A imprensa e grande mídia no Brasil

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#571 Mensagem por Tricampeão » 15 Mai 2011, 21:35

Na minha opinião, o Oscar da imprensa venal da semana vai para o oligopólio midiático da Família Marinho.
O oligopólio midiático da Família Marinho deu destaque ao ataque dos talibãs no Paquistão, com foto mostrando aquele monte de caixões, mas nunca falou das centenas de ataques de aeronaves não tripuladas dos gringos filhos da puta, que já deixaram milhares de mortos no país.

Carnage
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#572 Mensagem por Carnage » 24 Jun 2011, 20:22

http://www.rodrigovianna.com.br/radar-d ... ulo-2.html
Transparência seletiva? E São Paulo?

por Rodrigo Vianna


Esse escrevinhador teve acesso, ontem, ao mandado de segurança da “Folha” contra Helena Chagas, a responsável pela SECOM (Secretaria de Comunicação do governo federal). O jornal paulista queria detalhes sobre as verbas de publicidade do governo. A SECOM mandou as explicações, mas sem os detalhes requeridos pelo jornal. A “Folha”, então, entrou com o mandado de segurança, em nome da “transparência”. Louvável a preocupação do jornal.

Quem há de ser contra a “transparência”?

O que esse escrevinhador não entende é por que a “Folha” só se preocupa com transparência federal. Transparência estadual, nem pensar.

Caminhemos, então, para a transparência geral e irrestrita. O contribuinte de São Paulo, por exemplo, merece saber quanto o governo paulista gasta (ou gastou) com assinaturas da “Folha” e do “Estadão”. O contribuinte paulista merece saber porque o Estado contratou os serviços da editora Abril para fornecimento da revista “Nova Escola” – sem licitação. O caso foi denunciado pelo deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), como se pode ler aqui.

Esse escrevinhador não estranharia se, em breve, outros meios de comunicação entrarem com ação semelhante cobrando explicações sobre os gastos do governo paulista (incluindo a Sabesp, estatal de águas que anuncia até em Pernambuco) ou do governo mineiro (que teria anunciado de forma generosa numa das rádios que – hoje se sabe – pertence a Aécio Neves). E fariam isso inspirados no louvável ato da “Folha” (que, certamente, não usou o mandado de segurança para pressionar a SECOM, nem para obter mais anúncios do governo federal).

Em nome da transparência no uso de recursos públicos – e mesmo na área privada – seria útil consultar o Ministério Público, o CADE e a CVM, para questionar:

- órgãos de comunicação impressos usam o IVC (que mede a circulação) para montar suas tabelas de anúncios; o IVC é confiável? quem controla o IVC?

- empresas privadas (com ação em Bolsa), que anunciam em jornais e revistas com base em tabelas baseadas no IVC, estão gastando o dinheiro dos acionistas de forma justa?

- o bônus de veiculação (BV) que certas empresas de comunicação pagam às agências de publicidade (quanto mais dinheiro a agência concentra num determinado meio, mais ela recebe de volta, na forma de BV) não atenta contra as regras de concorrência e de livre mercado?

Ou seja: é o meio de comunicação que remunera a agência! O BV não é um “escândalo” estatal. É um escândalo do mundo privado da publicidade.

São questionamentos pertinentes: em nome da transparência!

Sem falar num fato absurdo, que ainda hoje garante polpudos recursos aos jornais: a lei obriga empresas de capital aberto a publicar balanços em jornais “de grande circulação”. Pra que? O acionista já recebe relatórios por e-mail, tem acesso ao site da empresa. Alguém acredita que o acionista vai folhear a “Folha”, o “Estadão” ou “Valor” para saber detalhes do balanço de uma empresa em que investe?

A obrigatoriedade de balanço em jornal é uma forma de transferir recurso do acionista de grandes empresas para as famílias que controlam os jornais. É outro escândalo do mundo privado da publicidade. Um escândalo que mexe com bolso de cada um que tem dinheiro investido em ações.

No mandado de segurança, a “Folha” fala em “injustificável opacidade” de informações. Belíssima expressão! Quem assina a ação é a causídica Taís Gasparian – a mesma que, durante a campanha de 2010, em nome do mesmo jornal, lutou desesperadamente para obter o processo de Dilma no STM. A “Folha” queria saber o que Dilma dissera, sob tortura. Imaginem o uso que isso teria. Faz sentido, afinal a “Folha” é um jornal que abre espaço para o torturador Ustra.

Um jornal, certamente, transparente, em sua história e em suas intenções.

Desde logo, esse blogueiro soma-se à “Folha” na busca de ”transparência” no mundo da publicidade. Transparência ampla, geral e irrestrita, incluindo BV, balanços de empresas, IVC e – claro – os gastos de publicidade de governos estaduais ricos – como os de Minas e São Paulo.

Viva a transparência total! Abaixo a transparência seletiva!

Carnage
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#573 Mensagem por Carnage » 07 Ago 2011, 17:48

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... midiaticas
Sobre mesquinharias midiáticas

abaixo matéria mostrando que a OI patrocinou 187 projetos culturais em 2011.
da Folha.com
Oi banca R$ 300 mil de peça estrelada por neta de Lula


Depois de socorrer uma empresa do filho do ex-presidente Lula, a Oi vai financiar peça de teatro que terá no elenco uma neta do petista, informa reportagem de Nádia Guerlenda Cabral, Andreza Matais e Fernanda Odilla, publicada na edição deste domingo da Folha (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).

A produção, que busca patrocínio há um ano e três meses, conseguiu a ajuda após promover na mídia a participação da jovem. A peça "Megera Domada", de Shakespeare, marcará a estreia de Bia Lula, 16, filha de Lurian Lula da Silva, nos palcos.

A Oi é a única empresa até agora a patrocinar o projeto via Lei Rouanet. A tele vai bancar R$ 300 mil, quase metade do custo da produção, de R$ 639,4 mil.

Em 2005, a Oi aplicou recursos numa empresa de um dos filhos de Lula. A Gamecorp, de kkkkkkkkk Luís Lula da Silva, recebeu R$ 5 milhões da então Telemar --uma concessionária de serviço público. O negócio é alvo de investigação da Polícia Federal.

OUTRO LADO

A Oi afirmou que "é uma das maiores patrocinadoras de projetos culturais" do país e que "não opina no processo de seleção do elenco". A tele negou ainda ter sido beneficiada por decisões do governo.

A assessoria do ex-presidente Lula disse que ele desconhece o patrocínio. "É uma operação entre a Oi e a produção da peça. Lula não tem nada a ver com isso."

O produtor Oddone Monteiro disse que convidou Bia Lula para participar do elenco porque sabia que ela atrairia a atenção, mas negou que tê-la na peça ajude no patrocínio. O Ministério da Cultura informou que a prorrogação da captação de recursos está dentro dos trâmites e prazos.
Comentário

É uma perseguição descabida. Pretendem estigmatizar todos os parentes de Lula.

Mônica Serra tem uma ONG, a "Se Toque", inteiramente bancada pela Sabesp com lei de incentivo fiscal do Estado. A ONG não cumpriu as metas fixadas no ano passado - visitas a escolas. E faz-se um carnaval porque uma neta de Lula é atriz em uma peça.

Oi patrocinou 187 projetos em 2001

Programa Oi de Patrocínios: veja resultado

A Oi divulgou os selecionados em seu Programa de Patrocínios Culturais Incentivados 2011.

Foram escolhidos 187 projetos de todo o país, nas áreas de Artes Visuais, Cinema, Cultura Popular, Dança, Espaços Culturais, Música, Patrimônio Cultural, Publicação e Documentação, Teatro e Tecnologia e Novas Mídias.

Os valores de cada patrocínio serão informados posteriormente aos selecionados. Na área de dança, foram selecionados 12 projetos: 1,2 na Dança (MG), Acervo de Mixion (RJ), Atos de fala (RJ), VIII Bienal Internacional de Dança do Ceará (CE), circulação nacional do Balé Folclórico da Bahia (BA), Dança & atitude – etapa 1 (CE), Festival Panorama – 20 anos (RJ), FID – Fórum Internacional de Dança 15 anos (MG), FIDA – Festival Internacional de Dança da Amazônia (PA), Momix – Bothanica (RJ), O Grande Circo Místico (RJ) e Vivadança Festival Internacional – 6ª edição (BA).
http://www.blogcidadania.com.br/2011/07 ... -de-fhc-2/
A ‘Disneylandia’ do filho de FHC
Posted by eduguim on 31/07/11 • Categorized as denúncia


A perseguição da mídia a Lula e à sua família não terminou depois que ele deixou o poder. Desde a semana seguinte à posse de Dilma Rousseff, em janeiro, que os ataques ao ex-presidente miram todo e qualquer aspecto de sua vida particular – desde os valores que cobra para dar conferências (como faz seu antecessor Fernando Henrique Cardoso desde que deixou o poder) até as atividades privadas de seus familiares.

Essa perseguição obstinada, irrefreável e interminável acaba de ganhar mais um capítulo. Neste domingo, o jornal Folha de São Paulo expõe uma neta do ex-presidente-operário, Bia Lula, de 16 anos, que integra o elenco de uma peça de teatro que recebeu financiamento de 300 mil reais da operadora de telefonia OI. A matéria insinua que o financiamento só ocorreu devido à influência de Lula.

Este post, porém, não pretende questionar a função fiscalizadora da imprensa nas democracias e, sim, a seletividade nessa fiscalização. Não é ruim que a imprensa fiscalize a vida privada dos políticos desde que não faça isso em benefício de outros políticos, tornando-se partícipe do jogo político-partidário, o que lhe retira a credibilidade, razão pela qual esses conglomerados de mídia negam até a morte que têm qualquer preferência política.

Mas o que explica, então, que as atividades privadas dos filhos de um ex-presidente de determinado partido sejam devassadas dessa forma – não poupando nem uma garota de 16 anos ao lhe reproduzir a foto em uma matéria em que, ao fim e ao cabo, chama seu avô de ladrão (nas entrelinhas) – enquanto não acontece o mesmo com os negócios para lá de esquisitos do filho de FHC Paulo Henrique Cardoso, por exemplo?

Fico imaginando o que teria acontecido se Lula tivesse feito em relação ao seu filho o que fez o antecessor em relação ao dele, enquanto ambos  governavam…

Em 1996, Paulo Henrique Cardoso era casado com a filha do dono do Banco Nacional, cuja falência foi evitada por medida provisória editada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Aquela medida tornou possível a venda de parte boa do Banco Nacional para o Unibanco. A parte podre — de seis bilhões de dólares — ficou para o governo pagar. Este blogueiro se cansou de ler editoriais do Estadão defendendo a negociata.

