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#46 Mensagem por Compson » 14 Jul 2011, 16:07

Tricampeão escreveu:Por que os senhores se preocupam com os oligopólios dos ramos de supermercados e de cerveja e não se preocupam com os do ramo de comunicações, muito mais importante? Por que ninguém fala mal da Família Marinho e do seu oligopólio midiático?
Porque nada pode ser feito, ué... Não é esse o curso inexorável da sociedade capitalista?

Como diz a assinatura de um camarada aí: "Cría cuervos y te sacarán los ojos."

Impedir a formação de um oligopólio é muito mais fácil do que desfazer um. Ainda mais num ramo em que o "capital cultural" é fundamental, como os meios de comunicação. Não basta o governo criar uma empresa pública de comunicação nem desmembrar compulsoriamente a Globo em várias empresas.

A melhor coisa que se pode fazer com a Globo seria não tê-la criado. Com dinheiro público, apoio público e o mesmo argumento do desenvolvimento das comunicações nacionais... Mudam os palhaços, o circo, os números e o público continuam os mesmos.

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#47 Mensagem por Tricampeão » 14 Jul 2011, 20:30

Dr. Zero escreveu:veja o triste fim de Leonel Moura Brizola em sua quixotesca luta contra o império midiático de Roberto Marinho... se alguém quiser acabar com a boca cheia de formiga, vai lá, só acho que "líderes revolucionários" estão ocupados demais "conscientizando" o povão para se engajarem nessa luta
Eu nuca gostei do Brizolation, mas ele fez o Cid Mumeira pagar um mico inesquecível. Compensou todos os anos de luta.
http://www.youtube.com/watch?v=ObW0kYAXh-8

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#48 Mensagem por Tricampeão » 14 Jul 2011, 20:57

Compson escreveu:
Tricampeão escreveu:Por que os senhores se preocupam com os oligopólios dos ramos de supermercados e de cerveja e não se preocupam com os do ramo de comunicações, muito mais importante? Por que ninguém fala mal da Família Marinho e do seu oligopólio midiático?
Porque nada pode ser feito, ué... Não é esse o curso inexorável da sociedade capitalista?
Inexorável é a realização do absoluto no fenômeno, como diria o burguês mais coerente de todos os tempos, Immanuel Kant, com a clareza habitual.
O curso inexorável da sociedade capitalista é a lata de lixo da História, como diz o catador de pequi mais coerente de todos os tempos, traduzindo Kant para a escatologia de inspiração proletária.
Evidentemente, a lógica interna da sociedade burguesa, que você alega que não existe, caminha no sentido da concentração de todos os ativos com valor econômico. Mas é função dos governos democráticos populares combater essa tendência, quando estrategicamente importante.
Não vale a pena fazer isso no caso dos oligopólios do varejo, que não possuem nenhum valor estratégico para a nossa luta, mas no caso dos meios de comunicação de massa, torna-se obrigatório.
Compson escreveu:Impedir a formação de um oligopólio é muito mais fácil do que desfazer um. Ainda mais num ramo em que o "capital cultural" é fundamental, como os meios de comunicação. Não basta o governo criar uma empresa pública de comunicação nem desmembrar compulsoriamente a Globo em várias empresas.

A melhor coisa que se pode fazer com a Globo seria não tê-la criado. Com dinheiro público, apoio público e o mesmo argumento do desenvolvimento das comunicações nacionais... Mudam os palhaços, o circo, os números e o público continuam os mesmos.
Vários países possuem leis para impedir a formação de oligopólios midiáticos, e dissolvê-los quando já estão formados.
A criação de uma TV pública forte é uma necessidade, mas não tem a ver com o combate aos oligopólios, que deve se dar pelas vias legais. O Estado é bom para usar a força bruta, não para criar projetos culturais.

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Re: fusão carrefour e pao de açucar, pau na bunda no povo.

#49 Mensagem por Carnage » 14 Jul 2011, 22:31

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... trangeiros
O varejo na mão de estrangeiros
Por Weden


Comentário: podemos entender agora o motivo da "grita" contra o aporte financeiro do BNDES no caso da investida do Pão de Açúcar. O Brasil não terá mais participação nacional relevante no setor de supermercados. 

