Alunos da USP em conflito com a PM

Espaço destinado a conversar sobre tudo.

Regras do fórum
Responder

Resumo dos Test Drives

FILTRAR: Neutros: 0 Positivos: 0 Negativos: 0 Pisada na Bola: 0 Lista por Data Lista por Faixa de Preço
Faixa de Preço:R$ 0
Anal:Sim 0Não 0
Oral Sem:Sim 0Não 0
Beija:Sim 0Não 0
OBS: Informação baseada nos relatos dos usuários do fórum. Não há garantia nenhuma que as informações sejam corretas ou verdadeiras.
Mensagem
Autor
Compson
Forista
Forista
Mensagens: 6415
Registrado em: 21 Nov 2003, 18:29
---
Quantidade de TD's: 135
Ver TD's

Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#211 Mensagem por Compson » 02 Dez 2011, 20:54

oGuto escreveu:
Tratando-se de prédio destinado à Administração da Moradia Estudantil, em princípio, os únicos prejudicados pela paralisação dos serviços seriam os moradores, ou seja, os próprios estudantes que, por meio de sua entidade representativa, mantêm a ocupação.Não se vislumbra prejuízo a qualquer atividade acadêmica ou, mais ainda, a qualquer serviço prestado à população em geral.Portanto, no caso específico, não vislumbro periculum in mora que justifique a concessão da liminar. Ressalto, pelos motivos acima expostos, que solução diversa poderá ocorrer se houver a ocupação de outros prédios públicos, como aventado no penúltimo parágrafo de fls. 05.
"Poderá ocorrer", não "ocorrerá"...

Ainda assim, há de se considerar a essencialidade pública dos serviços da reitoria... O juiz pode ter deixado essa porta de saída caso os estudantes ocupassem um Hospital Universitário ou algo assim.

E, mesmo que sejam considerados absolutamente essenciais, o próprio juiz respondeu, mas nesse caso a culpa foi minha, pois coincidiu exatamente com um trecho omitido (na hora, considerei irrelevante, pois não achava que meus interlocutores fossem devotados a tais minúcias ditas "femininas"em outra ocasião). O trecho segue-se imediatamente à citação do juiz de Campinas:
Juiz Falastrão escreveu:Referindo-se, ainda, para o indeferimento da liminar requerida, à ausência de prejuízo para a sociedade em geral pela descontinuidade dos serviços realizados pela Administração da Universidade, o que, no caso da USP sequer ocorreu pois os serviços da Reitoria estavam sendo realizados em prédio diverso.
De fato, o reitor mudara a reitoria para o prédio chamado "Antiga Reitoria" ("antiga", pois a reitoria havia mudado para um prédio do CRUSP, mas uma das primeiras medidas de Rodas foi desfazer a mudança), que então abrigava o IEA (Instituto de Estudos Avançados), de modo que ele sequer frequentava o prédio ocupado, tendo este significação meramente simbólica.

E, muito embora ainda, tais informações não se encontram no Google, ainda considero este uma ferramenta de informação mais eficaz que a Folha de São Paulo.

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#212 Mensagem por Carnage » 08 Dez 2011, 21:20

http://www.viomundo.com.br/denuncias/an ... lista.html
Antropólogo da USP é espancado por PM na avenida Paulista

por Conceição Lemes

Danilo Paiva Ramos é antropólogo e estudante de pós-graduação da USP. Domingo à noite, ele voltava para casa, após assistir ao jogo Corinthians vs. Palmeiras, quando foi espancado na avenida Paulista por um PM. Como é frequente nas repressões feitas pela PM, ele não tinha o nome identificado na farda.

Danilo mostrou-o ao policial 3 Sgt LUIZ, perguntando-lhe quem era o agressor. 3 SgT LUIZ disse que não conhecia o PM, que continuava a espancar e a coagir as pessoas na frente de todos.

“Ao sair da estação do metrô Trianon-Masp, parei durante 5 minutos para ver a festa que um grupo fazia na calçada. Foi quando um cordão de policiais formou-se atrás de mim sem que eu percebesse. Quando virei o corpo, já comecei a receber os primeiros golpes”, denuncia o antropólogo Danilo Paiva Ramos. “Em função do modo como fui espancado, resolvi fazer um BO e um relato do que aconteceu, para que, de alguma forma, contribuam para a sociedade refletir como a polícia vem agindo contra as pessoas de uma forma geral.”

