Insignes insignes:Carnage escreveu:Como no comentário do Compson, sou solteiro, absolutamente sozinho e saio bastante com GPs.
Que dizer? Que sou um bosta que não consegue arrumar mulher? Ou feio demais pra atraí-las? Muito provavelmente...![]()
A questão do solteiros x casados não é para ser tomada literalmente, mas é uma espécie de "tipo social" à Weber. Você não vai achar um tipo social andando por aí na rua (verdade que Weber não conheceu o GPChat), mas ele pode ser útil na medida em que permite distinguir traços básicos e esboçar relações sociais. Na verdade, é bastante comum que o cara atípico que assume uma determinada visão de mundo seja mais radical do que os caras típicos...
Sobre a questão da "bostidade" do sujeito pós-moderno, creio que ela possa ser desdobrada em dois níveis:
(1) Em geral, todos (ou quase) somos bostas, pois todos vivemos uma vida infinitamente medíocre em relação ao ideal que aprendemos a esperar. A exceção é o Ronaldo Fenômeno, que bebe, fuma, engorda, come três travestis com a perna quebrada, marca o gol do título e paga a noitada da galera. Que sonho!
(2) Na relação com a putaria, há dois, por assim dizer, "usos" que podemos fazer dela.
(2a) Um é a simples fruição momentânea que nos permite, por meio do dinheiro, desativar as questões: "Que dizer? Que sou um bosta que não consegue arrumar mulher? Ou feio demais pra atraí-las?", ou seja, deslocar por um momento a imensa carga de expectativas por reconhecimento social que nossa sociedade enreda no sexo. Esse é o caminho da revolução social (é claro que ainda é necessário tratar da mediação do dinheiro, mas, sem o desencantamento das formas libidinais sociais básicas sobre as quais se baseia a forma mercadoria, esse objetivo é impossível)...
(2b) Outro, a pura bostidade (die reine Scheißigkeit, como diria Hegel), é usar o dinheiro para responder um "Não" a essas mesmas perguntas. No entanto, trata-se de uma negação simplesmente ilusória, pois, na prática, as perguntas passam a ser apenas de uma metáfora, na qual o par atraente/feio não significa mais que conveniente/pobre (ou não disposto a pagar). Mas é uma "ilusão real" que o bosta tenta sustentar iludindo-se também a respeito de relações extra-programa (de proteção, de amizade, de admiração)... Se nossa amiguinha quer "dar de olhos abertos", mesmo que para isso tenha de se valer da bebida, nossos BOPs querem mais é "comer de olhos fechados"!
E nesse dia estaremos a um passo do reino do ser humano livre sobre a terra, no qual, a consciência-de-si, internalizando aquilo que a nega, concilia-se consigo mesma e efetiva o movimento infinito de autorrealização do Espírito...Edu28 escreveu:Certo dia, numa certa semana de um certo ano tive um visão de que num futuro o bosta será o que não faz sexo pago, mas aquele que tem que comer o que é dado de graça.
Por isso mesmo:
Cada um sabe o quanto lhe pesa, mas acho que suicídio é uma solução mais bosta que (2b). Se (2b) é um encantamento que bloqueia (2a), suicídio é um encantamento ainda maior no qual a cisão social não chega sequer a ser problematizada, aparecendo imediatamente como insuperável.Dr. Zero escreveu:insigne Compson:
até quando pode a vida piorar antes que o cara pense no suicídio? quanto à parte grifada em negrito, escreveria, como Carl F. Gauss utilizando suas próprias lágrimas, que "a morte é preferível a esta vida"