"ESSE É O CARA"

Espaço destinado a conversar sobre tudo.

Regras do fórum
Responder

Resumo dos Test Drives

FILTRAR: Neutros: 0 Positivos: 2 Negativos: 0 Pisada na Bola: 0 Lista por Data Lista por Faixa de Preço
Faixa de Preço:R$ 0
Anal:Sim 0Não 1
Oral Sem:Sim 2Não 0
Beija:Sim 1Não 1
OBS: Informação baseada nos relatos dos usuários do fórum. Não há garantia nenhuma que as informações sejam corretas ou verdadeiras.
Mensagem
Autor
Roy Kalifa
Forista
Forista
Mensagens: 3840
Registrado em: 25 Mai 2008, 18:37
---
Quantidade de TD's: 128
Ver TD's

Re: "ESSE É O CARA"

#496 Mensagem por Roy Kalifa » 30 Mai 2012, 10:43

Gilmor escreveu:
Nazrudin escreveu:O Lula em nehum momento manteve distância desse julgamento. Talvez esteja aí a resposta para a longevidade... não ia ser agora na hora de la verdad.
Ao fim da operação Monte Carlo, restará claro que a quadrilha do Cachoeira está por trás do "escândalo do mensalão".

Assim como Cachoeria, Demostenes e Gilmar Mendes estão nos bastidores do "escândalo" do grampo sem áudio de 2008.

Ninguém é ingénuo de negar as ilegalidades como a distribuição do dinheiro do caixa dois entre os partidos aliados, o que é grave, mas daí a caracterizar o pagamento mensal de propina para parlamentares votarem com o governo são outros quinhentos.

A única prova que havia - o testemunho do Roberto Jefferson - já era - o vigarista se desmentiu perante o STF, negando a existência do mensalão, enfim, vai ser difícil o Supremo condenar sem provas.
OK OK
mas então qual a necessidade de adiamento do julgamento. Eleições municipais ? Neste país tem eleição ano sim ano não...
Se houve caixa 2, devem pagar por este crime. Caso eu faça caixa 2 na minha empresa, e a Receita pegar, pago as consequencias imediatamente, não é verdade ?
Está tudo muito estranho. Acredito que haja mais coisa além de caixa 2.

Gilmor
Forista
Forista
Mensagens: 753
Registrado em: 11 Ago 2011, 23:48
---
Quantidade de TD's: 0
Ver TD's

Re: "ESSE É O CARA"

#497 Mensagem por Gilmor » 30 Mai 2012, 12:39

Roy Kalifa escreveu:
Gilmor escreveu:
Nazrudin escreveu:O Lula em nehum momento manteve distância desse julgamento. Talvez esteja aí a resposta para a longevidade... não ia ser agora na hora de la verdad.
Ao fim da operação Monte Carlo, restará claro que a quadrilha do Cachoeira está por trás do "escândalo do mensalão".

Assim como Cachoeria, Demostenes e Gilmar Mendes estão nos bastidores do "escândalo" do grampo sem áudio de 2008.

Ninguém é ingénuo de negar as ilegalidades como a distribuição do dinheiro do caixa dois entre os partidos aliados, o que é grave, mas daí a caracterizar o pagamento mensal de propina para parlamentares votarem com o governo são outros quinhentos.

A única prova que havia - o testemunho do Roberto Jefferson - já era - o vigarista se desmentiu perante o STF, negando a existência do mensalão, enfim, vai ser difícil o Supremo condenar sem provas.
OK OK
mas então qual a necessidade de adiamento do julgamento. Eleições municipais ? Neste país tem eleição ano sim ano não...
Exato, é por isso que a acusaçâo do Gimar Mendes não faz o menor sentido, já tinha dito isso:
Gilmor escreveu:Porque diabos então o Lula ia querer adiar o julgamento do mensalão, pode-se dizer que estamos em ano eleitoral, mas são eleições municipais, vai que o adiamento deixe uma hipotética decisão para as vésperas das eleições presidenciais?

Por outro lado, o PT só tem a ganhar com o julgamento do mensalão o quanto antes, a grande midia já julgou e condenou o Partido dos Trabalhadores, se o STF confirmar a condenação não haverá novidade, caso haja absolvição seus adversários perderão o grande argumento.
Roy Kalifa escreveu:Se houve caixa 2, devem pagar por este crime. Caso eu faça caixa 2 na minha empresa, e a Receita pegar, pago as consequencias imediatamente, não é verdade ?
Com certeza houve caixa 2, e haverá condenação, mas a pena é muito branda nesses casos, possivel até que prescreva. O Problema do caixa 2 na politica é que todos os partidos fazem - sem exceção. As penas são pequenas e o sistema eleitora atual é altamente vulnerável

Avatar do usuário
Nazrudin
Forista
Forista
Mensagens: 7313
Registrado em: 22 Mai 2005, 19:50
---
Quantidade de TD's: 441
Ver TD's

Re: "ESSE É O CARA"

#498 Mensagem por Nazrudin » 30 Mai 2012, 13:16

O Lula ao chamar o GM estava tentando fazer matemática.

Roy Kalifa
Forista
Forista
Mensagens: 3840
Registrado em: 25 Mai 2008, 18:37
---
Quantidade de TD's: 128
Ver TD's

Re: "ESSE É O CARA"

#499 Mensagem por Roy Kalifa » 30 Mai 2012, 16:16

Das duas uma:

Ou o Lula não serve para ser ex presidente ou Gilmar Mendes não serve para ser Ministro do Supremo.
Que tal considerarmos as duas hipoteses ?

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: "ESSE É O CARA"

#500 Mensagem por Carnage » 30 Mai 2012, 22:21

Me parece mais uma questão de desejo pessoal do que de raciocínio as opiniões que vejo sobre este caso.

Partindo de algumas constatações simples:

Primeiro, por mais que isso contrarie muitos que não gostam do cara, Lula pode ser muita coisa, mas uma ele definitivamente não é, senão não teria chegado onde chegou: Lula não é burro. Muito longe disso.
Então vejamos a consistência dessa história:
Lula, que com certeza não é burro (indulgência nessa, por favor), vai até Gilmar Mendes, um óbvio desafeto dele (por mais que a imprensa quando julga conveniente o negue, eles nunca se deram bem e sempre discordaram em muitas coisas e Gilmar sempre teceu duras críticas ao governo), um cara que detesta o PT (fato comprovado por várias declarações dele) pedir pra que este intervisse junto ao ministro Lewandowski, este sim amigo pessoal e da família do Lula, pra adiar o julgamento do mensalão! Ainda oferece a ele algo que o não tem como fazer, a blindagem de Gilmar, em troca deste fazer algo que o ministro não tem o poder de fazer, atrasar no processo judicial, pois não é responsável por este, não é mais presidente do STF, etc.
Ou seja, Lula pede a um desafeto que detesta o PT que convença um amigo de família e colabore também, mesmo sem ter como fazer isso, a adiar um processo que ferraria com o PT oferecendo em troca uma blindagem que ele provavelmente não teria como cumprir.
Faz todo o sentido, não?

Segundo, mesmo desconsiderando a lógica da história, a única testemunha da conversa nega ela totalmente:

Jobim nega pressão de Lula sobre STF para adiar julgamento do mensalão
http://www.estadao.com.br/noticias/naci ... 8353,0.htm

Jobim nega detalhes da reunião entre Lula e Mendes: 'desistam'
http://noticias.terra.com.br/brasil/not ... istam.html

Jobim nega pressão de Lula em julgamento do Mensalão
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/polit ... 71290.html

Terceiro, basta ver a entrevista que Gilmar dá a Globo
http://g1.globo.com/globo-news/jornal-g ... a/1967711/
Caramba! Nela fica claro que a acusação de “chantagem” parece baseada somente no achismo! Pior, ele praticamente nega que foi chantageado, por mais que as manchetes sejam que ele confirma a conversa!
Em certo ponto a repórter pergunta:
"Houve em algum momento a situação realmente de oferecer uma blindagem em relação às investigações que ocorrem no caso Carlinhos Cachoeira?"
E ele responde: "Não. Isso não se coloca dessa forma". E ele passa a discorrer que Lula teria apenas tocado no assunto da CPI.
Daí Gilmar passa a “achar” a “entender” a “depreender" "a parecer pra ele”, etc, que foi chantegeado!!

