"Para não dar de olhos fechados"

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Re: "Para não dar de olhos fechados"

#181 Mensagem por Compson » 16 Set 2011, 09:43

oGuto escreveu:Mesmo assim, caro Compson, não deixa de ser interessante saber que você tem esses relacionamentos como reais em sua vida.
Mas não é isso que eu quis dizer...

Concordo com quase tudo o que você argumentou, basta ver as palavras que coloquei na boca da puta naquele post do diálogo...

Meu ponto não é que os relacionamentos com putas sejam reais, mas que sua irrealidade evidente sirva de modelo para entender como os relacionamentos "de graça", em sua imensa maioria, são irreais!

A ilusão não é acreditar no sentimento do outro, mas acreditar que esse sentimento recaia realmente sobre sua pessoa... Ingenuidade de que o post do oGuto dá grande exemplo!

Mas a putaria tem um lado construtivo também. Na medida em que o interesse é explicitado e reconhecido como fora da relação entre as pessoas, abre-se o espaço para uma verdadeira relação, aquilo que chamei de amor. Com isso não quero dizer que o amor já esteja na putaria, é claro, mas que na vida civil as pessoas deveriam se comportar de modo mais próximo do que se comportam no "mundo do sexo pago".

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Re: "Para não dar de olhos fechados"

#182 Mensagem por oGuto » 16 Set 2011, 19:53

Gilmor escreveu:Não vejo a indiferença como um fenômeno exclusivo da putaria, acho que é mais um elemento típico da sociedade atual.
Sem dúvida, caro Gilmor.
No entanto, a indiferença é a não definição de algo, já a putaria se insere mais apropriadamente na artificialidade, que é a solução de uma situação.
Optar pela artificialidade (e aqui não há nenhuma crítica), por óbvio, implica se sujeitar à recíproca alheia, ao nada poder exigir.
Não é isso que vemos na putaria?
Aproveitando, copiarei a sacada do caro camarada, para levantar outra questão ao prezado Compson.
Gilmor escreveu:
Compson escreveu: Puta [já vestida, esperando a grana na porta]: Ah meu filho, pra foder a paciência é mais caro....
Novamente, sem dúvida, caro Gilmor.....sem dúvida.
Mas a questão é: se ausente o relacionamento, significa que isso é algo que valorizaria ou depreciaria tal encontro?
Qual seria, então, a hipótese mais provável, alterando o desfecho sugerido.

Este:
Compson escreveu: Puta [já vestida, esperando a grana na porta]: Ah meu filho, com relacionamento é mais caro....se quiser da próxima vez.........
Ou este:
Compson escreveu: Puta [já vestida, esperando a grana na porta]: Ah meu filho,tire o seu troco, esqueci de avisar que com relacionamento é mais barato.....
Apenas para deixar bem claro que não estou a valorizar um lado, mas somente constatando uma realidade.

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Re: "Para não dar de olhos fechados"

#183 Mensagem por Compson » 16 Set 2011, 23:55

oGuto escreveu:Apenas para deixar bem claro que não estou a valorizar um lado, mas somente constatando uma realidade.
Cito só esse trecho para o post não ficar grande, mas tome-se como a citação do texto todo...

Então, acho que ainda não estamos falando a mesma língua.

A realidade realmente tem muito pouco a ver com o que eu digo.

O que proponho não é uma outra interpretação da mesma realidade, mas apenas uma guinada de perspectiva. Em vez de olhar para a putaria com "olhos civis", olhar para as relações civis com olhos de putanheiro. Para isso, creio que não basta ser putanheiro, pois você pode muito bem ser o maior putanheiro do mundo e ainda tomar a vida civil como a referência básica.

Se você estabelece como ponto de partida o "relacionamento civil", seja lá o que se entenda por isso, a putaria pode adquirir dois sentidos distintos: (1a) um de ruptura, ela pode ser apenas o esvaziamento desse relacionamento, substituindo-se sua "espontaneidade", seja lá o que se entenda por isso, pela "artificialidade" ou pelo uso pragmático do outro (creio que essa seja mais ou menos a sua posição); (2a) outro de continuidade, ela pode ser um meio de comprar uma ilusão dessa "espontaneidade", seja para enganar a si mesmo, seja para tentar enganar os outros (isso é o que tenho definido como BOPismo).