A única chance era o financiamento do BNDES, que levaria um grupo nacional a ter presença forte no setor. Mas agora: o Carrefour pode ser engolido pelo americano Walmart. E o Casino será o grande acionista do Pão de Açucar.

A grande imprensa conseguiu o que queria. Jornalistas como Miriam e Sardenberg comemoram. Estamos entregues.

Walmart, meus caros, é um grande anunciante. Se é que vocês me entendem.


Globo

SÃO PAULO e RIO - Com o fracasso na tentativa de fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour, um novo cenário se aproxima para o varejo brasileiro, passando necessariamente pela consolidação da participação dos grupos estrangeiros no setor. Pelo acordo entre o empresário Abilio Diniz e o Casino, o grupo francês passará a deter o controle acionário do Pão de Açúcar já a partir de 2012. Em outro plano, o também francês Carrefour continuará sendo alvo de cobiça por parte dos concorrentes, e o mais forte deles é o Walmart, gigante americano com presença em 15 países e faturamento anual de US$ 421 bilhões. Juntos, os três passariam a deter 60% do varejo supermercadista no Brasil, contra os cerca de 30% hoje. O percentual chegaria a 65% em estados como São Paulo.

- Esse é o cenário mais provável, caso a proposta de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour, que barraria o controle do Casino, não ocorra mesmo. Não vejo problema no predomínio estrangeiro no varejo. Isso já ocorre em outros setores, como o automobilístico - afirma Claudio Felisoni, presidente do Programa de Administração do Varejo/Ibevar, que estimou a fatia de mercado dos estrangeiros no país.

Nesse cenário, as atenções vão recair sobre o Carrefour. Com resultados ruins, após a descoberta de um rombo contábil de R$ 1,2 bilhão no país, e o pouco interesse da matriz em manter os negócios no Brasil, a rede francesa pode ser alvo de uma investida de concorrentes como o Walmart.

- O Carrefour está numa situação complicada: a matriz o abandonou e não investe mais aqui. Por isso, ele não vai ficar sozinho. O Walmart é o comprador com maior potencial porque quer crescer no mercado brasileiro - concorda Olavo Henrique Furtado, coordenador de pós-graduação e MBA da Trevisan Escola de Negócios.

Felisoni acrescenta que o varejista americano poderia trazer boas práticas para os hipermercados do Carrefour. Segundo ele, o Walmart dificilmente perderia a oportunidade de crescer no mercado brasileiro. E não seria a primeira aproximação entre os dois grupos. Em 2009, segundo informações de mercado, o Walmart já havia feito chegar à matriz do Carrefour seu interesse numa eventual associação. Mas as conversas não prosperam na época.

- O Walmart quer comprar e o Carrefour quer vender - arremata.
Para o Pão de Açúcar, essa união entre concorrentes traria uma perda de capital acionário de R$ 1,356 bilhão, de acordo com estudo elaborado pela Fundação Getulio Vargas a pedido de Diniz. Esse dado foi citado na proposta de associação entre Carrefour e Pão de Açúcar, como argumento para defender a entrada do BNDES na operação e para evitar o que o empresário disse ser o risco de "desnacionalização do setor varejista no país". Se a fusão ocorresse, os ganhos em sinergia do grupo de Diniz seriam de R$ 8,4 bilhões.

Procurada ontem, a varejista americana não comentou a suspensão da proposta de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour. Em maio passado, o Walmart divulgou um plano de investimentos de R$ 1,2 bilhão no país, que prevê a abertura de 80 novas lojas e a criação de 7 mil empregos. Nos últimos cinco anos, o grupo já investiu R$ 6 bilhões, com a construção de 177 lojas e contratou 25 mil pessoas no país.

Para Felisoni, a participação do banco público no processo de fusão varejista era injustificada, porque não havia o componente desenvolvimentista de se investir no varejo. Segundo ele, o banco não deveria ser premissa básica para a operação, dada a facilidade de obtenção de crédito nesse setor.

Já Furtado, da Trevisan Escola de Negócios, diz que a participação de dinheiro público em operações segue a linha chinesa de participação pesada do Estado em vários setores, como ocorre com a China.
- Perdemos uma grande chance de ser um player no varejo mundial, que é um segmento de grande visibilidade. Seria de certa forma o que Embraer e JBS representam para o segmento deles.

