Alunos da USP em conflito com a PM

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#181 Mensagem por wheresgrelo » 23 Nov 2011, 07:00

Segundo o Datafolha, 58% dos entrevistados são a favor da presença da PM no campus. É possível que entre os docentes o percentual seja o mesmo. Mas, se os trabalhadores do campus tivessem sido entrevistados, muito provavelmente este percentual seria muito mais baixo. Sobretudo se a entrevista tivesse contemplado os trabalhadores terceirizados, muitos dos quais moradores da favela São Remo, que fica ao lado da USP, e que são vítimas diariamente da truculência e dos abusos policiais.
Ponto de vista tacanho e notadamente direcionado a algo que não passa de puro preconceito...

A comunidade San Remo fornece sim mão de obra, porém não é tão assim uma grande população de funcionários...

O nobre Mestrando, ouvidou-se de citar alguns moradores da Comunidade San Remo que se passaram por Manifestantes, e carregaram
alguns carros com objetos da FAFLCH, e da Reitoria...

O nobre Mestrando também passa vista grossa ao trânsito de pessoas externas ao Campus em Horários de Trânsito e Expediente...

Notadamente, ao falar sobre tantos aspectos e não fornecer dado algum e se isso se transparecer na sua Dissertação, acredito que
o resultado da mesma não será tão Loquaz quanto por aquí apresentado.

WG

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#182 Mensagem por Compson » 23 Nov 2011, 09:30

Olha só como estamos seguros:

Novo chefe da Rota atuou em massacre do Carandiru
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ ... diru.shtml

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#183 Mensagem por ZeitGeist » 23 Nov 2011, 11:00

Compson escreveu:Olha só como estamos seguros:

Novo chefe da Rota atuou em massacre do Carandiru
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ ... diru.shtml
Perai, o cara esta respondendo processo, não foi julgado ainda! Mas realmente não era a melhor escolha.

Aproveitando, quero dizer que a polícia brasileira é uma das melhores do mundo e inclusive o pesoal da SWAT faz treinamento aqui!

Eu queria saber, se vocês estivessem dentro de uma penitenciaria escura em completo caos e vindo um monte de bandidos armados para cima de vocês, o que fariam? Matariam para se defender?

Por mim posso dizer, se estivesse nessa situação, uns 20 com certeza eu derrubava.

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#184 Mensagem por Compson » 23 Nov 2011, 17:21

Radical de esquerda defende estudantes da USP em site revolucionário:
Chamar estudante da USP de maconheiro é absurdo, diz Rui Costa Pimenta

Filipe Mauro - 23/11/2011 - 16h33

O ex-presidente do PCO Rui Costa Pimenta criticou nesta quarta-feira (23/11) o modo como foi conduzida a recente crise sobre a presença da Polícia Militar no campus da USP (Universidade de São Paulo) e recriminou a rotulação dos estudantes que ocuparam a reitoria da instituição como “maconheiros”.

“Certamente considerá-los maconheiros foi um absurdo e não faz nenhum sentido. O modo como foi permitido o episódio aqui [na USP] deu à sociedade a sensação disso”, disse RCP a Última Instância, após participar de um debate sobre a crise internacional no GACInt (Grupo de Análises da Conjuntura Internacional) da USP.

Rui Costa, que tem defendido publicamente o debate sobre a descriminalização das drogas, classificou o modus operandi da polícia no caso como “repressivo”. “A repressão faz mais mal do que o uso da maconha”, afirmou o ex-presidente.

RPC, que também foi professor da USP, defendeu a reforma do estatuto da universidade. “Acho que o estatuto deve ser repensado, bem como toda a educação universitária. Esta é uma boa oportunidade para isso”.

O caso

Apesar de a discussão sobre o convênio entre a PM e a reitoria ser mais antiga, a tensão aumentou em 27 de outubro, quando três estudantes da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) foram abordados no estacionamento da instituição sob a alegação de porte e consumo de cigarros de maconha. A ação desencadeou tensão entre estudantes e policiais e foi seguida de uma ocupação da administração da faculdade.

No dia 1º de novembro, reivindicando o fim do convênio entre a PM e a USP, bem como a renúncia do reitor João Grandino Rodas (Nomeado para o cargo pelo então governador José Serra, sem que fosse o mais votado nas eleições), um grupo composto por 73 estudantes ocupou o edifício da reitoria, contrariando deliberação de Assembleia-Geral e o posicionamento oficial do Diretório Central dos Estudantes, o DCE.

A reintegração de posse ocorreu sete dias depois, mediante operação policial que contou com batalhões da Tropa de Choque, da Cavalaria, do GOE (Grupo de Operações Especiais) e do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais). Também dois helicópteros da PM permaneceram sobrevoando a cidade universitária por toda aquela manhã. No mesmo dia uma nova Assembleia ocorreu na FFLCH e deliberou a greve dos estudantes, que permanece até hoje em algumas faculdades.

Leia trechos da entrevista de Fernando Henrique Cardoso:

Última Instância - A USP vive um momento de convulsão, sabemos que existem diversas movimentações políticas que questionam a maneira como a reitoria tem se portado perante o corpo discente. O sr. acredita que já é o momento para que o estatuto seja reformulado?

Rui Costa Pimenta - Estou afastado da USP há muito tempo. A última vez que dei aula aqui foi em 1968, e nós já discutíamos isso. Formamos uma comissão paritária e fizemos modificações no estatuto. Quando voltei pra dar um curso na década de 1970, a USP estava novamente discutindo o estatuto. Acho que o estatuto deve ser repensado, bem como toda a educação universitária. Esta é uma boa oportunidade para isso.

Última Instância - O que o senhor pensa sobre parte da opinião pública ter rotulado os estudantes da USP como maconheiros, mantendo o “tabu das drogas”?

Rui Costa Pimenta - Certamente considerá-los maconheiros foi um absurdo e não faz nenhum sentido. O modo como foi permitido o episódio aqui deu à sociedade a sensação disso.

Última Instância - A seu ver, esse “modo” foi repressivo?

Rui Costa Pimenta - O modo como foi conduzido? Sim. Sou contra a manutenção do tabu das drogas e a favor de uma regulação. E ela não pode se destinar apenas ao universitário, mas a toda a sociedade. A repressão faz mais mal do que o uso da maconha.

Última Instância - A PM é a melhor alternativa para a segurança pública na USP?