Segue o relato de Danilo, que nos foi enviado por Daniel Santos Garroux e Ricardo Maciel, respectivamente, aluno de pós-graduação e candidato a mestrado na USP.

“A Paulista precisa dormir”

por Danilo Paiva Ramos


Na noite de ontem, o que mais me aterrorizou enquanto era espancado por um PM não identificado na Avenida Paulista não foi a violência dos golpes cada vez mais fortes em minha mão e barriga. “Cuzão!”, “Seu merda!”, “Filho da puta!”, “Quer ser espancado de verdade?” eram as palavras que acompanhavam as pancadas que eu ia recebendo sem ter como me defender. Mas também não foram as ameaças ou as ofensas que mais me aterrorizaram ontem. O que mais me assombrou foi perceber, enquanto era espancado, o sorriso e o olhar do policial que mostravam um prazer maior a cada bofetada. A cada pancada meu medo aumentava. E foi com espanto que vi o prazer e ódio que cresciam nos rostos dos policiais à medida que investiam contra qualquer pessoa que, naquele momento, estivesse com uma camiseta do Corinthians comemorando na calçada, pacificamente, a vitória do campeonato. Indignado, sem saber por que apanhava, perguntei o nome de meu agressor. Mais ofensas e ameaças seguiram-se enquanto ele erguia novamente sua arma contra mim. Afastando-me, perguntei por que me batia. Ele, então, respondeu: “As pessoas da Paulista precisam dormir”.

Essa talvez fosse a fala de um “camisa negra”, grupo fascista que, na Itália, perseguia os operários que faziam greve. Ou talvez a fala de um policial da ditadura que investisse contra estudantes que lutavam pela democracia. Mas estranhei muito que o motivo da violência com que acabaram com a “festa da vitória” que um grupo de pessoas fazia por volta das 23hs na calçada da Paulista fosse o sono dos edifícios de bancos e empresas. Ainda sendo coagido pelos policiais, fui conversar com o sargento que liderava o grupo. Comuniquei a ele que havia sido espancado por um de seus policiais e que queria saber a razão disso e o nome de meu agressor. Ele pediu que eu apontasse o oficial. Identifiquei-o. O 3 Sgt LUIZ disse que não conhecia o policial que continuava a espancar e a coagir as pessoas.

Memorizei a identificação do sargento Luiz e fui a uma delegacia próxima à minha casa. Quando contei ao delegado minha intenção de fazer um boletim de ocorrência, B.O., por ter sido espancado por um PM, ele alterou seu tom de voz. Falando alto e gesticulando fortemente, afirmou que um policial “não batia por nada” e perguntava repetidamente o que eu tinha feito. “Nada, não fiz nada! Estava voltando para casa. Saí do metro Trianon-Masp, após assistir ao jogo com meus amigos, parei durante 5 minutos para ver a festa que o grupo fazia na calçada. Estava um pouco longe do grupo. Um cordão de policiais formou-se atrás de mim sem que eu percebesse. Quando virei meu corpo, já recebi os primeiros golpes. Não fiz nada”. Vítima, machucado e apavorado, tive que perguntar ao delegado se esse era o modo de tratar as vítimas em sua delegacia. Afirmei que iria a outra D.P. fazer minha ocorrência, já que naquela não me sentia seguro. Somente, então, o delegado começou a tratar-me como vítima. Registrei a queixa, fiz exame de corpo de delito e aguardo que consigam identificar o sargento e meu agressor. Por sugestão do delegado, irei à corregedoria da polícia militar para fazer uma queixa.

Antropólogo, pesquisador da USP, venho acompanhando a violência, o prazer e a liberdade com que policiais, soldados e autoridades “competentes” restabelecem a “ordem” na Universidade, na avenida Paulista ou na Amazônia, onde realizo meu trabalho com um povo indígena. Espancar, ofender, perseguir, rir, ameaçar parecem ser modos cada vez mais rotineiros das autoridades que aplicam a coerção física do Estado em estudantes, torcedores, índios, professores, trabalhadores etc. O prazer que vi no rosto de meu agressor me aterrorizou. A dificuldade de identificar meu agressor — causada pela falta de distintivo, pela atitude do sargento que disse não conhecer seus soldados, pelo comportamento do delegado que insistiu que eu devia ter provocado ou pela dificuldade de saber de qual batalhão eram os PMs que atuavam na Paulista àquela hora — me assombra. O riso e o prazer de meu agressor iniciam-se no motivo banal da “Paulista que precisa dormir” e terminam na saciação do sadismo com que golpeava meu corpo que, naquele momento, por acaso — apenas por acaso —, era o corpo de um torcedor corintiano.