Em 2000, dois anos antes de deixar o poder, FHC autorizou financiamento do seu governo à empresa do próprio filho, Paulo Henrique Cardoso, para montar o pavilhão brasileiro na Expo 2000 na Alemanha, na cidade de Hannover. Foram doados pelo governo federal, então, 14 milhões de reais. O Tribunal de Contas da União e o Ministério Público Federal chiaram, inclusive. A imprensa, porém, deu algumas raras reportagens sobre o caso e nunca mais tocou no assunto, sobretudo depois que FHC deixou o poder.

A boa e velha hipocrisia da mídia dirá que tudo isso aconteceu faz tempo e tentará convencer os incautos de que naquela época foi feito um barulho sequer parecido com o que se faz hoje sob meras especulações e não sob fatos concretos como aqueles que pesavam sobre o filho do ex-presidente tucano. Contra kkkkkkkkk Luís Lula da Silva, por exemplo, afirmam que financiamento da OI à empresa dele seria escandaloso. Mas alguém viu algum jornalista chamar de escandalosos os fatos sobre o filho de FHC?

E o pior é que PHC continua se metendo em negócios estranhos, para dizer o mínimo. A mídia deveria ter curiosidade sobre seus negócios porque seu pai é o líder máximo do maior partido de oposição, partido que controla governos estaduais poderosos como os de São Paulo (o mais rico do país) e Minas Gerais, sem falar da ascendência do ex-presidente sobre a grande mídia, o que faz dele político a ser agradado por empresas privadas.

Veja só, leitor, o negócio fechado no fim do ano passado pelo filho de um dos políticos mais poderosos e influentes do Brasil, um negócio sobre o qual a grande mídia não especulou nada, não quis saber nada e não publicou nada. Em 29 de novembro do ano passado a Rádio Disney estreou oficialmente no Brasil na frequência FM 91,3 MHz de São Paulo. A emissora foi negociada no começo do ano, quando a Walt Disney Company se uniu à Rádio Holding Ltda. e comprou a concessão. A Holding pertence a Paulo Henrique Cardoso, filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e detém 71% do negócio.

Walt Disney Company é um dos maiores grupos de mídia dos Estados Unidos e esse será o seu maior investimento no Brasil. Teve que se associar minoritariamente ao filho de FHC porque a legislação brasileira não permite que empresas estrangeiras controlem veículos de comunicação. Por isso precisa de um brasileiro…

O filho de Lula, dito “Lulinha” pela mídia, recebeu acusações explícitas e incessantes por receber financiamento de uma grande empresa. Por que foi diferente com o filho de FHC? O caso deles é bastante parecido, ora. Ambos têm sócios poderosos em empresas de comunicação – “Lulinha” produz conteúdo para uma televisão UHF e Paulo Henrique é sócio de um tubarão internacional numa rádio.

É injusto dizer que há irregularidades nesses negócios de familiares dos ex-presidentes. Para expor as famílias da forma como a Folha fez com a neta de Lula, deveria haver mais do que especulações. Tanto para a família do ex-presidente petista quanto para a do tucano. Os valores que eles cobram pelas palestras, idem. Mas se a mídia quer investigar, que faça com todos os políticos e não só com aqueles dos quais não gosta.
http://www.blogcidadania.com.br/2011/08 ... seu-lugar/
Não espere que o governo lute em seu lugar
Posted by eduguim on 03/08/11 • Categorized as Manifesto


Políticos não gostam de brigar com a mídia. Inclusive os bons políticos – e eles existem. Isso ocorre porque, às vezes, uma eleição fica dependendo de um pequeno percentual de votos e, como a mídia atinge a muitos, uma simples reportagem pode acabar com uma carreira política ou resultar na perda de uma eleição.

Por outro lado, apesar de o poder de difusão da blogosfera ter aumentado bastante nos últimos anos, ainda não é capaz de enfrentar meios de comunicação de massa que facilmente atingem milhões em questões de horas enquanto que a mesma blogosfera não passa da casa dos milhares em períodos bem maiores, de dias ou semanas.

Há hoje, assim, um assunto que a mídia tenta ignorar: a acusação de seletividade ética em sua “fiscalização” do Estado, ou seja, a conduta de só “fiscalizar” políticos do PT ou aliados ao partido apesar de que acusações idênticas poderiam ser feitas a tucanos e aos seus aliados e não são feitas.

A seletividade ética da mídia é altamente danosa à democracia porque não pretende promover ética de verdade, mas os interesses de determinados grupos políticos. Para isso, Globo, Folha de São Paulo, Estadão e Veja publicam diariamente, há anos, denúncias contra um lado só, poupando o outro.

Já cansei de dizer aqui que o problema não é fiscalizar o PT e seus aliados, mas fiscalizar só a estes. E de dizer que as poucas matérias incômodas aos adversários do grupo político que governa o país não passam de cortina de fumaça, porque são pouquíssimas e sem destaque sequer parecido com o que é dado ao outro lado.

Apesar disso, a mídia tem militância. Inclusive na blogosfera. Por isso a chamam de Partido da Imprensa Golpista (PIG), porque, além de agir politicamente em benefício de alguns políticos e em prejuízo de outros, age como partido, organizando uma militância disposta a se equiparar à militância partidária assumida.

Basta abrir qualquer blog político que tenha bom volume de comentários para ver a militância midiática defendendo abertamente esses grandes veículos supracitados de uma acusação indefensável sob qualquer análise minimamente séria e aprofundada, de que omitem notícias desfavoráveis ao PSDB e aliados e destacam as desfavoráveis aos seus adversários.

Em 2007, foi fundado o Movimento dos Sem Mídia para lutar contra isso. Uma ONG sem recursos e que proibiu a si mesma de receber dinheiro público. Mas isso não a impediu de promover o primeiro ato público de relevo contra um meio de comunicação após o fim da ditadura militar. Foi diante da Folha de São Paulo, em 15 de setembro daquele ano.

Duas centenas de pessoas ouviram-me dizer ao megafone (comprado sob contribuições dos leitores deste blog) diante da sede da Folha, na Alamenda Barão de Limeira, em São Paulo, tudo aquilo que, agora, parece que há que ser dito de novo de uma forma que não se possa ignorar.

É difícil, hoje em dia, mobilizar grandes multidões para uma manifestação que não seja em prol de interesses restritos de grupos – interesses legítimos, diga-se – tais como a legalização da maconha, alguma campanha salarial, os direitos dos homossexuais etc. A exceção foi um ato público recente, o “Churrascão da Gente Diferenciada”, em maio, no bairro paulistano de Higienópolis, que atraiu uma pequena legião de manifestantes.

Não se pode ignorar, porém, que aquele foi um fenômeno, um raio que dificilmente cairá no mesmo lugar outra vez. Até porque, a conduta absurda de um grupo de moradores daquele bairro de quererem proibir ali a circulação de outras pessoas ganhou destaque na mídia e a própria seletividade ética dessa mesma mídia certamente não ganhará destaque algum.

Se não se fizer nada, então, continuaremos a ser esbofeteados por uma ética absolutamente falsa, seletiva, cínica de, por exemplo, acusarem a família de Lula de se beneficiar de sua influência para fazer negócios enquanto que as famílias de políticos influentes do PSDB como Fernando Henrique Cardoso ou José Serra fazem negócios esquisitos e a mídia ignora.

No fim de semana, a Folha acusou uma neta de Lula de se beneficiar da influência do avô e, nesta quarta-feira, O Globo acusa um filho do ex-presidente da mesma coisa. Ou melhor, não são acusações, são insinuações, porque, como não há um fato determinado a acusar, levanta-se suspeita sem dizer exatamente sobre o quê.

No último sábado, este blog noticiou que o filho legítimo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Paulo Henrique Cardoso, o PHC, acaba de se associar ao maior grupo de mídia do planeta, a Walt Disney Company, em um empreendimento inusitado, uma grande rádio em São Paulo que pretende atingir cobertura nacional.

A mídia, porém, apesar de FHC ser o maior líder da oposição demo-tucana e de um partido que controla o segundo maior orçamento da República, o do Estado de São Paulo, não noticiou nada, não investigou nada, não insinuou nada. Ignorou solenemente. Ou melhor: escondeu, porque isso é notícia, sim. E “quente”.

Por que, com tantos empreendedores tradicionais de mídia neste país, o maior grupo de mídia do mundo foi procurar justamente o filho de um político que durante o governo do pai se beneficiou de dinheiro público sem que a mídia, então, fizesse barulho sequer parecido com o que faz hoje quando Lula ou sua família ganham dinheiro privado?

Esse é só um exemplo da seletividade ética da mídia. Num momento em que o DNIT, órgão de um governo petista, não sai da mídia um só dia, a Dersa, órgão do governo tucano de São Paulo, tem o mesmo tipo de problema que seu congênere federal e a mídia não cobre, não denuncia, não pressiona, não fiscaliza. Por quê?

Peço aos militantes mais fervorosos do PT e aos apoiadores mais convictos do governo Dilma que não se zanguem com o que direi, pois a janela não tem culpa pela paisagem que mostra: este governo não promoverá democratização da comunicação através da propositura de uma lei como a que a Argentina tem hoje, a “ley de médios”.

Sobretudo: não será enviado ao Congresso, pelo governo, qualquer projeto de lei que vete propriedade cruzada de meios de comunicação – uma lei igual às que existem em países “marxistas” como Estados Unidos, Inglaterra, França, Bélgica, Suíça, enfim, nas sociedades mais avançadas e democráticas do planeta.

É definitivo, meus caros. Tenho informações, de fontes seguras, de que o governo Dilma não tem a menor intenção de mexer com aquilo que impede a democratização da comunicação, a concentração de propriedade de meios. Não se tentará proibir que um mesmo grupo tenha tevê, rádio, jornal, revista, portal de internet, tudo ao mesmo tempo e no mesmo lugar.

Não tenho culpa disso, não fui eu que tomei essa decisão e ela já é discutida abertamente no governo e entre a classe política. Não estou inventando nada. Aliás, a mera conduta conciliadora do governo federal deixa claro que não será feito nada contra os barões da mídia que lhes contrarie o interesse de hegemonia nas comunicações.

Muitos não acreditarão em mim e quererão pagar para ver. Entendo, aceito e respeito esse direito democrático de divergir daquilo que é, somente, o ponto de vista deste blogueiro, apesar de que, entre os mais informados e que têm interlocução com o governo, todos sabem que o que digo é fato.

Todavia, faço uma proposta àqueles que não estão entre os que pretendem ficar sentados esperando que o governo faça aquilo que compete à sociedade fazer, ou seja, pressionar para que tenhamos uma regulação dos meios de comunicação nem maior nem menor do que a que vige em TODOS os países verdadeiramente democráticos.