Outro grupo que pretende crescer no Brasil -- e que vê com bons olhos o fim da fusão -- é o chileno Cencosud. No país desde 2007, o grupo já comprou três redes no Nordeste: G.Barbosa, Mercantil Rodrigues e Perini. O Cencosud, com 250 estabelecimentos, 24 mil funcionários e faturamento anual no Brasil de US$ 1,682 bilhão (R$ 2,66 bilhões), não comenta seus planos, mas está com fome de crescer, não apenas no Brasil, mas em outros países na região. E pode comprar parte dos ativos do Carrefour.
http://www.tijolaco.com/gorado-o-negoci ... a-verdade/
Gorado o negócio, já podem dizer a verdade

Desfeita a possibilidade de realização do negócio entre o Pão de Açúcar e o Carrefour, por falta de condições políticas para que o Bndespar viabilizasse a operação, começam a surgir, na própria mídia que tanta campanha fez contra isso, os sinais de como aquela ação, além de lucrativa, deixaria o Estado brasileiro em posição de evitar a desnacionalização completa do setor de varejo e em condições de influir na política de compras de um grande grupo mundial do setor.
É o que faz a matéria publicada hoje em O Globo.

Diz que, agora, as operações do Carrefour no Brasil devem ser compradas pelo americano Walmart, que ficaria assim com perto de 30% do controle do varejo nacional. Com o controle do Pão de Açúcar pelo francês Casino, a partir do ano que vem e a ampliação dos negócios do chileno Cesconsud no país, os estrangeiros controlariam dois terços do setor hiper/supermercadista.
O cálculo é insuspeito, porque vem de Claudio Felisoni, presidente do Programa de Administração do Varejo/Ibevar, defensor da entrega do setor:
“Não vejo problema no predomínio estrangeiro no varejo. Isso já ocorre em outros setores, como o automobilístico”, diz ele. 

É, para quem não vê problemas em ter um mercado de 190 milhões de consumidores, com poder de compra crescente, sob um virtual oligopólio estrangeiro – como ocorre no próprio setor automobilístico, por ele citado – realmente não tinha sentido a operação.
Já para os que vêem a economia como um gande jogo não apenas entre grupos empresariais, mas entre nações, o quadro é outro.

Olavo Henrique Furtado, coordenador de pós-graduação e MBA da Trevisan Escola de Negócios, diz que a operação seguia “a linha chinesa de participação pesada do Estado em vários setores” 
- Perdemos uma grande chance de ser um player no varejo mundial, que é um segmento de grande visibilidade. Seria de certa forma o que Embraer e JBS representam para o segmento deles. 
Muita gente de boa-fé não compreendeu que a operação não se resumia a um bom negócio – e era – para o empresário Abílio Diniz. E que a sua inviabilização política – não havia como o Governo sustentar a posição do BNDES, porque o campo progresista embarcou numa visão simplista e superficial da questão – representa um mau negócio para o país, que caminha para ser o terceiro maior mercado de varejo do mundo.

Um setor que tem forte influência sobre o o poder de venda de milhares de empresas produtivas e que  ficará, inevitavelmente, sob o controle quase exclusivo do capital estrangeiro.
Mas a “liberdade de mercado”, o “valor dos contratos” e a regra de que “o Estado só tem de se meter em setores que não dão lucro e onde os empresários não querem investir”, santos do altar neoliberal, todos estarão preservados, para nos levarem à desnacionalização de uma economia nacional que, quanto mais cresce, menos nossa é.

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Re: fusão carrefour e pao de açucar, pau na bunda no povo.

#50 Mensagem por Austim » 15 Jul 2011, 10:33

....comentário de um economista de plantão....sobre a fusão do Pão de Açúcar e Carrefour .... com dinheiro do BNDES.....que acabou não acontecendo...´

O PÃO ERA FRANCES, MAS A ROSCA ERA BRASILEIRA........

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Re: fusão carrefour e pao de açucar, pau na bunda no povo.

