A imprensa e grande mídia no Brasil

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#691 Mensagem por Carnage » 09 Set 2012, 19:53

Lula acusa Folha de mentir sobre encontros na Rio+20
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... s-na-rio20

Folha abduz Lula em Minas
http://www.conversaafiada.com.br/pig/20 ... -em-minas/

A consideração da Abril com os quadrinistas
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... adrinistas

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#692 Mensagem por Compson » 15 Set 2012, 13:38

Dilma e Mantega deixaram Civita falando sozinho duas vezes no mesmo dia...

Dilma cancela ida e Mantega se retira de evento da Editora Abril
http://www.brasil247.com/pt/247/midiate ... -Abril.htm

Não tiro a razão deles no caso, mas parece que a argentinização está de vento em popa.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#693 Mensagem por Compson » 17 Set 2012, 17:05

Compson escreveu:Não tiro a razão deles no caso, mas parece que a argentinização está de vento em popa.
Mais uma evidência de argentinização: os porta-vozes do governo estão perdendo a linha de vez...

Olha a merda homérica que o Nassif falou:

Os caminhos do radicalismo pós-Serra
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... -pos-serra
Joaquim Barbosa é um caso à parte, talvez o maior erro político de Lula. Embora ninguém coloque em dúvida sua capacidade, existem dezenas de procuradores federais tão bem preparados quanto ele. Foi escolhido por seu simbolismo, por sua cor. No período que antecedeu a escolha, chegou a irritar Lula com seu servilismo. Empossado Ministro, tornou-se um deus ex-machina.
Além do racismo da afirmação, o cara quer defender um governo e usa como argumento que esse governo escolheu um Ministro do Supremo pela cor... :doubt:

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#694 Mensagem por Carnage » 23 Set 2012, 17:53

http://revistaforum.com.br/quilombo/201 ... ornalismo/
Da Revista Forum

Mídia hegemônica quer acabar com o jornalismo


Dennis Oliveira

Desde que a presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Judith Brito, declarou que o papel da imprensa é agir como oposição ao governo (federal, bem entendido), a mídia hegemônica tem abandonado completamente os fundamentos básicos do jornalismo, subordinando-os quase que completamente a uma militância política. Rigor na apuração, critérios os mais objetivos possíveis de construção das pautas e das manchetes, isenção na cobertura de eventos políticos que envolvem, necessariamente, polêmicas partidárias e ideológicas – tudo isto foi abandonado pela auto-decretação de ser oposição ao governo federal.

Para demonstrar esta ideia, cito dois casos emblemáticos que podem ser classificados como verdadeiras aulas de antijornalismo. Primeiro, o caso da suposta entrevista do publicitário Marcos Valério que diz que Lula sabia do caso do mensalão, numa clara tentativa de envolver o ex-presidente em um momento que a sua popularidade tem auxiliado candidatos petistas em eleições municipais e que o mesmo é um fortíssimo candidato a voltar à presidência da República.

A matéria que ganhou capa na edição passada da revista Veja – e foi repercutida por Globo e Folha de S. Paulo, repetindo o tripé base do partido midiático – foi produzida sem qualquer apuração aparente. O advogado de Marcos Valério disse que o seu cliente não concedeu entrevista nenhuma, a própria revista diz que a matéria não foi produto de entrevista, mas de “conversas” do publicitário com terceiros a que a publicação teve conhecimento (!) e depois circula-se o boato de que o publicitário tenha dado a entrevista mas depois se arrependeu, a revista teria o áudio e ameaça divulgá-lo.

O mais interessante deste caso é a repercussão nas redes sociais entre profissionais mais ativos desta militância midiático-oposicionista: Ricardo Noblat, Merval Pereira (o mesmo que foi pego em documentos do WikiLeaks como uma “fonte” da embaixada dos EUA nas eleições presidenciais brasileiras) e Cristiana Lobo. A publicação da matéria, a sua repercussão em redes sociais e colunistas, bem como em outros meios de comunicação deixou bem nítida tratar-se de uma operação de cunho puramente ideológico e militante, como bem analisa Marco Aurélio Weissheimer neste artigo.

O segundo caso ocorreu na Folha de S. Paulo e portal UOL (da mesma empresa) no dia 15/09: a manchete “Haddad diz que é degradante ser ligado a Dirceu, Delúbio” e Maluf (portal UOL) e, um pouco mais sutil, a “Haddad diz que associá-lo a José Dirceu é degradante” (Folha de S. Paulo). Ao ler a manchete, fica a impressão de que o candidato petista declarou publicamente que é degradante associar-se às pessoas mencionadas. Mas o fato é outro: trata-se de uma ação do comando da campanha petista contra a propaganda do candidato do PSDB, cuja argumentação da qual foram tiradas as manchetes acima é: “A publicidade é manifestamente degradante porque promove uma indevida associação entre Fernando Haddad e pessoas envolvidas em processos criminais e ações de improbidade administrativa”.

Primeiro que não foi o Haddad que disse e sim uma petição do advogado da campanha; segundo que o adjetivo degradante está vinculado a estratégia publicitária questionada por se basear em uma INDEVIDA associação. Na sequência da argumentação, o questionamento da assessoria jurídica da campanha de Haddad afirma que o candidato não é réu nas ações que envolvem as personagens citadas, não as nomeou para cargo algum e também compara se seria correto a associação do candidato José Serra ao seu correligionário Marconi Perilo, governador de Goiás, envolvido no escândalo de Carlos Cachoeira.

Ora, a manchete de uma matéria como essa deveria se centrar no fato que é o questionamento de Haddad com a campanha de Serra ou até mesmo a negação do juiz eleitoral do pedido do candidato. Há um claríssimo objetivo na manchete de criar uma celeuma interna no PT e na coligação que sustenta o candidato petista. Ou ainda reforçar a estratégia tucana de colocar o caso do mensalão como um elemento central na disputa eleitoral.

O mais grave de tudo isso é que esta militância midiático-oposicionista eclipsa um debate de ideias alicerçado em fatos e dados e transforma o embate eleitoral em um combate irracional de “torcidas”. Basta ver os comentários de leitores e visitantes dos sites destes órgãos como a coisa se desenvolve: as opiniões se centram na desqualificação do outro e não proposição de ideias. Disto para posições extremistas e preconceituosas é um pulo – aí não é estranho surgirem pessoas como Mayara Petruso (aquela aluna da FMU que propôs acabar com os nordestinos) ou a candidata tucana Dany Schwery (já comentada pelo meu amigo Renato Rovai neste post). É esta a “contribuição” para a democracia que a mídia hegemônica vem prestando

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... tra-haddad
Folha "turbina manchete" contra Haddad
Enviado por luisnassif, dom, 23/09/2012 - 13:31
Por Sanzio

Por razões óbvias, Suzana Singer, ombudsman da Folha de S. Paulo, precisa usar de uma linguagem cheia de sutilezas (manchete apimentada, mérito da reportagem) e eufemismos (apostar na confusão) para dar o seu recado. Mas o que ela está dizendo é o mesmo que nós dizemos aqui todo santo dia: tal qual seus comparsas na mídia, a Folha mente, inventa, deturpa, distorce a notícia, sempre contra um partido (PT), seus aliados, seus candidatos, seus membros e simpatizantes. E sempre a favor de outro partido, o PSDB, ou quem quer que esteja disposto a aliar-se a seus propósitos golpistas.
Manchete turbinada

Título da Folha coloca palavras na boca do candidato petista e ofusca mérito da reportagem

Por SUZANA SINGER (ombudsman da Folha), na Folha de S.Paulo


O noticiário político está pegando fogo com a disputa acirrada pelo segundo lugar na corrida eleitoral em São Paulo e com o julgamento do mensalão caminhando para a sua fase mais crítica.

Num momento de ânimos muito acirrados, a manchete da Folhade quarta-feira passada teve o efeito de uma bomba. No impresso: "Haddad diz que associá-lo a José Dirceu é degradante". No site: "Haddad diz que é degradante ser ligado a Dirceu e Delúbio".

Quem lesse só os títulos concluiria, como disse um leitor, que o candidato petista, num momento confessional, admitiu algo que estava entalado na garganta.

Não era isso. A campanha de Fernando Haddad tinha tentado proibir na Justiça Eleitoral uma propaganda de José Serra que afirmava que votar no adversário implica trazer de volta José Dirceu, Delúbio Soares e Paulo Maluf.

"Sabe o que acontece quando você vota no PT? Você vota, ele volta. Fique esperto. É o velho PT, agora em nova embalagem", dizia a inserção dos tucanos.

Os advogados da campanha petista argumentaram que o anúncio era "degradante porque promove uma indevida associação entre Fernando Haddad e pessoas envolvidas em processos criminais e ações de improbidade administrativa". A ligação seria "indevida", porque Haddad não é réu no mensalão nem responde a acusações de corrupção.

A frase que virou manchete foi pinçada da medida judicial e editada como se fosse uma declaração do ex-ministro da Educação ("Haddad diz que..."). Um título correto poderia ser "Haddad tenta barrar comercial que o associa a Dirceu".

A diferença não é sutil. "Fui juiz eleitoral e percebi logo que a manchete foi tirada de um processo. Nenhum político diria que a relação com um aliado é degradante. É uma linguagem do direito eleitoral, já que a própria lei usa o termo degradante para caracterizar um tipo de propaganda que é vedada", explica Flávio Luiz Yarshell, 49, professor titular de direito processual da USP.

Ele compara a situação à de Luiza Erundina, que desistiu de ser vice do PT depois que se anunciou a aliança com Maluf. "Ela afirmou categoricamente que estava desconfortável com a situação. Haddad não disse isso e não cabe ao jornal fazer esse tipo de presunção", diz.

A Secretaria de Redação não concorda que a manchete tenha sido "turbinada". "As argumentações dos advogados de Haddad na Justiça equivalem à manifestação do próprio candidato. Ele é o responsável e o principal interessado em qualquer intervenção de sua campanha. O mesmo raciocínio vale para outras atividades, como a arrecadação de recursos", afirma.

O efeito de um título apimentado pode ser devastador, principalmente na internet, onde se lê muito o que está em letras grandes e pouco o que vem logo abaixo. A reportagem ficou entre as mais lidas na quarta-feira e foi a que recebeu mais comentários no dia (1.042).

A mão pesada da edição ofuscou o mérito da reportagem. AFolha percebeu que a medida judicial contra a propaganda tucana explicita a contradição que existe no esforço do PT de se desligar de parte do próprio PT -e de Paulo Maluf, cujo apoio foi celebrado em encontro no jardim da casa do ex-prefeito.

Sem colocar palavras na boca do candidato, o jornal conseguiria atingir o mesmo objetivo. A duas semanas do primeiro turno, é hora de ajudar o eleitor a decidir, não de apostar na confusão.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#695 Mensagem por Carnage » 11 Nov 2012, 18:21

Ley de Medios argentina é modelo, diz relator da ONU
http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=21094

Folha transforma cláusula pró-jornalistas em “avanço contra imprensa independente”
http://www.viomundo.com.br/humor/folha- ... dente.html

O mensalão ianque
http://www.blogdacidadania.com.br/2012/ ... ao-ianque/

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#696 Mensagem por Carnage » 09 Dez 2012, 17:03

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... udsman-viu
Da Folha

Jura dizer a verdade, só a verdade, nada mais que a verdade?

Em duas ocasiões, Folha modifica declarações de entrevistados e reluta na hora de admitir erros

Suzana Singer – Ombudsman


Duas vezes, na curta semana do feriado, a Folha colocou indevidamente palavras na boca de personagens do noticiário. Os erros, graves, estavam na capa do jornal.

Na segunda-feira, o texto na "Primeira Página" que resumia a entrevista com o professor da Universidade Federal de Minas Gerais Claudio Beato dizia: "País deve negociar com criminosos, afirma sociólogo". "Um dos maiores especialistas em segurança no país (...) diz que, quando as mortes se acumulam numa guerra sem fim, é preciso negociar com o crime. Ele (...) defende que o Brasil torne institucionais acordos informais que faz com criminosos".

Não foi isso o que o sociólogo disse. Basta ler a entrevista publicada: ele afirma "não ser contra a negociação, eventualmente, e de forma pontual" e que, "se houve acordo [com o PCC em 2006], por que não fazer de forma transparente?".

O entrevistado sabia que estava entrando em terreno pantanoso. Ele avisa "vou falar uma coisa que será muito criticada", antes de discorrer sobre projetos de controle da violência no exterior que tiveram negociação com gangues. Mas ele não diz que o país "deve negociar" com o crime nem defende que se "institucionalizem acordos informais", como está na "Primeira Página".

