Compson escreveu:Eu queria estar na reunião do Ministro do Planejamento, o PT, os sindicatos e as federações industriais:
Pimentel: Olha, nós vamos tomar medidas que vão quebrar parte considerável da indústria automobilística, mas fiquem tranquilos, vamos compensar produzindo ônibus...
Mas eu concordo com o problema levantado pelo PRS. Acho que é um problema ter uma economia tão dependente da indústria automobilística quando nossa infraestrutura automobilística já está no limite...
Mas alguns pontos:
- Será que somos tão dependentes assim? Para mim, do jeito que está, uma crise no setor automobilístico não vai causar desemprego em massa, mas sim liberar recursos humanos para outros setores que podem aproveitá-los com maior produtividade (*).
- Acho que uma solução mais viável politicamente (embora igualmente complicada do ponto de vista da execução) é reduzir a concentração demográfica nas grandes cidades.
- Uma solução para o problema da redução do mercado doméstico decorrente de políticas de combate ao trânsito seria voltar a produção para a exportação. Mas isso o governo já desistiu ou não sabe como fazer.
(*) O exemplo mais famoso é a indústria fotográfica na Alemanha. Até a década de 1950, a Alemanha era o centro da indústria fotográfica mundial. Com o aparecimento dos japoneses e coreanos no mercado de máquinas comuns, os alemães se depararam com uma forte competição... O que eles fizeram? Impediram as exportações? Desvalorizaram o câmbio? Criaram leis delirantes sobre peças produzidas nacionalmente? Não, simplesmente reconheceram que não eram mais competitivos no mercado de máquinas comuns. Parte da indústria fotográfica se especializou em nichos de mercado e outra parte simplesmente faliu, permitindo que outros setores industriais se desenvolvessem sem ter que arcar com o ônus de sustentar o peso morto de uma indústria atrasada.
Não sei até que ponto essa proteção relativamente tão grande à indústria de automóveis é para proteger os empregos ou se é um lobby...
Para cortar custos de fabricação (ou seja, aumentar as margens) cortam os "opcionais" dos veículos populares, até mesmo peças de plástico de poucos reais.
Enquanto isso, outras setores industriais buscam países vizinhos para instalar suas fábricas, seja pelo custo da energia elétrica (o que tem acontecido com a indústria de alumínio), seja pelos altos impostos do Brasil, ou seja pelos incentivos locais...