Compson escreveu:Mistar Gaga escreveu:Assim como nunca vi os anéis de Saturno ou o pico do Everest mas sei que eles existem. Enxergar através dos olhos da razão é a questão.
Mas a questão é completamente diferente. Os aneis de Saturno e o pico do Everest são visíveis e sua imagem é registrável. Os bósons de Higgs e os glúons, não!
Eles são apenas hipóteses explicativas para desvios de onda. Nada garante que, em vez dessas partículas, não exista um Ronaldinho Gaúcho minúsculo que chuta as ondas de letra, alterando sua "trajetória".
Das inúmeras colisões forjadas nos gigantescos aceleradores de partículas existentes no mundo, em nenhuma delas foi possível detectar um Ronaldinho Gaúcho feio e sorridente saindo dos tubos do acelerador após alguma colisão violenta de prótons. No máximo encontraram o bóson de Higgs, a tal partícula de Deus. O que pode dar a esperança a algum argentino de que o clone do Maradona saia algum dia daqueles tubos, de preferência sem vícios.
Meu caro, as partículas subatômicas não são meras abstrações, elas existem de fato, tanto quanto o monte Everest, os anéis de Saturno ou o seu Passat azul e a Kombi, também azul, do Takuma. Acredite, não é milagre, é tecnologia! Os fenômenos resultantes dizem que elas existem. O "mistério" da Física Quântica não reside nas partículas subatômicos mas nos fenômenos desencadeados por elas, incompatíveis com a física clássica. Como disse anteriormente, abstratos são os modelos matemáticos que sustentam um determinada teoria, se a experiência comprovar as previsões de tal modelo ele será alçado a condição de teoria, e os objetos previstos pela teoria deixam de ser meras abstrações para virar realidade, que estava lá, a todo momento, mas não conseguíamos "enxergá-la".
Compson escreveu:
Mistar Gaga escreveu:Na época em que Arquimedes postulou sua teoria das alavancas, lei universal de bastante utilidade para o avanço da tecnologia, as pessoas acreditavam que a terra era o centro do universo. O avanço da ciência provou que eles estavam errados, ou melhor, que a forma como eles enxergavam o universo era equivocada. No entanto a lei física das alavancas continua válida e bastante útil até os dias de hoje pois, independentemente da configuração do universo, real composição das estrelas ou natureza onda/partícula da luz, alavancas continuam sendo alavancas. Nesse sentido, "matéria é matéria", "alavanca é alavanca", e...
http://www.youtube.com/watch?v=7e2HTnZHcOk
Sim, porque são abstrações. Alavanca não é uma ripa apoiada num suporte utilizada para transmitir e potencializar a aplicação de uma força sobre um objeto. Uma ripa apoiada num suporte utilizada para transmitir e potencializar a aplicação de uma força sobre um objeto é apenas uma ripa apoiada num suporte utilizada para transmitir e potencializar a aplicação de uma força sobre um objeto. Mas a minúscula haste que transmite a pressão do botão reset do meu computador para o dispositivo digital que realiza a operação de reiniciar é muito diferente do tronco (eventualmente) utilizado pelos egípcios para mover os blocos na construção de pirâmides.
"Alavanca" é apenas o nome da estrutura abstrata e subjetiva que permite identificar uma coisa com outra. ..as concepções mais abstratas e entranhadas em nossa consciência.
blá blá blá...legal...valeu pelo esforço (sem trocadilhos)...mas prefiro ir direto a fonte.
"Dêem-me um ponto de apoio e eu levantarei o mundo".
Com essa frase simples, porém de extraordinário poder de síntese, Arquimedes definiu o que é alavanca. Portanto para que haja alavanca se faz necessário um ponto de apoio. E o que é um ponto de apoio se não um objeto físico real, constituído de matéria que, por sua vez, é constituída de átomos. Abstrata é a percepção de que se pode levantar o mundo através de um ponto de apoio utilizando-se relações de distância apropriadas, no entanto a situação desencadeada por este conceito abstrato é perfeitamente concreta e real.
Compson escreveu:
Mistar Gaga escreveu:A pergunta correta seria: o que garante que algum dia o homem alcançará a percepção exata da realidade na qual vive?
É muita pretensão que a ciência, certamente, não tem. Deixemos a ambição da busca pela verdade absoluta aos filósofos com suas observações sempre inconclusivas. O que a ciência faz é buscar conhecimento através da experiência se utilizando da abstração matemática para mensurar e validar os experimentos.
Sua concepção de pretensão científica é ingênua. Desde sempre, o homem se reconhece incapaz de conhecer o mundo perfeitamente. A inovação e a pretensão da ciência moderna consiste em achar que é possível separar claramente o domínio do incognoscível e o domínio daquilo que pode ser conhecido com segurança. E essa separação é essencialmente kantiana.