Neste mês de agosto, tenho compromissos com a minha atividade remunerada – que nada tem que ver com as questões de que este blog trata, pois sou representante comercial. Contudo, em setembro terei condições de doar uma parcela maior do meu tempo à causa da democratização (de verdade) da comunicação de massas no Brasil.

Sei que é difícil mobilizar as pessoas para saírem da militância virtual e irem para a militância real, nas ruas, aquela que, aqui ou em qualquer parte, é a que produz efeitos verdadeiros e profundos, ainda. Pode ser que um dia alguém consiga mudar alguma coisa só através da internet. Hoje, contudo, só ações concretas têm esse poder.

Não vou esperar que o governo faça o que é de interesse da sociedade sem ser pressionado. O escândalo na imprensa britânica, que já se espalha por outros países, mostra como é danoso para a sociedade uma imprensa que mente sobre seus métodos e objetivos e que se converte em partido político representante de grupos de interesse.

Pegarei o megafone que os leitores deste blog ajudaram a comprar em 2007, portanto, e irei para diante da mesma Folha. Irei várias vezes em um período de semanas. Na primeira vez, poderei ir sozinho ou com um grupo pequeno. Contudo, voltarei outra e outra vez. Gritarei, lá na frente, que quero que a mídia fiscalize todos os políticos e não só os do PT e aliados.

Em alguns dias, quem sabe mais gente decida ir protestar junto comigo. E, quem sabe, em outras partes do país surjam outros Eduardos que façam a mesma coisa diante de outros tentáculos do PIG até que a nossa voz se torne ensurdecedora e a mídia tenha que acusar o golpe e se explicar. E o governo tenha que agir.

Carnage
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#574 Mensagem por Carnage » 09 Ago 2011, 22:15

http://noticias.r7.com/blogs/o-provocad ... -acoberta/
Por que a Folha escondeu?

Você sabia que a Globo usa bloqueadores de celular em estádios para poder transmitir jogos de futebol em alta definição? Chocante, não? É ilegal, óbvio. Com um agravante: esses equipamentos entraram no país de forma clandestina. Contrabando, portanto.

Dois crimes graves, enfim descobertos, graças a uma investigação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). E que veio a público por conta de uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo deste domingo (07).

Seria um grande serviço à sociedade, não fosse por um detalhe intrigante, suspeito e indesculpável: a matéria não cita o nome da Globo em nenhum momento!

Só ficamos sabendo que se trata de “uma grande emissora” que usava os bloqueadores “para ter estabilidade na transmissão” e que “um dispositivo instalado nas câmeras impedia que celulares acessassem a antena da operadora mais próxima, que, assim, ficava a serviço da emissora.”

Mais detalhadamente: “No início de julho, fiscais da agência em São Paulo autuaram uma grande emissora de televisão, no estádio do Pacaembu, pelo uso ilegal de equipamentos que bloqueavam celulares em um raio de até 1,6 km do campo.”

Deve ser algum novo modelo de jornalismo, em que denúncias seríssimas preservam a identidade de sabotadores e contrabandistas. É como noticiar que um ministro foi demitido por desvio de dinheiro, mas, talvez por gentileza, não dar o nome do ladrão.

A Folha não diz na matéria se a omissão é exigência da Anatel, o que também seria injustificável, já que é informação relevante e de interesse público. E sabemos que isso não é caso de segredo de Justiça, já que tudo ocorre na esfera de uma agência reguladora, e não no Judiciário. Ainda.

Por que essa camaradagem inútil, já que, por dedução e eliminação, só podemos chegar à Globo e a seu canal a cabo, a Sportv? É a única “emissora” que tem os famigerados direitos de transmissão. A Band, por sua vez, só usa uma ou duas câmeras exclusivas na beira do campo. Só a Globo transmite.

Fiquei curioso. Como um fato desses não foi amplamente divulgado pela Anatel? Será que a Polícia Federal foi chamada para investigar o evidente contrabando? E a Folha, caramba, por que se meteu literalmente numa roubada dessas de proteger a “emissora”?

Nessa história toda, um fato, para lá de simbólico, chama atenção: bloqueadores de celulares só são autorizados em presídios. Para impedir que bandidos se comuniquem. Irônico, não?
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... nsparencia
"Princípios editorais": Globo recusa transparência
Autor: Weden

 
Lugar de texto ficcional é na novela.

Ao tratar com o jornalismo, o ideal é se ater à realidade. Isso evitaria a elaboração pelas Organizações Globo de uma "carta de princípios" que a todo momento é desmentida pela prática. O assunto foi trazido aqui para a comunidade pelo blog de Adriano S. Ribeiro, de onde retirei as citações do texto.

O que se pede a um órgão de imprensa é que seja transparente nas intenções, nas práticas e na conduta. Isenção, objetividade são mitos que, mantidos pelos veículos, apenas servem para tentar enganar o leitor.

A Globo deve se assumir como empresa de jornalismo partidário, ideológico, e que, muitas vezes, pratica uma imprensa de opinião disfarçada de informação. Quando assim o fizer, passará a ter mais respeito até dos seus maiores críticos.

Com isso, perdeu a grande chance de contribuir para uma melhor relação entre a grande imprensa nacional e o público. 

Ora, muitos grandes jornais europeus explicitam suas posições, e nem por isso perdem sua credibilidade. Ao contrário, sua credibilidade e sua confiabilidade vêm justamente da transparência com que lidam com seus posicionamentos.

A afirmação de um diretor da empresa (ver texto no blog do Adriano) de que "o sucesso do grupo" está ligado ao atendimento a estes "princípios" não encontra base racional. Murdoch, aliás, um ex-parceiro das Organizações, faz sucesso sem qualquer princípio.

Negar que há posicionamentos (políticos, ideológicos, religiosos etc) é tentativa de engodo. E enganar consumidor é incorrer em falta de ética. Não fica bem para uma carta de princípios ferir o que deveria ser o seu maior compromisso.

Eis alguns "princípios" sobre a "informação de qualidade", segundo as Organizações. Numerei para melhor demonstrar as contradições com a prática.
 
Os atributos da informação de quaIidade
1. ISENÇÃO
1.1. "O contraditório deve ser sempre acolhido".


Recentemente, numa reportagem sobre a falta de "indignação" dos brasileiros, a opinião do MST, embora ouvida, foi censurada na redação. Isso foi grave e afeta diretamente este "princípio".

1.2. "Não pode haver assuntos tabus".
È bem conhecida a dificuldade da Globo em lidar com temas como o racismo. Principalmente, depois da chegada ao poder do editor chefe Ali Kamel. A Globo evita ao máximo noticiar casos de racismo no Brasil que, sabe-se, são muitos. Com isso presta um desserviço á sociedade e ao debate público.

1.3. "O trabalho jornalístico é essencialmente coletivo, e errarão menos aqueles que ouvirem mais".
O caso do livro didático acusado de conter erros desmente este princípio. Os jornalistas da Globo mantiveram a "tese" sobre "os erros de português", e evitaram ouvir linguistas e educadores que realmente leram o livro e sabiam que a afirmação era falsa.

1.4. "Os jornalistas das Organizações Globo devem evitar situações que possam provocar dúvidas sobre o seu compromisso com a isenção".
Esse é o quesito mais questionado na Globo. Os jornalistas, principalmente, os de política e economia carregam a tinta do posicionamento do grupo sobre questões de suas áreas (jornalistas que talvez sejam obrigados, talvez compactuem).
A Globo não contraria em nenhum momento algumas de suas posições, como, por exemplo, no engajamento ao discurso neoliberal, cujas teses sempre foram tratadas como "postulados".

1.5. "Todo esforço deve ser feito para que o público possa diferenciar o que é publicado como comentário, como opinião, do que é publicado como notícia, como informação".
Outro erro. O Globo, por exemplo, é mister em elaborar manchetes com suas opiniões. O exemplo mais gritante foi a do dia da posse da presidenta Dilma: "“No adeus, Lula deixa para Dilma crise diplomática com a Itália”.
Em nenhum momento esta seria a informação mais importante. E a crise, fora alguns protestos isolados, nunca aconteceu realmente. Era pura aposta.

2. CORREÇÃO
2.1. "Erros devem ser corrigidos, sem subterfúgios e com destaque. Não há erro maior do que deixar os que ocorrem sem a devida correção" e que "os veículos das Organizações Globo têm obrigação de se fazer entender".

A insistência nos "erros de português" do livro didático mostram que este princípio não é seguido. A dificuldade de dar o direito de resposta na mesma seção, e nas mesmas dimensões da informação falsa também é outro exemplo. Se não for por decisão judicial, Globo mantém o princípio, inverso, de minimizar a divulgação do erro.
 
3. AGILIDADE
3.1. "a rapidez necessária ao trabalho jornalístico não se confunde com precipitação: nenhuma reportagem será publicada sem que esteja apurada dentro de parâmetros seguros de qualidade".

O apontamento das causas do maior acidente aéreo de 2007, com um avião da TAM no aeroporto de Congonhas foi um caso típico: em menos de 24 horas, a falta de ranhura na pista foi apontada como a causa maior do acidente.  Questionado depois sobre a precipitação, o editor Ali Kamel saiu-se com uma pérola: "Estávamos testando hipóteses".

4. Lealdade com a notícia e sem sensacionalismo
4.1. "Fazer e manter boas fontes é um dever de todo jornalista. Como a isenção deve ser um objetivo permanente, é altamente recomendável que a relação com a fonte, por mais próxima que seja, não se transforme em relação de amizade. A lealdade do jornalista é com a notícia", diz o texto.

Ora. Fontes viciadas parecem ser uma regra na empresa. No caso, por exemplo, das cotas raciais em Universidades, a Globo se restringe às opiniões de "especialistas" como Demétrio Magnoli e a antropóloga Yvonne Maggie, os dois absolutamente contrários a qualquer iniciativa de ação afirmativa. Ou seja: são aqueles que a empresa espera que concordem e reafirmem a sua própria posição.

4.2. "Nenhum veículo das Organizações Globo fará uso de sensacionalismo, a deformação da realidade de modo a causar escândalo e explorar sentimentos e emoções com o objetivo de atrair uma audiência maior. O bom jornalismo é incompatível com tal prática. Algo distinto, e legítimo, é um jornalismo popular, mais coloquial, às vezes com um toque de humor, mas sem abrir mão de informar corretamente".
A capa do Extra na tragédia da Região Serrana que repetia a frase de uma criança vítima das enchentes (Papai, Papai, não me deixa morrer!) foi um exemplo de mau gosto e exploração da tragédia humana para manter vendagem. Nisso o jornal não foi diferente dos aproveitadores que subiram seus preços na região para faturar com o despero.