Na versão que aparece no JN é a mesma coisa.
http://www.youtube.com/watch?v=j3CWEanLENo
No final ele diz: “Não houve nenhum pedido específico do presidente em relação ao mensalão. Manifestou um desejo, eu disse da dificuldade que o tribunal teria. Ele não pediu a mim diretamente. Disse: ‘O ideal era que isso não fosse julgado’. Então eu disse: ‘Não, vamos torcer para que haja um julgamento, e é tudo que o tribunal quer, e essa é a minha posição em matéria penal, é muito conhecida.”

O próprio jeito dele falar faz parecer que tudo saiu da cabeça dele exclusivamente! Não tem nada nessa conversa! Cadê a pressão? Cadê o pedido de adiamento?
Tudo que ele narra me parece uma conversa absolutamente normal entre as pessoas que são sobre os assuntos que estão em pauta no momento no Brasil. Lula é EX-Presidente. Como tal tem direito a ter opinião sobre o que quiser, ainda mais numa conversa particular. Pode muito bem achar o que quiser sobre o julgamento do mensalão e comentar isso. Agora transformar esse comentário numa pressão, ainda mais sobre alguém que não tem o menor poder pra interferir no assunto, é ridículo! Coisa de quem quer achar algo pra atacar o cara!

Terceiro, Lula nunca fez nada nesse sentido anteriormente, por mais que possa parecer a todos que o fez com base em sabe-se lá que informações. O Procurador Geral da República Antonio Fernando de Souza foi quem fez a denúncia do caso do Mensalão, e quando chegou a hora de se decidir pela sua recondução ou não ao cargo Lula o manteve, conforme a indicação do MP, onde ele ficou até 2009 quando foi substituído pelo atual. Lula sempre respeitou as indicações do MP para o cargo de procurador, sempre nomeando os indicados, sem questionar.

Nunca conversou com nenhum ministro do STF sobre como conduzir o caso, e isso porque ele nomeou a maioria dos atuais ministros. Vários ministros citados nas matérias foram procurados e negaram qualquer pressão por parte de Lula. No final da matéria do JN é afirmado: "Os ministros do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski confirmaram que tiveram encontros com o ex-presidente Lula, mas negaram ter sofrido qualquer tipo pressão por parte dele." E mais, que tipo de pressão ele poderia ter sobre estes ministros? O que ele poderia oferecer a eles em troca dessa “ajudinha” ao PT? Ainda mais num caso tão polêmico como esse e com toda opinião pública em cima porque estes ministros se arriscariam em postergar o mensalão? Que eles poderiam obter em troca de um ex-presidente?? Lula é agora cidadão comum. Não tem como pressionar ministros. Porque deveria ele se manter longe de conversas com estes se ele nem mesmo é réu no caso?

Ou seja, no final fica a palavra do Gilmar contra a de Lula, a de Jobim (que até pouco tempo era louvado por oposicionistas por sua postura no governo Dilma) e de outros ministros do STF.

Donde vem, quarto: não tão importante, mas apenas curioso, matéria publicada no UOL:

http://noticias.uol.com.br/politica/ult ... mendes.htm
Exame de voz destaca "segmentos fraudulentos" em fala do ministro Gilmar Mendes

O laudo de uma perícia em análise de frequência de voz aponta trechos "fraudulentos e suspeitos" na entrevista do ministro Gilmar Mendes veiculada nesta segunda-feira (28) pelo canal "GloboNews", sobre um encontro seu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (...)

Na análise de um total de 3 minutos de trechos da entrevista, foram detectadas 11 ocorrências de "alto risco", cinco de "provável risco" e duas de "baixo risco".
"Alto risco é uma maneira de dizer que a pessoa está mentindo", afirma o perito responsável pela análise, Mauro Nadvorny.
Nadvorny é diretor-presidente da empresa Truster Brasil, que produz a tecnologia que detecta sinais de tensão, estresse, medo, embaraço e excitação em arquivos de voz.. De acordo com Nadvorny, esses fatores permitem situar declarações em uma escala de veracidade.
O laudo indicou "alto risco" de fraude nos trechos em que o magistrado diz que o mensalão "entrou na pauta das conversas", que "o presidente tocou várias vezes na questão da CPMI" e no trecho em que Mendes diz ter "nenhuma relação, a não ser relação de conhecimento e de trabalho funcional com o senador Demóstenes". (...)
:lol:

Quinto, se a conversa tivesse tido esse tom tão grave assim, de chantagem contra um ministro do STF (!), porque esse ministro só resolve se pronunciar oficialmente e publicamente sobre um fato tão grave somente um mês depois do acontecido e somente porque tudo foi parar numa revista? Qual é a do cara? Deveria ter tomado uma atitude, senão no ato, pois se houve algo inconveniente ele deveria ter barrado a conversa no exato momento que esta acontecia, justamente por sua posição como ministro, então com certeza logo em seguida! Mas não, resolveu ficar mais ou menos quieto e só falar depois de um mês. Estranho demais

Ou seja, a história não se sustenta da forma como a querem fazer! Parece mesmo é pura armação. Não obstante a mídia continua bombando manchetes alarmistas sobre a “gravidade “ da situação...


http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... esencapado
Jornalismo desencapado
Por Washington Araújo em 29/05/2012 na edição 696


A reportagem de Veja desta semana é um primor de fios desencapados, mas inofensivos, uma vez que nestes não transita eletricidade real, capaz de impactar ou dar um choque. Informa que Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, teria recebido pressão do ex-presidente Lula, em reunião realizada no dia 26 de abril de 2012, no escritório do ex-ministro Nelson Jobim, também ex-presidente do STF, para adiar o julgamento do processo do chamado mensalão. Mas deixa de informar que o anfitrião do encontro, Nelson Jobim, nega o conteúdo da conversa. Em frases curtas, em bom português, sem uso de metáforas, condicionais ou figuras de linguagem, Jobim colocou uma pá de cal no mais novo escândalo levado às bancas pela revista carro-chefe da Editora Abril, a mesma que, pelo andar da carruagem, deverá ter seu proprietário, Roberto Civita, e seu preposto na sucursal de Brasília, Policarpo Junior, como depoentes na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga o submundo do crime comandado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira.

O que diz Jobim, em notícia publicada no insuspeito O Estado de S.Paulo?
1. “O quê? De forma nenhuma, não se falou nada disso.”
2. “O Lula fez uma visita para mim, o Gilmar estava lá. Não houve conversa sobre o mensalão.”
3. “Tomamos um café na minha sala. O tempo todo foi dentro da minha sala, o Lula saiu antes, durante todo o tempo nós ficamos juntos.”
4. “Na conversa foram tratadas apenas questões genéricas, institucionais. Em nenhum momento Gilmar e o ex-presidente estiveram sozinhos ou falaram na cozinha do escritório.”
Qual foi a parte desses quatro tópicos que o leitor medianamente informado não conseguiria entender? Nenhuma. Todas são claras, assertivas, afirmativas, peremptórias.