#51 Mensagem por Dr. Zero » 15 Jul 2011, 21:41

olá insignes foristas socialistas, que tal vcs se decidirem se festejam a derrocada das negociatas de um "empresário venoliberal lindo e fofinho" ou se lamentam a rasteira que um empresário nacional levou de um "frio e malvado conglomerado multinacional estrangeiro" que não está nem aí para os interesses nacionais

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#52 Mensagem por Tricampeão » 15 Jul 2011, 22:22

Minha posição é clara: não há motivo nem pra espernear com a ajuda do BNDES à formação de um oligopólio varejista nacional, nem pra lamentar que o Brasil não tenha conseguido formar um. Se o Abílio se fudeu, problema dele, que quis brincar de capitalista; se os fornecedores do Abílio ou o tal de Casino é que tivessem tomado na bunda, problema deles, que quiseram brincar de capitalistas.

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#53 Mensagem por Compson » 16 Jul 2011, 16:21

Tricampeão escreveu:Minha posição é clara: não há motivo nem pra espernear com a ajuda do BNDES à formação de um oligopólio varejista nacional, nem pra lamentar que o Brasil não tenha conseguido formar um. Se o Abílio se fudeu, problema dele, que quis brincar de capitalista; se os fornecedores do Abílio ou o tal de Casino é que tivessem tomado na bunda, problema deles, que quiseram brincar de capitalistas.
Sim, mas se uma entidade pública como o BNDES usa dinheiro público para fornecer crédito subsidiado (na prática, doar dinheiro) a uma operação que tornará a economia brasileira pior do ponto de vista da competitividade, quem é que toma na bunda?

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Re: fusão carrefour e pao de açucar, pau na bunda no povo.

#54 Mensagem por Compson » 27 Jul 2011, 11:00

Olha o Luciano Coutinho, bem mais sensato do que eu esperava:
No episódio, o senhor recebeu criticas por destinar verbas vultosas a um negócio que poderia se financiar no mercado. Até que ponto cabe ao banco forjar os chamados "campeões nacionais ?

Estou bem convicto da relevância e da necessidade desse tipo de investimento. Ao financiarmos a criação de um gigante como o que resultaria da fusão Pão de Açúcar/Carrefour, estaríamos proporcionando o surgimento de um gênero de empresa com capacidade para competir globalmente e até se tornar líder em seu setor no cenário internacional. Todas as grandes economias em desenvolvimento têm suas grandes multinacionais. Os Estados Unidos formaram as suas nos anos 50; os países mais ricos da Europa, na década de 60; o Japão, nos anos 70; e a Coréia do Sul, nos 80. Para a China e a Índia, o mesmo ocorre desde os anos 90. De modo que no Brasil esse fenômeno é até tardio. É justamente esse processo que estamos tentando acelerar. Agora, quem diz que o BNDES deixa de injetar capital nos pequenos e médios negócios passa ao largo dos fatos. A participação dessas empresas no total de financiamentos do banco vem crescendo de forma robusta - passou de 24% para 46% nos últimos três anos.

Ao canalizar tanto dinheiro para algumas poucas empresas, o BNDES não estaria escolhendo os vencedores de cada setor?

Isso é uma falácia. As grandes companhias que nos pedem financiamento já são vencedoras - não foram forjadas pelo BNDES. Elas passaram por longos períodos de instabilidade e volatilidade econômica e sobreviveram. Ganharam eficiência e competitividade e têm enorme potencial. Tudo o que fazemos é apoiar esses grupos, com o objetivo de contribuir para o aumento do volume de investimentos na economia do país.

O governo paga 12,5% de juros ao ano para financiar sua dívida, mas o BNDES cobra 6% por seus empréstimos. Isso não é subsídio?

Não gosto de usar o termo subsídio. Claro que isso acarreta, sim, um custo para o Tesouro. Mas nossos estudos mostram que o retorno em forma de receitas para as empresas e mais arrecadação de impostos e empregos - sem falar no lucro que o BNDES repassa ao governo - compensam tal custo. Não estamos emprestando dinheiro de graça a ninguém. Diante do padrão mundial para empréstimos de longo prazo, os juros que oferecemos são até altos. É a taxa de juros de curto prazo, conhecida como Selic, que destoa. A discrepância entre as taxas que cobramos pelos nossos empréstimos e a Selic é absurda, algo que não existe nas nações mais ricas.