Rui Costa Pimenta - Não sei em que termos é feito esse policiamento, mas certamente a Polícia de Choque não é a mais indicada.
http://www.pco.org.br/viva_la_revolucion/chamar+estudante+da+usp+de+maconheiro+e+absurdo+diz+fernando+henrique+cardoso.shtml

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#185 Mensagem por oGuto » 24 Nov 2011, 23:19

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Com uma faixa com esses dizeres, melhor seria que eles tivessem ficado em casa.
Interessante como algumas pessoas (ainda que universitários) fazem questão de perder tão facilmente a noção do ridículo.
Eu gostaria muito de saber quem são e o que pensam esses setenta e três “presos políticos”.
Se algum forista souber de algum texto por um deles escrito a respeito disso tudo, eu ficaria muito grato se postasse aqui, para o conhecimento de todos.

Mais uma vez , quem comprova o seu preparo é a PM:
PROVOCAÇÃO

"O ato é importante para acabar com o convênio da USP com a PM", afirmou a estudante do 3º ano de arquitetura Luiza Souza, 20. Segundo a aluna, a manifestação era uma "provocação pacífica". É um protesto, não temos como não incomodar ou provocar a polícia", disse.
Questionado sobre as possíveis provocações dos estudantes durante o protesto, o capitão da PM Carlos Britto afirmou que a PM estava indiferente."Somos profissionais", afirmou.

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ ... acia.shtml

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#186 Mensagem por ZeitGeist » 25 Nov 2011, 00:40

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Quero dizer que o trabalho de confecção da faixa ficou muito bom :mrgreen:!

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#187 Mensagem por Compson » 25 Nov 2011, 09:55

oGuto escreveu:Se algum forista souber de algum texto por um deles escrito a respeito disso tudo, eu ficaria muito grato se postasse aqui, para o conhecimento de todos.
Texto não vi. Tem uma entrevista no Jornal do Campus:

“Não somos um bando de burguesinhos” (a lamentável escolha do título é do jornal, evidentemente)
http://www.jornaldocampus.usp.br/index. ... guesinhos/

Tem também uma do reitor, demonstrando seu cinismo oGútico:

Com a palavra, o reitor João Grandino Rodas
http://www.jornaldocampus.usp.br/index. ... ino-rodas/

E uma matéria questionando a eficácia da PM:
Dados da PM sobre queda na criminalidade são inconclusivos

De acordo com um pronunciamento do governador Geraldo Alckmin e com base em dados da Polícia Militar, o Estado de S. Paulo e o portal R7 noticiaram, no final de outubro, que os crimes dentro da USP teriam caído em até 92% com a entrada efetiva da Polícia Militar no Campus, logo após a morte do estudante Felipe Paiva na FEA, em maio. No entanto, a constatação causou dúvidas em parte da comunidade acadêmica acerca da efetividade da ação da PM em tão curto espaço de tempo.

A estatística foi feita pela PM e leva em conta os 80 dias anteriores à morte de Felipe e os 80 dias posteriores (descontando julho), já que a presença da polícia aumentou logo após o latrocínio do estudante. A pesquisa se baseia em dados levantados a partir de Boletins de Ocorrência (B.O.s) registrados em delegacias próximas à USP que tem a Cidade Universitária como local do crime. Dentre as categorias de infrações e crimes, no entanto, apenas duas atingiram diminuição de 90% ou mais dentro do período citado: o furto de automóveis (que caiu de 20 para dois) e o roubo de automóveis (de 13 casos, caiu para um).

A professora do de Estatística do IME, Gisela Tunes, ao analisar os dados, disse que é precipitado afirmar que a queda deve-se à presença da PM no Campus, sem análise concomitante das oscilações das infrações em anos anteriores. “Em geral, quanto mais detalhado mês a mês, e ano a ano, melhor seriam as conclusões. Caiu a criminalidade? Caiu, é um fato. Mas por que, isso não dá para afirmar. Quanto mais dados, mais detalhamento, melhor. A PM deveria fornecer as estatísticas do mesmo período [de 1º de março a 20 de setembro, excetuando-se julho] dos anos anteriores”.
Outros dados

A Guarda Universitária (G.U.), responsável pela segurança do Campus, também possui suas próprias estatísticas, independente da PM. Os números da G.U. estão disponíveis no site da instituição e são “baseados em ocorrências produzidas a partir de chamados e atendimentos da COC (Central de Ocorrências do Campus)”, diz Ronaldo Pena, diretor de Operações e Vigilância da Prefeitura. As categorias de crimes adotadas pela Guarda para classificação das ocorrências não são as mesmas das usadas pela PM, o que impede uma comparação equivalente de dados.

As estatísticas liberadas pela G.U. vão de 2007 a 2011, considerando os meses de janeiro a setembro. A evolução dos crimes durante os meses de anos anteriores, desde 2007, reflete uma tendência de estabilidade ou equilíbrio dos números (houve, por exemplo, sete tentativas de roubo em 2007, e em 2011, o número é de seis). O Capitão Massera, da Polícia Militar, explica essa tendência: “Por que os casos de furto não caíram? Porque eles acontecem geralmente dentro das faculdades, dos estabelecimentos, centros acadêmicos [...]. Nesse caso, a polícia não tem como impedir. Ela não entra nas unidades, faz a segurança pública, externa”, afirma.

Ao mesmo tempo, há crimes que diminuíram de incidência com o tempo, como o furto de automóveis, que em 2007 ficou em 83 ocorrências e no atual ano caiu para 26. O furto simples, por outro lado, aumentou ano a ano: foi de 22 casos em 2007 para 39 em 2011.

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A professora Gisela comenta que as infrações, segundo dados da G.U., oscilam ao longo do ano, o que pode indicar certa sazonalidade em relação à criminalidade na USP. “Podemos observar essas variações. Nota-se sim uma queda mais acentuada em 2011, mas não é possível concluir se isso se deve à entrada da PM ou não. Pode ter sido a PM, a mídia, uma série de fatores”, diz. “Essa queda de agora pode estar relacionada à questão da PM, porém seria interessante analisar daqui a um tempo, a longo prazo, para ser mais coerente”, ressalta.

Apesar de reconhecer a necessidade de comparação com anos anteriores, o capitão Massera faz uma ressalva: “Talvez não possamos adotar como referencial os anos anteriores com esse período atual, mesmo tendo certeza de que reduziu bastante, porque 2011 foi um ano atípico em seu início. Os crimes explodiram, foi algo muito preocupante, que culminou com a morte do Felipe. O ideal seria comparar também o começo desse ano com os inícios dos anos anteriores”, disse.