Condições normais

A revista faz uso das habituais tintas do escândalo para alcançar seu maior intento: desqualificar a CPMI do Cachoeira, retirando sua legitimidade para investigar a fundo o teor de mais de 200 grampos conseguidos de forma legal e que têm como interlocutores próceres do esquema Cachoeira (bicheiro, arapongas, chantagistas, delinquentes) e o principal executivo de sua sucursal em Brasília, o jornalista Policarpo Junior. E, em assim procedendo, requentar a curiosa tese esposada na capa de sua edição nº 2271, de 18/4/2012, com o seguinte texto: “Mensalão – A cortina de fumaça do PT para encobrir o maior escândalo de corrupção da história do país”.

A revista informa o que seria um encontro de três pessoas, três personalidades com currículos vistosos: Nelson Jobim, o anfitrião do encontro, ex-deputado federal, ex-ministro do STF, ex-ministro da Defesa; Luiz Inácio Lula da Silva, ex-líder sindical, ex-deputado federal e ex-presidente da República; Gilmar Mendes, ministro e ex-presidente do STF. Não soa no mínimo estranho que dos três presentes ao encontro, a revista haja encampado como verdade única e inatacável, beirando a infalibilidade, o relato do ministro Gilmar Mendes? Por que optou por omitir a seus leitores o relato da mesma reunião feito pelos dois outros personagens? E o que ganha Gilmar Mendes, salvo se “vacinar” contra possíveis descobertas de grampos comprometedores envolvendo sua pessoa, o senador Demóstenes Torres e os personagens que vicejam no lodaçal criado por Cachoeira?

A resposta é simples: os relatos de Jobim e de Lula contradizem frontalmente a versão de Mendes. Não seria sensato esperar que uma publicação semanal, tradicional e com a tiragem de Veja, antes de alçar o assunto à sua editoria de escândalos tivesse o cuidado de ouvir os outros dois personagens? Falta de tempo não foi: a reunião ocorreu em 26 de abril e a revista passou a circular exatamente um mês depois, em 26 de maio. O que a revista da Abril não conseguiu apurar em 30 dias, O Estado de S.Paulo conseguiu em menos de 48 horas. O que nos leva a concluir que existe aqui um descompasso muito gritante para ser descartado sumariamente se nos propomos a produzir crítica da mídia. É o que chamo de jornalismo fundado em “informação desinformada”, aquele tipo de jornalismo que privilegia apenas a tese que deseja defender, independente se esta é fundada na verdade ou não passa de manobra diversionista, dessas que se impõem como contraponto a assunto incômodo.

E o assunto incômodo não é outro: a CPMI do Cachoeira não pode ofuscar o chamado escândalo do mensalão. Chega a ser patético imaginar que os assuntos possam interagir em condições normais de temperatura e pressão.

Debate milenar

A temperatura do mensalão se encaminha para seu ato final, dentro dos próximos meses – no mais tardar, no primeiro semestre de 2013. A temperatura da CPMI ainda tem muito espaço para entrar em ebulição: faltam os depoimentos dos governadores Marconi Perillo, Agnelo Queiroz e Sérgio Cabral, dos empresários Fernando Cavendish e Roberto Civita, do jornalista Policarpo Junior, do senador Demóstenes Torres e dos procuradores da República Roberto Gurgel e Claudia Sampaio Isto apenas para começar, porque até o momento a CPMI não conseguiu agregar nada de valor investigativo ao que já foi produzido pela Polícia Federal antes da instalação da Comissão.

A pressão sobre o mensalão, segundo a visão do ministro Gilmar Mendes potencializada por Veja, provém do ex-presidente Lula em favor dos 38 personagens a serem julgados pela Corte Suprema. A pressão sobre a CPMI provém da revista Veja, mas não é bem sobre a CPMI – antes, é sobre alguns dos ministros do Supremo Tribunal Federal em sua tarefa de julgar o mensalão. A reportagem da revista apresenta de forma inusitada suspeitas quanto à isenção dos seguintes ministros:

1. José Antonio Dias Toffoli, quando afirma que o ex-presidente Lula está convencido de que Toffoli “tem de participar do julgamento”. Para a revista, Toffoli deveria se declarar impedido por já ter advogado para o Partido dos Trabalhadores no passado;
2. Carmem Lúcia, quando afirma que o ex-presidente Lula falaria para o ex-ministro Sepúlveda Pertence “cuidar dela”, pois segundo Veja Pertence teria sido o responsável por sua indicação para o STF;
3. Ricardo Lewandowski, quando a revista atribuiu a seguinte frase ao ex-presidente Lula: “Ele só iria apresentar o relatório no semestre que vem, mas está sofrendo muita pressão”. Fica claro, óbvio, que ao atribuir tal frase ao ex-presidente da República, Veja assume seu papel de contrapressão, bem ao estilo: se Lula pressiona Lewandowski a não entregar seu relatório este ano, Veja o pressiona a fazê-lo já.

Aguardemos, nas edições subsequentes, quais os próximos ministros do STF a serem pressionados por Veja. Enquanto isso, nossa grande imprensa sempre tão pródiga em elogiar ritos e costumes europeus, seja em questões de política, comportamento, cultura ou de jornalismo, parece esquecer que o jornal inglês News of The World foi obrigado a encerrar suas atividades empresariais e jornalísticas por denúncias bem menos graves do que as que envolvem Carlinhos Cachoeira e o chefe da sucursal de Veja em Brasília. E que seu chefe, o capo midiático Rupert Murdoch, mesmo contando mais de 80 anos de idade, tem sido chamado a depor em várias instâncias investigativas. E por assim proceder não se ouviu uma única frase condenando a convocação de Murdoch ou invocando qualquer arranhão à liberdade de imprensa na velha Albion.

A diferença entre os casos é que, aqui, embora exista profusão de grampos conectando o esquema de Carlinhos Cachoeira com o jornalista de Veja Policarpo Junior, não existe, ao menos até o momento, qualquer jornalista da Abril indiciado em crimes. A revista alega em sua defesa que “até o delegado da Polícia Federal viu nos grampos não mais que relações entre jornalista e sua fonte”. Pois bem, a pergunta inescapável é: “Será o policial a pessoa mais qualificada para discernir entre o que seria uma ‘relação criminosa’ e uma ‘relação entre jornalista e sua fonte’?”

O debate milenar sobre a validade da máxima “os fins não justificam os meios” não pode ser interditado. É que, não importa a atividade humana, continua vedado o uso de meios espúrios para se atingir objetivos, sejam estes de natureza empresarial, política ou... jornalística.
***
[Washington Araújo é jornalista e escritor; mantém o blog http://www.cidadaodomundo.org]

http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... _protelada
A indignação protelada
Por Luciano Martins Costa em 29/05/2012 na edição 696
Comentário para o programa radiofônico do OI, 29/5/2012[/b]
 
O nebuloso episódio que tem como protagonistas centrais o ex-presidente Lula da Silva e o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes – e como única testemunha o ex-ministro e ex-presidente do STF Nelson Jobim – acrescenta à história recente do país um daqueles episódios que começam em crise e terminam em anedota.

Para melhor entender a questão, os historiadores de amanhã precisarão acrescentar ao enredo meia dúzia de outros personagens, que no momento do entrevero se encontram reunidos em São Paulo no 5º Congresso Brasileiro da Indústria da Comunicação. São eles os diretores das principais empresas brasileiras de jornalismo.

Um resumo do caso diz que o ex-ministro Jobim promoveu em seu escritório de Brasília um encontro entre o ex-presidente da República e o ministro Gilmar Mendes. Mendes saiu se queixando de ter sofrido “pressões” para adiar o julgamento dos 38 acusados no chamado caso “mensalão” e chegou a insinuar uma tentativa de chantagem por parte de Lula da Silva. Mas não levou o caso à Procuradoria Geral da República nem fez uma comunicação oficial aos seus pares da Suprema Corte: foi se queixar à imprensa, mais precisamente à revista Veja, que funciona há sete anos como uma espécie de comitê central da imprensa brasileira para assuntos políticos.