Ouvindo toda a gravação da entrevista, fica mais clara a posição de Beato. Ele diz que a máxima "não se negocia com o crime" já está vencida, porque policiais fazem acordos pontuais com contraventores "para apagar incêndios, em determinados bairros". "Muitas vezes, o governo nem sabe", diz.

Em vez de reconhecer o erro e dar uma correção, como prevê o "Manual da Redação", a Folha publicou uma carta e um artigo de Beato ("Jornalismo, ética e segurança pública"), em que ele afirma que "jamais diria uma sandice dessas".

Ficou confuso: quem está dizendo a verdade? "Difícil acreditar que o jornalista publicasse algo que não foi dito, até porque as entrevistas são gravadas. Mais lógico seria afirmar que [o sociólogo] mudou seu pensamento", escreveu o leitor Reginaldo Salomão.

O problema surgiu no processo de produção do jornal: o repórter reproduziu o que está gravado, mas o sentido foi deturpado na edição.

O segundo erro, na mesma linha, foi a manchete de terça-feira: "Atraso em obras é 'regra do jogo', diz ministra do PAC".

A frase foi pinçada de uma fala de Miriam Belchior em entrevista coletiva. Questionada sobre o cronograma das obras, disse: "Atraso é da regra do jogo (...) o tamanho dele tem que se verificar proporcionalmente ao período previsto".

O jornal fez um link entre a frase dela e a do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, alguns dias antes, sobre preferir morrer a passar anos em uma cadeia no Brasil. Onde a Folha viu um surto de "sincericídio" na Esplanada dos Ministérios, havia apenas uma declaração banal da titular do Planejamento.

Belchior não disse que atraso é "a" regra do jogo, mas que é "da" regra do jogo -acontece, mas não é inevitável. A aspa correta estava no texto da reportagem, mas ganhou um "upgrade" no título do caderno "Mercado" e na manchete.

Desta vez, o jornal publicou uma correção, mas contrariado. Em resposta à carta do Ministério do Planejamento, classificou o erro de "detalhe irrelevante".

Outro erro. "Não é preciosismo a alteração de 'a' para 'da'. Se a ministra disse 'isso é da regra do jogo', significa que é comum, constante. É como dizer 'faz parte'. Já 'isso é a regra do jogo' equivale a dizer que essa é a única forma de se trabalhar", explica Sirio Possenti, 65, professor de linguística da Unicamp.

A Folha entendeu mal uma declaração e fez um carnaval em torno do nada. Depois da manchete, saíram um editorial ("A regra do atraso"), uma coluna Brasília ("No vermelho") e uma charge na página 2 descendo a lenha na ministra.

Boa parte do jornalismo consiste em fazer as pessoas dizerem o que elas preferiam manter para si. Arrancar segredos, inconfidências e afirmações polêmicas é um dos desafios de um bom repórter. Mas isso não implica carta-branca para interpretar o que alguém "quis dizer". Se a meta do jornalismo não for a exatidão, passaremos ao reino do vale-tudo.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/?p=15688
Sobre o juiz inglês e os nossos juízes
Paulo Nogueira 11 de novembro de 2012 48

Depois de ver Leveson comandar as discussões sobre a mídia inglesa, dói ver nosso STF


Acompanho, em Londres, o trabalho sereno, lúcido, inteligente do juiz Brian Leveson, incumbido de comandar as discussões sobre a mídia britânica.

Leveson, para lembrar, é chefe de um comitê independente montado a pedido do premiê David Cameron depois que a opinião pública disse basta, exclamação, às práticas da mídia. Já havia um mal estar, parecido aliás com o que existe no Brasil, mas a situação ficou insustentável depois que se soube que um jornal de Murdoch invadira criminosamente a caixa postal do celular de uma garota de 12 anos sequestrada e morta. O objetivo era conseguir furos.

Leveson e um auxiliar interrogaram, sempre sob as câmaras de televisão, personagens como o próprio Cameron, Murdoch (duas vezes), editores de grande destaque, políticos e pessoas vítimas de invasão telefônica, entre as quais um número expressivo de celebridades.

Em breve, espera-se um relatório de Leveson com suas recomendações. A maior expectativa gira em torno da fiscalização à mídia. A opinião pública espera que algo de efetivo seja feito aí. Mais especificamente, a criação de um órgão independente que fiscalize as atividades jornalísticas.

Os britânicos, em sua maioria, entendem que a auto-regulação fracassou. O “interesse público” tem sido usado para encobrir interesses privados, e a “liberdade de expressão” invocada para a prática de barbaridades editoriais.

Um grupo de políticos conservadores publicou uma carta aberta que reflete o sentimento geral. “Ninguém deseja que nossa mídia seja controlada pelo governo, mas, para que ela tenha credibilidade, qualquer órgão regulador tem que ser independente da imprensa, tanto quanto dos políticos”, diz a carta. “Achamos que a proposta da indústria jornalística (auto-regulação, em essência) é falha na questão da independência do órgão regulador e corre o risco de ser um modelo instável destinado a fracassar, como outras iniciativas nos últimos sessenta anos.”

Você vê Leveson e depois vê nossos juízes do STF e o sentimento que resulta disso é alguma coisa entre a desolação e a indignação. Por que os nossos são tão piores?

Leveson, para começo de conversa, fala um inglês simples, claro, sem afetação e sem pompa. Não se paramenta ridiculamente para entrevistar sequer o premiê: paletó e gravata bastam. Ninguém merece a visão das capas que fizeram Joaquim Barbosa ser chamado, risos, de Batman.

Leveson guarda compostura, também. Se ele fosse a uma festa de um jornalista com um interesse tão claro nos debates que ele comanda, seria fatalmente substituído antes que a bagunça fosse removida pelas faxineiras.

Nosso ministro Gilmar Mendes foi, alegremente, ao lançamento do livro do colunista Reinaldo Azevedo, em aberta campanha para crucificar os réus julgados por Gilmar, e de lá saiu com um livro autografado que provavelmente jamais abrirá e com a sensação de que nada fez de errado.

Leveson também mede palavras. Há pouco tempo, nosso Marco Aurélio Mello disse que a ditadura militar foi um “mal necessário”. Mello defendeu uma ditadura, simplesmente – e ei-lo borboleteando no STF sem ser cobrado para explicar direito isso.

Necessário para quem? O Brasil tinha, em 1964, um presidente eleito democraticamente, João Goulart. Os americanos entendiam, então, que para cuidar melhor de seus interesses em várias partes convinha patrocinar golpes militares e apoiar ditadores que seriam fantoches de Washington.

Foi assim no Irã e na Guatemala, na década de 1950, e em países como o Brasil e o Chile, poucos anos depois. O pretexto era o “risco da bolchevização”.

Recapitulemos o legado do golpe: a destruição do ensino público, a mais eficiente escada para a mobilidade social. A pilhagem dos trabalhadores: foram proibidas greves, uma arma sagrada dos empregados em qualquer democracia. Direitos trabalhistas foram surrupiados, como a estabilidade.

De tudo isso nasceu uma sociedade monstruosamente injusta e desigual, com milhões de brasileiros condenados a uma miséria sem limites. Quem dava sustentação ideológica ao horror que se criava era o poderoso ministro da economia Delfim Netto. Ele dizia que era preciso primeiro deixar crescer o bolo para depois distribuir.

São Paulo, a minha São Paulo onde nasci e onde pretendo morrer, era antes da ditadura uma cidade dinâmica, empreendedora, rica – e bonita. Menos de 1% de sua população vivia em favelas. Com vinte anos de ditadura, já havia um enxame de favelas na cidade, ocupadas por quase 20% dos residentes.

Este o mundo que adveio do “mal necessário” defendido por Marco Aurélio Mello. Não tenho condições de avaliar se ele entende de justiça. Mas de justiça social ele, evidentemente, não sabe nada.

Paulo Nogueira é jornalista e está vivendo em Londres. Foi editor assistente da Veja, editor da Veja São Paulo, diretor de redação da Exame, diretor superintendente de uma unidade de negócios da Editora Abril e diretor editorial da Editora Globo.
http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... ode_piorar
O ruim sempre pode piorar

Por Venício A. de Lima em 27/11/2012 na edição 722


Apesar do trabalho desenvolvido há décadas por pessoas e/ou entidades da sociedade civil, e apesar do inegável aumento da consciência coletiva sobre a centralidade da mídia na vida cotidiana, não tem havido resposta correspondente dos poderes da República no sentido da proposta e/ou implementação de políticas públicas que promovam a universalização do direito à comunicação em nosso país.

Ao contrário. Ações que representariam avanços relativos, muitas vezes, não são cumpridas, se descaracterizam ou se transformam em inacreditáveis recuos – alguns, com apoio em decisões do Judiciário.

São muitos os exemplos. O principal deles é certamente a própria Constituição de 1988, cuja maioria dos artigos relativos à comunicação social não logrou ser regulamentada decorridos 24 anos de sua promulgação.

Outros, não menos importantes, incluem:

>> O decreto que criava o serviço de retransmissão de TV institucional (RTVIs), que foi revogado dois meses depois (2005);

>> O resultado do trabalho de duas comissões criadas no âmbito do governo federal para propor uma nova regulamentação para as rádios comunitárias (GT 2003 e GTI 2005), que nunca foi levado em conta;

>> O primeiro decreto sobre o modelo de TV digital (2003), que foi substituído por outro apontando para a direção inversa (2006);

>> O pré-projeto que transformava a Ancine em Ancinav (2004) que nunca chegou sequer a se tornar projeto, mas seus opositores foram contemplados com a criação do Fundo Setorial do Audiovisual (2006) e, mais recentemente, com a polêmica Lei 12.485/2011;

>> As diretrizes originais para a comunicação constantes da primeira versão do III Programa Nacional de Direitos Humanos, PNDH3 (2009) foram alteradas menos de cinco meses depois por novo decreto (2010): excluíram-se as eventuais penalidades previstas no caso de desrespeito às regras definidas; e exclui-se a proposta de elaboração de “critérios de acompanhamento editorial” para a criação de um ranking nacional de veículos de comunicação.

>> A convocação e realização da 1ª Confecom – Conferência Nacional de Comunicação, que produziu mais de 600 propostas que jamais saíram do papel (2009);

>> Os três decretos que finalmente geraram um anteprojeto de marco regulatório para a comunicação eletrônica (2005, 2006 e 2010) que nunca se tornou público

E por aí vai.

Temas recorrentes

Há de se registrar ainda decisões do poder Judiciário como:

1.A improcedência da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que sustentava a inconstitucionalidade de quatro artigos do decreto 5820/2006 (TV Digital);

2.A não regulamentação do “direito de resposta” em função da inconstitucionalidade total da antiga Lei de Imprensa;

3.O estabelecimento de uma hierarquia de liberdades que privilegia o direito das empresas sobre o direito do cidadão; e,

4.A recente criação de um Fórum Nacional do Poder Judiciário e Liberdade de Imprensa no Conselho Nacional de Justiça – onde terão assento as principais entidades representantes da grande mídia – com o objetivo de monitorar as ações judiciais que envolvem o que tem sido chamado de “censura judicial”. Na prática, mais uma proteção à liberdade das grandes empresas de mídia em detrimento do direito do cidadão.

Muitas dessas questões têm sido tratadas neste Observatório mais de uma vez, ao longo do tempo. Não há qualquer novidade nisso.

Os conselhos de comunicação

Há, todavia, um exemplo que merece referência especial pela constatação da incrível impotência de atores da sociedade civil – inclusive, de partidos políticos e parlamentares – além da imensa frustação que representa para aqueles que lutam pela universalização da liberdade de expressão no nosso país: os conselhos de comunicação.

A história é conhecida, mas vale um breve resumo. Ponto principal de disputa na Constituinte de 1987-88, a criação de uma agência reguladora nos moldes da FCC americana se transformou, na undécima hora, no Conselho de Comunicação Social, órgão auxiliar do Congresso Nacional (artigo 224). Regulamentado por lei em 1991, só foi instalado 11 anos depois, em 2002. Funcionou por quatro anos e ficou desativado por cerca de seis anos. Recentemente foi reinstalado de forma autoritária e sob protesto da Frentecom e do FNDC. Sua composição não traduz a ideia da Constituição de 1988, de um órgão plural com representação diversa. Há um claro predomínio de interesses empresarias.

