Só uma coisa que não pode passar em branco no meio de tanta asneira....
Compson escreveu:
No mais, não disse que o funk assusta ninguém. Disse apenas que é uma apropriação indevida do território que outras classes julgam exclusivos, por isso as irrita.
O funk que incomoda a classe média é o dos morros cariocas, os proibidões. Funk ostentação não incomoda ninguém, exceto pelo ruído sonoro invasivo. Mas para o barulho já inventaram leis, leis que não se fazem cumprir em bairros extremos nos quais os bailes comem solto madrugada toda. Mas para a classe média, ouvir ou ver histórias de manos andando em camaro, causa riso em alguns e simpatia em outros e raiva em quase ninguém. Por isso tem muito garoto de classe média curtindo funk e o preconceito é só dos pais mas não por conta da "apropriação indevida do território que outras classes julgam exclusivos", essa besteira, mas por ser "coisa de bandido" na cabeça dos pais a imagem do funk proibidão carioca é a que prevalece. O funk ostentação usa da mesma fórmula manjada que o sertanejo usou no passado, falar em festas, bebidas, carros e mulheres. Pronto! Sucesso garantido. Ostentação alheia só causa incomodo quando quem ostenta é alguém próximo de vc, caso do Rei do Camarote na Veja. O funkeiro, com lorota consumista, está muito distante para causar incomodo na classe média. Os caras foram fazer rolezinho no shopping Itaquera, quero ver fazer rolezinho no Eldorado. O funkeiro causa inveja e irritação em quem está próximo dele, nos manos da periferia, o que pode ter causado o fim do MC da Leste. O funk, portanto, serve de propaganda do consumo na periferia estimulando não uma luta de classes mas uma luta dentro das classes, uma disputa pelo status de "ter" para poder "ser". Qual esquerda apoiará tal apologia?
POrtanto bem vindo a realidade da periferia, baixa escolaridade, poucas oportunidades, mil obstáculos. Ou seja, pouco há para ser ostentado. Funk, o que era para ser diversão acaba sendo quase uma febre. Mais funk e menos escola. Como é que a classe média vai se incomodar com isso?
Aquele sujeitinho de classe média, sem graça, tosco e desprovido de qualquer talento especial, que teve a sorte de estudar em boas escolas e ter sua vida bem direcionada pelos pais, não tem do que reclamar da quantidade de gente mais ambiciosa e talentosa que ele perdida pela periferia. Deve sim, celebrar o funk, como faz o Compson, inconscientemente, dessa forma.