Segundo o capitão, a polícia, no entanto, admite que vários crimes respeitam uma certa sazonalidade. “É um fenômeno difícil de avaliar, mas polícia tem esse cuidado, de reconhecer a sazonalidade e analisar quando há discrepância, como no início deste ano. Isso indica que você tem que tomar uma providência diferente, que foi o que foi feito. Mas esse trabalho é feito mensalmente, são as reuniões de análise crítica, com base nessas estatísticas. Dessas reuniões, sai o roteiro de radiopatrulha. Esse monitoramento é feio de maneira constante”, afirma.

A Polícia Militar se comprometeu a fornecer ao JC os dados dos anos anteriores para comparação. Em breve, a matéria completa aqui no site.
É engraçado que a maioria que trata a PM como a corja que ela é posta fatos, evidências, dados para corroborar sua opinião. O oGuto, sintomaticamente, posta apenas sua magnífica opinião, quando muito uma frase de um PM... Por isso mesmo já dá pra ter uma noção de quem está com a razão!

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#188 Mensagem por Compson » 25 Nov 2011, 10:15

E destas aqui, o que vocês acharam?

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#189 Mensagem por Compson » 25 Nov 2011, 11:08

VLADIMIR SAFATLE

Maria Antonieta

Em 2006, a cineasta Sofia Coppola lançou um filme sobre Maria Antonieta. Ao contar a história da rainha juvenil que vivia de festa em festa enquanto o mundo desabava em silêncio, Coppola acabou por falar de sua própria geração.

Esta mesma que cresceu nos anos 1990.

No filme, há uma cena premonitória sobre nosso destino. Após acompanharmos a jovem Maria por festas que duravam até a manhã com trilhas de Siouxsie and the Banshees, depois de vermos sua felicidade pela descoberta do "glamour" do consumo conspícuo, algo estranho ocorre.

Maria Antonieta está agora em um balcão diante de uma massa que nunca aparece, da qual apenas ouvimos os gritos confusos. Uma massa sem representação, mas que agora clama por sua cabeça.

Maria Antonieta está diante do que não deveria ter lugar no filme, ou seja, da Revolução Francesa. Essa massa sem rosto e lugar é normalmente quem faz a história. Ela não estava nas raves, não entrou em nenhuma concept store para procurar o tênis mais stylish.

Porém ela tem a força de, com seus gritos surdos, fazer todo esse mundo desabar.

Talvez valha a pena lembrar disso agora porque quem cresceu nos anos 1990 foi doutrinado para repetir compulsivamente que tal massa não existia mais, que seus gritos nunca seriam mais ouvidos, que estávamos seguros entre uma rave, uma escapada em uma concept store e um emprego de "criativo" na publicidade.

Para quem cresceu com tal ideia na cabeça, é difícil entender o que 400 mil pessoas fazem nas ruas de Santiago, o que 300 mil pessoas gritam atualmente em Tel Aviv.

Por trás de palavras de ordem como "educação pública de qualidade e gratuita", "nós queremos justiça social e um Estado-providência", "democracia real" ou o impressionante "aqui é o Egito" ouvido (vejam só) em Israel, eles dizem simplesmente: o mundo que conhecemos acabou.

Enganam-se aqueles que veem em tais palavras apenas a nostalgia de um Estado de bem-estar social que morreu exatamente na passagem dos anos 1980 para 1990.

Essas milhares de pessoas dizem algo muito mais irrepresentável, a saber, todas as respostas são de novo possíveis, nada tem a garantia de que ficará de pé, estamos dispostos a experimentar algo que ainda não tem nome.

Nessas horas, vale a lição de Maria Antonieta: aqueles que não percebem o fim de um mundo são destruídos com ele. Há momentos na história em que tudo parece acontecer de maneira muito acelerada.

Já temos sinais demais de que nosso presente caminha nessa direção. Nada pior do que continuar a agir como se nada de decisivo e novo estivesse acontecendo.
http://irajamenezesleituras.blogspot.co ... ta-em.html

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#190 Mensagem por oGuto » 25 Nov 2011, 19:57

Compson escreveu:É engraçado que a maioria que trata a PM como a corja que ela é posta fatos, evidências, dados para corroborar sua opinião. O oGuto, sintomaticamente, posta apenas sua magnífica opinião, quando muito uma frase de um PM... Por isso mesmo já dá pra ter uma noção de quem está com a razão!
Penso justamente o oposto
Basta confrontar a matéria com os “presos políticos” com a outra sobre a suposta queda na criminalidade, para verificar que não há nexo algum em se colocar a presença da PM, como geradora de qualquer foco de tensão no campus.
Basicamente, o que mais uma vez fica ressaltado é o profissionalismo da PM.
Acho que você deveria reler o que postou, porque evidentemente não entendeu.

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#191 Mensagem por Compson » 25 Nov 2011, 22:28

Está ficando chato... Com os descabelados arregando, só sobra o oGuto se fazendo de tonto com suas insinuações crípticas e vazias...

Vamos lá:
oGuto escreveu:Penso justamente o oposto
Basta confrontar a matéria com os “presos políticos” com a outra sobre a suposta queda na criminalidade, para verificar que não há nexo algum em se colocar a presença da PM, como geradora de qualquer foco de tensão no campus.
Basicamente, o que mais uma vez fica ressaltado é o profissionalismo da PM.
Acho que você deveria reler o que postou, porque evidentemente não entendeu.
Como nem todo mundo tem tempo de ficar interpretando essas asneiras, traduzo: ele quer dizer que a tensão é interna à USP (como fica claro na entrevista dos alunos), que a PM só está lá realizando seu trabalho, o que ele chama de "profissionalismo" (que transpareceria nos dados da matéria citada acima).

De fato, o problema central é a falta de diálogo e democracia nas decisões da universidade. Mas o que a tese do oGuto não consegue responder é o seguinte: se todos os dias são tomadas decisões autoritárias na universidade, por que justamente a polícia foi suscitar uma reação tão forte?

A resposta é dupla: (1) porque a PM, pelos inúmeros problemas apontados, tem uma rejeição muito maior que qualquer outra decisão que a reitoria possa tomar; (2) porque, em razão de (1), espera-se que a universidade consiga (ou pelo menos tente) resolver seus problemas de modo mais pacífico e racional.