Na primeira sessão do novo CCS, um representante da grande mídia propôs reduzir suas funções regimentais para que sua ação de assessoramento se restrinja apenas às demandas do Congresso Nacional, excluindo, por exemplo, a possibilidade de debate e encaminhamento das propostas aprovadas na 1ª Confecom.

Nos 10 estados (e no Distrito Federal) onde as Constituições e a Lei Orgânica preveem conselhos estaduais de comunicação – a exemplo do CCS –, até hoje apenas na Bahia ele foi instalado (2012) e, mesmo assim, com funcionamento precário.

Em pleno século 21, na contramão de países vizinhos e das democracias liberais consolidadas, permanecemos praticamente sem um único espaço democrático institucionalizado onde questões relativas à universalização da liberdade de expressão possam ser sequer debatidas.

No Brasil, no que se refere à regulação democrática da mídia, o ruim pode sempre piorar. E tem piorado.

***

[Venício A. de Lima é jornalista e sociólogo, pesquisador visitante no Departamento de Ciência Política da UFMG (2012/2013), professor de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor de Política de Comunicações: um Balanço dos Governos Lula (2003-2010), Editora Publisher Brasil, 2012, entre outros]

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#697 Mensagem por Carnage » 24 Dez 2012, 15:56

Os últimos dias do jornalismo britânico
http://www.estadao.com.br/noticias/impr ... 1165,0.htm


http://www.diariodocentrodomundo.com.br/?p=18206
Sobre as platitudes de Ayres Britto
Paulo Nogueira 10 de dezembro de 2012 28

A defesa da liberdade de imprensa feita pelo juiz aposentado só faria sentido sob Pinochet


E eis que o mundo todo discute os limites da mídia.

A discussão mais rica se dá no Reino Unido. O juiz Brian Leveson fez recomendações depois de ficar mais de um ano ouvindo pessoas de alguma forma envolvidas com a mídia. Políticos, jornalistas, donos de empresas de jornalismo, celebridades cuja privacidade desapareceu, cidadãos comuns cuja vida a imprensa transformou num inferno – Leveson teve material para publicar um relatório de 2 000 páginas, divulgado esta semana.

A recomendação principal: a formação de um órgão regulamentador independente. A auto-regulamentação foi um fracasso, e as provas disso estão no comportamento da própria mídia britânica.

Para ficar num só caso. A ex-rainha dos tabloides, Rebekah Brooks, a queridinha de Rupert Murdoch, está escrencadíssima na justiça britânica. Rebekah está sendo processada sob duas acusações: a) esconder provas no caso de invasão de caixas postais; b) subornar policiais.

Fiscais não se auto-fiscalizam. Exclamação.

Dias depois de divulgado o relatório, o premiê David Cameron se reuniu com editores de jornais.

Cameron, basicamente, disse a eles que se mexam. Se têm alguma proposta a fazer, eis a hora, porque “o relógio está correndo”.

Cameron deixou claro seu apoio à essência das recomendações de Leveson.

1) A independência do novo órgão regulador em relação às empresas de jornalismo. A independência deve ser estendida, naturalmente, a outros centros de poder. O órgão não pode estar sob a tutela nem do Parlamento e nem do governo. Mas de novo: também não pode estar sob o controle das empresas de mídia.

2) Multas na “casa do milhão de libras”, quando for o caso.

3) Retificações rápidas e em lugar de grande destaque.

É mais ou menos o que se tem na Dinamarca, conforme já escrevi neste Diário. As reparações são feitas na primeira página dos jornais.

A opinião pública britânica apoia maciçamente o Relatório Leveson. Os ingleses já estavam enojados dos excessos da mídia. Cameron esboçou fazer reparos a Leveson e a voz rouca das ruas se levantou: o senhor tem que defender o povo da mídia, e não a mídia do povo. Cameron então deixou claro que está com Leveson.

No Brasil, vigora a auto-regulamentação.

Funciona?

As próprias empresas colocam freios? Discutem, debatem, prestam contas para a sociedade? Num caso particularmente rumoroso, um repórter tentou invadir o quarto de um político em Brasília. Pode? Não pode? O assunto foi ao menos discutido pela mídia, ainda que fosse para aprovar a conduta do repórter e da publicação?

Liberdade de expressão não é algo que possa ser invocado para garantir que a mídia esteja acima da sociedade – e da lei.

Um juiz americano, numa comparação que ficaria célebre, escreveu que alguém que gritasse fogo num ambiente lotado e fechado não poderia depois invocar a liberdade de expressão para escapar das consequências da tragédia que possivelmente provocaria.

Depois de ver o debate britânico, é lastimável ouvir platitudes como as pronunciadas – sob ampla cobertura – dias atrás pelo juiz Ayres Britto.

Britto, que acaba de se aposentar do STF aos 70 anos, fez a defesa da liberdade de imprensa, mas com uma superficialidade que é chocante, primária, infantil quando contrastada com a mesma defesa da liberdade de imprensa feita pelo seu colega britânico Brian Leveson. “É um direito pleno”, afirmou ele.

Sob Pinochet, ou mesmo sob Geisel, Britto mereceria aplausos. Mas, numa democracia em que uma imprensa livre é um fato da vida, eis uma frase superiormente tola, e que esconde a real pergunta: qual o padrão ético da mídia tradicional brasileira, se é que existe algum?

No Reino Unido, Leveson não caiu na falácia de que liberdade de imprensa significa licença para matar. A sociedade tem que ser protegida dos excessos da mídia. Ou então a mídia presta um formidável desserviço ao interesse público.

O que leva Britto a fugir do real debate – não a liberdade de imprensa, a favor da qual somos todos, vertebrados e invertebrados, mas a melhor maneira de evitar seus excessos?

Britto tem uma história complicada na família.

Em 2009, um genro seu foi flagrado numa conversa comprometedora com um político corrupto. Britto seria um dos juízes no julgamento do político, e o genro usou seu nome.

O caso virou manchete, justificadamente. E Britto, também justificadamente, disse que não podia responder pelo genro.

Britto teria ficado intimidado?

É uma possibilidade. Ele foi o principal responsável pelo fim da Lei da Imprensa, editada na era militar, e diz que aquela é sua maior contribuição ao país. Um instante: ao país? Que Leveson diga mais ou menos o mesmo na Inglaterra — não fará por modéstia e decoro — se compreenderia. Ele enfrentou a ira e o poder de Murdoch, por exemplo.

Britto não é Leveson.

Com o fim da ditadura, a Lei da Imprensa já não causava cócegas a nenhuma empresa jornalística, e também a nenhum jornalista, Era um cadáver jurídico.

Para lembrar: a Lei da Imprensa vigorava quando Paulo Francis caluniou diretores da Petrobras. Mas estes, sabendo o quanto ela era inoperante, foram processar Francis na justiça americana, uma vez que ele fizera as acusações em solo dos Estados Unidos. Francis ficou desesperado ao lidar com uma justiça que exigia provas para assassinato de caráter, e que cobrava pesado pela ausência delas. Morreu disso, segundo os amigos.

A morte de uma lei já morta trouxe um efeito colateral nocivo à sociedade. Sumiu, com a Lei da Imprensa, o direito de resposta. O que significa que a sociedade ficou desprotegida.

Britto se despede da ativa com esse passivo enorme no currículo, e repetindo lugares-comuns que não reforçam a imagem da justiça brasileira e de seus mais elevados expoentes – a despeito do espaço generoso que os jornais dedicam a seu palavrório oco.

http://www.redebrasilatual.com.br/temas ... -no-brasil
Relator da ONU participa de atividades por marco regulatório da mídia no Brasil

Por: Carta Maior

Publicado em 10/12/2012, 12:13

Relator da ONU participa de atividades por marco regulatório da mídia no Brasil


Frank la Rue tem se posicionado a favor da desconcentração da imprensa, como a Lei de Meios na Argentina (Foto: ONU/divulgação)

São Paulo – O relator especial para promoção e proteção do direito à liberdade de opinião e expressão da Organização das Nações Unidas (ONU), Frank la Rue, estará em Brasília e São Paulo entre os dias 11 e 13 a convite do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) para participar de atividades da campanha “Para Expressar a Liberdade”, que reivindica um novo marco regulatório para as comunicações no país.

O relator participa de debates públicos na Câmara Municipal de São Paulo e na Universidade de Brasília, e terá reuniões institucionais com ministros e parlamentares. Ele também receberá relatos de casos de violação da liberdade de expressão e acesso à informação por parte de entidades da sociedade civil brasileira.

La Rue tem se manifestado em defesa de medidas de combate à concentração dos meios de comunicação e em apoio à liberdade e garantia de direitos na Internet. Recentemente, la Rue se posicionou a favor da Ley de Medios da Argentina, por entender que instrumentos de regulação democrática são necessários para garantir o pluralismo e a diversidade na comunicação.

Em Brasília, ele participará da mesa redonda “Liberdade de Expressão, Mídia, Política e Direitos Humanos”, na noite do dia 11, com docentes da UnB e representante do FNDC. Além disso, nos dias 11 e 12, já tem agendas confirmadas com o Ministério das Comunicações, o Ministério das Relações Exteriores, a Secretaria Geral da Presidência da República e a Secretaria de Direitos Humanos, além do Ministério Público Federal.

Em São Paulo, na manhã do dia 13, ele se reunirá no auditório do Sindicato dos Engenheiros com representantes da sociedade civil para que sejam apresentados informes sobre violações à liberdade de expressão no Brasil. Às 12h30, concederá uma coletiva de imprensa no mesmo local. Às 19h30, participa do debate “Liberdade de expressão e concentração dos meios de comunicação”, na Câmara Municipal, ao lado de parlamentares, pesquisadores e militantes da luta pela democratização da comunicação no país.

A visita de Frank la Rue a Brasília e a São Paulo se dá por iniciativa do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e da campanha “Para expressar a liberdade”, com apoio da Altercom - Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação, Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Conselho Federal de Psicologia, Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social e da Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e Liberdade de Expressão – Frentex.

Confira abaixo a agenda aberta ao público já confirmada de Frank la Rue em Brasília e São Paulo:

Dia 11 – Brasília
19h – Mesa-redonda na Universidade de Brasília, sob organização do Laboratório de Políticas de Comunicação. Auditório da Faculdade de Comunicação (Subsolo do ICC Norte) da Universidade de Brasília.

Dia 13 – São Paulo
10h – Reunião com a sociedade civil para apresentação de casos de violação da liberdade de expressão e acesso à informação. Sindicato dos Engenheiros, Rua Genebra, 25, Centro.

12h30 – Coletiva de Imprensa, também no Sindicato dos Engenheiros.

19h30 – Debate “Liberdade de expressão e concentração de mídia” na Câmara Municipal de São Paulo,
Viaduto Jacareí, 100 - Auditório Prestes Maia - 1º andar.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... -emissoras
Do Estadão

'Imprensa não deve sofrer regulações', diz relator especial da ONU

Frank La Rue defende que governo evite que monopólios dominem os meios de comunicação


13 de dezembro de 2012 | 20h 17Isadora Peron - O Estado de S. Paulo


SÃO PAULO - O relator especial para promoção e proteção do direito à liberdade de opinião e expressão da Organização das Nações Unidas (ONU), Frank La Rue, afirmou nesta quinta-feira, 13, em São Paulo, que a imprensa não deve sofrer regulações, especialmente de conteúdo. Ele defende, no entanto, que o governo regule a distribuição das concessões de rádio e TV, com o objetivo de evitar que monopólios dominem os meios de comunicação.

"A imprensa não tem que ter regulações, especialmente no conteúdo. Quando eu falo em regulação, é uma regulação de como distribuir as concessões de telecomunicação, porque elas são um bem público", afirmou.

E fez um alerta: "Em termos gerais, eu não gosto de falar em regulação de conteúdo. Particularmente, me assusta dar excessivos poderes de intervenção ao Estado, porque isso sempre pode levar à censura".

La Rue defendeu ainda que não cabe ao governo definir "o que é verdade e o que não é verdade", pois, segundo ele, esse papel deve ser exercido pela sociedade civil. A sugestão do relator da ONU é que a própria população crie uma espécie de "observatório" para monitorar a imprensa.

"As críticas aos meios de comunicação devem partir de quem consome informação. Esse observatório, sim, seria livre para dizer se um veículo é bom, se é mal, ou se tergiversa. Mas o mais importante é que esse papel não cabe ao Estado".