"A regra de ouro é divulgar tudo, na suposição de que a sociedade é adulta e tem o direito de ser informada. A crença de que os veículos jornalísticos, ao não fazerem restrições a temas, estimulam comportamentos desviantes é apenas isso: uma crença", diz.
O exemplo, já citado acima, dos "casos de racismo" ocultados pelos veículos das Organizações são uma prova de que este princípio é ignorado sistematicamente pelas duas maiores redações do grupo: a do Globo e a da TV, embora encontremos ótimos exemplos de cobertura desta questão no Extra.
 
5. Independente, apartidária e laica
É bem conhecida a tentativa dos veículos das Org. Globo em interferir em eleições, com uma cobertura partidária e engajada. Esse talvez seja o pior dos "princípios". A empresa se tornaria mais confiável, se assumisse suas posições políticas. Infelizmente, perdeu a chance de ser mais transparente com o público. O que seria uma demonstração de maturidade.
Da mesma forma, o preconceito em relação aos evangélicos já foi evidente. Ao perder audiência neste setor para a Record, a Globo tem sido menos enfática no modo negativo como lidava com, por exemplo, as manifestações dos evangélicos, seja em eventos, seja no tratamento das práticas litúrgicas.

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... na_id=5152
Globo: os princípios, a credibilidade e a prática
Não deixa de ser intrigante que os “Princípios Editoriais das Organizações Globo” tenham sido divulgados apenas algumas semanas após o estouro do escândalo envolvendo a News Corporation e um dia depois que um ex-jornalista da própria Globo tenha postado em seu Blog – com grande repercussão na blogosfera – que havia uma orientação na TV Globo para tentar incompatibilizar o novo Ministro da Defesa com as Forças Armadas.
Venício Lima


Deve ter sido coincidência. Todavia, não deixa de ser intrigante que os “Princípios Editoriais das Organizações Globo” tenham sido divulgados apenas algumas semanas após o estouro do escândalo envolvendo a News Corporation e um dia depois que um ex-jornalista da própria Globo tenha postado em seu Blog – com grande repercussão na blogosfera – que havia uma orientação na TV Globo para tentar incompatibilizar o novo Ministro da Defesa com as Forças Armadas.

Credibilidade: questão de sobrevivência

A credibilidade passou a ser um elemento absolutamente crítico no “mercado” da notícia. O monopólio dos velhos formadores de opinião não existe mais. Não é sem razão que as curvas de audiência e leitura da velha mídia estejam em queda e o “negócio”, no seu formato atual, ameaçado de sobrevivência.

Na contemporaneidade, são muitas as fontes de informação disponíveis para o cidadão comum e as TICs ampliaram de forma exponencial as possibilidades de checagem daquilo que está sendo noticiado. Sem credibilidade, a tendência é que os veículos se isolem e “falem”, cada vez mais, apenas para o segmento da população que compartilha previamente de suas posições editoriais e busca confirmação diária para elas, independentemente dos fatos.

O escândalo do “News of the World” explicitou formas criminosas de atuação de um dos maiores conglomerados de mídia do mundo, destruiu sua credibilidade e levantou a suspeita de que não é só o grupo de Murdoch que pratica esse tipo de “jornalismo”. Além disso, a celebrada autorregulamentação existente na Inglaterra – por mais que o fato desagrade aos liberais nativos – comprovou sua total ineficácia. As repercussões de tudo isso começam a aparecer. Inclusive na Terra de Santa Cruz.

Os Princípios da Globo

No Brasil ainda não existe sequer autorregulamentação e as Organizações Globo, o maior grupo de mídia do país, não tem um único Ombudsman em suas dezenas de veículos para acolher sugestões e críticas de seus “consumidores”. Neste contexto, a divulgação de princípios editoriais – sejam eles quais forem – é uma referência do próprio grupo em relação à qual seu jornalismo pode ser avaliado. Não deixa de ser um avanço.

A questão, todavia, é que o histórico da Globo não credencia os Princípios divulgados. Em diferentes ocasiões, ao longo dos últimos anos, coberturas tendenciosas que se tornaram clássicas, foram documentadas. E alguns pontos reafirmados e/ou ausentes dos Princípios agora divulgados reforçam dúvidas. Lembro dois: a presunção de inocência e as liberdades “absolutas”.

Presunção de inocência

O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, adotado pela FENAJ, acolhe uma garantia constitucional (inciso LVII do artigo 5º) que tem origem na Revolução Francesa e reza em seu artigo 9º: “a presunção de inocência é um dos fundamentos da atividade jornalística”.

Não é necessário lembrar que o poder da velha mídia continua avassalador quando atinge a esfera da vida privada, a reputação das pessoas, seu capital simbólico. Alguém acusado e “condenado” pela mídia por um crime que não cometeu dificilmente se recupera. Os efeitos são devastadores. Não há indenização que pague ou corrija os danos causados. Apesar disso, a ausência da presunção de inocência tem sido uma das características da cobertura política das Organizações Globo.

Um exemplo: no auge da disputa eleitoral de 2006, diante da defesa que o PT fez de filiados seus que apareceram como suspeitos no escândalo chamado de “sanguessugas”, o jornal “O Globo” publicou um box de “Opinião” sob o título “Coerência” (12/08/2006, Caderno A pp.3/4) no qual afirmava:

“Não se pode acusar o PT de incoerência: se o partido protege mensaleiros, também acolhe sanguessugas. Sempre com o argumento maroto de que é preciso esperar o julgamento final. Maroto porque o julgamento político e ético não se confunde com o veredicto da Justiça. (...) Na verdade, a esperança do PT, e de outros partidos com postura idêntica, é que mensaleiros e sanguessugas sejam salvos pela lerdeza corporativista do Congresso e por chicanas jurídicas. Simples assim.”

Em outras palavras, para O Globo, a presunção de inocência é uma garantia que só existe no Judiciário. A mídia pode denunciar, julgar e condenar. Não há nada sobre presunção de inocência nos Princípios agora divulgados.

Aparentemente, a postura editorial de 2006 continua a prevalecer nas Organizações Globo.

Liberdades absolutas?

Para as Organizações Globo a liberdade de expressão é um valor absoluto (Seção I, letra h) e “a liberdade de informar nunca pode ser considerada excessiva” (Seção III).

Sem polemizar aqui sobre a diferença entre liberdade de expressão e liberdade de imprensa – que não é mencionada sequer uma única vez nos Princípios – lembro que nem mesmo John Stuart Mill considerava a liberdade de expressão absoluta. Ela, como, aliás, todas as liberdades, têm como limite a liberdade do outro.

Em relação à liberdade de informar, não foi exatamente o fato de “nunca considerá-la excessiva” que levou a News Corporation a violar a intimidade e a privacidade alheia e a cometer os crimes que cometeu?

O futuro dirá

Se haverá ou não alterações na prática jornalística “global”, só o tempo dirá. Ao que parece, as ressonâncias do escândalo envolvendo o grupo midiático do todo poderoso Rupert Murdoch e a incrível capilaridade social da blogosfera, inclusive entre nós, já atingiram o maior grupo de mídia brasileiro.

A ver.

Professor Titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Regulação das Comunicações – História, poder e direitos, Editora Paulus, 2011.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#575 Mensagem por Carnage » 11 Ago 2011, 22:07

Depois a Globo quer vir posar de ética e de fazer jornalismo de alto padrão!

http://sul21.com.br/jornal/2011/08/foi- ... -na-globo/
“Foi mais que um erro”, diz ex-diretora da Caixa que teve falsa prisão anunciada na Globo
Felipe Prestes
Do Sul 21


Às 18h10min desta terça-feira (9), Clarice Coppetti estava chegando em casa, após passar a tarde preparando uma palestra, quando recebeu a ligação de um parente desesperado. Ficou sem entender nada quando o familiar quis saber sobre sua prisão, uma vez que se encontrava em plena liberdade.  Minutos mais tarde se inteirou de tudo. Por volta das 17h, uma chamada para o Jornal Nacional, da Rede Globo, anunciara a prisão da ex-vice-presidente de TI da Caixa pela Polícia Federal, que investigava irregularidades no Ministério do Turismo. A esta altura, jornalistas já telefonavam freneticamente, querendo saber sobre seu suposto envolvimento no caso de corrupção.

“Um veículo de comunicação me colocou como ré, me julgou, fazendo o papel do Judiciário, e me prendeu, fazendo o papel do Executivo. Ou seja, assumiu as funções do Estado brasileiro sem sequer procurar se informar sobre quem eu era, se eu tinha algo a ver com o Ministério do Turismo”, desabafa Coppetti, gaúcha de Ijuí, em entrevista ao Sul21.

Após assistir uma gravação da chamada, a ex-diretora da Caixa – que ainda está de quarentena e que não trabalha para o governo federal desde março – ligou para diversas instituições do governo e para a Rede Globo, tentando saber de onde partia a informação. Conversou com editores do Jornal Nacional e, segundo conta, nem eles souberam explicar como haviam anunciado a falsa prisão. “Disseram que foi um erro gravíssimo e que não sabiam a origem. Disse a eles que não queria apenas o esclarecimento do fato no jornal, mas uma retratação”, afirma.

O pedido foi atendido. Durante o JN, a Rede Globo pediu desculpas a Coppetti. Entretanto, ninguém explicou ainda como a informação errada chegou até os editores do jornal. “Até agora não tem nenhum explicação sobre como meu nome apareceu lá”, diz Clarice, que ainda analisa uma eventual medida judicial contra a emissora.

A ex-diretora da Caixa lembra que a Rede Globo anunciou nesta semana um código de ética. “Foi muito mais do que um erro, uma coisa gravíssima para uma instituição que acaba de lançar seu código de ética e de conduta de seus profissionais. A primeira coisa que qualquer veículo de comunicação tem que fazer é contatar o outro lado. Eu fui avisada por meus familiares”, reclama Clarice. “A gravidade é um veículo que tem à sua disposição tecnologia, pessoas, não ter feito esta checagem. A sensação que eu fiquei foi que eles queriam dar essa notícia”. Ela afirma que ainda não sabe se vai tomar alguma medida judicial contra a emissora, porque ainda está analisando o que, de fato, ocorreu.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#576 Mensagem por Carnage » 25 Ago 2011, 22:48

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... e-as-farcs
Embaixador dos EUA considerou armação capa de Veja sobre as FARCs
Enviado por luisnassif, qui, 25/08/2011 - 09:24


Um dos capítulos da série "O Caso de Veja" era "O caso FARCs".