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#213 Mensagem por Carnage » 08 Dez 2011, 21:30

http://terramagazine.terra.com.br/inter ... racia.html
VEJA quer calar a democracia

Marcelo Semer
De São Paulo


Tolice suprema, coleção formidável de bobagens, condoreirismo cafona.

Com esses e outros adjetivos ainda piores, o jornalista Reinaldo Azevedo iniciou, em seu blog, uma onda de ataques da revista VEJA à Associação Juízes para a Democracia (AJD).

Nos posts que buscavam detonar a associação por uma nota crítica à ação da Polícia Militar na USP, sobrou até para os educadores que seguem Paulo Freire: "idiotas brasileiros e cretinos semelhantes mundo afora".

O nível do artigo já se responde por conta própria.

Todavia, na edição impressa que veio às bancas no sábado último, o editor-executivo da revista subscreveu um texto que, sem qualquer constrangimento ou escrúpulo político, comparou a associação a um tribunal nazista.

O descompromisso com a razão nem é o que mais ressalta no artigo -a foto gigantesca de pupilos de Hitler, fora de tom ou propósito, só se explica como um ato falho. No artigo, Carlos Graieb utiliza expressões que se encaixariam perfeitamente no ideário nazista: propõe dissolver a associação "política" ou impedir que seus membros usem a toga.

Reinaldo Azevedo, com ainda menos pruridos no mundo virtual, explicitou, numa ação que evoca o macarthismo, os nomes de todos os diretores, representantes e membros de conselhos da entidade, alertando leitores para que jamais aceitem ser julgados por estes juízes.

Que competência ou legitimidade para a posição soi-disant de corregedor ele tem não se sabe. Mas seus seguidores foram instados a identificar os juízes associados pelo próprio colunista, que deu status de artigo a mensagem de um advogado falando do desembargador 'liberal' apreciador de samba.

VEJA está aturdida e indignada com a afirmação de que existe direito além da lei. Os nazistas também ficavam, porque as barbáries escritas no período mais negro da história da humanidade eram legais. Jamais deixaram de ser barbáries por causa disso.

A prevalência dos princípios constitucionais é o que propunha, sem grandes novidades, a nota da Associação Juízes para a Democracia. Se juízes não podem fazê-lo em um estado democrático de direito, na tutela da Constituição que prometeram defender, algo definitivamente está errado.

Mesmo para quem conhece a linha editorial de VEJA, cuja partidarização na política é sobejamente criticada, espanta que o interesse em calar quem pensa de outra forma, parta justamente de um órgão de imprensa.

Que a falta de pluralismo de suas páginas já fosse, por assim dizer, um oblíquo atentado à liberdade de expressão, o explícito intuito de extirpar opiniões contrárias não deixa de ser aterrorizador. Sob esse prisma, lembrar o nazismo não é mais do que medir o outro com a própria régua.

A Associação Juízes para a Democracia tem vinte anos de serviços prestados ao debate institucional na magistratura e fora dela - e eu me orgulho de fazer parte dessa história quase por inteiro.

A AJD tem entre seus objetivos o respeito incondicional ao estado democrático de direito e jamais deixou de denunciar quando este se fez ameaçado. Bate-se sem cessar pela independência judicial e é militante na consideração do juiz como um garantidor de direitos.

A promoção permanente dos direitos humanos, compartilhada com inúmeras outras entidades da sociedade civil, sempre incomodou aos que se candidatam a porta-voz dos poderosos. Mas recusamos o propósito de quem quer fazer da democracia apenas uma promessa vazia.

A associação nunca se opôs a criticar o elitismo no próprio Judiciário, nem temeu se mostrar favorável à criação de um órgão para exercer o controle externo. Tudo por entender que desempenhamos, sobretudo, um serviço essencial ao público - o que levou a AJD a participar da Reforma do Judiciário propondo, entre outros temas, o fim das sessões secretas e das férias coletivas.