Eleições municipais

Por que razão o ministro Gilmar Mendes preferiu o caminho do escândalo ao da Justiça? Porque sabe que a imprensa lhe daria todo apoio, ainda que ele não pudesse provar sequer que o ex-presidente da República lhe tivesse dado bom-dia. E a partir do barulho da imprensa, se o caso vier a ocupar o plenário do STF, a pressão da mídia funcionaria a seu favor.

O ministro sabe que, radicalizando-se o debate público sobre o processo contra o senador Demóstenes Torres e seu sócio, o bicheiro Carlos Cachoeira, qualquer notícia de relacionamento com esses dois personagens será capaz de manchar reputações cuidadosamente elaboradas. Trata, portanto, de antecipar publicamente que tinha relações com o senador acusado, qualificando-as de meramente protocolares.

Do episódio em si e suas possíveis interpretações, vale tomar emprestada a opinião do jornalista Janio de Freitas, colunista da Folha de S. Paulo, publicada na terça-feira (29/5). Ele pondera que “será sempre por mera preferência pessoal, ainda que de fundo político, a escolha que se faça entre as versões conflitantes de Gilmar Mendes e de Nelson Jobim” para a conversa em questão.

Também é válida a estranheza do articulista para o fato de o ministro do Supremo ter esperado um mês, depois do relatado encontro, para se tomar de indignação e procurar a revista Veja e fazer a denúncia.

A honra do ministro esperou até surgirem especulações sobre a viagem que fez da Alemanha para o Brasil em companhia de Demóstenes Torres. Se sua motivação, como insinua o jornalista, pode ter sido influenciar nas eleições municipais deste ano, o tiro pode dar na água, a julgar pela pouca relevância que o público parece dar ao acontecimento, apesar do grande esforço que faz a imprensa para torná-lo importante.

Cada um escolhe um lado

Porém, se há – como costuma haver – uma motivação política por trás de todo esse barulho, o objetivo do escândalo não pode ser simplesmente reduzir a influência do ex-presidente da República nas eleições municipais.

As manifestações de parlamentares oposicionistas e de colunistas que não dissimulam suas vinculações partidárias indicam que o alvo da campanha é mais ambicioso: promover a inelegibilidade do próprio Lula para o caso de ele decidir concorrer de novo à Presidência da República, em 2014.

Um processo iniciado agora e misturado ao caso “mensalão” poderia ganhar tamanha complexidade daqui a dois anos que tal hipótese deixaria o campo do absurdo.

Especulações à parte, na terça-feira (29) os jornais registram uma versão mais amena da conversa: segundo o ministro Gilmar Mendes, aquilo que era uma pressão pelo adiamento do julgamento do “mensalão” em troca de suposta imunidade na CPI Demóstenes-Cachoeira se transformou em mera “insinuação”.

Mais um pouco e as partes estarão convencionando que tudo não passou de um mal-entendido.


Lula e Gilmar Mendes ainda poderão ser vistos novamente, no futuro próximo, em cenas públicas como os mais recentes amigos de infância, mas a imprensa nacional terá dado um passo a mais em seu esforço por desgastar a própria reputação.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... de-freitas
Da Folha de S. Paulo
Além das versões
JANIO DE FREITAS
Por que só passado um mês Gilmar Mendes quis dar à "Veja" sua versão do que Lula lhe teria dito?


Será sempre por mera preferência pessoal, ainda que de fundo político, a escolha que se faça entre as versões conflitantes de Gilmar Mendes e de Nelson Jobim para a conversa de Lula com o ministro do Supremo Tribunal Federal, que o acusa de tentar pressioná-lo para não apoiar o julgamento do mensalão antes das eleições. O que Jobim, única testemunha do encontro, nega.

Versão contra versão, de duas pessoas com o mesmo grau de confiabilidade. Mas o impasse não evita uma outra questão importante em vários sentidos.

O encontro, no escritório de Nelson Jobim, foi em 26 de abril. Por que só passado um mês Gilmar Mendes quis dar à "Veja" sua versão do que Lula lhe teria dito?

A hipótese plausível é a de lançar a granada o mais próximo possível das eleições, mas não tanto que tornasse óbvia a intenção.

Pode haver outras hipóteses, não formuláveis, porém, porque só poderiam decorrer de motivos (ainda) misteriosos.

Também não há hipótese plausível para o encontro com Gilmar Mendes, pedido por Lula a Nelson Jobim, senão o de obter a simpatia do ministro do STF para o julgamento mais tarde, contra as fortes pressões para apressá-lo.

Neste caso, a ideia do encontro seria uma falha desastrosa da sensibilidade de Lula.

Vêm lá da relação com Collor e seu governo, até como seu defensor na sessão do Senado para o impeachment, as evidências do convívio áspero de Gilmar Mendes com a existência do PT. E, na origem dessa posição ou por extensão dela, com Lula.

Foram inúmeras as manifestações de Gilmar Mendes hostis ao governo Lula. Por mais de uma vez, chegou a dizer, no seu estilo exaltado, que vivíamos então em "um Estado policial".

Se não no trato jurídico, nas atitudes pessoais Gilmar Mendes deu todas as indicações de que seria a última pessoa a quem Lula poderia levar uma proposta de índole política. E de conveniência sua e do PT nas eleições. Em São Paulo, sobretudo.


Lula foi movido por propósitos políticos, portanto, na versão divulgada por seu interlocutor. E Gilmar Mendes, que propósitos o moveram, se não foram políticos, para lançar sua granada 30 dias depois de a ter recebido, segundo sua versão? E quando o assunto da antecipação do julgamento já estava bastante esvaziado.

Tanto por Lula não haver procurado outros ministros do STF, como alguns disseram, quanto pelo avanço, dentro e fora do Supremo, da disposição de apressar a entrada do mensalão na pauta do tribunal.

Na versão de Gilmar Mendes, Lula teria "insinuado" uma espécie de troca: o apoio ao julgamento pós-eleições e, da sua parte, a proteção na CPI do Cachoeira contra o assunto de uma estada do ministro do Supremo com Demóstenes Torres na Alemanha.

Aí já seria outro capítulo.

Para a CPI declarada sujeita a manipulação, para Lula pela imoralidade da troca proposta, e para Gilmar Mendes posto sob suspeições. Tudo, porém, se perde no impasse da versões conflitantes e inconfirmáveis, ambas.

http://www.blogdacidadania.com.br/2012/ ... or-gilmar/
A “vacina” do doutor Gilmar
Eudardo Guimarães

 
Fiquei sabendo da última da dupla Veja/Gilmar Mendes na tarde de sábado, durante o 3º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que ocorreu no fim de semana em Salvador. O assunto foi muito discutido pelos blogueiros. E caso alguém esteja chegando agora de Marte e não saiba do que se trata, aí vai um breve relato.

Veja publicou mais uma daquelas “denúncias” baseadas em grampos sem áudio e declarações sem provas. Parece até surpreendente pela ousadia, mas não é. Para falar a verdade, é tudo até bem banal.

Segundo a revista, Gilmar Mendes teria encontrado Lula “casualmente” no escritório de Nelson Jobim e, então, o ex-presidente teria tentado chantagear o ministro do STF para que “aliviasse” para os envolvidos no inquérito do mensalão, que será julgado proximamente. Teria ameaçado o magistrado com os indícios de envolvimento seu com Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira.