La Rue, que recentemente se posicionou a favor da Ley de Medios da Argentina, voltou a elogiar a norma, que foi provada em 2009 para desconcentrar o poder sobre os meios de comunicação. Segundo os críticos, a medida tem como objetivo atingir o Grupo Clarín, considerado inimigo do governo da presidente Cristina Kirchner. "Eu não defendo as atitudes da presidente, eu defendo a lei, que é muito boa", afirmou.

O relator da ONU chegou ao País na terça-feira, a convite do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), movimento que reivindica um novo marco regulatório para a mídia. Na sua passagem por Brasília, encontrou-se com os ministros Paulo Bernardo (Comunicações), Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência).

O relator, no entanto, evitou fazer comentários sobre questões relativas ao Brasil, pois, segundo ele, está aqui para participar de eventos acadêmicos e não em missão oficial.

http://www.viomundo.com.br/humor/folha- ... texto.html
Folha dá aula de como tirar frase de Lula do contexto

publicado em 13 de dezembro de 2012 às 14:23

por Luiz Carlos Azenha


Eu ouvi o discurso do ex-presidente Lula em Paris, ontem. Quem quiser ouvir, clique abaixo:

Lula falou sobre a crise econômica internacional, além de exaltar as conquistas de seu próprio governo.

A crise econômica internacional foi consequência da desregulamentação dos mercados financeiros e os bancos receberam bilhões de dólares e euros em dinheiro público como forma de resgate.

Conforme descrito por Eduardo Febbro na Carta Maior:

Interrompido várias vezes por aplausos, Lula denunciou “a falta de representatividade” dos organismos internacionais e defendeu a criação de mais espaços representativos multilaterais, que aumentem o peso das vozes alternativas em nível internacional. “Precisamos criar instrumentos e mecanismos com mais solidariedade, mais democracia, para que as decisões não estejam subordinadas a quem tem mais dinheiro, mais poder ou uma indústria maior”. O senso de humor e a pertinência do ex-presidente fizeram da jornada final do fórum um momento especial. Lula criticou os banqueiros que gozam de uma impunidade absoluta: “o mais fantástico é que o Lehman Brothers quebra e ninguém vai preso, enquanto o banco recebe os bilhões que os países nunca recebem no mundo”.

No início do discurso, Lula chegou a mencionar um “sociólogo” e empresários não identificados, dizendo que esperavam que ele, Lula, fosse um fracasso no governo, mas que “a história os enganou e eu muito mais”.

Mais para a frente, deu alguns alguns foras diplomáticos, como ao mencionar o Fórum Mundial Social de Porto Alegre como reunião de “xiitas” ou ao dizer que tinha viajado muito, inclusive ao Timor Leste, sem entender o motivo de ter ido até lá. Coisas da descontração de um ex-presidente.

Porém, é importante ouvir o discurso na íntegra para constatar que a absoluta ênfase de Lula foi na crise econômica internacional, suas consequências e soluções.

Ele propôs debates sobre o tema e foi nesse contexto que afirmou:

“Essa crise não é de nenhum de nós individualmente. Essa crise é da responsabilidade de pessoas que nós nem conhecemos. Porque, quando um político é denunciado, a cara dele sai de manhã, de tarde e de noite no jornal. Vocês já viram a cara de algum banqueiro no jornal? Sabe por que não sai? Porque é ele que paga as propagandas dos jornais. Então, não sai nunca”.

O que a Folha fez com a frase?

Retirou a menção de Lula à crise e fez um acréscimo que mudou completamente o sentido da frase (grifo meu):

Sem citar diretamente o depoimento de Valério, ele criticou a imprensa. ”Quando um político é denunciado, a cara dele sai de manhã, de tarde e de noite no jornal. Vocês já viram a cara de algum banqueiro no jornal? Sabe por que não sai? Porque é ele que paga as propagandas nos jornais”, disse.

Pronto, segundo a Folha Lula usou o discurso para rebater depoimento de Marcos Valério e criticar a imprensa brasileira, como em Acusado, Lula ataca imprensa e volta a falar em candidatura.

Uma verdadeira aula sobre como esquentar uma manchete.

http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... to_agoniza
Jornalismo, enquanto agoniza...

Por Ricardo Soares


Mora na filosofia: não estou querendo rimar profissão com dor mas tentando entender como o fim de um processo pode se encadear ou começar outro. Hoje mesmo conversando com uma amiga que ocupa posição de comando em uma revista, ontem conversando com dois experientes e grisalhos colegas que se sentem desalentados com o fim do jornalismo, eu só me consolo por notar que não estou só nessa triste percepção. As demissões se acumulam, os equívocos se sucedem e todos nós perguntamos, estarrecidos, para onde está indo a mídia. A que conhecíamos faleceu e está enterradíssima como bem provam os jornais que fecham e a cada vez mais avassaladora confusão entre jornalismo e show, jornalismo e culto a celebridades inócuas e jornalismo e desserviço e não prestação de serviços.

Em linhas gerais as pessoas defendem teses e assumem posições procurando fatos que se encaixem nas suas convicções. Se esta triste escola foi inaugurada por Veja já não importa. O que importa é que se disseminou. São Paulo está acuada pelo crime que expande fronteiras e os grandes meios ou ignoram a questão (fingindo que o barulho é na Síria) ou a tratam como um fato cotidiano, banal. Como se fosse banal 10 jovens da periferia entrarem em um ônibus cheio e “tacarem terror” e gasolina em tudo.

Cada qual descreve a realidade como lhe convém. Os acuados se acuam. Os refrigerados repercutem à distância usando e-mail, google , skype e outros assépticos instrumentos de apuração. Daí me lembro de Ryszard Kapuscinski, que bateu perna mundo afora, sobretudo na África ancestral, e nos trouxe relatos impressionantes e bem escritos de terras e gentes que mesmo que estejam ao nosso lado por vezes não enxergamos. Penso nele quando ainda acredito em jornalismo feito de carne e osso . Em jornalismo real e não virtual.

Sete vidas

Costumo repetir uma frase bobinha há anos. “Gosto de jornalismo e não de jornalistas”. Antes que o leitor me julgue pedante devo dizer que a frase se contextualiza no sentido de que muitos jornalistas, sempre tão ciosos de sua própria verdade, se tornaram burocratas, acomodados, reclamões. Muitos deles, na contramão da volatilidade que vivemos, querem planos de carreira e aposentadoria, regalias a longo prazo. O espírito de aventura que no passado caracterizou a escolha pela profissão ficou abaixo dos chinelos.

Kapuscinski viveu de 1932 a 2007 quando morreu em sua Varsóvia natal. Viveu muitas vidas dentro da vida dele. E parece nunca ter tido a intenção de contar a realidade conforme os olhos de qualquer ideologia ou conveniência mas a simples “vida como ela é”, para lembrar aqui expressão bacana do Nelson Rodrigues. Lendo hoje mesmo um texto de Kapuscinski sobre a China da época de Mao me deparei com uma realidade que já não existe. Mas sua clareza é tão grande que fica como registro literário de um período. O autor é sim a prova (agora morta) de que jornalismo , quando bem feito, vira sim literatura. Ao descrever milhares de ciclistas se movimentando em monobloco como um rio caudaloso nessa China de passado recente ele talvez nos devolva à simples trilha daquilo que o jornalismo tem de melhor: mesmo na época das imagens múltiplas ler uma bela descrição com belo estilo é mais que uma fotografia. Um bom texto respira, transpira, evacua, goza... nosso jornalismo agoniza. Mas acredito que ele tenha sete vidas. Não serei eu a jogar a pá de cal.

http://caduamaral.blogspot.com.br/2012/ ... gundo.html
Do blog do Cadu

Povo confirma Raul Seixas, segundo Datafolha


O Instituto Datafolha divulgou pesquisa com o índice de confiabilidade na imprensa. Segundo a pesquisa, 28% das pessoas não confiam na imprensa, enquanto 22% “confiam muito”. Na pesquisa anterior os números eram 18% e 31%, respectivamente. O número dos que “confiam um pouco” permaneceu estável, variou de 51% para 50%.

Para alguns, o motivo da queda na confiança na imprensa se deve à sua partidarização. E partidarização à direita e sempre, sempre contra Lula, Dilma, o PT e a esquerda.

Mas não é só isso. Se a imprensa fosse partidarizada, mas ao menos praticasse jornalismo. Fizesse a apuração como se deve; não usasse de métodos criminosos como arapongagem para conseguir provas; não inventasse provas; se não exercesse o moralismo seletivo que lhe é tão peculiar hoje e essencialmente, os jornais – com raríssimas exceções – são iguais. Talvez a confiança nela se mantivesse alta.

Os jornais são muito iguais. As manchetes são as mesmas; os lides (primeiros parágrafos das notícias) são cópias. Até parece que é a mesma pessoa que escreve e na hora de mandar para a publicação, colocam o nome de algum repórter. Não se tem nem imaginação para publicar.

Em evento realizado no último dia 15/12 em Maceió, o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Celso Schröder, defendeu a necessidade da defesa do jornalismo e também afirmou estarmos vivendo uma “crise do bom jornalismo”. Segundo ele, está se trocando informação por opinião.

Quem mais deforma o jornalismo no Brasil é a autoproclamada “grande imprensa”. É ela que passa opinião como informação. É ela que desvaloriza o jornalista quando manda recém-formados atuarem como arapongas. É ela que nega tudo o que ditam os preceitos do bom jornalismo quando vocifera contra setores da sociedade, como trabalhadores rurais sem terra, contra partidos políticos ou exige condenações sem provas. E quando estimula o fim da harmonia entre os poderes da República.

Não há possibilidade de bom jornalismo na concentração da informação. Num país do tamanho do Brasil, cinco ou seis famílias determinam qual informação e como ela vai chegar a população.

Aparentemente, temos vários jornais e revista e haveria aí uma democratização da informação. Ledo engano. Temos muito coisa de nada. Os jornais regionais reproduzem os realeses das agências de notícias nacionais, todas dos chamados “jornalões”.

Duvida? Se você não for do eixo RJ/SP, abra seu jornal na editoria “nacional”. Verá Folha Press, Agência Estado e Agência O Globo, predominantemente.

Acontece que as pessoas não são mais bobas. Agora, com a internet a informação circula com mais agilidade e outras leituras dos fatos estão à disposição.

Sinceramente, o número da insatisfação com imprensa me surpreendeu. Achava que o número do que não confiam fosse maior, mas ele está aumentando. De repente até está. O instituto que realizou a pesquisa é da Folha de São Paulo. Não causaria estranheza que isso fosse uma realidade.

Ruim para nós. Se não podemos confiar nas informações que circulam no país, como poderemos pensar as resoluções de nossos problemas? As pessoas estão confirmando Raul Seixas. “Não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz”. *Onde se lê jornais, leia-se também revistas, sites e Veja (recuso-me a chamar Veja de revista. Ela é uma coisa feita em papel couché)

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Sempre Alerta
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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#698 Mensagem por Sempre Alerta » 28 Dez 2012, 15:50

Nunca houve tanto ódio na mídia conservadora do Brasil

Os textos de Demétrio Magnoli, Ricardo Noblat, Merval Pereira, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, entre outros, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira.

Por Jaime Amparo Alves | No Pragmatismo Político

Os brasileiros no exterior que acompanham o noticiário brasileiro pela internet têm a impressão de que o país nunca esteve tão mal. Explodem os casos de corrupção, a crise ronda a economia, a inflação está de volta, e o país vive imerso no caos moral. Isso é o que querem nos fazer crer as redações jornalísticas do eixo Rio – São Paulo. Com seus gatekeepers escolhidos a dedo, Folha de S. Paulo, Estadão, Veja e O Globo investem pesadamente no caos com duas intenções: inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e destruir a imagem pública do ex-presidente Lula da Silva. Até aí nada novo.

Tanto Lula quanto Dilma sabem que a mídia não lhes dará trégua, embora não tenham – nem terão – a coragem de uma Cristina Kirchner de levar a cabo uma nova legislação que democratize os meios de comunicação e redistribua as verbas para o setor. Pelo contrário, a Polícia Federal segue perseguindo as rádios comunitárias e os conglomerados de mídia Globo/Veja celebram os recordes de cotas de publicidade governamentais. O PT sofre da síndrome de Estocolmo (aquela na qual o sequestrado se apaixona pelo sequestrador) e o exemplo mais emblemático disso é a posição de Marta Suplicy como colunista de um jornal cuja marca tem sido o linchamento e a inviabilização política das duas administrações petistas em São Paulo.