Anticorporativista, a associação jamais defendeu valores em benefícios próprios, o que pode ser incompreensível em certos ambientes. Recentemente, bateu-se pela legalidade da instauração de processos administrativos contra juízes pelo Conselho Nacional de Justiça, na contramão de interesses de classe.

Em vinte anos, seus membros têm sido convidados a participar de vários debates no Poder Judiciário, no Congresso Nacional e também na mídia.

O exercício contínuo da liberdade de expressão, que fascistas de todo o gênero sempre pretenderam mutilar, não vai ceder ao intuito de quem pretende impor sua visão e seus conceitos como únicos.

VEJA não está em condições de ensinar estado de direito, se desprestigia a liberdade de expressão.


Marcelo Semer é Juiz de Direito em São Paulo. Foi presidente da Associação Juízes para a Democracia. Coordenador de "Direitos Humanos: essência do Direito do Trabalho" (LTr) e autor de "Crime Impossível" (Malheiros) e do romance "Certas Canções" (7 Letras). Responsável pelo Blog Sem Juízo.

oGuto
Forista
Forista
Mensagens: 2193
Registrado em: 08 Mai 2009, 02:32
---
Quantidade de TD's: 5
Ver TD's

Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#214 Mensagem por oGuto » 08 Dez 2011, 23:24

O caldo está fervendo sobre esse assunto postado pelo Carnage.
Aos que se interessarem em ouvir o “outro lado”, o que é essencial para o entendimento de toda essa celeuma, sugiro darem uma olhada no blog do Reinaldo Azevedo:
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/ ... emocracia/
Eu, pessoalmente, tenho muita curiosidade em saber qual será o desenrolar dessa discussão.
Principalmente quanto à posição dos demais juízes de Direito, o que acabaria por demonstrar qual o peso dessa corrente de pensamento dentro da Magistratura.
Como cidadão, penso que é sempre temerário que os ventos possam soprar em tantas direções dentro desse caldeirão de egos movidos a soberba que compõem o nosso Judiciário

Compson
Forista
Forista
Mensagens: 6415
Registrado em: 21 Nov 2003, 18:29
---
Quantidade de TD's: 135
Ver TD's

Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#215 Mensagem por Compson » 09 Dez 2011, 13:14

oGuto escreveu:Aos que se interessarem em ouvir o “outro lado”, o que é essencial para o entendimento de toda essa celeuma, sugiro darem uma olhada no blog do Reinaldo Azevedo:
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/ ... emocracia/
O tal procurador perdeu grande oportunidade de ficar calado e, pelos trechos citados pelo Azevedo, só escreveu bobagem.

Ao que parece, magistrados não podem responder a seus pares, mas procuradores têm de responder a colunistas toscos.
Minipinscher Raivoso escreveu:Se um juiz da tal associação considera que “estão, sim, acima da lei, todas as pessoas que vivem no cimo preponderante das normas e princípios constitucionais” e se um dos eventuais contendores de uma causa se encaixar nesse perfil, é evidente que a outra parte já perdeu, certo? Se essa parte está acima da lei, está até mesmo acima do juiz. Por que Sortelo não demonstra onde está o erro lógico do meu raciocínio?
O que o texto dos juízes diz é que uma lei específica não deve ser aplicada se contrariar alguma garantia constitucional, só isso. O "acima da lei" era uma provocação àqueles que os juízes chamavam de "legalistas e pseudodemocratas", um pega-trouxas...

Realmente lamento que os juízes tenham se metido, pois a intervenção desviou um assunto sério para uma discussão abstrata inútil.

Carnage
Forista
Forista
Mensagens: 14726
Registrado em: 06 Jul 2004, 20:25
---
Quantidade de TD's: 663
Ver TD's

Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#216 Mensagem por Carnage » 09 Dez 2011, 21:49

http://www.viomundo.com.br/denuncias/ma ... itica.html

Marcio Sotelo Felippe: A torpeza como política

por Marcio Sotelo Felippe, sugestão de Giane Alvares, da Rede Nacional dos Advogados Populares (Renap)


Reinaldo Azevedo postou em seu blog violento ataque à Associação Juízes para a Democracia. O motivo foi a nota em que a entidade de juízes fez críticas à conduta da reitoria da USP e das autoridades nos recentes episódios envolvendo aquela Universidade. ( http://www.viomundo.com.br/politica/ajd ... eldes.html )

A nota da AJD também motivou matéria da Veja. Ilustrada com uma foto da suástica nazista. Inacreditável.