O colunista de O Globo Jorge Moreno, no mesmo sábado da chegada de Veja às bancas, fez contato com Jobim, que negou tudo. E, claro, esse colunista que vive pedindo desculpas públicas aos chefes por matérias que os desagradam conclui o relato do desmentido de Jobim bem ao estilo de O Globo, insinuando que “sentiu”, pela voz do entrevistado, que ele mentiu para encobrir Lula.

Em conversas com outros blogueiros em Salvador, especulamos muito sobre o que pode ter levado  Veja a publicar matéria tão fraca, apesar do suposto endosso de Mendes à acusação da revista. Particularmente, fiquei com a pulga atrás da orelha. Seria Veja tão idiota? Estaria tão “desesperada”, como muitos acham que está? Desespero algum. Veja faz essas coisas como se estivesse escovando os dentes.

Primeiro, não nos esqueçamos de uma coisa: a história do grampo sem áudio, protagonizada por Mendes e Demóstenes Torres, derrubou Paulo Lacerda, um dos policiais mais respeitados do país. Ou seja: uma história sem pé nem cabeça, que jamais foi provada, produziu uma das maiores injustiças da era Lula e uma longa investigação (inútil, porque não encontrou nada) da Polícia Federal.

Diante de fatos assim, percebemos que uma empresa de comunicação conseguiu manipular a República sem maior esforço. E por que? Simplesmente porque tinha uma autoridade do porte de um ministro do Supremo a respaldá-la. Assim, a investigação mostrou que jamais existiu grampo algum e tudo ficou por isso mesmo.

Ou seja: não chega a ser surpreendente o que acaba de acontecer.

Diante do desabamento iminente da história de Mendes/Veja, decorrente do desmentido de Jobim, as forças que a produziram saíram logo com um boato que estão fazendo circular na internet, de que o ministro do STF teria gravado a suposta tentativa de Lula de chantageá-lo.

Se existisse isso, teríamos que concluir que Lula enlouqueceu com o tratamento contra o câncer. Com tantos ministros do STF que nomeou, por que iria se preocupar em cometer um crime chantageando um adversário? Estamos falando de Lula, do homem que nomeou procuradores-gerais da República que atacaram seu grupo político sem dó nem piedade.

Então vamos lá: o que direi agora não é uma opinião, mas um fato que logo irá se comprovar. As gravações da Polícia Federal que geraram a CPI do Cachoeira envolvem Mendes até o pescoço. E não só a ele. Envolvem Veja, envolvem Globo (como mostra reportagem de Leandro Fortes na Carta Capital deste fim de semana) e outros grandes veículos. E junho será o mês dessas revelações.

Para que se tenha uma idéia, há dezenas de gigabites de gravações, vídeos e áudios da PF que ainda não foram transcritos, que estão em estado bruto, e que agora chegam à CPI. Fontes fidedignas garantem que o que existe ali é dinamite pura. Tanto que a Globo, segundo a Carta Capital, teria procurado Michel Temer para mandar um recado a Dilma: a mídia não pode ser investigada. Senão…

Senão o quê? O que a mídia poderia fazer além do que fez em 2005 e 2006, durante o escândalo do mensalão? Forjaria uma gravação que, após periciada e considerada falsa pelos peritos, a mídia diria não poder endossar ou negar como fez com a ficha policial falsa de Dilma que a Folha de São Paulo publicou na primeira página? Faria, sim.

O que vem agora, pois, é que é apenas opinião do blogueiro: a iniciativa da mídia e de Gilmar Mendes foi tentativa de criar uma vacina contra o que virá à tona, para que possam dizer que tudo decorre de “vingança” de Lula pela denúncia do ministro do STF e da revista contra si.

Veja a manipulação, leitor: o site Consultor Jurídico pediu ao ministro Celso de Melo, do STF, que analisasse a hipótese de Lula ter realmente feito o que Veja e Mendes dizem que fez. O que se esperaria que ele dissesse, que não haveria nada demais? Claro que não. Diria que, sendo verdade, seria um crime. E o que faz a mídia? Divulga a entrevista como se Melo estivesse condenando Lula, apesar de só estar falando sobre mera hipótese.

Manipulação pura e simples dos fatos pela mídia não é novidade para ninguém. E essa de agora é só mais uma, que servirá como estratégia diversionista, ou seja, para tirar o foco da CPI e intimidar seus membros.

Todavia, podem escrever aí: essa jogada só tornará inevitável a convocação de Policarpo Júnior ou até de Roberto Civita pela CPI. E mais: irá quebrar resistências da base governista, notadamente no PMDB, que, agora, foi diretamente atacado com a tentativa de colocarem Jobim e Lula no mesmo balaio.

A matéria da Veja enterrou de vez uma possibilidade que jamais existiu, de ser produzido um arreglo entre governo e oposição para a CPI terminar em pizza. E essa matéria é a prova definitiva de que a mídia e Mendes concluíram que o PT e aliados estavam dispostos a levar o processo até o fim. Por isso fizeram ataque desse porte.

http://www.ocafezinho.com/2012/05/28/co ... -a-infamia
Miguel do Rosário: Versões impressas de Globo e Estadão omitem que Jobim negou chantagem de Lula
publicado em 28 de maio de 2012 às 10:41
por Miguel do Rosário, em O Cafezinho, sugestão de Adriano Rattes


Vamos direto às novidades do escândalo Gilmar-Lula. Para quem não sabe do que se trata, sugiro dar um giro por outros posts do blog depois voltar aqui.

O Globo simplesmente – e inacreditavelmente – escondeu Nelson Jobim. Logo ele, orgulho da mídia de oposição por sua orgulhosa e bem sucedida independência. Mesmo antipetista e mais ligado ao PSDB do que ao governo, Jobim conseguiu ser ministro de Lula e Dilma. Aliás, foi ministro justamente por essa característica. Ele era uma espécie de ponte entre o tucanato midiático e o governo. Durante o chamado “caos aéreo”, Lula nomeou Jobim para acalmar setores apavorados da classe média. Deu certo. Jobim deu meia dúzia de declarações em tom chauvinista e terminou a crise. Foi demitido em 2011 por Dilma Rousseff após começar a dar entrevistas dizendo que votara em José Serra.

Recentemente, Jobim voltou a ganhar destaque nos jornais por sua intervenção num evento do PMDB, no qual advogou que o partido assuma posições independentes do PT.

Ou seja, Jobim tem tudo para ser um queridinho da grande mídia.

Pois mesmo assim, O Globo impresso de hoje não dá a informação de que Jobim declarou, a um jornalista da própria empresa, Jorge Bastos Moreno, que a reportagem da Veja é inverídica, de que Lula não pressionou Gilmar Mendes a adiar o processo do mensalão, e que os dois não ficaram sozinhos.

Ao invés disso, o Globo traz matéria, estranhamente assinada pelo próprio Moreno (no site, ainda mais bizarramente, a matéria vem anônima), na qual o encontro entre Lula e Jobim é reconstruído através de um curioso método:

Convém esclarecer, também, que tudo isso e o que se segue foram reconstruídos seguindo os rastros das conversas que o ministro Gilmar Mendes passou a ter com vários interlocutores sobre o ocorrido.

Por que a versão impressa do Globo não publicou a entrevista de Jobim ao blog do Moreno, a única que de fato trazia novidades? Por que exigiu que Moreno escrevesse uma matéria contradizendo a própria fonte, e baseado em “rastros de conversas”?

Bem, a resposta é fácil. Basta ler a coluna de Noblat, publicada no mesmo dia. Ou conferir a incrível manipulação do jornal a partir de uma entrevista de Celso de Mello ao site Consultor Jurídico, notoriamente ligado a Gilmar Mendes.

O Conjur entrevistou Celso de Melloneste domingo, antes que Mello tomasse conhecimento de que a única testemunha da conversa entre Mendes e Lula havia negado veementemente seu conteúdo. Mello respondeu a partir de uma hipótese.