Qual é o caminho para os juros baixarem até que essa diferença inexista?

Estamos falando de um problema com razões históricas que remontam aos tempos de quase hiperinflação e à série de planos heterodoxos implementados para combatê-la. Até no Plano Real, que deu certo, foi preciso aumentar os juros a níveis elevados para que não houvesse uma fuga exagerada de capitais. A solução para interromper esse ciclo que permitirá baixar os juros, está claro, passa necessariamente pelo ganho de eficiência na gestão pública e pela melhora na qualidade dos gastos. Isso não se traduz por cortar gastos indiscriminadamente. Foi para saber onde cortar sem produzir efeitos danosos à economia que se instalou no Palácio do Planalto um conselho de gestão coordenado pelo empresário Jorge Gerdau. Esse conselho vai ajudar o governo a produzir mais poupança e a diminuir os gastos improdutivos para que se possa investir mais em educação e inovação e gastar menos com burocracia e despesas inúteis.
http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imp ... ta-luciano

Como já disse, discordo quanto à eficácia desses grandes empréstimos e quanto à competitividade dos campeões nacionais.

Seu diagnóstico dos juros é mais uma mostra de que "heterodoxia econômica" é um animal em extinção. RIP!

[Tomo a entrevista como reprodução literal da fala do Coutinho; qualquer distorção é responsabilidade da lamentável revista.]

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#55 Mensagem por Tricampeão » 27 Jul 2011, 22:17

Compson escreveu:
Tricampeão escreveu:Minha posição é clara: não há motivo nem pra espernear com a ajuda do BNDES à formação de um oligopólio varejista nacional, nem pra lamentar que o Brasil não tenha conseguido formar um. Se o Abílio se fudeu, problema dele, que quis brincar de capitalista; se os fornecedores do Abílio ou o tal de Casino é que tivessem tomado na bunda, problema deles, que quiseram brincar de capitalistas.
Sim, mas se uma entidade pública como o BNDES usa dinheiro público para fornecer crédito subsidiado (na prática, doar dinheiro) a uma operação que tornará a economia brasileira pior do ponto de vista da competitividade, quem é que toma na bunda?
Fornecer crédito mais barato que o mercado é a razão da existência dos bancos de desenvolvimento. Pior foi dar dinheiro para os lumpenempresários comprarem estatais.
Quanto a piorar a competitividade da nossa economia, não concordo. Piora se a alternativa forem os mercadinhos de bairro, como você estava defendendo; se a alternativa forem os oligopólios atacadistas internacionais, a existência de um similar nacional pode ser boa.
Mas concordo que ter um supermercado de alcance global não está nas nossas prioridades. Siderurgia e armas vêm na frente.

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Re: fusão carrefour e pao de açucar, pau na bunda no povo.

#56 Mensagem por Carnage » 07 Ago 2011, 16:07

O BNDES dá um lucro do caramba, então eu acho que estes "negóciso com dinheiro público" me parecem uma vantagem e não um prejuízo.

Lucro do BNDES cresce 47% em 2010 e atinge R$ 9,9 bi
http://economia.estadao.com.br/noticias ... 9351,0.htm

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Re: fusão carrefour e pao de açucar, pau na bunda no povo.

#57 Mensagem por Compson » 07 Ago 2011, 20:53

Carnage escreveu:O BNDES dá um lucro do caramba, então eu acho que estes "negóciso com dinheiro público" me parecem uma vantagem e não um prejuízo.

Lucro do BNDES cresce 47% em 2010 e atinge R$ 9,9 bi
http://economia.estadao.com.br/noticias ... 9351,0.htm
Contabilidade de empresa pública é um ninho de vespas... Vou formar minha opinião por aí, depois eu volto...

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Re: fusão carrefour e pao de açucar, pau na bunda no povo.

#58 Mensagem por Compson » 08 Ago 2011, 09:59

Compson escreveu:
Carnage escreveu:O BNDES dá um lucro do caramba, então eu acho que estes "negóciso com dinheiro público" me parecem uma vantagem e não um prejuízo.