O que chama a atenção na nova onda conservadora é o time de intelectuais e artistas com uma retórica que amedronta. Que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso use a gramática sociológica para confundir os menos atentos já era de se esperar, como é o caso das análises de Demétrio Magnoli, especialista sênior da imprensa em todas as áreas do conhecimento. Nunca alguém assumiu com tanta maestria e com tanta desenvoltura papel tão medíocre quanto Magnoli: especialista em políticas públicas, cotas raciais, sindicalismo, movimentos sociais, comunicação, direitos humanos, política internacional… Demétrio Magnoli é o porta-voz maior do que a direita brasileira tem de pior, ainda que seus artigos não resistam a uma análise crítica.

Agora, a nova cruzada moral recebe, além dos já conhecidos defensores dos “valores civilizatórios”, nomes como Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro. A raiva com que escrevem poderia ser canalizada para causas bem mais nobres se ambos não se deixassem cativar pelo canto da sereia. Eles assumiram a construção midiática do escândalo, e do que chamam de degenerescência moral, com o fato. E, porque estão convencidos de que o país está em perigo, de que o ex-presidente Lula é a encarnação do mal, e de que o PT deve ser extinguido para que o país sobreviva, reproduzem a retórica dos conglomerados de mídia com uma ingenuidade inconcebível para quem tanto nos inspirou com sua imaginação literária.

Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro fazem parte agora daquela intelligentsia nacional que dá legitimidade científica a uma insidiosa prática jornalística que tem na Veja sua maior expressão. Para além das divergências ideológicas com o projeto político do PT – as quais eu também tenho -, o discurso político que emana dos colunistas dos jornalões paulistanos/cariocas impressiona pela brutalidade. Os mais sofisticados sugerem que a exemplo de Getúlio Vargas, o ex-presidente Lula cometa suicídio; os menos cínicos celebraram o “câncer” como a única forma de imobilizá-lo. Os leitores de tais jornais, claro, celebram seus argumentos com comentários irreproduzíveis aqui.

Quais os limites da retórica de ódio contra o ex-presidente metalúrgico? Seria o ódio contra o seu papel político, a sua condição nordestina, o lugar que ocupa no imaginário das elites? Como figuras públicas tão preparadas para a leitura social do mundo se juntam ao coro de um discurso tão cruel e tão covarde já fartamente reproduzido pelos colunistas de sempre? Se a morte biológica do inimigo político já é celebrada abertamente – e a morte simbólica ritualizada cotidianamente nos discursos desumanizadores – estaríamos inaugurando uma nova etapa no jornalismo lombrosiano?

Para além da nossa condenação aos crimes cometidos por dirigentes dos partidos políticos na era Lula, os textos de Demétrio Magnoli , Marco Antonio Villa, Ricardo Noblat , Merval Pereira, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, além dos que agora se somam a eles, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira. Seus textos serão utilizados nas disciplinas de ontologia jornalística não apenas com o exemplos concretos da falência ética do jornalismo tal qual entendíamos até aqui, mas também como sintoma dos novos desafios para uma profissão cada vez mais dominada por uma economia da moralidade que confere legitimidade a práticas corporativas inquisitoriais vendidas como de interesse público.

O chamado “mensalão” tem recebido a projeção de uma bomba de Hiroshima não porque os barões da mídia e os seus gatekeepers estejam ultrajados em sua sensibilidade humana. Bobagem! Tamanha diligência não se viu em relação à série de assaltos à nação empreendidos no governo do presidente sociólogo! A verdade é que o “mensalão” surge como a oportunidade histórica para que se faça o que a oposição – que nas palavras de um dos colunistas da Veja “se recusa a fazer o seu papel” – não conseguiu até aqui: destruir a biografia do presidente metalúrgico, inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e reconduzir o projeto da elite ‘sudestina’ ao Palácio do Planalto.

Minha esperança ingênua e utópica é que o Partido dos Trabalhadores aprenda a lição e leve adiante as propostas de refundação do país abandonadas com o acordo tácito para uma trégua da mídia. Não haverá trégua, ainda que a nova ministra da Cultura se sinta tentada a corroborar com o lobby da Folha de S. Paulo pela lei dos direitos autorais, ou que o governo Dilma continue derramando milhões de reais nos cofres das organizações Globo e Abril via publicidade oficial. Não é o PT, o Congresso Nacional ou o governo federal que estão nas mãos da mídia.

Somos todos reféns da meia dúzia de jornais que definem o que é notícia, as práticas de corrupção que merecem ser condenadas, e, incrivelmente, quais e como devem ser julgadas pela mais alta corte de Justiça do país. Na última sessão do julgamento da ação penal 470, por exemplo, um furioso ministro-relator exigia a distribuição antecipada do voto do ministro-revisor para agilizar o trabalho da imprensa (!). O STF se transformou na nova arena midiática onde o enredo jornalístico do espetáculo da punição exemplar vai sendo sancionado.

Depois de cinco anos morando fora do país, estou menos convencido por que diabos tenho um diploma de jornalismo em minhas mãos. Por outro lado, estou mais convencido de que estou melhor informado sobre o Brasil assistindo à imprensa internacional. Foi pelas agências de notícias internacionais que informei aos meus amigos no Brasil de que a política externa do ex-presidente metalúrgico se transformou em tema padrão na cobertura jornalística por aqui. Informei-lhes que o protagonismo político do Brasil na mediação de um acordo nuclear entre Irã e Turquia recebeu atenção muito mais generosa da mídia estadunidense, ainda que boicotado na mídia nacional. Informei-lhes que acompanhei daqui o presidente analfabeto receber o título de doutor honoris causa em instituições européias, e avisei-lhes que por causa da política soberana do governo do presidente metalúrgico, ser brasileiro no exterior passou a ter uma outra conotação. O Brasil finalmente recebeu um status de respeitabilidade e o presidente nordestino projetou para o mundo nossa estratégia de uma America Latina soberana.

Meus amigos no Brasil são privados do direito à informação e continuarão a ser porque nem o governo federal nem o Congresso Nacional estão dispostos a pagar o preço por uma “reforma” em área tão estratégica e tão fundamental para o exercício da cidadania. Com 70% de aprovação popular, e com os movimentos sociais nas ruas, Lula da Silva não teve coragem de enfrentar o monstro e agora paga caro por sua covardia.Terá a Dilma coragem com aprovação semelhante, ou nossa meia dúzia de Murdochs seguirão intocáveis sob o manto da liberdade de e(i)mprensa?

Jaime Amparo Alves é jornalista, doutor em Antropologia Social, Universidade do Texas em Austin –******

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#699 Mensagem por Carnage » 02 Jan 2013, 21:08

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... m-fracasso
O fiscal tem também que ser fiscalizado

Paulo Nogueira, No Diario do Centro do Mundo


A exemplo do que ocorreu na Inglaterra, a auto-regulamentação da mídia fracassou espetacularmente no Brasil

Murdoch sabatinado no Comitê Leveson sob as câmaras de tevê

Quais os limites do jornalismo e dos jornalistas?

Vejamos a Folha de S. Paulo, por exemplo. Ela procura se colocar, em editoriais e em publicidade, como uma espécie de fiscal sagrado dos governos. Tudo bem. Mas é preciso não perder de vista que ela não recebeu essa incumbência da sociedade.

Não foi votada. Não foi eleita.

Fora isso, existe fiscal que não é fiscalizado?

Jornalismo é, como todos os outros, um negócio. Em geral, quem investe em jornalismo não está atrás de dinheiro. Os lucros não costumam ser grandes. O que o jornalismo dá é prestígio, influência. Empresários interessados em recompensas mais palpáveis fazem suas apostas em outras áreas.

No começo da década de 2000, quando a internet já desaconselhava investimentos em papel no Reino Unido, um empresário russo comprou o jornal inglês The Evening Standard, em grave crise financeira, para ganhar respeitabilidade.

É um jogo antigo.

Na biografia semioficial de Octavio Frias de Oliveira, está publicado um episódio revelador. Nabantino, o antigo dono da Folha, estava desencantado porque se julgara traído pelos jornalistas que fizeram a greve de 1961. (Meu pai era um deles.) Decidiu vender o jornal. Um amigo comum de Nabantino e Frias sugeriu que ele comprasse. “Dinheiro você já tem da granja”, ele disse. “O jornal vai dar prestígio a você.”

Na biografia, a coleção de fotos de Frias ao lado de personalidades mostra que o objetivo foi completamente alcançado. Um granjeiro não estaria em nenhuma daquelas fotos.

Ao comprar a Folha, Frias comprou prestígio social — e adulação do mundo político

Sendo um negócio, o jornalismo não está acima do bem e do mal. É natural que prevaleçam, nele, as razões de empresa. Essas razões podem coincidir com as razões nacionais – ou não. Observe o mais carismático – não necessariamente o melhor ou mais escrupuloso – empresário de jornalismo da história do Brasil, Roberto Marinho, da Globo.

Quem garante que o que era melhor para ele era o melhor para o país? Roberto Marinho era tão magnânimo a ponto de pôr os interesses nacionais à frente dos pessoais?

Como a sociedade não elegeu empresas jornalísticas, seus donos não têm que dar satisfação a ninguém sobre coisas como o uso dão ao dinheiro que retiram. Se decidem vender o negócio, nada os impede.

Essa é a parte boa de você não ter um vínculo ou uma delegação direta da sociedade. Não existem amarras burocráticas para seus movimentos. Mas você não pode ficar com a parte boa e dispensar a outra – a que não lhe garante tratamento privilegiado apenas por ser da imprensa.

No Reino Unido, este é um debate atualíssimo, depois que o tabloide News of the World, o NoW, de Rupert Murdoch, quebrou todas as barreiras da decência e da legalidade na busca de furos. O NoW invadia criminosamente caixas de mensagem de centenas de pessoas, a maior parte delas celebridades e políticos, para vender mais — e portanto ganhar dinheiro com isso.

Quando se soube das dimensões do escândalo, o governo britânico, sob pressão da opinião pública, montou um comitê independente para rediscutir a mídia — o que é aceitável e o que não é.

Os trabalhor foram comandados por Lorde Brian Leveson, um juiz de alto nível que sabatinou grandes personagens do universo da imprensa, sob câmaras de tevê, em busca de luzes. O premiê David Cameron, por exemplo, teve que explicar a Leveson a natureza de sua relação com o grupo Murdoch.

Murdoch, ele próprio, na idade provecta de 81 anos, foi interrogado duas vezes pelo comitê. Neste momento, a questão é se a auto-regulamentação do jornalismo deve ser mantida ou não. As empresas não gostam, naturalmente, da ideia de que a regulamentação seja tirada de seu controle.

O que muita gente se pergunta, no Reino Unido, é por que as pessoas deveriam confiar agora na auto-regulamentação depois de seu espetacular fracasso.

Em seu relatório de recomendações, Leveson defendeu a criação de um órgão regulador independente das empresas jornalísticas. É provável que seja este o desfecho no Reino Unido.

O Brasil terá que passar por uma discussão nos mesmos moldes, em nome do interesse público. Ninguém sabe com certeza dizer quais os limites do jornalismo no Brasil — nem, ao que parece, a própria Justiça, e muito menos as empresas jornalísticas.

A auto-regulamentação fracassou no Brasil. Um órgão regulador independente das companhias — e também, naturalmente, do governo e dos políticos — é tão necessário no Brasil quanto é na Inglaterra.

Na Dinamarca é assim. O Diário defende que se faça o mesmo no Brasil. O interesse público, este sim sagrado, deve prevalecer sobre o interesse das empresas jornalísticas. São interesses distintos. Coloquemos assim, para simplificar: nem tudo que é bom para a família Marinho é bom para o Brasil.

Numa democracia, para que a mídia exerça o vital papel de fiscal, ela tem que ser também fiscalizada.

Este é o ponto de partida para um debate urgente no país.



http://www.viomundo.com.br/politica/lea ... apone.html
Casamento de Cachoeira, Jornalismo à moda de Al Capone

por Leandro Fortes, no Facebook

O que é mais incrível não é a Folha de S.Paulo mandar uma repórter “enviada especial” a Goiânia para cobrir o casamento de um mafioso com uma mulher indiciada por chantagear um juiz federal para tirá-lo da prisão, e sequer citar esse fato.

Carlinhos Cachoeira, vocês sabem, tem trânsito livre na imprensa brasileira.Dava ordens na redação da Veja, em Brasília, e sua turma de arapongas abastecia boa parte das demais coirmãs da mídia na capital federal.

