Dolores Juliano Corregido é uma doutora em Antropologia da Universidade de Barcelona, nascida em 1932 na cidade de Neuquém, na Argentina, que teve de se exilar na Espanha em 1977, devido a ditadura militar no seu país, e dedicada ao estudo das mulheres marginais (prostitutas, mulheres presas, etc...).
Ela é a principal teórica da legalização da prostituição; seus trabalhos possuem uma excelente qualidade. Ela participou de um grupo de acadêmicos da Espanha que, na década de 90, fez uma pesquisa com diversas migrantes prostitutas que trabalhavam na Espanha, várias delas brasileiras, onde desenvolveu seus trabalhos que defendem a prostituição como trabalho e que as mulheres devem se organizar.
Evidentemente, a visão dela é a de um ponto de vista feminino, mas muito avançado pelo que temos em nossa sociedade. Ela não fala, por exemplo, que as mulheres também devem oferecer serviços de qualidade (atender bem); isso seria um ponto de vista mais masculino.
Nada obstante, o interessante do seu trabalho é que ela explica determinadas construções existentes em nossa sociedade como o estigma, por exemplo. O estigma é o rechaço que a sociedade pratica contra as mulheres prostitutas. A meu ver, o estigma é uma construção criada pela Igreja Católica para buscar evitar a prostituição, algo pecaminoso segundo suas concepções e que produz o preconceito existente na nossa sociedade não somente contra as prostitutas, mas também contra os homens que se valem desse tipo de serviço..
Aqui uma longa entrevista concedida por ela a um grupo de mulheres em língua espanhola:
http://blip.tv/zabaldi/delitos-y-pecado ... no-4896739
Um excelente trabalho sobre a prostituição em espanhol:
http://www.scielo.br/scielo.php?script= ... 5000200004