Lucro do BNDES cresce 47% em 2010 e atinge R$ 9,9 bi
http://economia.estadao.com.br/noticias ... 9351,0.htm
Contabilidade de empresa pública é um ninho de vespas... Vou formar minha opinião por aí, depois eu volto...
Na verdade, é bem simples.

De onde vêm os recursos do BNDES? Do Tesouro, ao custo da taxa de juros de longo prazo, de 6%...

Quais as principais aplicações do BNDES? Em empréstimos, que cobram pelo menos a mesma taxa de juros de longo prazo, e em participações societárias.

Ou seja, a carteria de crédito do BNDES é lucrativa por definição (a não ser que haja uma enorme inadimplência) e a carteira de ações vai depender do desempenho das empresas...

Como o BNDES é o grande sócio financiador do capital oligopolista nacional, obviamente as ações também serão lucrativas.

Em resumo: o lucro do BNDES é uma função direta da quantidade de dinheiro que o Tesouro aporta lá. O BNDES só não vai dar lucro se tiver gastos de custeio enormes ou sofrer com grande inadimplência de seus "clientes", o que não é o caso...

Qual o problema?

O problema é que para colocar dinheiro no BNDES o Tesouro precisa emitir títulos pagando pelo menos a Selic, ou seja, mais que o dobro da aplicação padrão do banco. Enfim, a participação do BNDES nas contas do setor público é muito provavelmente deficitária!

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Re: fusão carrefour e pao de açucar, pau na bunda no povo.

#59 Mensagem por Compson » 08 Ago 2011, 21:43

Compson escreveu:Contabilidade de empresa pública é um ninho de vespas... Vou formar minha opinião por aí, depois eu volto...
Não falei? Na verdade, o buraco é mais embaixo...

Quando notei que a notícia era antiga (março), achei estranho o governo não ter feito estardalhaço e fui pesquisar melhor... A idéia geral do meu post anterior é válida, mas os procedimentos contábeis são diferentes do que eu imaginava. Vejam:

Vamos supor que o Tesouro vá fazer um aporte de 10 bilhões no BNDES.

Nesse caso, o Tesouro confere ao BNDES títulos no valor de 10 bilhões atualizados pela Selic (ou uma taxa próxima) e o BNDES emite ao Tesouro títulos no valor de 10 bilhões atualizados pela taxa de juros de longo prazo (TJLP), que está em 6%. Ou seja: o BNDES paga 6% de juros ao Tesouro e o Tesouro paga 12% de juros ao BNDES.

Quando o BNDES acerta um empréstimo com um “cliente” privado, ele vende os títulos do Tesouro no mercado secundário e confere o crédito.

Porém, enquanto não fizer o empréstimo, o BNDES fica com o título do Tesouro e lucra com o diferencial de juros. Por exemplo, vamos supor que o BNDES fique um ano com o título: ele vai pagar 600 milhões de juros ao Tesouro (TJLP) e vai receber 1,2 bi do Tesouro (Selic), perfazendo um lucro de 600 milhões, que é apenas uma arbitragem! Depois, o BNDES paga esse valor de volta esse valor ao Tesouro como lucro no final do exercício.

Mas por que diabos o Tesouro aceita esse procedimento, já que se trata apenas de uma passagem de dinheiro pelo banco?

Todos sabemos que, por obrigação legal, o Ministro da Fazenda tem de apresentar no final de cada ano um superávit primário determinado pelo Congresso (ou pelo CMN, não lembro)... Se ele não fizer isso, pode vir a ser acionado pelo Ministério Público, além de ficar com fama de incompetente.

Pois bem, o resultado primário é a soma de todas as receitas e despesas do governo federal, excluídos os pagamentos de dívida e juros.

Quando paga os juros ao BNDES, o Tesouro não contabiliza esse pagamento como despesa (no exemplo, -1,2 bi) no resultado primário. Mas ao receber o mesmo dinheiro como lucro do BNDES, esse valor (+600 bi) é contabilizado como receita primária.

Ou seja: o “lucro” do BNDES é apenas uma maneira (intelectualmente desonesta) de transformar pagamento de juros em receita primária, aumentando artificialmente o superávit.

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