Por outro lado, você pode partir da putaria, ou seja, do uso do dinheiro para estabelecer relações sexuais que não se estabeleceriam sem a mediação monetária e que não estabeleçam nenhum vínculo posterior entre os atores. Nesse caso, os mesmos caminhos se afiguram: (1b) pela ruptura, os resultados me parecem os mesmos, conforme desaparece a mediação do dinheiro, as relações vão se preenchendo de "espontaneidade" ou "sentido" (creio que essa seja apenas a sua perspectiva "do avesso"); (2b) mas como continuidade, acho que é possível ver algo novo, pois não se trata apenas de reduzir tudo ao interesse monetário (o famoso "mulher só gosta de dinheiro"), mas sim de tentar identificar como o que, à primeira vista, parece íntimo e espontâneo, não passa de interesses parciais: no carro, no poder, na beleza, na inteligência, no carisma, no jeito etc.; o fato do aspecto interessante deixar de ser explícito e externo e passar a ser vago e interno em nada afeta a parcialidade do interesse (essa é a perspectiva que proponho).

A palavra "pessoa", para mim, define-se exatamente como esse processo de abstração que permite reduzir uma série de aspectos dispersos à unidade vaga, abstrata (e conveniente) que chamamos de "eu". A meu ver, a perspectiva sintetizada em (2b) é a que mais permite ao sujeito escapar dessa ilusão do "eu" (sim, é um jogo fonético); ela não é necessariamente mais "real" ou "realista", mas é a menos ilusória.

Nesse sentido, não faz sentido perguntar se "relacionamento" valoriza ou desvaloriza o programa, nem para você (pois, se bem entendi, sua perspectiva parte da separação radical entre relacionamento e valor), nem para mim, pois não acho que saibamos o que queremos dizer quando falamos em "relacionamento"...

Esse é o processo visto da perspectiva de quem paga pelo sexo (na putaria) ou de quem quer se colocar como desejável (na vida civil).

Resta fazer o mesmo percurso considerando-se a perspectiva do/a prostituto/a ou de quem se coloca como desejante. Mas deixemos isso para depois... Provoquemos a ansiedade do público! :mrgreen:

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Re: "Para não dar de olhos fechados"

#184 Mensagem por oGuto » 17 Set 2011, 16:34

Mike Logan escreveu:E se compararmos o sexo "de graça" de uma relação casual, com a putaria? Por exemplo, dois colegas de trabalho que se encontram numa festa. O homem deseja a colega pelos seus atributos físicos, e ela o deseja por qualquer outro motivo que leva as mulheres desejarem um homem. Eles "ficam" naquela noite. E fica só nisso. Não vejo esse tipo de relacionamento, que é superficial, rápido, e descartável, como tão superior ao programa com uma prostituta.
Utilizarei o post do caro Mike Logan para efetuar uma análise paralela ao do prezado Compson, quem sabe suscitando alguma convergência (não que ainda não exista).
Compson escreveu:Então, acho que ainda não estamos falando a mesma língua.
A realidade realmente tem muito pouco a ver com o que eu digo.
Não percebo desse modo, já que, sim, estamos falando a mesma língua, haja vista que mesmo para não falar da realidade, dela antes se deve saber, mesmo que apenas para a sua exclusão.

Isso posto, também não há equivalência entre a mais que comum “ficada” com a putaria, como colocado pelo caro Mike Logan.
E mais uma vez, também tem a ver com o fato de que mesmo o chamado sexo casual envolve algum mútuo senso crítico (como diria o caro Compson, interesses explícitos ou ocultos) o que não ocorre na putaria.
Nesta, evidente e comprovadamente, a possibilidade de crítica, mesmo sendo implicitamente também mútua, em razão da conveniente artificialidade que envolve a situação, acaba por ser negada a uma das partes (à puta), o que, a bem da verdade, nada a prejudica, podendo ser visto até como uma necessária blindagem “profissional”.
E quando falo de “senso crítico”, me refiro apenas às avaliações automáticas (prévias e posteriores) ativadas em tal situação (não necessariamente certas, nem erradas) e não a grandes elucubrações, ou seja, nada muito profundo.
Porém, mesmo inexistente qualquer profundidade, inegável que a “ficada” atende ao interesse de ambos (homem e mulher), mesmo que momentâneos.
E, essa momentaniedade, talvez seja o dado maior a comprovar a diferença entre as duas situações, “ficada” e putaria, já que, na primeira, ela evidencia interesses (sexuais, explícitos, e outros tantos, ocultos) resolvidos e encerrados mutuamente, enquanto que, na segunda, ela é apenas decorrência dos interesses (sexual e outros tantos ocultos) de apenas uma das partes.
O que, se as diferenciam, pouco dizem acerca da qualidade dessas relações.
E aí está um outro aspecto que ainda não foi desenvolvido neste debate, qual seja, a qualidade do relacionamento sexual, dado evidentemente relevante dentro do que se tem discutido.

