alicemarchese escreveu: ↑04 Out 2020, 02:43
bullitt escreveu:(...)
Aproveitar tradições religiosas mais antigas também parece ser uma forma de validar/reforçar a sua religião, como fez a IURD, puxando elementos do Judaísmo para seus cultos.
Acho que isso tem mais a ver com o clamor de uma grande parte das pessoas por formar grupos sociais -juntamente com a capacidade de persuasão de alguns líderes ou conjunto de ideias-, do que com a crença em Deus...
Como eu disse antes, não vejo muitas pessoas realmente conhecendo bem a religião que diz praticar, elas apenas gostam de escolher um grupo para pertencer, e o seguem cada um à sua maneira... Encontram pontos de interesse por vontade própria ou são convencidas por líderes persuasivos, porém a crença em Deus independe da religião. Por exemplo, se a IURD não existisse me parece muito mais provável que seus fiéis acreditassem em Deus da mesma forma, porém seguindo outra igreja.
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Sim, tem a parte social das religiões, que é algo importante para muita gente, é um dos claros pontos positivos.
Mas também vejo a necessidade das pessoas em acreditar em alguma coisa sobrenatural, até mesmo em fantasmas, duendes, bruxas... E é aí que entram muitos pilantras para explorar financeiramente certas crenças e aflições das pessoas, incluindo aí a religião. Vai desde aquele "trago seu amor de volta em x dias" até intervenções médicas bem perigosas em nome de um suposto espírito.
A grosso modo concordo que a crença em Deus independe da existência da religião, entretanto as religiões existentes em um dado lugar do mundo acabam moldando de forma significante essa crença, mesmo de uma pessoa não-praticante. Se a pessoa for um nativo isolado do mundo, vai acreditar em trovão ou algo assim, talvez até em múltiplos Deuses. A pessoa acaba sendo afetada de uma forma ou de outra pela(s) religião(ões) mainstream de seu canto do mundo.
Vivemos em um país peculiar, assim como tantas outras coisas, a questão da religião também é uma putaria neste país: Uma hora a pessoa vai no pai de santo, outra hora reza para Santo X, e depois vai para o templo da IURD. Nessas religiões caça-níqueis (como a IURD) pouco importa a ela se a pessoa está seguindo as regras de fato ou aprendendo algo, as portas estão sempre abertas para conseguir mais pagantes. Claro que existem templos evangélicos muito mais sérios, mas aí se a pessoa quiser permanecer ali vai ter que aprender e seguir as regras mais rígidas deles, assim como outras religiões que levam suas próprias regras para valer. Por exemplo, a questão da tatuagem no judaísmo, assim como circuncisão, restrições de comida, existência ou não do inferno, casamento, etc. Coisas que afetam profundamente a vida inteira da pessoa, em um temor de insultar Deus.
Ao contrário de algumas outras religiões no mundo, a IURD pode sumir do planeta que não vai fazer diferença alguma. Se não tiver a IURD vai ter qualquer outra opção das centenas de templos suspeitos e televangelistas similares para assumir o primeiro lugar. A exploração da fé das pessoas vai continuar da mesma forma.
bullitt escreveu:A existência ou não de Deus independe da religião ou da filosofia. Mas algum tipo "formatado" de Deus existe para quem acredita, eventualmente moldado historicamente pelos líderes de uma religião.Quem vai dizer que Deus aprova ou desaprova isso ou aquilo?
Depois continuo...
Acho que quem cada um permitir dizer que Ele aprova isso ou aquilo, porque vai do que nós mesmos conseguimos acreditar que Ele aprova ou não... hehehe
Dentro da ICAR mesmo está lotadinho de pessoas que desaprovam um padre, mas aprovam outro. Aliás, até com os Papas isso acontece.
Basta um pouquinho de liberdade de pensamento para qualquer um poder questionar ou não um líder ou um pensamento dentro de sua própria religião, sem necessariamente deixar de fazer parte dela. E com um pouco mais de liberdade qualquer um pode querer e trocar de religião ou não seguir nenhuma. No fim acho que é tudo uma questão de escolha pessoal, não é muito diferente de você escolher seu posicionamento político, seu gosto musical, sua carreira profissional, o estilo das suas roupas, enfim...
Agora, lá atrás eu disse que um ateu pode estar muito mais próximo de Deus do que um religioso pois, fora de qualquer religião ou cultura, existe o que pode ser entendido universalmente como sendo o Bem e o Mal. Quer dizer, Deus não aprova ou desaprova algo diretamente, mas os seres humanos de maneira geral não atoa possuem em comum a capacidade de entender o que é bom ou ruim, geralmente associando ao que suportamos ou não que aconteça conosco ou com quem nos importamos. Sendo o Mal aquilo que ninguém é capaz de desejar para si e/ou para quem se ama, e o Bem aquilo que todos nós gostaríamos de experienciar e/ou compartilhar com aqueles que prezamos.
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Se não conhecemos diretamente Deus, como é que sabemos as ações humanas que são mais próximas de Deus? Aí que entra o que escrevi anteriormente, a pessoa acaba sendo afetada de uma forma ou de outra pela religião existente. Se você estivesse no Norte da Europa no século VII, provavelmente a sua idéia de estar mais próxima de Deus seria muito diferente da atual. Também a mesma situação se estivesse vivendo na América do Sul na mesma época, ainda mais longe das religiões abraâmicas (com a idéia de bem x mal). Talvez estivesse praticando o que atualmente consideramos o Mal para tentar agradar Deus.
Mesmo com a noção bem estabelecida de bem x mal, tivemos vários momentos da História ocidental que matar pessoas supostamente iria de acordo com a vontade de Deus.
Supondo que exista, talvez Ele sequer se importe com a questão do bem e do mal. Pode ser que aqui seja nada mais que um "The Sims", uma espécie de colônia experimental que talvez possa estar dando errado, quem é que sabe? Talvez aqui seja apenas mais um planetinha insignificante e condenado à provável autodestruição pelos próprios habitantes bárbaros, entre milhares de outros planetas com vidas inteligentes superiores e mais promissoras para os eventuais planos de Deus.
Historicamente o ser humano supõe que ele tenha alguma mínima importância para Deus, assim como em um bom período de tempo na História a religião supôs que a Terra era o centro do universo. Talvez nem mesmo sejamos o plano A do suposto Criacionismo... Enfim, sempre foi muita pretensão do ser humano.