Mello deixa, porém, bem claro o condicionante de sua frase: “a conduta do ex-presidente da República, se confirmada, constituirá lamentável expressão de grave desconhecimento das instituições republicanas.”

A postura de Mello, de qualquer forma, nos lembra a lamentável influência que a Veja e órgãos da grande mídia ainda exercem sobre o espírito de magistrados. Esperemos que o ministro, vendo que sua fala foi manipulada, e constatando que a informação na qual se baseou estava equivocada, reflita sobre os danos que, apesar de involuntariamente, causou à estabilidade política, o que constitui uma irresponsabilidade e uma infração ética de sua missão como juiz da corte superior. Diante do histórico da revista, Mello deveria ter pedido tempo para se informar melhor. É absurdo que os ministros do Supremo ainda sejam manipulados tão facilmente.

Pois é, excelentíssimo Mello: a notícia não foi confirmada. Lula e a única testemunha, Nelson Jobim, negaram o teor da conversa. São dois contra um. O Conjur, ao menos, informa, ao final do texto, que Jobim rechaçou a matéria da Veja. O Globo, ao invés disso, optou pela seguinte chamada na capa (observe o subtítulo):

Imagem

Além de pedir o “impeachment” de Lula na capa, o Globo dá o seguinte título à matéria (onde não informa, repito, que Jobim negou o conteúdo da conversa, nem que Mello falava hipoteticamente):

Imagem

À Folha, o ex-ministro, além de negar a conversa, acrescentou uma informação nova (para assinantes do UOL):

O ex-ministro se diz surpreso também com o relato de que Gilmar teria ficado perplexo com a conversa.“Lula saiu antes dele e não houve indignação nenhuma do Gilmar. Isso só apareceu agora na revista”, argumenta Nelson Jobim.

Quem deu o furo sobre  a negativa de Jobim foi o Estadão, em matéria destemida. Uso o adjetivo destemida para diferenciá-la daquela escrita por Jorge Bastos Moreno (a primeira, com fatos; não a segunda, com “rastros de conversa”), repleta daquela covardia travestida de ironia, na qual ele procura atenuar a negativa, firme, do ex-ministro com a ridícula insinuação de que ele estaria com “voz estranha”.

Pena que o destemor do Estadão tenha se limitado a sua editoria virtual. A negativa de Jobim não consta da versão impressa.

É realmente incrível que, num caso dessa gravidade, os editores neguem ao leitor, na maior cara dura, uma informação fundamental para se entender a história em sua plenitude. E isso em tempos de internet, quando a grande maioria do público interessado no tema perceberá a manobra. Não precisavam acreditar em Jobim, mas bloquear a informação?

Voltando ao Globo, a coluna do Noblat aborda o caso igualmente sem uma mísera menção à negação de Jobim ou Lula. Discorre sobre caso baseando-se exclusivamente no relato de Jobim à Veja. O início é de um desrespeito estarrecedor:
 
Imagem

Repare na citação sobre Dirceu, provavelmente mais uma invencionice. Há uma só palavra citada: “deseperado”, o resto são colchetes e parênteses. A palavra parece dizer mais sobre o estado de espírito do jornal do que do ex-deputado.

A baixeza de Noblat parece não ter limites. Iniciar uma análise atribuindo a postura de Lula ao efeito dos remédios contra o câncer me parece, este sim, um recurso desesperado.

Observe a afirmação: “Para chegar bem ao seu final, a CPI terá que dar em nada”. Noblat vocaliza a enésima ameaça da mídia à CPI. E mais uma vez atribui sua criação exclusivamente ao presidente Lula, quando ela foi criada a partir da assinatura de mais de 400 deputados e senadores.

Por essas e outras razões, os parlamentares não podem se acovardar perante a mídia,  e sobretudo jamais esquecer que o juiz final de sua atitude na CPI não será a mídia, nem a blogosfera, mas a história.

PS: Leia também esse post, com entrevista de Jobim ao Zero Hora, principal jornal do Rio Grande do Sul, onde o ex-ministro diz o seguinte:

ZH – Lula pediu ao ministro Gilmar Mendes o adiamento do julgamento do mensalão?Nelson Jobim – Não. Não houve nenhuma conversa nesse sentido. Eu estava junto, foi no meu escritório, e não houve nenhum diálogo nesse sentido.


http://www.valor.com.br/politica/268260 ... m-encontro
Gilmar Mendes diz que Lula e Jobim tentaram constrangê-lo em encontro

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse ao Valor que, durante o encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que conversaram sobre o mensalão, o ex-ministro da Justiça Nelson Jobim também lhe fez perguntas que poderiam sugerir pressões para atrasar o julgamento do processo. Mendes evitou, no entanto, classificar o episódio como chantagem. O ministro mostrou comprovantes de voos de sua viagem a Berlim, cujo trecho oficial foi pago pelo STF e o restante por ele, e contou que viajou em outras duas ocasiões em aviões oferecidos pelo senador Demóstenes Torres (sem partido, GO), com quem disse ter relações "funcionais". Em entrevista coletiva mais cedo, Mendes afirmou que Lula estaria funcionando como uma "central de divulgação" de boatos contra ele e que insinuações falsas envolvendo seu nome seriam "coisa de bandido".

Valor: Há uma versão de que o senhor teria feito uma defesa antecipada ao relatar a conversa com Lula, para evitar o surgimento de fatos novos na CPI.

Gilmar Mendes: Não, eu estou revelando isso já há algum tempo. Revelei no dia que saí de lá. Revelei ao Agripino Maia, e no dia seguinte ao Sigmaringa Seixas, que teria informado a [presidente] Dilma [Rousseff]. Eu falei inclusive com jornalistas que vieram me contar que o presidente Lula estava divulgando essas notícias.

Valor: O senhor não temeu que Lula e Jobim negassem essa versão?

Mendes: Isso não tem a menor relevância.

Valor: O senhor quis se antecipar à possível divulgação de áudios relatando conversas com Demóstenes?

Mendes: Não. Claro que o que as pessoas podem dizer... Mas eu só posso ser responsável pelo que faço.

Valor: Por que teriam escolhido o senhor, e não outro ministro, para esse tipo de pressão?

Mendes: Eu tenho a impressão de que alguém concebeu um projeto de trazer o Judiciário para esse mar de corrupção. E imaginaram: "Ele se encontrava com o Demóstenes". Mas eu me encontrava publicamente com o Demóstenes, fui à formatura da mulher dele em Goiânia, mas isso está estampado nos jornais. Ele esteve no aniversário da minha mulher, isso está estampado nas colunas sociais.

Valor: O senhor viajou de São Paulo para Goiânia em avião financiado pelo Cachoeira?

Mendes: Hoje distribuí comprovantes da minha viagem a Berlim. Fui em viagem oficial a Granada e depois, com desdobramento de voos, fui até Praga, e de lá fui de trem pra Berlim. Fui a Praga a passeio, me encontrei com o Demóstenes. Eles estavam indo a Praga, e nós também, no mesmo período de Páscoa, logo depois do evento que tive em Granada. Tem uma conversa do Cachoeira com alguém dizendo que o Demóstenes estava chegando e pedindo um avião, dizendo que ele estava em Berlim com o Gilmar. Mas estou inclusive com os tíquetes e as milhas da TAM do meu voo de Guarulhos pra cá.

Valor: O senhor viajou com o senador Demóstenes em outras ocasiões?