Mas, além de desconsiderar esse problema, a análise do oGuto apresenta uma incompreensão fundamental: o problema não é que a PM cometa alguns abusos para além ou externos a seu "profissionalismo"... O problema é que o próprio "profissionalismo" da PM é ele mesmo um abuso, na medida em que, conforme discutido acima, a lei não delimita adequadamente as prerrogativas dos policiais e, mesmo que o fizesse, as instituições de aplicação da lei simplesmente não funcionam, como mostra o caso (um entre tantos) do policial que cometeu chacina no Carandiru e ainda não foi sequer julgado, permitindo sua vergonhosa ascensão.

Essa mesma ascensão, aliás, é outra (entre tantas) evidência quanto à insuficiência de análises que se pautem pelo legalismo e pelo "profissionalismo": nada mais característico desse "profissionalismo" que a carreira bem sucedida de um suspeito de chacina.

No mais, o oGuto está certíssimo em assumir que gosta justamente do lado da PM que desagrada à maioria:
oGuto escreveu:Aproveitando, esclareço que o que eu mais admiro na PM, talvez seja o que cause o efeito contrário na maioria das pessoas.
Resumidamente, é o fato dela , como se diz, “enxugar gelo”, frase que bem define o que seja o policiamento ostensivo, uma vez que impossível se estar em todos os lugares a qualquer momento.
Espero, apenas, que os próprios PMs jamais se dêem conta disso, da tarefa surreal que são obrigados a cumprir diuturnamente.
Porque, no dia em que eles desistirem, conheceremos nada mais nada menos do que o caos total.
A única ressalva é que o "caos" não parece disposto a esperar a conscientização dos policiais...

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#192 Mensagem por oGuto » 26 Nov 2011, 12:34

Concordo em grande parte com a sua análise, Compson, quanto às causas, ebulição e transbordamento dos conflitos internos da USP.
Mas, para ficar especificamente na questão da segurança, uma vez você ter se referido à natural expectativa da universidade poder resolver de maneira mais pacífica e racional esse problema, talvez você devesse atentar para os gráficos ilustrativos da matéria que citou.
Confrontando aquele fornecido pela guarda universitária com o da PM, resta evidente que há uma discrepância de cerca de 100 infrações (ainda que considerando os períodos não serem exatos).
Ora, nesses dados fica demonstrado que essa diferença diz respeito a infrações cometidas no interior das unidades (pela relação da guarda universitária, atos que vão desde furtos até agressões, passando por entorpecentes, depredações e outros mais), que não chegam ao conhecimento da polícia (via B.O.) e provavelmente causados por indivíduos não estranhos ao ambiente acadêmico (conquanto não identificados) uma vez que com acesso aos prédios e seus entornos próximos.
Ou seja, infrações que ocorrem onde a PM não atua, haja vista ela estar restrita à área externa, ou seja, pública (fato que, por si só, comprova que ela em nada interfere na vida acadêmica, mas isso é outro assunto...)
Portanto, apenas para reflexão, a manutenção desse alto nível de infrações em áreas internas (o que vai de encontro ao que já comentei em outros posts) não será um indicativo de que existam interesses não muito claros, inclusive de alunos, quanto à saída da PM?
Em outras palavras, fora do discurso fácil de enxergar a PM como repressora, a quem interessa que essa situação permaneça?

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#193 Mensagem por pepsicool » 26 Nov 2011, 15:48

Me desculpem mas isso está chato pra caralho.

Dá sono em múmias.

A discussao se dá nos efeitos e náo na causa.

Porra .......ficar discutindo se a PM está ou náo preparada e se deve ou náo permanecer no campus já deu né.

Aqui todo mundo está careca de saber como a PM age e se é preparada ou náo.

Eu quero que a PM ( neste caso ) vá pra putaqueopariu.

Quando vamos conseguir enxergar, que a meia dúzia de tres ou quatro, fizeram cagada e só serviram

de boi de piranha.

Aproveitaram e os colocaram de " véu " pra esconder a péssima relaçao que os estudantes tem com a reitoria.

Que os anseios e questoes fundamentais dos estudantes, náo sáo , se quer discutidos.

Que porre ............ninguem consegue ver o que estamos perdendo ?

O que um centro de excelencia de estudos , nestas condiçóes , deixa de proporcionar a sociedade ?

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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#194 Mensagem por Compson » 27 Nov 2011, 15:52

oGuto escreveu:Imagem

Com uma faixa com esses dizeres, melhor seria que eles tivessem ficado em casa.
Interessante como algumas pessoas (ainda que universitários) fazem questão de perder tão facilmente a noção do ridículo.
E, no entanto, a reivindicação sem noção do ridículo é assinada por um juiz titular de SP, com direito ao estranho dialeto dos juristas (recortei o texto porque é muito longo):
O Direito e a Política na USP – e fora dela – depois da irracionalidade

Jorge Luiz Souto Maior

O prédio da Reitoria da USP foi desocupado! E agora?