Começava assim:

Na edição de 16 de março de 2005, Veja cometeria mais um de seus malabarismos editoriais, com a matéria “Tentáculos das FARC no Brasil”

Foi matéria de capa. A ilustração era uma metralhadora e o texto incriminador: 
“Espiões da ABIN gravaram representantes da narcoguerrilha colombiana anunciando doação de 5 milhões de dólares para candidatos petistas na campanha de 2002”. 

Depois, outro texto: 
“PT: militantes serão expulsos se pegaram  dinheiro das Farc”.

Havia excesso de textos na capa, ferindo princípios básicos de clareza editorial. A revista estava em plena campanha, na sucessão de capas sobre Lula. E pouco se lhe interessava saber da consistência ou não das matérias. Nas páginas internas, ficaria mais claro o estilo Veja de criar matérias através da manipulação de ênfases. 
Jogam-se acusações enfáticas. Depois, algumas ressalvas para servir de blindagem contra ações judiciais, seguidas de novas acusações taxativas. 

O que se tinha, objetivamente, era um informe da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), uma página, três parágrafos e nada mais, na qual um agente infiltrado relatava um encontro em uma chácara, com um padre supostamente ligado às FARCs. O padre era conhecido como um mitômano, há muito tempo afastado do contato com as FARCs.

No encontro, teria mencionado o suposto financiamento à campanha do PT. Não havia nenhuma indicação a mais sobre isso. Na ABIN, não se levou a sério o informe.
Para sustentar a matéria, Veja  assegurava que o informe tinha recebido tratamento relevante da ABIN e que havia documentos comprovando as doações. Não aceitou a palavra oficial da ABIN, de que nunca levou a sério o informe.

Esses documentos, comprovando as supostas doações, nunca apareceram, o caso morreu de morte morrida. E o fecho se deu este ano, com a curiosa explicação  do diretor de redação Eurípedes Alcântara para o papel de Veja no episódio.

Mas, antes disso, acompanhe o desenrolar dessas matérias.
Agora, documentos da WikiLeaks mostram que o próprio embaixador norte-americano considerou-a uma falsa denúncia, com o único propósito de minar a candidatura Lula.
Wikileaks: Para EUA, Veja fabricou proximidade do PT com as FARC por objetivos políticos 
Do OperaMundi
24/08/2011 - 20:18 | Thaís Romanelli | Redação


No dia 16 de março de 2005, a revista semanal Veja publicou a matéria "Os Tentáculos das FARC no Brasil", em que detalhava uma possível relação entre membros do PT (Partido dos Trabalhadores) com a guerrilha colombiana. O caso, porém, foi relatado pela embaixada dos Estados Unidos em Brasília como um exagero, além de uma tentativa de "manobra política". O documento da embaixada com o relato foi divulgado pelo Wikileaks.

Segundo a matéria, candidatos petistas teriam recebido 5 milhões de dólares da guerrilha durante uma reunião no ano de 2002, em uma fazenda próxima a Brasília. Na ocasião, membros do PT teriam se encontrado com o representante da organização colombiana no país, Francisco Antonio Cadenas, e acertado os detalhes. O objetivo seria financiar a campanha de reeleição do ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).

O partido, porém, negou as acusações e a Veja não conseguiu provas documentais sobre a transferência de dinheiro.

Para embaixada norte-americana, a revista "exagerou o real nível das relações entre as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o PT", segundo o documento datado de março de 2005. Isso porque, após as acusações, membros da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) em Brasília, que de acordo com a revista, estavam infiltrados no encontro, não obtiveram provas concretas sobre o recebimento de dinheiro.

Citado pela embaixada norte-americana, o general Jorge Armando Felix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Abin e que acompanhou a investigação, afirmou que os documentos internos da agência citados pela Veja como provas foram "forjados", já que não estavam nas formatações da agência.

"O que foi publicado é uma mistura de meias verdades e meias mentiras. Nós não temos qualquer documento oficial que prove que o encontro ocorreu", afirmou o delegado e chefe da Abin, Mauro Marcelo, também citado no despacho.

No documento, fica explícito o estranhamento do embaixador norte-americano em relação a demora de três anos para divulgação do possível financiamento. "A história mais parece uma manobra política. O que é incontestável é que os membros do PT e representantes das FARC estiveram juntos em um encontro, mas não há provas de colaboração financeira", disse.

Para ele, o que deveria ser uma denúncia importante tornou-se uma ferramenta arquitetada pela Veja para minar a candidatura de Lula ao segundo mandato. "Enquanto os opositores e a outros veículos de comunicação estão notavelmente desinteressados em prosseguir com as acusações e investigações, parece que a Veja está exagerando os fatos", conclui o embaixador.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#577 Mensagem por Carnage » 28 Ago 2011, 17:34

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... partamento
Dirceu acusa repórter da Veja de invadir seu apartamento
Blog do Zé - Zé Dirceu - Um Espaço para a Discussão do Brasil

Repórter da revista Veja é flagrado em atividade criminosa contra mim
Publicado em 26-Ago-2011


Depois de abandonar todos os critérios jornalísticos, a revista Veja, por meio de um de seus repórteres, também abriu mão da legalidade e, numa prática criminosa, tentou invadir o apartamento no qual costumeiramente me hospedo em um hotel de Brasília.

O ardil começou na tarde dessa quarta-feira (24/08), quando o jornalista Gustavo Nogueira Ribeiro, repórter da revista, se registrou na suíte 1607 do Hotel Nahoum, ao lado do quarto que tenho reservado. Alojado, sentiu-se à vontade para planejar seu próximo passo. Aproximou-se de uma camareira e, alegando estar hospedado no meu apartamento, simulou que havia perdido as chaves e pediu que a funcionária abrisse a porta.

O repórter não contava com a presteza da camareira, que não só resistiu às pressões como, imediatamente, informou à direção do hotel sobre a tentativa de invasão. Desmascarado, o infrator saiu às pressas do estabelecimento, sem fazer check out e dando calote na diária devida, ainda por cima. O hotel registrou a tentativa de violação de domicílio em boletim de ocorrência no 5º Distrito Policial.

A revista não parou por aí.

O jornalista voltou à carga. Fez-se passar por assessor da Prefeitura de Varginha, insistindo em deixar no meu quarto "documentos relevantes". Disse que se chamava Roberto, mas utilizou o mesmo número de celular que constava da ficha de entrada que preencheu com seu verdadeiro nome. O golpe não funcionou porque minha assessoria estranhou o contato e não recebeu os tais “documentos”.

Os procedimentos da Veja se assemelham a escândalo recentemente denunciado na Inglaterra. O tablóide News of the Word tinha como prática para apuração de notícias fazer escutas telefônicas ilegais. O jornal acabou fechado, seus proprietários respondem a processo, jornalistas foram demitidos e presos.

No meio da tarde da quinta-feira, depois de toda a movimentação criminosa do repórter Ribeiro para invadir meu apartamento, outro repórter da revista Veja entrou em contato com o argumento de estar apurando informações para uma reportagem sobre minhas atividades em Brasília.

Invasão de privacidade

O jornalista Daniel Pereira se achou no direito de invadir minha privacidade e meu direito de encontrar com quem quiser e, com a pauta pronta e manipulada, encaminhou perguntas por e-mail já em forma de respostas para praticar, mais uma vez, o antijornalismo e criar um factóide. Pereira fez três perguntas:

1 – Quando está em Brasília, o ex-ministro José Dirceu recebe agentes públicos – ministros, parlamentares, dirigentes de estatais – num hotel. Sobre o que conversam? Demandas empresariais? Votações no Congresso? Articulações políticas?

2 – Geralmente, de quem parte o convite para o encontro – do ex-ministro ou dos interlocutores?

3 – Com quais ministros do governo Dilma o ex-ministro José Dirceu conversou de forma reservada no hotel? Qual o assunto da conversa?

Preparação de uma farsa


Soube, por diversas fontes, que outras pessoas ligadas ao PT e ao governo foram procuradas e questionadas sobre suas relações comigo. Está evidente a preparação de uma farsa, incluindo recurso à ilegalidade, para novo ataque da revista contra minha honra e meus direitos.

Deixei o governo, não sou mais parlamentar. Sou cidadão brasileiro, militante político e dirigente partidário. Essas atribuições me concedem o dever e a legitimidade de receber companheiros e amigos, ocupem ou não cargos públicos, onde quer que seja, sem precisar dar satisfações à Veja acerca de minhas atividades. Essa revista notoriamente se transformou em um antro de práticas antidemocráticas, a serviço das forças conservadoras mais venais.

Confira abaixo as imagens do B.O. em detalhes; para ler os documentos em pdf clique nas imagens: (ver no link acima)


http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... no-de-veja
O ponto sem retorno de Veja
Enviado por luisnassif, sab, 27/08/2011 - 19:33


Veja chegou a um ponto sem retorno. Em plena efervescência do caso Murdoch, com o fim da blindagem para práticas criminosas por parte da grande mídia no mundo todo, com toda opinião esclarecida discutindo os limites para a ação dá mídia, ela dá seu passo mais atrevido, com a tentativa de invasão do apartamento de José Dirceu e o uso de imagens dos vídeos do hotel, protegidas pelo sigilo legal.

Até agora, nenhum outro veículo da mídia repercutiu nenhuma das notícias: a da tentativa de invasão do apartamento de Dirceu, por ficar caracterizado o uso de táticas criminosas murdochianas no Brasil; e a matéria em si, um cozidão mal-ajambrado, uma sequência de ilações sem jornalismo no meio.

Veja hoje é uma ameaça direta ao jornalismo da Folha, Estadão, Globo, aos membros da Associação Nacional dos Jornais, a todo o segmento da velha mídia, por ter atropelado todos os limites. Sua ação lançou a mancha da criminalização para toda a mídia.

Quando Sidney Basile me procurou em 2008, com uma proposta de paz – que recusei – lá pelas tantas indaguei dele o que explicaria a maluquice da revista. Basile disse que as pessoas que assumiam a direção da revista de repente vestiam uma máscara de Veja que não tiravam nem para dormir.

Recusei o acordo proposto. Em parte porque não me era assegurado o direito de resposta dos ataques que sofri; em parte porque – mostrei para ele – como explicaria aos leitores e amigos do Blog a redução das críticas ao esgoto que jorrava da revista. Basile respondeu quase em desespero: "Mas você não está percebendo que estamos querendo mudar". Disse-lhe que não duvidava de suas boas intenções, mas da capacidade da revista de sair do lamaçal em que se meteu.

Não mudou. Esses processos de deterioração editorial dificilmente são reversíveis. Parece que todo o organismo desaprende regras básicas de jornalismo. Às vezes me pergunto se o atilado Roberto Civita, dos tempos da Realidade ou dos primeiros tempos de Veja, foi acometido de algum processo mental que lhe turvou a capacidade de discernimento.