Andressa, a noiva, foi indiciada por corrupção ativa pela Polícia Federal por ter tentado chantagear o juiz Alderico Rocha Santos.

Ela ameaçou o juiz, responsável pela condução da Operação Monte Carlo, com a publicação de um dossiê contra ele. O autor do dossiê, segundo a própria? Policarpo Jr., diretor da Veja em Brasília.

Mas nada disso foi sequer perguntado aos pombinhos. Para quê incomodar o casal com essas firulas, depois de um ano tão estressante?

O destaque da notícia foi o mafioso se postar de quatro e beijar os pés da noiva, duas vezes, a pedido dos fotógrafos.

No final, contudo, descobre-se a razão de tanto interesse da mídia neste sinistro matrimônio no seio do crime organizado nacional.

Assim, nos informa a Folha:

“Durante o casamento, o noivo recusou-se a falar sobre munição que afirma ter contra o PT: ‘Nada de política. Hoje, só falo de casamento. De política, só com orientação dos meus advogados’.”

É um gentleman, esse Cachoeira.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#700 Mensagem por ghostwriter » 11 Jan 2013, 05:51

A meu ver, assim como aconteceu com os partidos políticos, não há mais definição ideológica estável na imprensa.

Hoje em dia quem quer sair candidato pouco se importa se sai pelo PT, PSDB, PP, DEM, etc,etc. Sai pela legenda que estiver disponível para ele e pronto.

Na imprensa, o que há é apenas a defesa de interêsses políticos. Por isso, as denúncias de corrupção e outros crimes políticos são como vacina, algumas pegam e outras não, independentemente de serem fundamentadas ou não.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#701 Mensagem por Carnage » 12 Jan 2013, 15:23

http://osamigosdopresidentelula.blogspo ... mente.html
Policarpo Jr é processado criminalmente por Alfredo Nascimento e PCdoB

O senador Alfredo Nascimento (PR-AM) está processando os jornalistas da revista Veja, Policarpo Júnior, Rodrigo Rangel, Hugo Marques e Daniel Pereira. Trata-se de queixa-crime por Difamação, Injúria e Calúnia. A ação é penal, portanto é possível levar à condenação de até 3 anos e 6 meses de detenção, além de multa.

[ external image ]

Ao que parece, a ação é sobre aquela matéria da revista, alimentada por Carlinhos Cachoeira, para derrubar o então ministro, que estaria contrariando seus interesses com a empreiteira Delta. A TV Record fez uma reportagem sobre esse episódio em maio de 2012:

PCdoB move outro processo

O PCdoB também processa criminalmente, pelos mesmos crimes, os jornalistas de revista Veja, Rodrigo Rangel, Daniel Pereira, Policarpo Júnior, Mario Sabino, Eurípedes Alcântara e Manoel Lemos.

[ external image ]
É sinal de que mais alguns políticos estão perdendo o medo de brigar com a velha imprensa, e que a CPI do Cachoeira teve consequências, mesmo com o PSDB fazendo acordão com partidos da base governista para blindar o bicheiro e o governador Marconi Perillo.

Se todos os alvos de "reporcagens" passarem a processar, mesmo a velha imprensa demotucana será obrigada a ser mais séria, por bem ou por mal.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#702 Mensagem por Carnage » 12 Jan 2013, 15:38

http://www.brasil247.com/pt/247/midiate ... ivismo.htm

Jornalismo ou Ativismo?

:

Está faltando pelo menos um verbete nos manuais de redação da mídia tradicional; para dar transparência a práticas de editorialização do noticiário, distorção de fatos e engavetamento de informações que desagradam aos veículos; sem assumir o seu Ativismo, o que as publicações mais ricas do País têm feito nos últimos meses não passa de política disfarçada de Jornalismo

10 de Janeiro de 2013 às 04:57


247 – A julgar pelos destaques e ausências no noticiário recente apresentado ao público pela mídia tradicional, ao menos um verbete está faltando nos manuais de redação de jornais como a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo, emissoras de televisão como a Rede Globo e editoras de revistas como o Grupo Abril. Começa com a letra A e não consta de nenhuma das publicações que, inicialmente internas, ganharam as livrarias para serem consumidas pelo público em geral: Ativismo.

Um dos significados para Ativismo encontradas no Dicionário Houaiss é o de "propaganda a serviço de uma doutrina ideológica, partidária, sindical etc". Outra: "Gênero de literatura com conteúdo político, literatura engajada".

Não é difícil concordar que, nos últimos meses, a mídia tradicional, muitos de seus colunistas e até mesmo repórteres entraram fundo na seara do Ativismo, deixando, desta forma, por diversos momentos, a trilha bem mais iluminada do Jornalismo. Nesta, os parâmetros da isenção e equilíbrio tolhem derrapagens como o preconceito, o pré-julgamento e a adjetivação. Estabelecem, ainda, a pluralidade, abrindo espaços para o contraditório a informações, avaliações e opiniões. Naquela, sombras, obstáculos e barreiras se apresentam na busca pela verdade.

Num caso clássico de Ativismo, que já faz parte da história proibida da Rede Globo, a que não entra inteira nos livros de contos de fadas escritos por jornalistas como Pedro Bial e chefões como o Boni, o Jornal Nacional não veiculou, na véspera da eleição municipal do ano passado, notícia com os resultados da última pesquisa Ibope antes do primeiro turno. Corretamente, o levantamento adiantava que o petista Fernando Haddad iria para o segundo turno com o tucano José Serra. Retornando às trevas da década de 1980, quando a ditadura militar ainda vigia e a Globo produziu o escândalo Pró Consult, pelo qual uma contagem paralela aos votos oficiais tentava tirar a vitória na eleição para governador do Rio de Janeiro de Leonel Brizola, a emissora aprontou. Depois de passar o ano mostrando dados que davam Haddad no fundo da fila dos candidatos, a emissora cujo jornalismo era chefiado por Ali Kamel simplesmente "engavetou", como se diz no jargão profissional, a notícia que poderia estimular a militância do candidato. O público perdeu, Haddad não reclamou e Kamel, com sua postura anti-jornalística, foi promovido.

Antes, na virada dos governos Lula para Dilma, a revista Veja produziu uma pérola do mesmo quilate. É inesquecível a capa caricata em que o então presidente se pendurava aos ponteiros de um grande relógio para segurar o tempo. A revista dizia que ele não queria largar o poder. Essa tese, no entanto, tem 100% de problemas. Os dois presidentes anteriores a Lula não apenas tentaram, mas conseguiram ampliar e duplicar seus mandatos. José Sarney, eleito para quatro anos, ficou cinco. Fernando Henrique Cardoso, igualmente escolhido para exercer a Presidência da República por 48 meses, agiu de modo a extrair do Congresso o mecanismo da reeleição. Com direito a permanecer no cargo, ele venceu a eleição para ficar quatro anos mais no cargo. Não houve, em Veja, nenhuma capa com Sarney ou FHC mexendo no tempo político, mas Lula, que não alterou nenhuma das regras estabelecidas, foi pintado como o mais apegado ao poder. Jornalismo?

Numa das edições de seu Manual de Redação, frequentemente revisado e atualizado, como uma Constituição repleta de adendos e supressões, a Folha de S. Paulo se define como "um jornal feito em São Paulo com irradiação nacional, que se propõe a realizar um jornalismo crítico, apartidário e pluralista". Em recente mudança estrutural, no entanto, a publicação da família Frias desinvestiu na redação, cortando postos de repórteres e editores, para colocar no lugar colunistas e comentaristas. Não há, entre eles, no entanto, quem se disponha, ainda que vez ou outra, a destacar fatos que fujam da tônica da crítica ao governo e à política econômica e social. Como se diz entre o público, se você é daqueles que acha que o mundo vai acabar, leia a Folha. As más notícias e interpretações negativas estão ali.

Nesta semana, uma das principais articulistas da Folha cravou que o governo faria, de emergência, uma reunião para evitar, às pressas, um iminente apagão no setor elétrico. A versão, porém, não durou 24 horas, derrubada pela divulgação da agenda do Ministério das Minas e Energia, que previa uma reunião regular em torno do sistema elétrico. Na diferença entre emergencial e normal, lá se foi mais um dia em que desmentidos tiveram de ser feitos por autoridades e agentes do setor privado. A projeção de apagão, dizem os técnicos, é hoje muito mais uma expressão dos cálculos de alguns profissionais da imprensa do que um risco verdadeiro. Quando o apagão de fato ocorreu, durante o segundo governo de Fernando Henrique, doze anos atrás, a notícia pegou a todos de surpresa, inclusive a jornalista Eliane Cantanhêde. Será que a apuração avançou, retrocedeu ou a coluna foi mais um caso de Ativismo?

Nesta quarta-feira 9, o jornal O Estado de S. Paulo dá uma chamada 'barriga' difícil de ser justificada. Em manchete, a publicação da família Mesquita informou que o ex-presidente Lula passaria a ser, a partir daquele momento, investigado formalmente pelo Ministério Público Federal, a pedido do procurador-geral da República Roberto Gurgel. Nesse nível, a notícia poderia ter chegado ao jornal por uma fonte do MPF ou por uma fonte da Procuradoria, mas acompanhada de algum tipo de prova, como um comunicado formal pelo início do procedimento. O que aconteceu, no entanto, foi um desmentido formal, com todas as letras, feito pelo próprio procurador Gurgel. A pressa, que certamente ocorreu neste caso, dentro da redação do Estadão, é, sim, um elemento do jornalismo. Ela leva a erros, um risco atinente ao Jornalismo. Normal. No caso, entretanto, a manchete pareceu exprimir muito mais uma vontade da direção do jornalão do que a saudável impetuosidade de ser o primeiro a dar um furo.

O ano de 2013 começou sob o signo do Ativismo na mídia tradicional. Para comemorar o resultado do julgamento da Ação Penal 470, a revista Veja publicou em sua capa uma chuva de fogos de artifícios. Sobre outro caso que igualmente galvanizou atenções em 2012, aquele que mostrou as perigosas e próximas ligações profissionais e pessoais entre um de seus editores-chefes, Policarpo Jr., e o contraventor já condenado a prisão Carlinhos Cachoeira, a publicação do Grupo Abril não escreveu uma linha sequer. Quanto mais uma capa.

Na velha mídia, o que o público entende por Jornalismo está ganhando, como se vê, novas feições. Assumir o Ativismo, antes de ser uma confissão de culpa, poderia funcionar como uma ato de sinceridade. O mundo está cheio de jornais partidários. O tablóide Gramma, por exemplo, é o órgão oficial do Partido Comunista de Cuba. A missão declarada, ali, é noticiar para o regime político da ilha de Fidel Castro. O New York Times, noutro extremo, publica em toda véspera de eleições listas de candidatos que recomenda a seus leitores. Assim como faz o Washington Post, na grande maioria das vezes todas as recomendações são para democratas, e não para republicanos. No final do ano passado, a prestigiada revista Economist recomendou à presidente Dilma a demissão de seu ministro da Fazenda. Pode ter sido uma grosseria, mas foi transparente. Também no Brasil, é claro, os veículos de comunicação têm todo o direito a opinar, mas o correto é fazê-lo às claras, com todas as explicações necessárias ao eleitor, e não com subterfúgios de editorialização e distorção de notícias. Isso não é apenas Ativismo político disfarçado. É uma grande baixaria editorial.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#703 Mensagem por Carnage » 27 Jan 2013, 20:21

http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... anipulacao
O preço da manipulação

Por Luciano Martins Costa em 14/01/2013 na edição 728

no Observatório da Imprensa, sugerido pelo Julio Cesar Macedo Amorim

Quanto vale uma manchete de jornal?


Observe-se, por exemplo, a manchete da Folha de S.Paulo de segunda-feira (14/1): “Brasil perde investimento para outros emergentes”. No texto interno, o jornal afirma que “fundos de investimento estrangeiros estão trocando o Brasil por outros mercados emergentes, em um movimento que tem entre suas causas os impostos mais altos e a maior interferência do governo na economia”.

O texto da Folha tem como fonte avaliações da consultoria americana EFPR, especializada no acompanhamento dos movimentos de capitais ao redor do mundo, e usa como base as opções de grandes gestores financeiros, como os também americanos Pimco e BlackRock.

O jornal paulista se vale do velho truque de mudar os períodos de análise, sem avisar o leitor, para forçar uma interpretação predeterminada dos fatos. Note-se, por exemplo, que a reportagem começa com base no cenário do final do ano passado, comparando-o ao período de três anos anteriores, afirmando que “o percentual do portfólio de fundos de ações especializados em mercados emergentes investido no Brasil caiu de 16,7% no fim de 2009 para 11,6% em novembro (de 2012), o patamar mais baixo desde 2005”.