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Re: "Para não dar de olhos fechados"

#185 Mensagem por Compson » 17 Set 2011, 19:07

Nossa, como é difícil entender o oGuto quando se está razoavelmente bêbado... Resposta agora só segunda... :(

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Re: "Para não dar de olhos fechados"

#186 Mensagem por Compson » 20 Set 2011, 10:42

Estava meio de saco cheio deste tópico, mas não posso ignorar as 7238 MPs que recebi pedindo para que continuasse...
oGuto escreveu:
Compson escreveu:Então, acho que ainda não estamos falando a mesma língua.
A realidade realmente tem muito pouco a ver com o que eu digo.
Não percebo desse modo, já que, sim, estamos falando a mesma língua, haja vista que mesmo para não falar da realidade, dela antes se deve saber, mesmo que apenas para a sua exclusão.
Mas não se trata propriamente de exclusão, mas de não reconhecer a “realidade” como um fundamento relevante. Quando alguém recorre a um argumento do tipo “estou falando da simples realidade”, fica claro que ele não pode ou não quer realmente discutir. Discutir é dizer qual é essa realidade, expor os critérios do “real” e, portanto, ficar sujeito a críticas.
oGuto escreveu:Isso posto, também não há equivalência entre a mais que comum “ficada” com a putaria, como colocado pelo caro Mike Logan.
Respondendo por mim, nada digo sobre “equivalência”, mas sobre diferença contínua, ou seja, sobre a permanência de alguns aspectos fundamentais e discrepância de outros.
oGuto escreveu: E mais uma vez, também tem a ver com o fato de que mesmo o chamado sexo casual envolve algum mútuo senso crítico (como diria o caro Compson, interesses explícitos ou ocultos) o que não ocorre na putaria.

(...)

E quando falo de “senso crítico”, me refiro apenas às avaliações automáticas (prévias e posteriores) ativadas em tal situação (não necessariamente certas, nem erradas) e não a grandes elucubrações, ou seja, nada muito profundo.
Esta questão do “senso crítico” permite-me falar do sujeito do desejo, o que me levará a rematar brilhantemente meu sistema das relações sexuais. Tomemos a seguinte proposição:

S deseja P.

Colocada em contexto externo à putaria, onde S e P são dois indivíduos humanos. Pois bem, analisemos o que ela significa.

S, o sujeito, é um indivíduo humano, portanto dotado de consciência. Portanto, S é capaz de criar uma representação de si mesmo por meio da qual ele acredita poder se conhecer. Digo “acredita”, pois é razoavelmente pacífico que o maior desafio de conhecimento é “conhecer-se a si mesmo”, do que já sabiam os gregos lá pelo século VI ou VII a.C.

Essa representação não parte exclusivamente de S, mas dos estímulos que S recebe do ambiente, que condicionará parcialmente seus gostos e sua personalidade: por exemplo, se os pais de S forem demasiadamente protetores, S pode desenvolver expectativas de proteção em relação ao meio social; se forem demasiadamente negligentes, S pode considerar-se socialmente indesejável, e assim por diante, lembrando-se que os pais são só um exemplo.

Assim, S compreende e planeja seu comportamento a partir de uma representação de si mesmo que é sujeita a internalização de sugestões externas e revela-se necessariamente imperfeita e ilusória.

S deseja P, portanto, S conhece P, o predicado (salvo se P for produto da imaginação de S, o que, como veremos, não fará muita diferença). Por conhecer P, S o representa do mesmo modo que representa a si mesmo, ou seja, pela seleção de uma série de traços que podem ou não corresponder ao verdadeiro P.

Portanto, para S, P não é um indivíduo concreto, mas apenas uma representação mental falível. Assim, quando dizemos “S deseja P”, na verdade S e P são apenas metáforas para “autorrepresentação de S” e “representação de P por S”, ambas, por definição, ilusórias e imperfeitas. Esclarecido isso, resta saber o que significa a cópula “desejar”.