Tempos atrás participei de um seminário promovido por uma fundação alemã. Na mesa, comigo, o grande Paulo Totti, que foi chefe de reportagem da Veja, meu chefe quando era repórter da revista. Em sua apresentação, Totti disse que nos anos 70 a revista podia ser objeto de muitas críticas, dos enfoques das matérias aos textos. "Mas nunca fomos acusados de mentir".

Definitivamente não sei o que se passa na cabeça de Roberto Civita e do Conselho Editorial da revista. Semana após semana ela se desmoraliza junto aos segmentos de opinião pública que contam, mesmo aqueles que estão do mesmo lado político da publicação. Pode contentar um tipo de leitor classe média pouco informado, que se move pelo efeito manada, não os que efetivamente contam. Mas com o tempo tende a envergonhar os próprios aliados.

Confesso que poucas vezes na história da mídia houve um processo tão clamoroso de marcha da insensatez, como o que acometeu a revista.

http://pontoecontraponto.com.br/?p=6507
VEJA passou recibo do crime
Postado por LEN às 11:42 pm


Antes de publicar a edição dessa semana, a revista VEJA já tinha se complicado com a denúncia de José Dirceu. Foi aberto boletim de ocorrência no 5º distrito policial de Brasília, que conta com o depoimento da camareira e do chefe de segurança do hotel. Na edição dessa semana, por burrice ou amadorismo, a revista produz prova robusta contra si mesma.

Com a denúncia de tentativa de invasão e falsidade ideológica pesava contra a revista apenas o fato do jornalista estar a seu serviço, o que poderia ser justificado com a alegação que o seu contratado agiu por conta própria, sem o aval da direção, mas ao usar as imagens obtidas pelo repórter, a VEJA assume cumplicidade e beneficiamento com os crimes conhecidos.

Na reportagem que fez com acusações contra José Dirceu, a VEJA afirma que “obteve” imagens de circulação do hotel, dando a entender que se tratava de imagens da câmera de segurança, só não admitiu que obteve imagens ilegalmente através de equipamento instalado pelo seu jornalista.

Vamos aos fatos: quando me deparei com as imagens, vi na hora que não se tratava de imagem de câmera de segurança interna, pois estas não apresentam data e horário, tem resolução baixa para câmeras normalmente usadas para esse fim e o posicionamento e foco que não privilegiam a tomada de todo o corredor, mas apenas de quem passava por ela.

A câmera que foi usada pelo repórter da Veja provavelmente é uma mini-câmera espiã wi-fi ( imagem abaixo) que pode ser instalada facilmente pois não precisa de fios ligando ao monitor que recebe as imagens. Ela tem uma fonte que pode ser facilmente instalada na fiação de um suporte de luz por algum funcionário da manutenção do hotel, regiamente pago para a função.
Imagem

A câmera infravermelho acima ( à esquerda), por ter tamanho reduzido, é específica para espionagem e não possui leds IV, e diferente de câmeras usadas em segurança ( acima à direita) que tem uma quantidade desses leds para fornecer a iluminação que vai ser usada para captar as imagens, ela não “enxerga” no escuro como as câmeras comuns e precisam de alguma luz branca para captação de imagens.

Analisando as imagens da VEJA, percebe-se com facilidade se tratar de uma mini-câmera para espionagem. Câmeras de segurança, por ter fonte de luz IV própria, não são instaladas próximas à anteparos de iluminação, pois o reflexo da luz branca atrapalha. As imagens divulgadas pela VEJA identificam que a câmera usada para captá-las estava instalada junto ao anteparo de luz. Eles usam normalmente esse artifício para ocultar o equipamento, ter uma fonte de luz e energia para ligar a câmera. Perceba na imagem abaixo, os reflexos nas cabeças de José Dirceu e Fernando Pimentel que estão mais próximos a câmera, demonstrando que foi ocultada em um anteparo de luz.
Imagem

As provas que a VEJA produziu contra si mesma agravaram a sua situação, agora além de tentativa de invasão de domicílio e falsidade ideológica, existe a confissão de invasão de privacidade, não só de José Dirceu e os políticos mostrados, mas de todos os hóspedes desse andar e dos funcionários do hotel.

Apesar da vergonhosa operação abafa ( Omertá tupiniquim) movida pelos principais veículos de comunicação, que demonstra um corporativismo criminoso ( se não for rabo preso por culpa no cartório), ainda restam aos atingidos, como o PT, acionar a Polícia Federal e o Procurador Geral da República por se tratar de um crime ainda mais grave quando atinge ministros de estado e põe em risco o estado democrático de direito.

Não sei quanto a vocês amigos, mas esse que vos escreve já está cheio desses abusos, é hora de dar um basta. A minha esperança se renova quando presencio manifestação do deputado Paulo Pimenta no twitter, que apesar de não ser do grupo do ex-ministro José Dirceu, exigiu do presidente José Eduardo Dutra, que o partido tome providências drásticas. Nem tudo está perdido, o deputado mostra que ainda restou algo da velha combatividade do PT.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#578 Mensagem por Compson » 28 Ago 2011, 17:41

A minha esperança se renova quando presencio manifestação do deputado Paulo Pimenta no twitter, que apesar de não ser do grupo do ex-ministro José Dirceu, exigiu do presidente José Eduardo Dutra, que o partido tome providências drásticas. Nem tudo está perdido, o deputado mostra que ainda restou algo da velha combatividade do PT.
Acho que é exatamente isso que a revista quer... Perder um processo e passar por censurada... Essa revista não tem credibildiade nenhuma, não vamos ressuscitá-la criando um caso! Basta botar o reporterzinho na cadeia para que os outros saibam como a Abril trata seus prepostos...

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#579 Mensagem por roladoce » 28 Ago 2011, 19:03

Compson escreveu:
A minha esperança se renova quando presencio manifestação do deputado Paulo Pimenta no twitter, que apesar de não ser do grupo do ex-ministro José Dirceu, exigiu do presidente José Eduardo Dutra, que o partido tome providências drásticas. Nem tudo está perdido, o deputado mostra que ainda restou algo da velha combatividade do PT.
Acho que é exatamente isso que a revista quer... Perder um processo e passar por censurada... Essa revista não tem credibildiade nenhuma, não vamos ressuscitá-la criando um caso! Basta botar o reporterzinho na cadeia para que os outros saibam como a Abril trata seus prepostos...
Reporter na cadeia??


A midia vai dizer que é atentado a liberdade de impresa e outras maluquices e o cara vai ficar solto e ainda isso vai contar como qualidade no curriculum vitae dele.. :P

Isso é comum no Brasil, reporter se acha investigador, policia, juiz, juri...

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#580 Mensagem por Compson » 28 Ago 2011, 19:11

roladoce escreveu:
Compson escreveu:Essa revista não tem credibildiade nenhuma, não vamos ressuscitá-la criando um caso! Basta botar o reporterzinho na cadeia para que os outros saibam como a Abril trata seus prepostos...
Reporter na cadeia??


A midia vai dizer que é atentado a liberdade de impresa e outras maluquices e o cara vai ficar solto e ainda isso vai contar como qualidade no curriculum vitae dele.. :P

Isso é comum no Brasil, reporter se acha investigador, policia, juiz, juri...
Tem razão, minha proposta não é muito condizente com minha premissa (de que a Veja quer se vitimizar). Nesse caso, basta juntar uma meia dúzia e dar um pito anônimo no cidadãozinho...

Falando sério, nos tempos heróicos, poderíamos falar em paredão... Atualmente, o melhor a fazer é ignorar a revista, evitar repercuti-la e ter otimismo quanto à inteligência da opinião pública.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#581 Mensagem por roladoce » 28 Ago 2011, 19:53

Compson escreveu:
roladoce escreveu:
Compson escreveu:Essa revista não tem credibildiade nenhuma, não vamos ressuscitá-la criando um caso! Basta botar o reporterzinho na cadeia para que os outros saibam como a Abril trata seus prepostos...
Reporter na cadeia??


A midia vai dizer que é atentado a liberdade de impresa e outras maluquices e o cara vai ficar solto e ainda isso vai contar como qualidade no curriculum vitae dele.. :P

Isso é comum no Brasil, reporter se acha investigador, policia, juiz, juri...
Tem razão, minha proposta não é muito condizente com minha premissa (de que a Veja quer se vitimizar). Nesse caso, basta juntar uma meia dúzia e dar um pito anônimo no cidadãozinho...

Falando sério, nos tempos heróicos, poderíamos falar em paredão... Atualmente, o melhor a fazer é ignorar a revista, evitar repercuti-la e ter otimismo quanto à inteligência da opinião pública.
Eu mesmo, parei de ler a Veja, a muito tempo...

Parei de ler também, a folha de são paulo...

Ainda sou "vitimado" pela globo..que junto com as duas anteriores, formou-se a Tríade da Impresa Criminosa!!

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#582 Mensagem por Carnage » 28 Ago 2011, 20:21

Compson escreveu: e ter otimismo quanto à inteligência da opinião pública.
Bem, quanto a uma certa parcela desta, otimismo é perda de tempo. As coisas chegam a tal ponto que tem gente que acredita quando um bandido condenado vem denunciar que alguém pediu propina de 4 paus pra entregar uma licitação de 4 paus e meio...

Basta escreverem qualquer besteira, da mais ridícula possível, sendo contra PT e aliados, já vem o coro das carpideiras tucanas, a "indignação" sobe a níveis nunca antes alcançados, e por aí vai... Vira verdade escrita em pedra, e quem aponta a falta de lógica é porque é um "petralha sujo". Qualquer defesa por parte dos acusados vira mentira deslavada, mesmo que a denúncia não faça sentido e a defesa aponte a clareza disso.

Chega-se ao cúmulo de um governador tucano ir a público pedir uma CPI contra a corrupção no gonverno federal, a mídia dar destaque, os analistas aplaudirem, os direitistas leitores da revista endeusarem o cara e criticarem o governo que não quereria a tal CPI, mas fato de que este mesmo governador luta incansavelmente pra barrar uma CPI do mesmo tipo no seu estado não é nem mencionado pela mídia, nenhum analista acha a questão relevante, e os leitores, ou nem ficam sabendo, ou se ficam sabendo acham que é intriga ou não conseguem fazer uma análise da realidade da coisa e acham que o fato grave é só o contra o governo federal...

No caso em questão, eu vou ser o último a ser fiador do Dirceu, de quem não gosto, mas o que a revista fez, se fosse feito contra qualquer um do PSDB, dava escândalo pra mais de meses. Mas como é um petista, ainda mais um que tem um processo, vai ter gente invertendo a situação pra dizer que quem reclama é porque está com medo "de que se descubra a verdade a respeito dos podres dele".