Já essa referência ao “patamar mais baixo desde 2005”, fora do período proposto para análise, entra na missa para reforçar o credo. Por que não incluir, por exemplo, o patamar de 2003?

Momento de insanidade

Mais adiante, o texto afirma que “o país vem perdendo espaço nos fundos globais de ações. A fatia desses fundos investida no país chegou a ficar acima de 2% no início de 2012, mas recuou para 1,2% no fim do ano, menor nível desde o fim de 2008”, pontifica o diário paulista.

Um pouco além, o jornal inclui novo período de análise, ao afirmar que “a parcela investida no mercado doméstico brasileiro pelo principal fundo de renda fixa em mercados emergentes da Pimco atingiu em junho passado cerca de 7,3% (menor que a de México e África do Sul). Em 2007, esse percentual era de 20,3%”, acrescenta, inflacionando a base de referências sem explicar por que esse ano foi escolhido para a comparação.

Certamente, porque, pouco antes da crise financeira de setembro de 2008, esse foi o ponto mais elevado no movimento especulativo de capitais que o jornal encontrou em seus registros.

Ora, qualquer pessoa que leia jornal regularmente sabe que em 2007 os juros elevados transformavam os investimentos em renda fixa numa ótima opção. Não apenas os grandes fundos, como os administrados pela Pimco, mas também os pequenos investidores individuais optavam muitas vezes por essa forma de aplicação.

Depois da crise de 2008, o cenário se transformou radicalmente, o que induziria a considerar que o período entre o final de 2007 e o final de 2008 concentrou o pior momento da insanidade do mercado. Ainda assim, a renda fixa seguiu ganhando adeptos no Brasil por mais dois anos.

Tsunami monetário

Em outubro 2010, diante do apetite do mercado internacional por aplicações especulativas, o governo brasileiro resolveu aumentar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras para investimentos estrangeiros em renda fixa e sobre ganhos na Bolsa de Valores.

No início de abril de 2012, a presidente da República provocou descontentamento de governantes europeus ao se referir, durante evento na Alemanha, a um “tsunami monetário” promovido por movimentos especulativos dos países ricos, o que estaria produzindo extrema volatilidade nos mercados emergentes. Logo depois, o governo brasileiro tomou novas medidas para controlar esse fluxo de dinheiro indesejado, procurando estimular investimentos produtivos.

É exatamente o resultado dessa política que a Folha de S. Paulo tenta transformar em acontecimento negativo em sua manchete da edição de segunda-feira. A reportagem traz em si mesma o antídoto para a manchete, mas o raro ponto de sensatez está perdido no meio do texto. Diz o seguinte:

“Em 2010, o governo aumentou de 2% para 6% a alíquota do IOF que incide sobre aplicações de estrangeiros em papéis de renda fixa. Isso está impedindo investimentos de longo prazo no mercado de renda fixa”.

Ora, se esse era exatamente o objetivo do governo ao aumentar a alíquota do IOF – ou seja, reduzir o fluxo de recursos de curto prazo não destinados ao setor produtivo, que ajudavam a sobrevalorizar o real, qual é o significado da manchete?



http://www.rodrigovianna.com.br/palavra ... more-17233
Do O Escrevinhador

Justiça do Rio: a TV Globo joga em casa; mas Kamel está derrotado pela história

Na praça Clóvis/Minha carteira foi batida/Tinha vinte e cinco cruzeiros/E o teu retrato…
Vinte e cinco/Eu, francamente, achei barato/Pra me livrarem/Do meu atraso de vida
(Paulo Vanzolini, “Praça Clóvis”)

por Rodrigo Vianna


Um advogado amigo costuma dizer: “no Rio, a Globo joga em casa”.

Hoje, tivemos mais uma prova. Ano passado, fui condenado em primeira instância, num processo movido pelo diretor de Jornalismo da Globo, Ali Kamel. Importante dizer: a juíza na primeira instância não me permitiu apresentar testemunhas, laudos, coisa nenhuma. Acolheu na íntegra a argumentação do diretor da Globo – sem que eu tivesse sequer a chance de estar à frente da meritíssima para esclarecer minhas posições.

Recorremos ao Tribunal de Justiça, também no Rio. Antes de discutir o mérito da ação,pedimos que o TJ analisasse um “agravo retido” (espécie de recurso prévio) que obrigasse a primeira instância a ouvir as testemunhas de defesa e os especialistas de duas universidadesque gostaríamos de ver consultados na ação.

O Tribunal, em decisão proferida nessa terça-feira (15/01), ignorou quase integralmente nossa argumentação. Negou o agravo e, no mérito, deu provimento apenas parcial à nossa apelação – reduzindo o valor da indenização que a meritíssima de primeira instância fixara em absurdos 50 mil reais. Ato contínuo, certos blogs da direita midiática começaram a dar repercussão à decisão. Claro! São todos fidelíssimos aos patrões e ao diretor da Globo, na luta que estes travam contra outros jornalistas.

Sobre esse processo, gostaria de esclarecer alguns pontos. Primeiro, cabe recurso e vamos recorrer!

Segundo, está claro que Ali Kamel usa a Justiça para se vingar de todos aqueles que criticam o papel por ele exercido à frente da maior emissora de TV do país. Kamel foi derrotado duas vezes nas urnas: perdeu em 2006 (quando a Globo alinhou-se ao delegado Bruno na véspera do primeiro turno, num episódio muito bem narrado pela CartaCapital, naquela época) e perdeu em 2010 (quando o episódio da “bolinha de papel” foi desmascarado pelos blogs e redes sociais). Contra as quotas, contra o Bolsa-Família, contra os avanços dos anos Lula: Kamel é um dos ideólogos da direita derrotada. Por isso mesmo, era chamado na Globo de “Ratzinger”.

Em 2010, Ali Kamel virou alvo de críticas fortes (mas nem por isso injustas) na internet. Deveria estar preparado pra isso. Dirige o jornalismo de uma emissora acostumada a usar seu poder para influir em eleições. Passadas as eleições de 2010, Kamel muniu-se de uma espécie de “furor processório”. Iniciou ações judiciais contra esse escrevinhador, e também contra Azenha (VioMundo), Marco Aurélio (Doladodelá), CloacaNews, Nassif, PH Amorim… Todas praticamente simultâneas. Estava claro que Kamel pretendia mandar um recado: “utilizarei minhas armas para o contra-ataque; não farei o debate público, de conteúdo, partirei para a revanche judicial”.

Advogados costumam dizer que em casos assim “o processo já é a pena”. Ou seja: o processante tem apoio da maior emissora do país, conta com advogados bem pagos e uma estrutura gigantesca. O processado (ou os processados) são jornalistas e blogueiros “sujos”, sem eira nem beira. O objetivo é sufocar-nos (financeiramente) com os processos.

Está enganado o senhor Ali Kamel. Aqui desse lado há gente que não se intimida tão facilmente.

Não tenho contra Kamel nada pessoal. Conversei com ele sempre de forma civilizada quando trabalhei na Globo. Troquei com ele alguns emails cordiais – como costumo fazer com todos colegas ou chefes. Kamel utilizou um desses e-mails pessoais na ação judicial, como se quisesse afirmar: “ele gostava de mim quando estava na Globo, deixou de gostar quando saiu da Globo.”

Ora, a questão não é pessoal. Tinha por Kamel respeito, até que comprovei de perto algumas atitudes estranhas (vetos a matérias), culminando com a atuação dele na cobertura do caso dos “aloprados” na eleição de 2006. Na época, eu trabalhava na Globo. Saí da emissora por causa disso. E passei a não mais respeitar Ali Kamel profissionalmente. O discurso que ele fazia na Redação antes de 2006 (“todos podem ser ouvidos, há espaço para crítica”) era falso. Quem criticou ou dissentiu foi colocado na “geladeira” e “expurgado”. Isso está claro. Azenha, Marco Aurelio Mello, Carlos Dornelles e Franklin Martins estão aí para mostrar…

De resto, a utilização de e-mails (estritamente pessoais) numa ação não é ilegal. Mas mostra o grau apurado de ética de quem os utiliza como ferramenta da luta política e judicial.

No meu caso, a acusação é de ter “espalhado” pela internet que ele seria um “ator pornográfico”. Quem lê os textos que escrevi neste blog sobre a infeliz homonímia (um ator pornô nos anos 80, aparentemente, usava o mesmo nome que ele – Ali Kamel) logo percebe: em nenhum momento disse que Ali Kamel (o jornalista) seria o Ali Kamel (ator pornográfico).Não afirmei que eram a mesma pessoa nem neguei que o fossem. Não sabia, e isso pouco importava. Apenas usei a coincidência como mote para a crítica, em textos claramente opinativos: pornográfico, sim, é o jornalismo que Ali Kamel pratica tantas vezes à frente da Globo. Foi essa a afirmação que fiz em seguidos textos. Muitas vezes, de forma bem-humorada.

Na apelação ao Tribunal, mostramos como seria importante a juíza de primeira instância ter consultado especialistas em Comunicação (indicamos ao menos dois) para entender a diferença entre opinião e informação. E para entender a centralidade do uso do humor na crítica política.

Mostramos em nossa defesa, ainda, como o impoluto comentarista (e ex-cineasta) Arnaldo Jabor utilizou-se de mote parecido no título de um livro que fez publicar: “Pornopolítica”. Se há uma “pornopolítica”, por que não posso falar em “jornalismo pornográfico”?

Só a Globo e seus comentaristas podem recorrer a metáforas? Parece que sim. Especialmente no Rio de Janeiro. No Rio, a Globo joga em casa.

Vamos recorrer aos tribunais de Brasília. Não que eu tenha grandes esperanças de ver magistrados na capital federal a enfrentar o diretor de Jornalismo da Globo. Mas vou utilizar as armas que tenho.

Mais que isso: se Kamel pensava em calar ou intimidar seus críticos, vai se dar mal. Esse processo vai ajudar a mobilizar aqueles que lutam contra os monopólios de mídia no Brasil. Vai ajudar a escancarar a hipocrisia daqueles que na ANJ e na SIP pedem “ampla liberdade de crítica”, daqueles que usam Institutos Milleniuns para exigir “que não se criem travas ao humor como ferramenta de crítica”, mas que fazem tudo ao contrario quando são eles os objetos da crítica e do humor.

Kamel pode até ganhar no Rio. Pode ganhar no STJ, STF, CNJ, SIP, ANJ, sei lá onde mais. Mas perderá na história. Aliás, já perdeu. Na testa dele está o carimbo (justo ou injusto? o público pode julgar…) de “manipulador de eleições”. Manipulador frustrado, diga-se. Porque segue a perder. No Brasil, na Venezuela, na Argentina…

A Justiça quer que eu pague 20 mil, 30 mil ou 50 mil pro Ali Kamel? Acho absurda a condenação. Mas se for obrigado, eu pago até com certo gosto. Levo lá no Jardim Botânico o cheque pra ele. Ou entrego no apartamento onde ele vive, de frente pro mar na zona sul – palco, vez ou outra, de brigas com os vizinhos que também acabam na Justiça.

Essa condenação, que ainda lutarei para reverter, lembra-me a belíssima letra de Paulo Vanzolini – com a qual abri esse texto…

Tudo bem, Kamel, se você e a Justiça fizerem questão, eu pago! Só que seguirei a fazer - aqui – o contraponto ao jornalismo que você dirige.

Tudo bem, Kamel, se você e a Justiça fizerem questão, esgotados todos os recursos, eu pago!

Eu pago. Vê-lo derrotado frente à história: não tem preço.




http://www.diretodaredacao.com/noticia/ ... informacao
Exemplo de manipulação da informação

O Globo está cada vez mais extremado em matéria de pensamento único. Continua inconformado com a decisão da Suprema Corte de Justiça da Venezuela confirmando que o Presidente Hugo Chávez não precisava tomar posse necessariamente no último dia 10. Mas é impressionante, o jornal da família Marinho a cada dia se supera em matéria de jornalismo ideologizado.

Para se ter uma ideia a que ponto chegaram os editores, na quinta-feira (10), página 28, apareceu uma foto de uma mulher cozinhando e a legenda dizia o seguinte: “Desabastecimento. Uma mulher cozinha sob a vigilância de um poster de Chávez - população já enfrenta problemas de escassez de produtos alimentícios na Venezuela”.