No texto de Reinaldo Azevedo há dois aspectos que merecem atenção das pessoas razoáveis e lúcidas do país. O primeiro – que foi também o mote da Veja – é a desonesta manipulação de um conceito básico das democracias contemporâneas.

A nota da AJD diz, em certa passagem, que a lei, seja em si mesma, seja na sua aplicação, deve ser recusada se contrariar princípios constitucionais. Acontece todos os dias nas sociedades democráticas. Nas decisões dos tribunais, juízes ou administradores públicos. Do ponto de vista dos cidadãos, relaciona-se com o conceito de desobediência civil, tal como praticado por Gandhi e Martin Luther King, filosoficamente consolidado, ainda que de escassa repercussão prática. No conflito entre uma regra positiva e a moralidade, prevalecem a moralidade e os princípios constitucionais.

Mas o colunista pinça a frase para dizer que os juízes estão atacando o Estado de Direito e a idéia de
supremacia da lei. Os juízes da AJD fizeram rigorosamente o contrário. Defenderam o Estado de Direito, a ordem constitucional e a moralidade.

Isto se chama delinquência intelectual. Mostra a inacreditável má-fé e desonestidade do colunista. Podia ser burrice, mas não parece ser o caso de se atribuir burrice a Reinaldo Azevedo. É o porta-voz das trevas, simplesmente.

O segundo aspecto. Após conduzir, maliciosamente, seus leitores à conclusão de que a AJD é uma perigosa entidade subversiva que pretende destruir a democracia, nomina, um a um, os dirigentes da entidade.

Isto se chama delinquência política. Que também atende pelo nome de fascismo. Neste momento o colunista ingressou na infame galeria em que figuram, entre outros, Joseph McCarthy e o jornalista Claudio Marques.

McCarthy, como os leitores devem lembrar, foi o senador norte-americano responsável pela “caça às
bruxas” nos anos 50, que perseguiu e destruiu a vida de milhares de pessoas sob a acusação de esquerdismo, fazendo da delação instrumento de ação política.

Claudio Marques foi o jornalista que denunciou Vladimir Herzog como perigoso esquerdista infiltrado na TV Cultura. Herzog foi preso após a infame campanha movida por Claudio Marques, e o fim do episódio todos conhecemos.

Reinaldo Azevedo vem numa escalada de violência verbal. Perdeu a noção de limites. Embriagado pelo sucesso de sua retórica ultradireitista em certo segmento social, criou um círculo vicioso em que ele e seus leitores alimentam-se reciprocamente de ódio. Sua linguagem incita o ódio dos leitores, e o ódio dos leitores o incita a tornar-se mais violento e permissivo.

Quem lê “A Chegada do III Reich”, do historiador ingles Richard Evans, identifica esse mesmo mecanismo na República de Weimar. Figuras semelhantes a Reinaldo Azevedo pululavam.

O conceito clássico de fascismo é o uso da violência como instrumento político. Nenhuma violência política se viabiliza sem uma etapa anterior anterior de ódio e violência verbal. Este o papel em
que Reinaldo Azevedo e Veja se comprazem. O fascismo não surge por geração espontânea. Germina pouco a pouco com semeadores desse tipo.

Conflitos politicos resolvem-se, em uma democracia, por procedimentos antecedidos por diálogos em que os sujeitos agem racionalmente e submetem-se a tais procedimentos independentemente de seu resultado. Quem, como a Veja ou Reinaldo Azevedo, aventura-se no caminho da infâmia e da torpeza recusa esse diálogo racional e recusa os mecanismos democráticos. Não se importa mais com a política democrática, fazendo falsas profissões de fé na democracia. Vislumbra apenas o ódio como meio de ação política. Se o ódio não for suficiente, vai recorrer a outro tipo de violência.

