Acredito que sejam vários os motivos pelos quais algumas pessoas discriminem o ato de se pagar por sexo. O principal deles eu acredito que esteja calcado na moral burguesa. Há um conceito moral de que o sexo é o encontro entre duas pessoas, uma entrega recíproca entre um homem e uma mulher. Esse conceito está relacionado ao casamento monogâmico, que, bem como a fidelidade, têm sua origem na criação da propriedade privada, isso por questões óbvias que envolvem o estatuto da herança. Ora, é notável que a figura da puta não é bem vista nessa engrenagem. Reconheço que somente isso não explica todo o processo, mas ajuda a compreender. Por outro lado, é claro que os tempos mudaram, mas ressalto que os valores vão sendo passados de geração em geração, ficando arraigados na moral do povo. Há muita coisa que repetimos, não sabemos bem o porquê, mas acreditamos ser o correto.
Ressalto que não é tão somente “alguns amigos” que acham absurdo você sair com uma puta. Qualquer mulher o considerará um fracassado por isso, inclusive, muitas putas também pensam dessa forma, é claro que nunca vão revelar isso na frente de um cliente, muito pelo contrário, se bobear elas lhe dizem “que não entendem o porquê de um cara tão gostoso e bonitão estar pagando por sexo”.
Um segundo motivo que posso citar, que, certamente, leva a discriminação dos frequentadores de casas de tolerância, é o fato de muitas pessoas terem a necessidade de provar para si e para o mundo a sua capacidade de conquistar o outro. Obviamente que tal grupo não vai compreender o sexo pago. Sei lá por quais razões psicológicas, ouço de muitas pessoas que o jogo da conquista é mais prazeroso do que a relação em si. Não consigo atribuir tanta importância à conquista e enxergar a coisa dessa forma, pois penso não haver nada mais perfeito que uma mulher atraente (não-GP) querendo dar para você, dispensando, por conseguinte, o trabalho de conquistá-la. Talvez essa seja uma das características substanciais entre um putanheiro e um não-putanheiro: o fato do primeiro conseguir, em determinadas situações, colocar em primeiro plano a questão do seu prazer individual na relação sexual, quebrando a tal da entrega recíproca que citei no início. Resumindo, há tipos e mais tipos psicológicos, conseqüentemente, há formas e formas de manifestar a sexualidade, mas nem todas são aceitas pelos padrões morais vigentes.