Seria uma legenda digna de humor ao estilo de O Pasquim se o texto não fosse criado de forma realmente séria. O sério virou ridículo

O Globo, claro, como impresso, tem o direito de fazer o que quiser, até mesmo em matéria de jornalismo de baixa qualidade, como tem demonstrado em suas edições diárias. Mas o que não pode ser aceito é transferir a manipulação da informação para os canais de televisão controlados pela família Marinho. E colocar, por exemplo, Arnaldo Jabor dando o recado do Instituto Millenium, para criticar de forma ignorante o Presidente Hugo Chávez, com o claro objetivo de demonnizá-lo.

Televisão é uma concessão pública e não pode ser utilizada pelos proprietários para o esquema de lavagem cerebral, como acontece também diariamente nos informativos das emissoras da família Marinho.

O desespero das Organizações Globo em relação ao que acontece na Venezuela chega as raias do absurdo. Convocam os colunistas de sempre, que seguem a pauta do Departamento de Estado e do Instituto Millenium. Qualquer crítica ao que acontece em matéria de manipulação da informação é geralmente respondida, quando respondida, como restritiva à liberdade de imprensa e de expressão.

As Organizações Globo convocaram também figuras do espectro ideológico do grupo, como Ives Gandra e Ophir Cavalcanti, presidente da OAB, para criticar a decisão da Justiça da Venezuela.

E o governo de Dilma Rousseff também não foi poupado por sua posição admitindo que a Venezuela adotou uma solução democrática na questão da posse de Chávez.

Como se todo esse exemplo de jornalismo absolutamente parcial não bastasse, as Organizações Globo até anteciparam a morte do Presidente Hugo Chávez. Torcem visivelmente para que isso aconteça. E aí se perdem também, pois se Chávez incomoda vivo, morto vai ser incomodar ainda mais a direita carcomida.

Mas detrás de tudo isso se esconde o fato de as Organizações Globo, o Departamento de Estado, os colunistas de sempre, regiamente pagos, e as oligarquias latino-americanas temerem um fato real, qual seja, o caráter irreversível da Revolução Bolivariana. Eis aí a causa principal do comportamento aético das Organizações Globo, ou seja, o temor que mesmo se Chávez não puder completar o novo mandato designado pelo povo, a Revolução Bolivariana continuará. Não tem mais volta.

A direita venezuelana, que continua jogando todas as suas cartas em Enrique Capriles, perde eleição e quer aproveitar a atual situação para ver se consegue reverter o fato histórico do novo tempo que representou a ascensão de Hugo Chávez.

E, como prova ainda da maior parcialidade das Organizações Globo, em um dos editoriais desesperadores, o jornal tenta comparar os acontecimentos atuais na Venezuela com um episódio ocorrido na vigência da ditadura no Brasil, quando o vice Pedro Aleixo foi impedido pelos militares de assumir no lugar do general de plantão Costa e Silva. O Globo conta com a falta de memória de parte dos seus leitores e omite o fato de que sempre apoiou a ditadura e, como diria Leonel Brizola, ”engordou na estufa da ditadura”.

Em relação ao que acontece em matéria de manipulação de informação nas emissoras de televisão e rádio das Organizações Globo, mais do que nunca é preciso que o Brasil retome a discussão sobre o controle social da mídia, para que a democracia avance neste país, porque, sem isso, não se pode afirmar que no Brasil a democracia é cem por cento.

Esse debate não pode ser jogado para debaixo do tapete, como querem as poucas famílias que controlam as emissoras de televisão do país.

Nesse sentido, espera-se que a Presidenta Dilma Rousseff siga o exemplo de Cristina Kirchner e aceite enfrentar a questão. Primeiro, a continuidade do debate amplo pela sociedade brasileira, por sinal já iniciado. Depois, um posicionamento do Congresso e, finalmente, vontade política do Executivo para não evitar que haja avanço no setor.

Resta saber o que pensa sobre o tema o Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#704 Mensagem por Carnage » 27 Jan 2013, 20:23

http://www.teoriaedebate.org.br/estante ... de-dilma-r
A inquestionável partidarização da imprensa

Se o leitor (a) ainda precisa de alguma comprovação sobre o comportamento partidário dos jornalões brasileiros, sobretudo nos períodos eleitorais, recomendo a leitura do excelente A Ditadura Continuada – Fatos, Factoides e Partidarismo da Imprensa na Eleição de Dilma Rousseff, resultado de uma cuidadosa pesquisa realizada por Jakson Ferreira de Alencar, recentemente publicado pela editora Paulus.

O livro se concentra na cobertura política oferecida pelo jornal Folha de S.Paulo e parte da divulgação da falsa ficha “criminal” dos arquivos do Dops da militante da VAR-Palmares Dilma Rousseff, em 4 de abril de 2009, então pré-candidata à Presidência da República.

Jakson Alencar faz um acompanhamento minucioso de todo o caso, ao longo dos três meses seguintes, registrando a “semirretratação” do jornal, em matéria antológica para o estudo da ética jornalística, na qual se reconhece como erro “tratar como autêntica uma ficha cuja autenticidade, pelas informações hoje disponíveis, não pode ser assegurada – bem como não pode ser descartada” (p. 67).

Chama a atenção no episódio a “condução”, pela repórter da Folha, da entrevista – que mais parece um interrogatório – realizada com Dilma. Há uma indisfarçável tentativa de comprovar a hipótese do jornal de envolvimento da entrevistada não só com o sequestro (não realizado) do então ministro Delfim Netto, mas também com a luta armada. A entrevista de outro militante, Antonio Espinosa, usada como suporte à tese do jornal, jamais foi publicada na íntegra, apesar de os trechos publicados haverem sido reiteradamente desmentidos pelo entrevistado.

Jakson Alencar mostra, com riqueza de detalhes, o comportamento arrogante do jornal, ao tempo em que a própria Dilma tratava de comprovar a falsidade da ficha, além do descumprimento sistemático de seu próprio Manual de Redação. Fica clara a “tese central de toda a reportagem, segundo a qual a resistência à ditadura é criminosa, e não o regime totalitário e violento, implantado de maneira ilegal” (p. 95) e, mais ainda, que essa tese “continuou sendo difundida em muitos veículos da imprensa brasileira durante todo o período da campanha eleitoral de 2010”.

A segunda parte do livro trata do período da campanha eleitoral, de abril a agosto de 2010. Aqui o ponto de partida é o 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, promovido pelo Instituto Millenium, em março. Como se sabe, essa ONG é um dos think tanks da direita conservadora brasileira, financiado, entre outros, pelos principais grupos da grande mídia. Segundo Jakson Alencar, teria surgido nesse fórum a “Operação Tempestade no Cerrado”, que orientaria a cobertura política dos jornalões e teria como objetivo impedir a eleição de Dilma Rousseff (p.105).

Concentrado na Folha de S.Paulo, o livro mostra o então esforço cotidiano para ressuscitar escândalos passados e a busca de novos escândalos do governo do PT, além de tropeços e temas negativos relativos a Dilma. Paralelamente, o tratamento leniente e omisso dispensado ao candidato do PSDB.

Na terceira e última parte, o livro aborda a Operação segundo turno e cobre o período que vai de 26 de agosto a 3 de outubro. A partir do momento em que as pesquisas de intenção de voto confirmam a tendência de eleição de Dilma, tem início “uma maciça ação da imprensa contra a candidata às vésperas da eleição e uma chamada ‘bala de prata’, com o intuito de alterar os rumos da campanha” (p. 145).

Destacam-se nesse período “acusações, ilações e insinuações que viraram condenações sumárias” (p. 147), sobretudo o caso do suposto “dossiê” preparado pelo PT sobre dirigentes tucanos, com dados fiscais sigilosos, e o “escândalo” envolvendo a então substituta de Dilma na Casa Civil (registro: o Tribunal Regional Federal da 1ª Região arquivou o processo contra Erenice Guerra por suposto tráfico de influência, depois de acatar recomendação do Ministério Público Federal e por decisão do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, em 20 de julho de 2012).

Nas suas conclusões, Jakson Alencar afirma que “a cobertura (da Folha de S. Paulo) (...) misturou frequentemente fatos com opiniões e boatos, somando-se a isso outros elementos, como torcida, manifestação de desejos travestidos de informação, argumentação frágil e com pouca lógica, estratégias óbvias e já desgastadas pelo uso repetitivo em diversas eleições, incapacidade de analisar processos econômico-sociais para construir posicionamentos e críticas com um mínimo de sofisticação; teses e hipóteses furadas; narrativas e entrevistas enviesadas; fontes de baixíssima credibilidade” (p. 252).

Curiosamente (ou não?), na mesma época em que a Paulus publicava o livro de Jakson Alencar, a PubliFolha lançava na Coleção “Folha Explica” o livro sobre a própria Folha, escrito por Ana Estela de Souza Pinto, ela mesma jornalista da casa desde 1988. Neste, o “erro” do episódio da ficha falsa de Dilma no Dops merece registro em função do “fato de a Folha ter voltado sua bateria investigativa para todos os governantes, de diferentes partidos”. Segue-se um parágrafo que reproduz a “retratação” que a Folha ofereceu, já citada, na qual, apesar de todas as evidências em contrário, se afirma que a autenticidade da ficha do Dops “não pode ser assegurada – bem como não pode ser descartada”. Nem uma única observação sobre a cobertura partidária das eleições de 2010.

O resultado de tudo isso, como se sabe, é que Dilma Rousseff – apesar da grande mídia e do seu partidarismo – foi eleita presidenta da República.

A Ditadura Continuada – Fatos, Factoides e Partidarismo da Imprensa na Eleição de Dilma Rousseff, de Jakson Alencar, demonstra e confirma o que já sabemos: os jornalões brasileiros, além de partidarizados, não têm compromisso nem mesmo com seus manuais de redação.

Venício A. de Lima é jornalista e sociólogo, pesquisador visitante no Departamento de Ciência Política da UFMG (2012-2013), professor de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor de Política de Comunicações: um Balanço dos Governos Lula (2003-2010), Editora Publisher Brasil, 2012, entre outros livros




http://noticias.terra.com.br/mundo/braz ... ronteiras/
Brasil é o país dos 30 Berlusconis, diz ONG Repórteres Sem Fronteiras
24 jan


A ONG Repórteres Sem Fronteiras publicou nesta quinta-feira (24) um relatório sobre o cenário da imprensa brasileira, em que diz que o país é a terra dos “30 Berlusconis”, em referência ao magnata italiano que domina a mídia e boa parte da política no seu país.

“A topografia da mídia do país que vai hospedar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 quase não mudou nas três décadas desde o fim da ditadura militar de 1964-85″, diz o texto.

Segundo a ONG, cerca de dez companhias dominam a mídia nacional, quase todas com base em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O relatório denuncia ainda a violência contra jornalistas no Brasil, mencionando que dois repórteres especializados em notícias de polícia tiveram que deixar o país no ano passado por conta de ameaças.

A agência de notícias France Presse distribuiu em todo o Brasil um pequeno resumo do relatório. ”O Brasil apresenta um nível de concentração de mídia que contrasta totalmente com o potencial de seu território e a extrema diversidade de sua sociedade civil”, explica a ONG de defesa da liberdade de imprensa. “O colosso parece ter permanecido impávido no que diz respeito ao pluralismo, um quarto de século depois da volta da democracia”, assinala a RSF, recordando que em 2012 houve 11 jornalistas assassinados no país.

Segundo a ONG, um dos problemas endêmicos do setor da informação no Brasil é a figura do magnata da imprensa, que “está na origem da grande dependência da mídia em relação aos centros de poder”. “Dez principais grupos econômicos, de origem familiar, continuam repartindo o mercado da comunicação de massas”, lamenta a RSF.

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Re: A imprensa e grande mídia no Brasil

#705 Mensagem por Carnage » 06 Fev 2013, 21:06

As taras de Ali Kamel
http://www.ocafezinho.com/2013/01/16/as ... ali-kamel/

Rodrigo Vianna: A represália é da Globo
http://www.viomundo.com.br/politica/rod ... globo.html

Quando o real não se amolda à verdade, abaixo a verdade
http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... na_id=5954

O fosso que se abre entre opinião pública e opinião publicada
http://www.viomundo.com.br/politica/o-f ... icada.html

Do impacto didático das bolinhas de papel
http://www.viomundo.com.br/opiniao-do-b ... papel.html

A matemática esperta da ‘Folha’
http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... st_id=1185

A cobertura do El País sobre a América Latina
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... ica-latina

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