Marcio Sotello Felippe é procurador do Estado de São Paulo.

oGuto
Forista
Forista
Mensagens: 2193
Registrado em: 08 Mai 2009, 02:32
---
Quantidade de TD's: 5
Ver TD's

Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#217 Mensagem por oGuto » 09 Dez 2011, 23:56

Essa discussão vai longe.
Mas vale a pena apenas lembrar que, independente de seus méritos ou defeitos, a “Associação Juízes para a Democracia - AJD” foi aparentemente criada para “dar voz” a uma categoria não muito afeita a manifestações individuais de cunho político e social(o “democracia” usado no nome, mais do que um detalhe, é muito revelador)
Aquela velha estória de ser mais fácil falar em terceira pessoa do que em primeira.
Até como forma de disfarçar a quebra da imparcialidade ao se comentar sobre algum tema que eventualmente possa vir a ser objeto de seu julgamento.
Desconheço qual seja a representatividade ou o conceito que ela tenha dentro da magistratura.
Mas, evidente que propor reflexões em matérias de direito difere totalmente de criticar decisões contrárias (como no caso da USP), visto que isso tudo tem a ver com a advocacia e absolutamente nada com a magistratura.
Dentro da magistratura, ou seja, vindo de juízes, equivale a ultrajar a independência de seus próprios pares.
No mais, jurisprudência é algo a ser criado dentro dos Tribunais, com a intervenção das partes litigantes (portanto, únicos legitimamente externos) e não fora deles.
Como são todos juízes, relevante destacar o que diz o art. 36, inciso III, da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Lei Complementar 35/79), ainda em pleno vigor, mesmo que com recorrentes propostas de modificações.

“É vedado ao magistrado manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério.”

Concluindo, o que fica muito estranho nisso tudo é ver aqueles que defendem a liberdade de expressão e manifestação, inclusive com a invasão de prédios públicos, como foi o caso da AJD no episódio USP, com pesadas veladas críticas contra um de seus próprios pares, agora se indignarem com a quebra da redoma onde cultivam suas idéias.
E isso, ora vejam, apenas pelo uso da mesma liberdade de expressão que tanto veneram.
Talvez seja o caso dela (AJD) requerer a reintegração de posse da sua, ao que parece, privativa e exclusiva área de pensamento, "indevidamente" invadida por outros que delas discordam.

Compson
Forista
Forista
Mensagens: 6415
Registrado em: 21 Nov 2003, 18:29
---
Quantidade de TD's: 135
Ver TD's

Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#218 Mensagem por Compson » 12 Dez 2011, 11:33

oGuto escreveu:Como são todos juízes, relevante destacar o que diz o art. 36, inciso III, da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Lei Complementar 35/79), ainda em pleno vigor, mesmo que com recorrentes propostas de modificações.

“É vedado ao magistrado manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério.”
Novamente a análise do oGuto esbarra no formalismo legal. A lei não faz sentido sem considerar as condições de sua aplicação. Imagino que o oGuto acredite piamente que o Brasil tem educação e saúde universais, gratuitos e de qualidade, já que isso está escrito na Constituição.

No caso, a aplicação da lei provavelmente passa por algum tipo de Colegiado de classe ou por instância judiciária superiora, condição propícia ao corporativismo e que faz com que a lei mencionada praticamente não exista na prática.

Os juízes podem se aproveitar dessa inefetividade de suas instituições de controle para vender sentenças e torcer para o caso não ficar muito conhecido ou promover um debate público relevante.

Avatar do usuário
ZeitGeist
Forista
Forista
Mensagens: 5327
Registrado em: 05 Set 2006, 21:37
---
Quantidade de TD's: 56
Ver TD's

Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#219 Mensagem por ZeitGeist » 17 Dez 2011, 12:23

Ontem ao escutar a CBN, o Sardenberg, relatou que um professor da Faculdade de Filosofia da USP, reprovou 70 alunos por falta, pela lei com 60% de falta o aluno é automaticamente reprovado. Os alunos protestaram dizendo serem perseguidos políticos :shock:. Não achei a manchete, se encontrar colo aqui.

roladoce
Forista
Forista
Mensagens: 3559
Registrado em: 28 Jun 2009, 20:59
---
Quantidade de TD's: 38
Ver TD's

Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#220 Mensagem por roladoce » 17 Dez 2011, 12:58

ZeitGeist escreveu:Ontem ao escutar a CBN, o Sardenberg, relatou que um professor da Faculdade de Filosofia da USP, reprovou 70 alunos por falta, pela lei com 60% de falta o aluno é automaticamente reprovado. Os alunos protestaram dizendo serem perseguidos políticos :shock:. Não achei a manchete, se encontrar colo aqui.
Agem iguais aos jornalistas.

