O filme é como a Bruna: ruim, mas tem sua "pegada". Assisti uma versão tosca da Internet, em que ainda aparecem uns cromaquis e o som ambiente é muito ruim; portanto, deve ter algumas ligeiras diferenas em relação ao original.
Acho que o principal ponto forte é o fim não moralista, ela não é "salva" por um cliente, nem deixa de ser puta; simplesmente passa a planejar melhor sua carreira, a meu ver, uma opção legítima.
Mas o filme perde a oportunidade de discutir e retratar coisas importantes:
- a facilidade com que uma menor consegue trabalhar como puta; prostituir-se é um meio legítimo quando se tem algum objetivo, mas não quando se está com birra do papai;
- o modo como a falta de regulamentação da prostituição favorece os intermediários e prejudica as putas e clientes;
- a geografia da putaria de São Paulo que é decisiva para a histórica acontecer como aconteceu; não poderia rolar numa cidade pequena, pobre ou arcaica; além disso, as cenas de putaria de rua ou no cinema não devem ficar claras pra quem não é "do esquema";
- a Deborah Secco, que faz parecer que a BS era uma gostosa entre medianas, quando na verdade seu diferencial era o atendimento, a inteligência e a personalidade, não a beleza; a Deborah até começa bem, mas quando tem de usar roupas pequenas, não consegue esconder o quanto é gostosa;
- o preconceito com relação às putas baratas; o vintão é pintado como um manicômio; dá a impressão de que a Bruna chegou no fundo do poço, mas o poço da putaria não tem fundo; sempre vai ter gente pra sustentar o vício da menina, ela largou por méritos próprios;
- a falta de um cliente mais realista: todos são "macho men" caricatos ou babões.