Para a desocupação foram utilizados 400 homens, dois helicópteros, cavalaria e diversas viaturas. Um gasto considerável ainda mais para um Estado, como o de São Paulo, que deve cerca de R$20 bilhões em precatórios intermináveis, sendo que dos quais R$15 bilhões referem-se a precatórios alimentares, decorrentes de créditos trabalhistas e previdenciários.
Após a expulsão de cerca de 70 (setenta) estudantes, sendo 25 (vinte e cinco) mulheres, restou a efetividade da posse mansa e tranqüila do prédio da Reitoria por parte da Administração da Universidade.
Foi só isso e acabou?
Nada disso. O fato representa muito mais e cumpre, por exercício da razão, trazer essas análises à tona.
É evidente que a utilização de todo aquele aparato de poder não se destinou apenas ao efeito da mera desocupação, ou mesmo a eliminar de vez, ou ao menos inibir, a prática do uso da maconha na Universidade. A grandiosidade da operação, atendendo, de certo modo, a reclamos advindos de uma comoção social, proporcionada pela ingerência de parte da grande mídia, que também não mediu esforços e custos para difundir a idéia de que o prédio estava invadido (e não ocupado) por “maconheiros”, autênticos marginais, moleques sem limites, mimados etc, gerando uma onda assustadora de irracionalidades generalizantes, demonstra que se pretendia muito mais do que o efeito formal atingido.
Aliás, a própria grandiosidade da manifestação inicial dos estudantes, diante da prisão de três alunos, demonstra, claramente, que havia muito mais em jogo. Estava instalada no local uma forte tensão fruto da falência das vias institucionais para conduzir reivindicações, que fora alimentada pela política de tolerância zero frente aos movimentos estudantis e trabalhistas e que se intensificou com a chegada da Polícia Militar no campus. Sob o mote de aumentar a segurança, a PM, que segue ordens superiores, acabou servindo para incriminar cinco servidores que se envolveram em movimento reivindicatório de natureza sindical e para a realização de sucessivas revistas em alunos, sobretudo daqueles que pudessem possuir orientação política contestatória, como se dá com alunos da FFLCH. Esse conflito latente é o que explica a reação dos alunos, que, por certo, não se mobilizariam do nada, para a defesa de algo que nunca esteve em pauta nos debates estudantis na USP, a liberalização do uso da maconha.
O ponto a destacar neste texto, no entanto, que busca compreender a razão do vulto da operação realizada por ocasião da desocupação do prédio da Reitoria, é outro. Trata-se da dimensão da relação entre o direito e a política, entendida esta como o conjunto de ações que buscam a construção dos valores para o convívio social e aquele como a normatização, com conteúdo obrigacional, dos valores politicamente construídos.
A questão é que embora apoiada em suposta pretensão de natureza jurídica, o ato da Administração da USP, de propor a ação de reintegração de posse, não decorreu da extrema necessidade de resgatar a legalidade, tratou-se, desde o início, de uma forma de judicialização da política, para, com a obtenção da liminar da Justiça, furtar-se ao diálogo para o qual fora chamada pela ação dos estudantes, tanto que se negava a avançar nas negociações políticas, precariamente instauradas, fixando a condição da desocupação, já determinada judicialmente.
Além do mais, a ação policial que se seguiu não se prestou ao estrito cumprimento da ordem judicial, obviamente. Foi muito além disso e seguiu a linha do propósito inicial, qual seja, a da orientação política por parte do poder instituído no sentido de evitar contraposições de ideias.
Ora, não é concebível acreditar que na autorização judicial do uso da força policial para a reintegração de posse estivesse embutida uma permissão para a operação que fora feita, o que a torna ilegítima mesmo na perspectiva do respeito à decisão judicial. E, ainda que estivesse assim amparada, o que se duvida, o fato é que o feito foi muito além do determinado, que seria, meramente, a desocupação do prédio.
No ato policial de terça-feira, dia 8/11, justificado por alguns a partir do princípio da legalidade, foram cometidas diversas ilegalidades muito mais graves, aliás, do que o aludido esbulho possessório. Vários foram os direitos fundamentais desrespeitados. Estudantes, ainda que considerados “invasores” poderiam, no máximo, ser vistos como praticantes de um ilícito civil e jamais terem sua condição humana negada. Mas, não. Após serem ameaçados com armamento pesado, foram conduzidos, arbitrariamente, às Delegacias, onde se viram obrigados a prestar depoimentos a respeito, inclusive, de sua orientação política, para o necessário prosseguimento do caráter da ação, qual seja, a realização futura de uma perseguição política.
Vários estudantes foram mantidos pela Polícia Militar em cárcere privado no prédio do CRUSP.
Muitos estudantes, ainda, foram indiciados por dano ao patrimônio público, mesmo que não se tenha qualquer autoria comprovada do alegado ilícito. E uma Delegada declarou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo: “todos são culpados”. Mas, quais são “todos”? Os que entraram lá nos diversos dias ou os que estavam dormindo lá no dia da desocupação? Não há crime sem lei que o defina e não há crime sem autoria determinada. É o que diz a lei. Mas, afinal, para quê respeitar a lei se o propósito é punir politicamente os estudantes, servindo a lei apenas como pretexto para tanto, não é mesmo?
A força desproporcional utilizada – e esta desproporcionalidade é um fato que ninguém pode negar – pôs-se, assim, com o objetivo de impor o silêncio, de criar medos, de impedir futuras mobilizações políticas adversas, de construir padrões de conduta disciplinados para a não-contestação, de reforçar o império da tolerância zero, deixando claro que o debate político será sempre judicializado para a concreta criminalização daqueles que apresentem ideias contrárias ao comando central, como, aliás, vinha sendo realizado há algum tempo, sendo este um recado necessário para levar adiante, sem resistências, o propósito, já anunciado, de priorizar, no âmbito das políticas de atuação da Universidade, um ensino voltado a atender as expectativas de mercado.
A operação policial, portanto, longe de ter sido feita para cumprimento de uma decisão judicial, prestou-se a aprofundar a política anti-democrática que estava instaurada no âmbito da Universidade no sentido da eliminação das atitudes de contestação, reivindicação e fiscalização feitas por parte dos estudantes e do sindicato dos trabalhadores em face das políticas privatizantes do ensino, anunciadas pela atual Direção da Universidade, e da forma como vem tratando as questões trabalhistas, com aprofundamento do processo de terceirização.
O Judiciário, aliás, precisa começar a perceber que muitos segmentos da sociedade, que ostentam parcela do poder institucionalizado, estatal ou econômico, estão se valendo de uma pretensa defesa da legalidade, que lhes vale uma utilização desvirtuada de mecanismos processuais com o objetivo de fazer calar os seus interlocutores e, assim, frustrarem o diálogo.
Essa percepção, aliás, já chegou de forma recorrente ao Judiciário trabalhista no que se refere aos interditos proibitórios em caso de piquetes de greves e está atingindo o Judiciário Civil, conforme verificado no processo nº 114.01.2011.011948-2, UNICAMP x DIRETÓRIO CENTRAL DOS ESTUDANTES / DCE – UNICAMP com trâmite na 1ª. Vara da Fazenda Pública de Campinas). Em caso semelhante ao do que ora se trata, o juiz Mauro Iuji Fukumoto, assim se pronunciou: “...de fato, ocupação de prédios públicos é, tradicionalmente, uma forma de protesto político, especialmente para o movimento estudantil, caracterizando-se, pois, como decorrência do direito à livre manifestação do pensamento (artigo 5º, IV, da Constituição Federal) e do direito à reunião e associação (incisos XVI e XVII do artigo 5º). Não se trata propriamente da figura do esbulho do Código Civil, pois não visa à futura aquisição da propriedade, ou à obtenção de qualquer outro proveito econômico. A situação em tela não se amolda à proteção possessória prevista nos artigos 920 e seguintes do Código de Processo Civil, especialmente aos critérios dos artigos 927 e 928 para a concessão da liminar. Inegável, por outro lado, que toda ocupação causa algum transtorno ao serviço público – se assim não fosse, pouca utilidade teria como forma de pressão. Há que se ponderar, dentro de um critério de razoabilidade, a importância do serviço público descontinuado pela ocupação, de um lado, e o resguardo dos direitos constitucionais supra mencionados, de outro.”