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#583 Mensagem por Compson » 29 Ago 2011, 12:16

Carnage escreveu:
Compson escreveu: e ter otimismo quanto à inteligência da opinião pública.
Bem, quanto a uma certa parcela desta, otimismo é perda de tempo...
Otimismo, no caso, é simplesmente esperar que a maioria das pessoas não ligue muito pra política se o país estiver indo de mais ou menos para bem(*). Ou seja, com o desemprego em níveis baixos e a inflação mais ou menos controlada, acho muito difícil que o PT perca o governo federal. Por isso, para eleições federais acho mais importante o desempenho do Ministério da Fazenda e do Banco Central do que as capas da Veja.

É claro que na política estadual o buraco é mais embaixo, pois SP tem um grande viés anti-PT que torna sua população mais receptível a essas denúncias. De todo modo, na minha opinião, é esse público (mal) politizado que possibilita uma Veja e não o contrário.

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(*) Por isso sou um crítico constante do revolucionarismo de vanguarda: porque a maioria das pessoas não está nem aí para a política e tende a adotar a opção que lhe pareça mais segura, o que costuma excluir grandes experimentos revolucionários. Essa, aliás, é a grande vantagem e desvantagem da democracia parlamentar. Vantagem porque o político (principalmente de cargo executivo) se torna um bicho permanentemente assustado diante da massa amorfa do "povo"; desvantagem porque isso barra alguns radicalismos que seriam desejáveis.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#584 Mensagem por Carnage » 30 Ago 2011, 21:44

Compson escreveu:(*) Por isso sou um crítico constante do revolucionarismo de vanguarda: porque a maioria das pessoas não está nem aí para a política e tende a adotar a opção que lhe pareça mais segura, o que costuma excluir grandes experimentos revolucionários.
Isso é normal do ser humano médio.

A imensa maioria destesta mudança, e prefere ficar bem quietinha quando tudo está "pelo menos mais ou menos".
A maioria só via pra mundança quando o calo aperta muito forte.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#585 Mensagem por Carnage » 30 Ago 2011, 21:46

http://www.viomundo.com.br/entrevistas/ ... naoum.html
Polícia Federal já está no caso Veja/Hotel Naoum
por  Conceição Lemes


O principal cenário da “denúncia” da Veja desse final desse final de semana é o Hotel Naoum, em Brasília. Nele, segundo a revista, José Dirceu tem um “gabinete” instalado, onde “o ex-ministro recebe autoridades da República para, entre outras atividades, conspirar contra o governo Dilma.”
A matéria traz uma sequência de dez fotos tiradas do andar em que fica o apartamento de José Dirceu. Numa delas, aparece o próprio. Nas demais, ministros, deputados, senadores que lá estiveram. Por isso, entrevistei há pouco Rogério Tonatto, gerente geral do hotel.

Viomundo — No seu ramo de negócio, privacidade é vital. A do Naoum, porém, foi quebrada com a reportagem da Veja. O senhor não teme que, por isso, clientes deixem de se hospedar no seu hotel?

Rogério Tonatto — Eu não acredito, não, porque todo mundo conhece a nossa respeitabilidade. O hotel tem 22 anos, é considerado o melhor da cidade. É o hotel que mais recebeu comitivas oficiais em todo o país, da Princesa Diana a  Fidel Castro.  São mais de 150 comitivas oficiais.
O que foi feito aqui é uma coisa criminosa, que a gente repudia. Nós estamos realmente chocados, pois temos uma história muito forte com a cidade.  Não vamos deixar que episódio isolado como esse abale o nome do hotel.

Viomundo – Acha mesmo que não vai ter repercussão na sua clientela? As fotos exibidas na Veja demonstram que a privacidade do seu cliente está em risco.

Rogério Tonatto – A privacidade de clientes está sob risco em qualquer lugar do mundo.  O que fizeram no hotel é um crime. Aliás, muitos clientes têm-nos ligado para prestar solidariedade, dizendo que o hotel não merece isso.

Viomundo – O senhor sabe como foram feitas as imagens?

Rogério Tonatto — A gente não sabe ainda com certeza, pois a questão está sob investigação.  A nossa suspeita é de que essa câmera foi plantada. Achamos que não saíram do circuito interno  do hotel.

Viomundo — Não saíram mesmo do circuito interno?

Rogério Tonatto — Nós estamos investigando.  Mas tudo indica que não. Até porque a maioria dos nossos funcionários tem muito tempo de casa, são pessoas comprometidas  com o hotel. Eu sinceramente não acredito que possa ter saído de forma inconseqüente do hotel. Nisso, a gente está bem tranqüilo.
Já falamos com todos os funcionários, a começar pelo pessoal de segurança. Está todo mundo muito chateado, muito perplexo.  São pessoas que têm um carinho muito grande pelo empreendimento. Você não tem noção do que a gente realmente está passando…

Viomundo – É possível dizer com 100% de certeza que as fotos não foram tiradas do seu sistema de segurança?

Rogério Tonatto – Neste instante, não tenho condições de precisar 100%.  A principal hipótese é a de que uma câmera tenha sido plantada no hotel.  A gente trabalha mais com essa hipótese.

Viomundo – A sua equipe tem condições de avaliar se as imagens saíram ou não do circuito interno, não tem?

Rogério Tonatto – Tem, sim, e já detectaram algumas diferenças em relação às fotos publicadas. Por exemplo, são horas diferenciadas em relação às presenças das pessoas citadas.  Mas isso a Polícia Civil de Brasília e a Polícia Federal estão apurando. Agora, é precipitado eu falar mais coisas. Não quero atrapalhar a investigação. O que eu posso dizer é que vamos apurar todo esse delito até o final.

Viomundo — Tem ideia de quem teria filmado o andar do apartamento do ex-ministro José Dirceu?

Rogério Tonatto — Não temos a menor ideia.  Sabemos que um repórter esteve lá, que tentou invadir um dos apartamentos. Prontamente nosso staff não deixou. É um staff bem preparado, conseguiu detectar a tentativa de invasão. Demos queixa na polícia. Enfim, tomamos todas as medidas que medidas que tem de ser adotadas nessas circunstâncias.
Esse é um caso que tem de ser apurado pela polícia especializada, porque a gente não compartilha com esse tipo de conduta, independentemente de quem seja o cliente.

Viomundo – O senhor disse que a Polícia Federal está apurando o caso…

Rogério Tonatto —  A Polícia Federal foi acionada, está tomando providências, já está  no caso, assim como a Polícia Civil. Elas já estão no encalço de quem cometeu esse crime. Nós estamos trabalhando em todas as frentes para que ele  seja solucionado o mais rapidamente possível.

Viomundo — Que medidas o hotel vai tomar em relação à Veja?

Rogério Tonatto – Amanhã às 9 horas da manhã já temos uma reunião agendada com os nossos advogados. Neste momento, não tenho condições de dizer se a gente a vai processar a Veja.  Não sou competente na área, preciso de orientação jurídica sobre as medidas a serem tomadas.

Viomundo – Quem vai pagar os prejuízos do hotel, já que a imagem dele foi  manchada?

Rogério Tonatto — Nós estamos realmente indignados e preocupados com tudo isso. Mas uma coisa garanto: alguém vai pagar. Não sei lhe precisar quem neste momento, mas alguém vai pagar.  Vamos tomar todas as medidas para que esse episódio não fique impune. Nós estamos muito seguros da nossa importância. E o hotel não merece um espetáculo criminoso como este.
http://www.viomundo.com.br/politica/dev ... podre.html
Devanir Ribeiro:”Aonde vamos parar com esse jornalismo tão podre, tão mentiroso?”
por Conceição Lemes


Desde quarta-feira, 24 de agosto, quando Gustavo Nogueira Ribeiro, repórter da Veja, foi flagrado pela camareira, tentando invadir o apartamento de José Dirceu no Hotel Naoum, em Brasília, era previsível que mais uma “aula” de jornalismo esgoto estava a caminho. Não deu outra. Com capa e tudo.
Com a manchete “José Dirceu mostra que ainda manda em Brasília”, Veja chegou este final de semana às bancas. Logo no olho diz: “Com ‘gabinete’ instalado em um hotel, ex-ministro recebe autoridades da República para, entre outras atividades, conspirar contra o governo Dilma”.

A matéria traz uma sequência de dez fotos, provavelmente extraídas da câmera de segurança, tiradas do andar em que fica o apartamento de José Dirceu. Numa delas, aparece o próprio. Nas demais, ministros, deputados, senadores que lá estiveram.
Entre eles, o deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP), que, aparentemente, está acompanhado de duas pessoas, cujos rostos foram disfarçados pela revista para não serem reconhecidos. Legenda da foto:

07/6/2011 – 20:22:42 – Duração: 25 minutos | Deputado Devanir Ribeiro, PT: “Faz muito tempo que eu não vejo o Zé Dirceu. Nem lembro quando foi a última vez” – Reprodução/Veja
No início da noite desse sábado, conversei com Devanir: “Eu não li ainda a matéria. Encontrei hoje o Vacarezza [deputado federal Cândido Vacarezza, líder do governo na Câmara] num debate, ele me falou. Eu não leio, não compro, não recomendo e não dou entrevista à Veja há vários anos”.
Pedi-lhe para abrir uma exceção, para comentar o que foi publicado. Topou. Como havíamos combinado, voltei a ligar no final da noite desse sábado. Devanir foi logo dizendo:

“Que matéria mais besta? Francamente não sei o que estão querendo com ela. Intrigar o Zé com a Dilma? Jogar a Dilma contra o Zé? Besteira! Dizer que o pessoal do PT frequenta o Naoum?! Vários parlamentares do PT que não têm apartamento funcional ficavam e ficam lá hospedados. Que o Zé faz política, qual a novidade?! É um direito dele. O Zé é um cidadão brasileiro, militante político e dirigente partidário. É um quadro importante do PT  que fez parte das lutas democráticas do Brasil nas últimas décadas. É uma pessoa que eu respeito”.

Viomundo – Segundo a Veja, o senhor disse que faz tempo que não vê o José Dirceu e nem se lembrava de quando tinha sido a última vez que o tinha encontrado. Diz também que o  senhor teria estado no apartamento do José Dirceu em 7 de junho. É isso mesmo que aconteceu?