Mas essa separação entre o que se pode e o que não se pode conhecer com segurança não tem nada de moderno. Esse era o papel da física clássica, na qual kant baseou seu pensamento, o que a física quântica faz é exatamente romper com isso, aceitar o incognoscível em certa medida. O que a física quântica fez foi vasculhar a fundo a matéria encontrando novos e reais elementos que deram sustentação à uma nova e bela teoria. Os fenômenos descobertos surpreendem e contrariam o senso comum mas o elementos envolvidos são reais, portanto, matéria continua sendo matéria. O gato de schrödinger, vivo ou morto, continua sendo um gato, tal qual o conhecemos. O fato do observador alterar o estado do gato não altera a constituição daquilo de que o gato é feito.
Ingênuo é achar que "toda era tem sua própria verdade". O que muda é nossa compreensão sobre as coisas que continuam sendo como sempre foram.
Mistar Gaga escreveu:
Pow, mas esse corredor do Zenon é burro demais, até pra entrar em discussão no GPGuia.
De todo modo, o fato desse problema absolutamente trivial ter sido considerado um "paradoxo" por milênios é só mais uma evidência de que estamos nos digladiando com nossas próprias visões de mundo, não com uma matéria que está escondida em algum lugar à procura de um decifrador.
O fato de nossa visão de mundo ser limitada é que torna o universo misterioso e não o contrário. E o paradoxo, que não é tão trivial assim, é resultado da tentativa de associar uma situação real a uma construção abstrata humana, que é o conceito matemático de limites. A Matemática é uma invenção humana, com seu próprio universo, aplicável a realidade em infinitas situações. Esse paradoxo talvez exista pela tentativa de fazer o caminho inverso, aplicar uma situação real cotidiana a abstração matemática. Se eu tomo em minhas mãos um único copo, esse copo será representado simbólica e quantitativamente pelo número 1 e não por 0,9999... , que a matemática diz ser igual a 1.
Compson escreveu:
Mistar Gaga escreveu:Ok! Você tem um passat azul 75 , mora numa quitinete no Copan e pensa que o Chávez foi um fracasso absoluto. Já sabemos algo a seu respeito. Isso torna as coisas um pouco mais previsíveis e eu posso deduzir que vc é um bunda gorda. Essa é apenas a forma como enxergo vc e minha subjetividade a seus respeito não altera a forma como vc, de fato, é.
Você realmente precisa ler Lacan...
Assim como preciso ler Freud, Jung, Sartre, a coluna do Lula no NYT, alguns livros que comprei e nunca li. Ah! e o tar de Kant, também. Mas por enquanto foi lendo e escrevendo bobagens aqui.
Compson escreveu:
Em suma, a sua definição de matéria é essencialmente kantiana: a matéria está no mundo como coisa-em-si, una, estável, completa e determinada. As incertezas, as incompletudes e as contradições que seu estudo gera são problemas do pensamento.
Não acho que as incertezas sejam problemas do pensamento e, com base na própria física quântica, nem acho que seja um problema. Incerteza não significa necessariamente falta de domínio sobre, como acontece que com a física quântica. O que muda ao longo da história é a compreensão das coisas. Pelo que parece, o pensamento kantiano não admite incompletudes e incertezas que denotem a falta de causalidade. Mas não há problema ai. A teoria quãntica,assim como toda teoria física, é incompleta e dinâmica. A coerência de qualquer teoria está na capacidade de prever fenômenos e manipulá-los, até que a compreensão seja alterada modificando paradigmas. Perceba que o conhecimento científica, esse sim, acontece tal qual Zenon correndo atrás da tartaruga sem nunca alcançá-la.
Compson escreveu:
Quando disse que Einstein era superestimado e que preferia a contribuição de Bohr...(e admito que a escolha de Bohr como representante foi infeliz, Heisemberg seria mais adequado)
Toda essa discussão começou nesse ponto e agora vc me diz que o foda fodão na verdade não é Bohr, é Heisenberg. Pelo menos, em respeito a quem vc coloca em tão alta posição, acerte a grafia do nome do cara, é N antes do B.
Cara, fui buscar no wiki uma lista de gente que contribuiu, mais ou menos no mesmo nível, com a construção da teoria quântica.
Os alicerces da mecânica quântica foram estabelecidos durante a primeira metade do século XX por Albert Einstein, Werner Heisenberg, Max Planck, Louis de Broglie, Niels Bohr, Erwin Schrödinger, Max Born, John von Neumann, Paul Dirac, Wolfgang Pauli, Richard Feynman e outros
Isso que é trabalho em equipe, ein?
Repare que na lista Einstein vem em primeiro e Heisenberg, em segundo. Talvez por uma questão cronológica.
Veja bem, por uma questão de semântica, tautologia ou sei lá o que, eu poderia levianamente afirmar que essa sua "mudança de opinião", ponto de partida da discussão, invalida toda a argumentação. Mas as ideias, que são fragmentadas e discretas como partículas e, ao mesmo tempo, intercaladas e contínuas como ondas, aqui expostas não perdem significado e legitimidade por conta da mudança. Mesmo porque os bits e bytes decodificados na sua afirmação de que Bohr é maior que Einstein, nas sua essência, são os mesmos bits e bytes da nova afirmação de que, na verdade, Heisenberg é maior que Einstein e, não necessariamente, Bohr. Em suma matéria é matéria.