Mendes: Com ele não sei, eu fui a duas ocasiões a convite dele a Goiânia. Uma vez em 2010, com o Jobim e o [ministro do STF Dias] Toffoli, em que o senador colocou a disposição uma aeronave - imagino, de empresas de taxi aéreo. Não me lembro qual era o evento, tivemos um jantar. E uma outra vez para um evento de formatura da Flavinha, a esposa dele, em que fomos Toffoli, eu, [a ministra do Superior Tribunal de Justiça] Fátima Nancy Andrighi. Éramos paraninfos da turma. Isso foi em abril do ano passado, se não me engano com a empresa Voar.
Valor: O senhor tem relação de amizade com Demóstenes Torres?

Mendes: De amigo, não. Temos um relacionamento funcional, normal, uma relação de camaradagem. Tanto é que o senador aparece falando em uma das gravações que ele precisava deixar de ter um encontro em Goiânia com o Cachoeira porque precisava manter proximidade com a gente, ir ao aniversário da minha mulher.

Valor: Petistas sugeriram que o senhor teria tido contato com Roberto Gurgel, para evitar a abertura de inquérito contra Demóstenes Torres...

Mendes: Você consegue imaginar um absurdo maior que esse? Que relação eu tenho para pedir ao procurador-geral que não faça isso? Veja onde essa gente está com a cabeça. É um misto de irresponsabilidade com despreparo. Isso não tem nada a ver com o Supremo, nem chega aqui.

Valor: Haveria uma tentativa de retaliação por parte do ex-diretor da PF Paulo Lacerda, demitido depois que o senhor denunciou grampos em seu gabinete?

Mendes: Não tenho a menor ideia. Lá atrás, um jornalista me disse que setores estavam dizendo que o Paulo Lacerda teria um acerto de contas comigo. Nessa mesma conversa agora, o Lula me perguntou se eu não achava que o grampo tinha sido objeto de alguma articulação, se não era coisa do Cachoeira, do Demóstenes, ou da "Veja". Eu disse: presidente, não posso saber, acredito que não.

Valor: O nome do Paulo Lacerda foi mencionado na conversa?

Mendes: Nessa conversa, Jobim perguntou: e Paulo Lacerda? Agora, as coisas passam a ter sentido.

Valor: Seria uma demonstração de que se tratava de chantagem?

Mendes: Pode ser. Interpretem como quiser.

Valor: Ou seja, que o próprio Jobim participou de uma tentativa de chantagem?

Mendes: Era uma conversa absolutamente normal, nós repassamos vários assuntos. Nós falamos sobre o Supremo, recomposição do Supremo, PEC da Bengala, a má articulação hoje entre o Judiciário e o Executivo. O Jobim participou da conversa inteira. Nesse contexto, cai uma ficha.

Valor: Que ficha caiu, de que seria uma estratégia?

Mendes: Isso é possível, vamos constrangê-lo com Paulo Lacerda. Não sei se é isso.

Roy Kalifa
Forista
Forista
Mensagens: 3840
Registrado em: 25 Mai 2008, 18:37
---
Quantidade de TD's: 128
Ver TD's

Re: "ESSE É O CARA"

#501 Mensagem por Roy Kalifa » 31 Mai 2012, 14:51

Independente de Lula ser o Cara ou não, ele é muito vaidoso e metido.

Por que não vemos o ex presidente FHC batendo boca ou se intrometendo em assuntos que não lhe competem ? Inteligencia e bom senso não lhe faltam.

O Lula governou por 8 anos, "foi bom, foi otimo" ( :doubt: ), mas passou. Chega. Deixa a Dilma seguir o caminho dela. Se ele (Lula) quer tanto voltar, que se canditate em 2014. Por ora, ele é apenas um ex assim como FHC, Color, Itamar etc.
Não lhe cabe marcar encontro com ministros do STF, seja para tratar de qualquer assunto, de governo ou não.
Lula não faz parte deste governo. Qual o seu cargo ? Qual o seu ministério ?
Confesso que já estou saturado com este homem que governa em paralelo o país.
Eu que já nunca gostei dele, estou passando a ter raiva a sua figura.

Gilmor
Forista
Forista
Mensagens: 753
Registrado em: 11 Ago 2011, 23:48
---
Quantidade de TD's: 0
Ver TD's

Re: "ESSE É O CARA"

#502 Mensagem por Gilmor » 31 Mai 2012, 19:46

Roy Kalifa escreveu:Independente de Lula ser o Cara ou não, ele é muito vaidoso e metido.
O Globo plagiou tua observação, previamente.
Para analistas, Lula é movido por vaidade e apreensão

http://oglobo.globo.com/pais/para-anali ... ao-5075059
E os caras chama isso de jornalismo??

Tudo bem o seu Kalifa achar o Lula vaidoso, mas o Globo? Depois não querem ser chamdos de Partido da Imprensa Golpista ( PIG ) Imagem

Roy Kalifa
Forista
Forista
Mensagens: 3840
Registrado em: 25 Mai 2008, 18:37
---
Quantidade de TD's: 128
Ver TD's

Re: "ESSE É O CARA"

#503 Mensagem por Roy Kalifa » 01 Jun 2012, 09:35

Em recente entrevista, Lula disse que não permitirá que o PSDB volte a governar o país.
Será que bateu nele a síndrome do Hugo Chavez ?

Gilmor
Forista
Forista
Mensagens: 753
Registrado em: 11 Ago 2011, 23:48
---
Quantidade de TD's: 0
Ver TD's

Re: "ESSE É O CARA"

#504 Mensagem por Gilmor » 01 Jun 2012, 16:16

Roy Kalifa escreveu:Em recente entrevista, Lula disse que não permitirá que o PSDB volte a governar o país.
Será que bateu nele a síndrome do Hugo Chavez ?
Ele disse que só voltaria a se candidatar se fosse para evitar essa tragédia, que o Brasil voltasse a ser cleptogovernado por cleptotucanos.

A propósito é bom relembrar as diferenças entre PT e PSDB:

Imagem

Imagem

Avatar do usuário
Nazrudin
Forista
Forista
Mensagens: 7313
Registrado em: 22 Mai 2005, 19:50
---
Quantidade de TD's: 441
Ver TD's

Re: "ESSE É O CARA"

#505 Mensagem por Nazrudin » 01 Jun 2012, 18:25

Nazrudin escreveu:O Lula ao chamar o GM estava tentando fazer matemática.
Lacônica a entrevista do Lula no Ratinho, sem falar que indigna de um ex-presidente da República. Tá feia a coisa pro Lula desde que saiu do poder, não está sabendo lidar com isso.

Mais sobre o Lula tentando fazer matemática.

Em uma passagem ele fala sobre o senso de justiça das mães (se referia a Dilma):

- Uma mãe sabe que se tiver só dois bifes, vai dividir um para cada filho e não vai deixar que um filho coma o terceiro bife.

De onde apareceu esse terceiro bife, não eram dois? É o bife da mãe? Nesse caso independe de ser da mãe, do pai, ou quem for, vai é sobrar bifa mesmo.

Esqueçe da matemática Lula.

PAULOSTORY
Forista
Forista
Mensagens: 1742
Registrado em: 22 Set 2008, 01:13
---
Quantidade de TD's: 13
Ver TD's

Re: "ESSE É O CARA"

#506 Mensagem por PAULOSTORY » 02 Jun 2012, 01:28

Nazrudin escreveu:
Nazrudin escreveu:O Lula ao chamar o GM estava tentando fazer matemática.
Lacônica a entrevista do Lula no Ratinho, sem falar que indigna de um ex-presidente da República. Tá feia a coisa pro Lula desde que saiu do poder, não está sabendo lidar com isso.

Mais sobre o Lula tentando fazer matemática.

Em uma passagem ele fala sobre o senso de justiça das mães (se referia a Dilma):

- Uma mãe sabe que se tiver só dois bifes, vai dividir um para cada filho e não vai deixar que um filho coma o terceiro bife.