Devanir Ribeiro – Primeiro, gostaria repetir. Vários parlamentares do PT ficavam e ficam no Naoum. De modo que, de vez em quando, eu vou até lá, sim, para encontrar algum companheiro.
Segundo, eu fui ao Naoum aquele dia — não sei se em 7 de junho como afirma a Veja — para buscar alguns companheiros do Pará e levar para uma reunião que iria acontecer em seguida na minha casa. Ao chegar na portaria,  liguei para um deles, que pediu para eu subir. O Zé atendeu,  cumprimentei-o, ele  estava atendendo umas ligações, conversamos um pouco e fomos embora.
Eu não tinha NENHUMA audiência marcada com o Zé Dirceu. E se tivesse, assumiria. Qual o problema? Nenhum. Sou político, tenho de fazer política. O Zé, a mesma coisa.

Viomundo – E essa história de que o senhor não se lembrava de ter o encontrado o José Dirceu?

Devanir Ribeiro – Veja bem. O Zé é dirigente partidário, logo a gente vive  se cruzando em reuniões do PT, assim como com os demais companheiros do PT.
Como eu não havia solicitado audiência ao Zé Dirceu, eu, na hora, inicialmente, não me lembrei que tinha passado pelo Naoum, pra pegar o pessoal.

Viomundo – Então o que disse para o jornalista?

Devanir Ribeiro – Tem uma coisa importante que eu quero esclarecer. Há alguns dias um repórter da Veja me ligou, querendo marcar um horário para conversar comigo.  Eu disse NÃO. Disse o que já disse a você: que não lia, não assinava, não recomendava nem dava para a Veja em função do péssimo jornalismo que ela faz. Acrescentei ainda que estava processando a Veja.
O repórter disse: “Ah, mas eu sou novo!”.
Eu contrapus: “Você é novo, mas a revista é velha”.
A coisa morreu aí. Só que num outro dia outro repórter me ligou, perguntando se eu não achava estranho o Zé Dirceu receber um monte de gente em Brasília.Respondi que achava   normal, já que o Zé conhece muita gente. Aí, ele me perguntou quando tinha sido a última vez que eu tinha encontrado o Zé. Inicialmente, respondi: “Eu não me lembro”. Mas, em seguida, falei: “Foi no Rio de Janeiro há uns 15 dias na reunião do diretório nacional do PT.

Viomundo – Mas o repórter não citou o Rio de Janeiro na legenda da foto…

Devanir Ribeiro – Eu disse, mas ele colocou só o começo da minha fala.

Viomundo – Esse segundorepórter se identificou como da Veja?

Devanir Ribeiro – Não! Se tivesse dito, não teria respondido nada.

Viomundo – O senhor lembra o nome dos dois repórteres que lhe telefonaram?

Devanir Ribeiro – Não. Não, mesmo. Mas são jornalistas que eu nunca ouvi falar o nome.

Viomundo – O senhor está processando a Veja. Por quê?

Devanir Ribeiro – Na época do dito “mensalão”, que nunca existiu, saiu publicado que uma funcionária minha, Maria Aparecida da Silva, tinha ido ao Banco Rural e sacado dinheiro.
Na época, o meu advogado pesquisando na internet percebeu que o número de dígitos da carteira de identidade da Maria Aparecida envolvida não batia com o que temos em São Paulo. Aí, descobriu que não tinha nada a ver com a minha secretária. Foi a minha sorte.

Aliás, no Brasil, o que não falta é Maria Aparecida da Silva (risos), concorda?

A Globo se retratou. A Veja, não. Eu resolvi processá-la, pois como diz o meu advogado: “Se você é acusado injustamente e fica quieto, é como se admitisse a culpa. Por isso tem de processar, mesmo.  Se você não processar, vão dizer que você é culpado”. Então processei. Não desisto.

Não importa o tempo que demorar. Estou fazendo uma poupança para os meus netos. A Veja não se emenda.  Não está preocupada com a verdade. Aliás, o jornalismo brasileiro está cada vez pior. Aonde vamos parar com esse jornalismo tão podre, tão mentiroso, tão malfeito?

PS do Viomundo: Hoje, após publicar esta entrevista com Devanir Ribeiro,  soube do post do blogueiro Len, do  Ponto e Contraponto, onde ele afirma que  as  fotos da reportagem de Veja não são  imagens  da circulação do hotel, feitas pela câmera de segurança. Mas que elas teriam sido obtidas por um sistema  implantado pelo próprio jornalista num ponto próximo ao apartamento de José Dirceu.
http://www.viomundo.com.br/politica/ze- ... ogico.html
“Veja” atenta contra os princípios democráticos
Publicado em 27-Ago-2011, por Zé Dirceu, em seu blog, sugestão do leitor Rodrigo C


Depois de abandonar os critérios jornalísticos e a legalidade, a revista Veja abriu mão também dos princípios democráticos.

A matéria de capa desta semana foi realizada no mais clássico estilo de polícia privada, a serviço dos setores que a Veja representa. Viola o princípio constitucional da intimidade e infringe o Código Penal. Ignora o direito a julgamento e condena previamente.

A matéria é um amontoado de invenções e erros.

A revista obteve, não se sabe como, imagens do corredor do hotel onde me hospedo em Brasília. Com a relação de todas as pessoas que recebi, passou a questionar a todos sobre os motivos de se encontrarem comigo.

Os questionamentos não tinham como objetivo a apuração jornalística. A tese da revista de que conspirávamos contra o governo da presidenta Dilma já estava pronta. O objetivo era apenas o de constranger.

Manipulação dos fatos

Para tentar dar consistência à sua tese, Veja manipula os fatos para fazer o leitor crer que atuei para que Antonio Palocci deixasse a Casa Civil. Afirma, por exemplo, que três senadores petistas saíram da reunião comigo e, horas depois, recusaram-se a assinar uma nota em apoio a Palocci.

Uma rápida pesquisa no noticiário mostra que a reunião da bancada a que a matéria se refere ocorreu antes de meu encontro com os senadores. Às 15h30, os sites de notícia já divulgavam o resultado do encontro. Minha reunião, segundo a própria Veja, ocorreu às 15h52 e durou mais de 50 minutos.

Ontem, em nota no blog, denunciei a tentativa de um repórter da Veja de invadir meu quarto no hotel (leia mais). O jornalista Gustavo Ribeiro se hospedou em apartamento próximo ao meu, aproximou-se de uma camareira e, alegando estar hospedado na minha suíte, simulou que havia perdido as chaves e pediu que a funcionária abrisse a porta. Ela se recusou e comunicou o fato à direção do hotel, que registrou a tentativa de violação de domicílio em boletim de ocorrência no 5º Distrito Policial.

Outra tentativa frustrada de golpe

A reportagem da Veja tentou ainda outro golpe. O mesmo repórter fez-se passar por assessor da Prefeitura de Varginha, insistindo em deixar no meu quarto “documentos relevantes”. Disse que se chamava Roberto, mas utilizou o mesmo número de celular que constava da ficha de entrada do hotel que preencheu com seu verdadeiro nome. O golpe não funcionou, porque minha assessoria estranhou o contato e não recebeu os tais “documentos”.

Reafirmo: Deixei o governo, não sou mais parlamentar. Sou cidadão brasileiro, militante político e dirigente partidário. Essas atribuições me concedem o dever e a legitimidade de receber companheiros e amigos, ocupem ou não cargos públicos, de qualquer partido, onde quer que seja, sem precisar dar satisfações à Veja acerca de minhas atividades.

Todas minhas atividades são públicas. Viajo pelo país, sou recebido por governadores, prefeitos, parlamentares, lideranças e, principalmente, pela militância petista. Dou palestras e realizo debates, articulo e participo da vida política do país, como dirigente do PT e cidadão. Não tenho nada a esconder.

Campanha contra mim não tem limites

A revista tem o claro objetivo de destruir minha imagem e pressionar a Justiça pela minha condenação. Sua campanha contra mim não tem limites.  Mas a Veja não fere apenas os meus direitos. Ao manipular fatos, ignorar a Constituição, a legislação e os direitos individuais, a revista coloca em risco os princípios democráticos e fere toda a sociedade.
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... itica.html
Emiliano José: Veja é o Murdoch brasileiro com motivação política
por Charles Carmo, de Salvador para o Viomundo


A revista Veja entrou no centro de um dos maiores escândalos da imprensa nacional após a divulgação da suposta tentativa de invasão do apartamento em que o ex-ministro José Dirceu estava hospedado, no Hotel Naoum, em Brasília. O repórter  Gustavo Nogueira Ribeiro está sendo acusado de tentar convencer a camareira a deixá-lo entrar no quarto de José Dirceu, fingindo se passar por um colega do ex-ministro que estaria hospedado no mesmo apartamento.

A denúncia partiu da camareira e do chefe de segurança do hotel, e foi registrada num boletim de ocorrência do 5º distrito policial de Brasília.

Para o deputado Emiliano José (PT/BA) “a Veja está assumindo a sua face mais clara de banditismo. Dentro dos padrões éticos do jornalismo e da convivência democrática não há justificativa possível para este tipo de comportamento, salvo se ela estiver seguindo as trilhas do Murdoch. Para tentar obter um fato, não importa qual fato seja, a revista cometeu um crime ao tentar invadir um apartamento. Não importa de quem é o apartamento e qual o fato que ela supostamente queria investigar”, afirmou o parlamentar.

Emiliano José afirma que o caso é extremamente grave e a sociedade brasileira deve reagir ao escândalo com a mesma indignação que os ingleses reagiram aos escândalos dos grampos do jornal News of the World, pertencente ao grupo do bilionário Rupert Murdoch e que resultou na prisão dos responsáveis, além do fechamento do jornal, maculado de maneira irremediável pelo escândalo dos grampos que foram descobertos e atingiram desde políticos até vítimas de seqüestro. O chamado “Caso Murdoch” abalou a Inglaterra e trouxe à baila a discussão sobre os limites da imprensa na democracia.

“É preciso envolver os setores democráticos brasileiros para que não se configure uma prática nitidamente arbitrária, ilegal e golpista como esta. A Veja é o Murdoch brasileiro, só que com características do golpismo político. Ela é uma usina golpista da direita brasileira e latino-americana. A sociedade brasileira precisa reagir a isto que está ocorrendo. Temos que tomar uma providência diante dos crimes da Veja. Não se trata de um fato com um companheiro do partido, que fique bem claro, mas de uma agressão à vida democrática brasileira. A Veja foi pega com a mão na botija e isto é contra a democracia”, concluiu o deputado que também é jornalista e professor da Universidade Federal da Bahia.

E qual seria a motivação para a matéria da Veja? Emiliano José tem uma opinião. Para ele “a revista Veja quer forçar a condenação prévia de um cidadão, ela faz lobby para forçar a condenação de Dirceu. Ela está tolhendo Zé Dirceu do seu direito de ir e vir, de sua privacidade, e está devassando a sua vida privada de maneira caluniosa e ilegal. É o caso Murdoch novamente, só que com motivação política”, afirmou o deputado.

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