Se tentar processar algum jornalista, seja por qual motivo for, eles alegam atentado a liberdade de impresa, liberdade de expressão e outras liberdades....

Peter_North
Forista
Forista
Mensagens: 4807
Registrado em: 24 Jun 2005, 15:01
---
Quantidade de TD's: 190
Ver TD's

Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#221 Mensagem por Peter_North » 17 Dez 2011, 20:57

http://noticias.terra.com.br/brasil/not ... ao+em.html

Rá, expulsaram alguns dos vagabundos. Mas no fim fizeram um grande favor a eles: Estavam cursando Filosofia, e com um diploma tão inútil desses, vão conseguir emprego melhor e mais fácil só com o certificado de segundo grau.

NUMABOA
Forista
Forista
Mensagens: 570
Registrado em: 15 Abr 2003, 11:54
---
Quantidade de TD's: 40
Ver TD's

Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#222 Mensagem por NUMABOA » 19 Dez 2011, 10:31

formados em filosofia tem emprego garantido como professores de filosofia,que voltou a ser obrigatória.
o interessante é que deveria ser uma materia para estimular os jovens a pensar e creio só servira para doutrinação

Peter_North
Forista
Forista
Mensagens: 4807
Registrado em: 24 Jun 2005, 15:01
---
Quantidade de TD's: 190
Ver TD's

Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#223 Mensagem por Peter_North » 19 Dez 2011, 22:50

NUMABOA escreveu:formados em filosofia tem emprego garantido como professores de filosofia,que voltou a ser obrigatória.
o interessante é que deveria ser uma materia para estimular os jovens a pensar e creio só servira para doutrinação
Eu não sabia dessa notícia, que pena, estão expondo crianças indefesas aos egressos dos madraçais marxistas brasileiras.

PAULOSTORY
Forista
Forista
Mensagens: 1742
Registrado em: 22 Set 2008, 01:13
---
Quantidade de TD's: 13
Ver TD's

Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#224 Mensagem por PAULOSTORY » 20 Dez 2011, 00:04

Peter_North escreveu:
NUMABOA escreveu:formados em filosofia tem emprego garantido como professores de filosofia,que voltou a ser obrigatória.
o interessante é que deveria ser uma materia para estimular os jovens a pensar e creio só servira para doutrinação
Eu não sabia dessa notícia, que pena, estão expondo crianças indefesas aos egressos dos madraçais marxistas brasileiras.
SERIA DE SUMA IMPORTÂNCIA, QUE UM PROFESSOR DE FILOSOFIA SOFRESSE UMA FISCALIZAÇÃO POR UM CONSELHO DE CLASSE, TÃO RÍGIDO, OU ATÉ MAIOR, DOS QUE SOFREM ADVOGADOS, MÉDICOS, ENGENHEIROS, ETC...

Peter_North
Forista
Forista
Mensagens: 4807
Registrado em: 24 Jun 2005, 15:01
---
Quantidade de TD's: 190
Ver TD's

Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#225 Mensagem por Peter_North » 20 Dez 2011, 08:24

PAULOSTORY escreveu:
Peter_North escreveu:
NUMABOA escreveu:formados em filosofia tem emprego garantido como professores de filosofia,que voltou a ser obrigatória.
o interessante é que deveria ser uma materia para estimular os jovens a pensar e creio só servira para doutrinação
Eu não sabia dessa notícia, que pena, estão expondo crianças indefesas aos egressos dos madraçais marxistas brasileiras.
SERIA DE SUMA IMPORTÂNCIA, QUE UM PROFESSOR DE FILOSOFIA SOFRESSE UMA FISCALIZAÇÃO POR UM CONSELHO DE CLASSE, TÃO RÍGIDO, OU ATÉ MAIOR, DOS QUE SOFREM ADVOGADOS, MÉDICOS, ENGENHEIROS, ETC...
Se o conselho de classe for um sindicato, não vai adiantar nada... O negócio dos caras é doutrinar desde criança, no melhor estilo Cuba e Coréia do Norte.

Responder

Voltar para “Assuntos Gerais - OFF Topic - Temas variados”