo? As coisas nem sempre são tão simples como querem fazer crer uns e outros, nem o diabo é tão feio.

Tem mais informação boa circulando por aí, seguem algumas dicas - quem quiser indicar outros bons textos, coloca na área de comentários que acrescento à lista abaixo:

Belo Monte: vídeo de globais é teatro
http://www.brasil247.com.br/pt/247/bras ... tmCampanha

Os Belos e Belo Monte
http://terramagazine.terra.com.br/inter ... Monte.html

Prefeita de Altamira fala sobre Belo Monte
http://www.youtube.com/watch?v=E-MZS9FfOm4

Belo Monte: Os fatos sobre a vazão reduzida na Volta Grande
http://www.aleporto.com.br/blog.php?tema=4&post=2820

Eu não assino petições contra Belo Monte
http://www.aleporto.com.br/blog.php?tema=4&post=2783

ADENDUM IMPORTANTE: todas as informações que estão neste post foram retiradas dos links citados, reportagens impressas e televisivas e dados dos ministérios de Minas e Energia, Planejamento e Meio Ambiente. Tenho alguns PDFs que não achei e por isso não estão aqui - vou passá-los pro Slideshare e colocá-los aqui também. ATUALIZAÇÃO: aqui estão algumas das apresentações:

O Empreendimento de Belo Monte e o Planejamento e a Expansão do Sistema Elétrico Brasileiro
http://www.slideshare.net/jhcordeiro/o- ... brasileiro

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Xingú
http://www.slideshare.net/jhcordeiro/pl ... el-do-xing

Fatos e Dados sobre a usina.
http://www.slideshare.net/jhcordeiro/be ... s-10296702


ADENDUM 2:
O professor Idelber Avelar vai publicar em seu blog uma lista de 50 textos contrários à construção da usina Belo Monte. Me cobraram a falta de argumentos contra a usina, pois então aqui está! ( http://revistaforum.com.br/idelberavela ... %AA-parte/ ) Ainda não li tudo por lá, mas do que li só reforça minha posição de que o projeto, do jeito que está, é inteligente, sustentável e respeitador do meio ambiente e das populações locais.

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Locutus_Ofborg
Forista
Forista
Mensagens: 3057
Registrado em: 20 Out 2004, 07:18
---
Quantidade de TD's: 135
Ver TD's

Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#56 Mensagem por Locutus_Ofborg » 28 Nov 2011, 20:53

Tem esse vídeo pró-construção com participação de estudantes gatinhas da Unicamp... rs...

Obs.: O vídeo é sério. Tem uns errinhos conceituais, mas não tanto quanto os do globais.

http://www.youtube.com/watch?v=gVC_Y9drhGo

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

queromais
Forista
Forista
Mensagens: 469
Registrado em: 16 Nov 2003, 19:31
---
Quantidade de TD's: 7
Ver TD's

Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#57 Mensagem por queromais » 29 Nov 2011, 22:18

A geração de mais energia é primordial para que o país possa continuar em desenvolvimento. Isso não está em discussão, é incontroverso. E, pra mim, o governo conseguiu demonstrar que a tal usina é a melhor opção. Vejam, por exemplo, esse vídeo com dados técnicos sobre o assunto:http://www.youtube.com/watch?feature=pl ... hYd48tQav4.
Penso que essa campanha contra visa apenas que uma usina seja construída com dinheito particular, inclusive, de empresas internacionais e, claro, o retorno financeira ficaria com elas....

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Compson
Forista
Forista
Mensagens: 6415
Registrado em: 21 Nov 2003, 18:29
---
Quantidade de TD's: 135
Ver TD's

Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#58 Mensagem por Compson » 30 Nov 2011, 09:41

Essa briga tem 10 anos, não vão ser dois videozinhos de 5 minutos que resolverão a questão (espero)...

Esse blog tem um bom histórico judicial da pendenga, além de outros textos (pelo título, é claro que o cara é contra):

http://belomontedeviolencias.blogspot.c ... 20judicial

Eu não entendo nada nem de energia, nem de ecologia, nem de lei, nem de questão indígena... Tendo um pouco a ser contra porque minhas principais referências são.

Além do que, numa disputa entre governo e empreiteiras contra índios, não dá pra ter muita dúvida sobre de que lado ficar!

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

queromais
Forista
Forista
Mensagens: 469
Registrado em: 16 Nov 2003, 19:31
---
Quantidade de TD's: 7
Ver TD's

Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#59 Mensagem por queromais » 01 Dez 2011, 00:12

Tem muito tempo, mesmo, mas esse litígio está em uma fase decisiva. Com razão em relação aos "videozinhos", aliás, artistas da Globo resolverem fazer um manifestamente tendencioso, o qual foi motivo de chacota por estudantes, através de outro "videozinho"!

Esse blog não apresenta nada de novo. Como seu autor é contra, são expostas, claro, informações negativas acerca da instalação da usina.

Índios? Penso que a disputa, na verdade, é com quem ficará o dinheiro decorrente da venda da energia que a usina produzirá. Seria inocência nossa pensar que não é o dinheiro o combustível desse embate!

É como penso!

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Pinter
Forista
Forista
Mensagens: 1159
Registrado em: 16 Mar 2007, 16:47
---
Quantidade de TD's: 104
Ver TD's

Re: Belo Monte e o tiro no pé do Lula, digo nos nossos!

#60 Mensagem por Pinter » 01 Dez 2011, 14:20

Pessoal, bom dia...


É um pouco longo, mas interessante....


Usina Hidroelétrica de Belo Monte.


http://www.youtube.com/watch?v=kAAdXrdX ... ture=share



www.youtube.com/watch?v=VhDRVKDcXQo

Link:
Esconder link da mensagem
🔗

Responder
  • Tópicos Semelhantes
    Respostas
    Exibições
    Última mensagem

Voltar para “Assuntos Gerais - OFF Topic - Temas variados”