De onde apareceu esse terceiro bife, não eram dois? É o bife da mãe? Nesse caso independe de ser da mãe, do pai, ou quem for, vai é sobrar bifa mesmo.

Esqueçe da matemática Lula.
DESSE BRILHANTE RACIOCÍNIO MATEMÁTICO, SÓ POSSO CHEGAR A 3 CONCLUSÕES POSSÍVEIS, TODAS MUITO PERTINENTES AO SEU GONERNO, E A SUA PESSOA:


1-A MÃE (ANALOGIA AO GOVERNO DO PT) COME 1 BIFE INTEIRO, E DIVIDE O OUTRO QUE SOBRA PARA O RESTO DA POPULAÇÃO.O 3º BIFE SE DÁ PELO CONHECIMENTO MATEMÁTICO DO LULA: 1 + 1 = 3!!

2- A MÃE (ANALOGIA AO GOVERNO DO PT) COME 1 BIFE, DIVIDE O OUTRO COM O RESTO DA POPULAÇÃO, E NÃO DEIXA A POPULAÇÃO SABER, QUE O PT AINDA GANHOU O 3º BIFE "POR FORA", MUITO MENOS DEIXA A POPULAÇÃO CHEGAR PERTO DESSE BIFE!!

3- O CÂNCER JÁ DEU METÁSTASE NO CÉREBRO, E A MORTE LENTA E DOLOROSA É QUESTÃO DE TEMPO!!

Sempre Alerta
Forista
Forista
Mensagens: 1538
Registrado em: 21 Jul 2005, 14:11
---
Quantidade de TD's: 220
Ver TD's

Re: "ESSE É O CARA"

#507 Mensagem por Sempre Alerta » 05 Jun 2012, 22:54

O dedo do Lula

Emir Sader

A sociedade brasileira teve sempre a discriminação como um dos seus pilares. A escravidão, que desqualificava, ao mesmo tempo, os negros e o trabalho – atividade de uma raça considerada inferior – foi constitutiva do Brasil, como economia, como estratificação social e como ideologia.

Uma sociedade que nunca foi majoritariamente branca, teve sempre como ideologia dominante a da elite branca, Sempre presidiram o país, ocuparam os cargos mais importantes nas FFAA, nos bancos, nos ministérios, na direção das grandes empresas, na mídia, na direção dos clubes – em todos os lugares em que se concentra o poder na sociedade, estiveram sempre os brancos.

A elite paulista representa melhor do que qualquer outro setor, esse ranço racista. Nunca assimilaram a Revoluçao de 30, menos ainda o governo do Getúlio. Foram derrotados sistematicamente pelo Getulio e pelos candidatos que ele apoiou. Atribuíam essa derrota aos “marmiteiros”- expressão depreciativa que a direita tinha para os trabalhadores, uma forma explicita de preconceito de classe.

A ideologia separatista de 1932 – que considerava São Paulo “a locomotiva da nação”, o setor dinâmico e trabalhador, que arrastava os vagões preguiçosos e atrasados dos outros estados – nunca deixou de ser o sentimento dominante da elite paulista em relação ao resto do Brasil. Os trabalhadores imigrantes, que construíram a riqueza de Sao Paulo, eram todos “baianos” ou “cabeças chatas”, trabalhadores que sobreviviam morando nas construções – como o personagem que comia gilete, da música do Vinicius e do Carlos Lira, cantada pelo Ari Toledo, com o sugestivo nome de pau-de-arara, outra denominação para os imigrantes nordestinos em Sao Paulo.

A elite paulista foi protagonista essencial nas marchas das senhoras com a igreja e a mídia, que prepararam o clima para o golpe militar e o apoiaram, incluindo o mesmo tipo de campanha de 1932, com doações de joias e outros bens para a “salvação do Brasil”- de que os militares da ditadura eram os agentes salvadores.

Terminada a ditadura, tiveram que conviver com o Lula como líder popular e o Partido dos Trabalhadores, para o qual canalizaram seu ódio de classe e seu racismo. Lula é o personagem preferencial desses sentimentos, porque sintetiza os aspectos que a elite paulista mais detesta: nordestino, não branco, operário, esquerdista, líder popular.

Não bastasse sua imagem de nordestino, de trabalhador, sua linguagem, seu caráter, está sua mão: Lula perdeu um dedo não em um jet-sky, mas na máquina, como operário metalúrgico, em um dos tantos acidentes de trabalho cotidianos, produto da super exploração dos trabalhadores. O dedo de uma mão de operário, acostumado a produzir, a trabalhar na máquina, a viver do seu próprio trabalho, a lutar, a resistir, a organizar os trabalhadores, a batalhar por seus interesses. Está inscrito no corpo do Lula, nos seus gestos, nas suas mãos, sua origem de classe. É insuportável para o racismo da elite paulista.

Essa elite racista teve que conviver com o sucesso dos governos Lula, depois do fracasso do seu queridinho – FHC, que saiu enxotado da presidência – e da sua sucessora, a Dilma. Tem que conviver com a ascensão social dos trabalhadores, dos nordestinos, dos não brancos, da vitória da esquerda, do PT, do Lula, do povo.

O ódio a Lula é um ódio de classe, vem do profundo da burguesia paulista e de setores de classe média que assumem os valores dessa burguesia. O anti-petismo é expressão disso. Os tucanos são sua representação política.
Da discriminação, do racismo, do pânico diante das ascensão das classes populares, do seu desalojo da direção do Estado, que sempre tinham exercido sem contrapontos. Os Cansei, a mídia paulista, os moradores dos Jardins, os adeptos do FHC, do Serra, do Gilmar, dos otavinhos – derrotados, desesperados, racistas, decadentes.

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... ost_id=999

Locador
Forista
Forista
Mensagens: 53
Registrado em: 01 Dez 2006, 11:52
---
Quantidade de TD's: 8
Ver TD's

Re: "ESSE É O CARA"

#508 Mensagem por Locador » 06 Jun 2012, 21:06

Entendi: quem não gosta do Lula é mau , preconceituoso, vagabundo, paulista e milionário.

Bom, não sou os dois últimos.

Compson
Forista
Forista
Mensagens: 6415
Registrado em: 21 Nov 2003, 18:29
---
Quantidade de TD's: 135
Ver TD's

Re: "ESSE É O CARA"

#509 Mensagem por Compson » 06 Jun 2012, 22:06

Lula fez 3 cagadas este ano: empurrar Haddad com um trator sobre o PT paulistano, tomar cafezinho com o Gilmar Mendes e apoiar a CPI do Cachoeira...

Dilma fez inúmeras cagadas no último ano e meio (a única coisa totalmente certa foi vetar parcialmenteo código florestal).

Acho que Lula é muito melhor na presidência e Dilma é muito melhor fora dela, sugiro uma troca!

Avatar do usuário
Nazrudin
Forista
Forista
Mensagens: 7313
Registrado em: 22 Mai 2005, 19:50
---
Quantidade de TD's: 441
Ver TD's

Re: "ESSE É O CARA"

#510 Mensagem por Nazrudin » 06 Jun 2012, 22:27

Compson escreveu:Lula fez 3 cagadas este ano: empurrar Haddad com um trator sobre o PT paulistano, tomar cafezinho com o Gilmar Mendes e apoiar a CPI do Cachoeira...

Dilma fez inúmeras cagadas no último ano e meio (a única coisa totalmente certa foi vetar parcialmenteo código florestal).

Acho que Lula é muito melhor na presidência e Dilma é muito melhor fora dela, sugiro uma troca!
Sugiro que a Dilma e o Lula vão de trator tomar cafezinho na cachoeira para comemorar o Novo Código Florestal e o curupira suma com os dois.

Responder

Voltar para “Assuntos Gerais - OFF Topic - Temas variados”