(...)

O pretexto do respeito à legalidade estrita, especialmente, para proteger uma propriedade, que nunca esteve, de fato, ameaçada, não pode impor, portanto, sacrifícios a direitos fundamentais, nos quais se inclui a ação de natureza política, ainda mais quando o meio utilizado para o resgate da posse seja ofensivo ao direito à vida. Lembre-se que em nome da lei já se praticaram os mais variados males à condição humana.
Na perspectiva da ponderação, critério essencial de aplicação do Direito no modelo em que princípios se integram ao conceito de normas jurídicas, é necessário sempre ver os atos a partir de seu maior conteúdo, avaliando a finalidade, o resultado, a motivação, o efeito lesivo e o sentido ético do comportamento. Uma manifestação política, como foi a dos estudantes, não pretendeu, em nenhum momento, como se sabe, afrontar a autoridade constitucional, nem defender qualquer interesse que fosse desprestigiado pela ordem jurídica. Uma ação política reivindicatória, como foi, visa, exatamente, conferir eficácia concreta ao preceito democrático, ainda que com sacrifício parcial e provisório de outros valores.
No aspecto teórico do tema pertinente ao dano ao patrimônio público, se é que houve, pois os estudantes não o reconhecem, não se pode deixar de considerar os valores envolvidos. Não fosse assim, todos aqueles que picharam muros reivindicando as “Diretas Já” teriam que ser presos e pagar pelo prejuízo material causado e a ditadura ainda estaria por aí. E seria o caso, também, de levar à prisão, fichar e processar, os ardorosos torcedores brasileiros que pintam as ruas durante os jogos da Copa do Mundo de futebol.
De todo modo, concordando-se, ou não, com o método adotado (e, pessoalmente, nunca concordei, como bem sabem os estudantes), ou mesmo rechaçando, no mérito, as suas demandas, o ato por eles cometido não se insere, de modo algum, na esfera do ilícito penal por se tratar de um ato, evidentemente, político, como, ademais, fora a própria reação contrária da Reitoria.
Além disso, se a defesa da posse pode ser legal, nada justifica que a satisfação dessa legalidade conduza à supressão de vários outros direitos, sobretudo daqueles, considerados pela ordem jurídica, nacional e internacional, como fundamentais, como o direito à vida, à integridade moral, à liberdade de expressão etc., até porque se é a política que constrói o direito, o direito, uma vez construído, não pode se constituir em obstáculo à evolução da racionalidade humana proporcionada pela ação política, até porque a democracia está abarcada no próprio direito como preceito constitucional fundante.

(...)

Não se pode esquecer que o mundo vive, no momento presente, uma onda de manifestações populares: nos Estados Unidos (em New York, Washington, Chicago e Wisconsin), na Europa (Roma, Berlim, Paris, Bruxelas, Madri, Londres e Atenas), no Canadá, na Austrália, na Nova Zelândia, no Japão.
Em Madison, no Estado de Wisconsin, EUA, a sede do governo, o Capitólio, foi ocupada, em março deste ano. Após movimento popular espontâneo, sem deliberação prévia, em assembléia, por óbvio, milhares de pessoas ocuparam o local durante 17 dias, para reivindicar a retirada de um projeto de lei que pretendia reduzir impostos, visando a instalação de empresas no Estado, ao ponto de eliminar o superávit, e que buscava diminuir o poder dos sindicatos do setor público, de modo a praticamente eliminá-los.
No evento, segundo Erik Olin Wright e João Alexandre Peschanski[2], “os manifestantes organizaram uma área aberta para pessoas virem e expressarem topo tipo de reivindicação ou revolta que quisessem, indo de análises de conjuntura sofisticadas aos desafios do dia-a-dia da vida compartilhada no Capitólio”.
Informam, ainda, que “A ‘abertura’ do Capitólio significou que qualquer um podia entrar no edifício e dormir lá dentro. Estudantes, pessoas em situação de rua, professores, bombeiros, militantes do movimento ecológico e outras pessoas compartilharam o espaço, construindo um sentido único de comunidade”, tendo os ocupantes criado o “seu próprio coletivo de segurança”, buscando resolver questões com a Polícia e cuidando para que “o prédio estivesse na medida do possível limpo”. A comunidade em geral chegava a enviar comida para os ocupantes, pois ao longo dos dias as reivindicações se ampliaram e o tema da democracia tornou-se importante, reconhecendo-se que “o que estava em jogo no conflito não eram apenas os direitos dos trabalhadores nos sindicatos, mas o vigor dos processos democráticos”, além do incentivo a uma efetiva postura de solidariedade. Dentre as atividades, também lúdicas, que se desenvolveram no local, os participantes cantavam músicas como “Solidarity Foverer”, de Pete Seeger, para recobrar as inúmeras lutas operárias travadas naquele país. O evento, que terminou com uma desocupação negociada, sem violência, mobilizou um protesto, ainda em março, de mais de 100 mil pessoas em frente ao Capitólio, que “barrou”, temporariamente, a publicação da lei e repercutiu em outras mobilizações em Ohio, Michigan, Indiana e Maine...
É evidente, portanto, que se tinha pleno conhecimento do caráter político do movimento que se iniciara na ocupação da Reitoria da USP e da sua potencialidade mobilizadora. Tinham, por óbvio, também essa noção os manifestantes. Não era, e nunca foi, um problema apenas de legalidade e de retomada da posse de um prédio invadido. A atenção dada pela mídia ao fato, igualmente, atesta essa relevância, para induzir que as forças repressivas considerassem a necessidade de uma forte e rápida ação. A operação realizada serviu, assim, ao propósito de amedrontar os movimentos sociais, valendo-se até mesmo do permissivo que lhe fora concedido pela opinião pública e da fragilidade do poder de resistência dos estudantes. Explica-se, assim, também, o fato de que após realizada a desocupação, helicópteros ficaram sobrevoando a cidade de São Paulo por algum tempo.
Resta clara, pois, a natureza política da ação feita na USP, o que deve fazer toda a sociedade refletir sobre os possíveis efeitos a que todos estão submetidos pela repressão que se anuncia às formas políticas de manifestação da liberdade de expressão. Em certo sentido, o método utilizado para a desocupação do prédio teve a função de fazer uma ocupação em todas as mentes.
Na perspectiva da relação entre o direito e a política, o que se deve perceber é a inaptidão do direito, visto na perspectiva liberal que prioriza a proteção da propriedade, para a solução de problemas estritamente políticos que envolvem reivindicações sociais e o equívoco da opção da Reitoria em judicializar o debate. A decisão judicial determinou a desocupação do prédio. O prédio está desocupado. Mas, os problemas que geraram o conflito não apenas ainda estão presentes, como se intensificaram.
O que se viu na seqüência foi a realização de uma assembléia com cerca de 3.000 estudantes, que se uniram em torno das causas defendidas pelos alunos da ocupação e que deliberaram pela deflagração de uma greve geral, ainda que sob o requisito de ser aprovada em assembléias em cada unidade.
Além disso, os professores da Universidade, em assembléia, deliberam apoiar os alunos em suas reivindicações, que trazem, no centro das preocupações, a necessidade de democratização da USP, repudiando os atos arbitrários de perseguição políticas que vem se perpetrando no local nos últimos anos. Em nota, a Associação dos Professores da USP pronuncia: “Assim, conclamamos todas as entidades, associações de trabalhadores, organizações de direitos humanos e aqueles que defendem as liberdades democráticas, ameaçadas pela escalada repressiva implantada pela Reitoria, a se manifestarem contra as medidas aqui denunciadas, que tolhem o direito de livre organização e expressão.”
Na própria mídia, as manifestações de mero repúdio cederam lugar a análises mais responsáveis e críticas. Depois das irracionalidades produzidas, apresenta-se o momento da razão, para que se possa fazer a leitura mais ampla de todo o contexto da situação vivenciada na USP, deixando-se para traz as visões simplistas e até preconceituosas que tentam limitar o alcance do episódio à vontade de uns poucos alunos “mimados” de obterem o privilégio de fumar maconha, na universidade, sem serem incomodados pela polícia.
Como concluíram Mauro Paulino e Alessandro Janoni[3], “A manifestação recente de estudantes da USP não é a brincadeira de criança que se tenta desenhar. Não se restringe ao debate sobre legalização das drogas ou estratégias de segurança pública. É um sintoma sério de crise de democracia”, vez que “as instituições tradicionais de representação do modelo hegemônico de democracia se distanciam da população, em especial dos jovens”, sendo que se é assim no “berço da classe média paulistana”, que é a USP, quanto mais o será, e de forma ainda mais preocupante, para o segmento alocado “nas franjas da cidade”.

(...)

A ira generalizada e preconceituosa que tombou sobre os estudantes foi, evidentemente, desproporcional e só se explica diante do contexto político apresentado, que estava velado, no entanto. E, afinal, para quê tanto ódio? Esses jovens, ademais, quebraram o estigma de uma juventude alienada, para lutar pelos seus interesses e não devem ser alvos de repúdio preconceituoso ou represália política, ainda que venha institucionalizada por vias processuais. Seu exemplo, ao contrário, deve constituir um alimento para vencermos os nossos medos e limites determinados pelas confortáveis posições que ocupamos na esfera social, a fim de que, dentro do princípio que norteia toda a ordem jurídica, o da solidariedade, compreendamos a essencialidade dos movimentos sociais, que só seriam despropositados ou inoportunos se nossa sociedade estivesse na plenitude da justiça social, mas, por certo, como é fácil perceber, não está.
E, de todo modo, o debate apenas iniciou. Todo o ocorrido foi apenas o estopim para eventos mais importantes como difundir uma comoção pública de contrariedade ao desrespeito reiterado, praticado pelo próprio Estado e por alguns segmentos econômicos, aos direitos sociais e discutir os destinos da universidade pública, no sentido de constituir o ambiente apto a incentivar práticas democráticas e a produzir saber não apenas tecnológico, mas também crítico e propositivo, voltado, sobretudo, à melhoria da condição de vida dos diversos segmentos excluídos da população e dos economicamente menos favorecidos.
Cumpre lembrar, a propósito, que se para alguns a manutenção das coisas como estão pode interessar, há incontáveis pessoas por aí, como diria Chico Buarque, que estão lutando contra a existência e cuja dor não sai no jornal.
Agora, passados esses duros momentos advindos da irracionalidade, é hora de avançar nos debates, mantendo-se firme na defesa do direito de manifestação, para que os efeitos de toda essa grave situação não sejam destruidores de nossas possibilidades democráticas. Só isso nos permitirá continuar escrevendo uma trajetória da qual possamos nos orgulhar. Do contrário, para uma parcela considerável da nossa sociedade a história assim restará escrita:

“Acossados pelos conquistadores espanhóis, depois de trezentos anos de luta, os araucanos se retiraram até àquelas regiões frias. Mas os chilenos continuaram o que se chamou “pacificação da Araucaína”, isto é, a continuação de uma guerra a sangue e fogo para desapossar nossos compatriotas de suas terras. Contra os índios todas as armas foram usadas com generosidade: disparos de carabina, incêndio de suas choças, e depois, de forma mais paternal, empregou-se a lei e o álcool. O advogado se tornou especialista também na espoliação de seus campos, o juiz os condenou quando protestaram, o sacerdote os ameaçou com o fogo eterno.” (Pablo Neruda, Confesso que Vivi).
São Paulo, 16 de novembro de 2011.
http://uspemgreve.blogspot.com/2011/11/ ... -dela.html

Em tempo, tenho que admitir que o oGuto tem uma vantagem sobre quase todos os outros debatedores por aqui: ele sabe ler e, ainda, diferenciar provocação do argumento.

Vamos ver o que vem por aí...

Carnage
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Re: Alunos da USP em conflito com a PM

#195 Mensagem por Carnage » 27 Nov 2011, 19:20

Compson escreveu:
O Direito e a Política na USP – e fora dela – depois da irracionalidade

Jorge Luiz Souto Maior

O prédio da Reitoria da USP foi desocupado! E agora?
Esse texto é ótimo. Eu tinha separado ele pra postar.

Vamos a mais dois então:

http://www.viomundo.com.br/politica/usp ... zacao.html
USP: Privatização e militarização

por Francisco Alambert, Francisco de Oliveira, Jorge Grespan, Lincoln Secco, Luiz Renato Martins e Marcos Soares, sugestão de Ricardo Maciel


da Folha de S. Paulo

As razões da militarização do campus da USP transcendem os limites e dados recentes a partir dos quais tem sido discutida. Por que não propor a mudança do teor ermo e rural do campus por sua urbanização efetiva, o aumento de cursos noturnos etc.?

Em vez disso, a reitoria traz coturnos, controles e revistas, rasantes de helicópteros, que rasgam o pensamento e a escuta (que atenção resiste à rotação das hélices?), e bombas; logo virão cães… Insiste em ações de respostas e sequelas imprevisíveis. Já se tem os vultos cauta e justamente encapuzados dos nossos estudantes contra a reitoria ditatorial e policialesca.

Por que a insistência no trauma, na indignidade, no modo custoso e descabido? A verdade é que a militarização, ou terceirização da segurança, deriva da privatização em curso da USP.

Combina-se ao sucateamento, no campus, do hospital, da moradia estudantil e do transporte, aos cursos pagos e escritórios externos. Com que fim? Recordemos.

O primeiro ato da gestão Serra foi criar a Secretaria de Ensino Superior, englobando as universidades estaduais e a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), com orçamento de grande estatal, superior ao de Estados.

O pacote privatista cindia pesquisa e ensino, sediava a pesquisa em ilhas, associando-a a empresas, substituía o ensino presencial por telecursos e submetia o todo a critérios empresariais.

Resultou em greves por todo o Estado, na primeira ocupação da reitoria da USP (maio-junho, 2007) e na demissão do secretário Pinotti.

O governo, porém, não desistiu. Passou a priorizar a liquidação do movimento que obstou o primeiro carro-chefe da campanha de Serra à Presidência. Fez a reitoria nomear um investigador de polícia como diretor de segurança da USP no final do ano de 2007.

Os furtos no campus seguiram, mas o alvo era outro: em 2008, a reitoria demitiu um dirigente sindical, apesar da imunidade constitucional do cargo, e implantou a estratégia de processos administrativos e penais seriais contra os sindicalistas e estudantes.

À rádio Bandeirantes, o reitor afirmou, em 2010, que a USP era como os “morros do Rio” e que requeria uma intervenção como a do Haiti. Hoje, cinco dirigentes sindicais encontram-se em vias de demissão, até por “crime de opinião”, e 25 estudantes, às portas da expulsão, com base em artigo que proíbe a difusão de ideias políticas no campus; com as prisões recentes dos 73, ascende a quase cem a lista dos estudantes perseguidos.

De fato, a USP, sem acesso universalizado — ao contrário de universidades públicas da Argentina e do México—, ainda não se pôs, como deve, a serviço da sociedade como um todo.

Está, no entanto, a sociedade ciente do processo em curso e disposta a prosseguir na dilapidação e cessão a grupos privados do enorme potencial da universidade?

O reitor Rodas acelera vertiginosamente a fratura social e política da USP. É preciso caminhar para uma estatuinte, sem o que não haverá concórdia e paz.

Os problemas da USP, inclusive os de malversação e de uso obscuro de bens, são em sua raiz políticos, e se reproduzem por um regimento herdado do autoritarismo, que fere toda ordem democrática.

Sua solução passa, como a do país, pelo sufrágio universal, pela abertura social, pela preservação da gratuidade, pela multiplicação de cursos noturnos e pelo incentivo a pesquisas em diálogo real com as necessidades nacionais.

Francisco Alambert é professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP).
Francisco de Oliveira é professor emérito da FFLCH-USP.
Jorge Grespan é professor da FFLCH-USP.
Lincoln Secco é professor da FFLCH-USP.
Luiz Renato Martins é professor da Escola de Comunicações e Artes da USP.
Marcos Soares é professor da FFLCH-USP.


http://colunas.epoca.globo.com/paulomor ... 1/24/3959/
A intervenção de FHC
Paulo Moreira Leite


A entrevista de Fernando Henrique Cardoso sobre sobre a guerra entre os estudantes da USP e a PM estabelece uma fronteira democrática na discussão.

FHC obviamente não concorda qualquer coisa que se possa chamar de idéias políticas dos estudantes. Mas ele critica o esforço para rebaixá-los como “maconheiros” e questiona a idéia de resolver os conflitos universitários — como a ocupação da reitoria — com a tropa de choque.

É importante por duas razões — para FHC e para os outros.
ilêncio de Fernando Henrique começava a gerar contrangimento em boa parte de seus admiradores no meio universitário. Ele é a principal estrela do filme Quebrando Tabu, onde não só defende a legalização da maconha, da cocaína, da heroína, etc, como diz que não existe sociedade sem drogas.

Seria muita hipocrisia ficar quieto depois de um conflito que teve início quando a PM resolveram deter três estudantes que enrolavam um baseado num estacionamento.

O outro motivo é mais amplo. Uma das boas regras da democracia diz que os princípios políticos devem ser defendidos quando isso não convém a nossos interesses. É uma reaplicação daquela máxima de Voltaire sobre defender “até a morte” a liberdade de expressão do outro. Ou seja: mesmo que FHC não concordasse com a legalização da maconha ele não seria obrigado, automáticamente, a sustentar a ação da PM contra os estudantes.

Estão envolvidas, aí, questões importantes da democracia, como a autonomia universitária e a necessidade de garantir uma polícia que seja capaz de garantir a segurança dos cidadãos sem ferir seus direitos por causa disso.

Nos últimos dias, ocorreram movimentos, dentro do PSDB, para que o partido tivesse atitudes mais claras de apoio à ação da PM. Era uma forma de tentar faturar com a violencia. A postura de FHC ajuda a entender por que esse esforço não prosperou.

Você pode ler aqui a entrevista de FHC: http://ultimainstancia.uol.com.br/conte ... doso.shtml
Também pode ler textos que escrevi sobre a desocupação da USP:Aqui, sobre o uso da maconha como estigma político:http://colunas.epoca.globo.com/paulomor ... ipocritas/

Aqui, meu relato sobre a desocupação da reitoria, depois de passar 12 horas entre estudantes, policiais, familiares: http://colunas.epoca.globo.com/paulomor ... as-na-usp/

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