Para tanto, vou me atribuir a prerrogativa de desprezar qualquer consideração do “desejo” enquanto sentimento indizível ou verdade íntima, afinal, os tempos românticos já passaram...

Houaiss registra: desejar = ter gosto ou empenho em (realizar algo); ter vontade de; ansiar, pretender, querer.

Como vimos, S comporta-se a partir de sua autorrepresentação, portanto, dizer que S tem gosto/vontade/anseio de algo significa dizer que S representa esse algo enquanto conveniente ou desejável para sua própria autorrepresentação. Dizer que “S deseja P”, significa, assim, dizer que S representa P de um jeito tal que P se apresenta como desejável para a autorrepresentação de S.

O “desejo”, portanto, é o resultado da interação entre duas representações imperfeitas no interior de S. Sua impressão de realidade primordial e indizível decorre exatamente da impossibilidade de explicitar suas condições, pois isso equivaleria não apenas a mostrar os erros das representações, mas também o caráter ilusório e meramente subjetivo do próprio relacionamento entre elas.

O “senso crítico”, nesse caso, não passa na verdade de uma necessidade acrítica segundo a qual os pressuposto fundamentais do relacionamento não podem ser explicitados sob o risco de revelarem a própria vacuidade do relacionamento. É verdade que P pode vangloriar-se de ter sido ele, e não O ou R, que S representou como desejável, mas nada lhe garante, ao menos no curto e médio prazos, que a representação de S seja minimamente verdadeira! Pelo contrário, é muito provável que ela seja falsa...

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Re: "Para não dar de olhos fechados"

#187 Mensagem por PRS » 20 Set 2011, 19:52

Carnage escreveu:
Sério que vocês escreveram tudo isso??

Ah, eu não vou ler essa porra toda não...
Eu li.

Esse diálogo de vocês fez-me lembrar do Espártaco (refiro-me ao livro do Howard Fast, não à série televisiva - sou velho o bastante para referenciar livros, não episódios de mini-séries)

Numa parte do livro, que conta sobre a origem das muneras - as lutas de gladiadores - comenta-se que no início as lutas eram pouco apreciadas ,porque eram normalmente criminosos comuns ou legionários aposentados que ficavam lutando,muitas vezes batendo espada contra escudo e escudo contra escudo até a exaustão. A coisa só ficou interessante e virou sucesso quando vieram os prisoneiros de guerra e começou a matança.

Em outras palavras, parem de ficar circulando e vamos logo pra jugular. Isso aqui não é Fedro e sim Fanny Hill.

Apenas para jogar a carne já na arena ,considerem ambos o seguinte:

Todo relacionamento envolve suposição , vontade , expectativa e interpretação . Suposição do que a pessoa é ou fará, quanto à sua vontade em relação a ela , que gera uma expectativa que será alimentada ou diminuida pela interpretação que se dá aos atos (ou ausência deles).

Partindo do acima, pode-se dizer que:

99% da merda que ocorre na putaria é por erros de interpretação

99% da merda que ocorre no relacionamento civil é por erros de expectativa

Aguardo expectante

PS: sutil o P R S aparecendo no argumento. Só faltou a contra-parte, a qual ninguém sequer desconfia quem foi. :)

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Re: "Para não dar de olhos fechados"

#188 Mensagem por pepsicool » 20 Set 2011, 20:14

traduzindo :


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Re: "Para não dar de olhos fechados"

#189 Mensagem por oGuto » 20 Set 2011, 21:43

Nem pensar.

Nada de ir na jugular de ninguém, antes do Compson concluir.

Parafraseando o caro Pepsicool, “nóis é tudo mau, malvado e monstruoso, mas nóis é fiote”

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Re: "Para não dar de olhos fechados"

#190 Mensagem por Carnage » 20 Set 2011, 22:30

Porra, PRS, eu não li tudo não mesmo!

Só li agora o diálogo hipotético do Compson com a putinha de estimação dele e rachei de rir! Ficou muito bom!

Pena que não levou a lugar nenhum...

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Re: "Para não dar de olhos fechados"

#191 Mensagem por caçador_novo » 20 Set 2011, 22:36

Carnage escreveu:Porra, PRS, eu não li tudo não mesmo!

Só li agora o diálogo hipotético do Compson com a putinha de estimação dele e rachei de rir! Ficou muito bom!

Pena que não levou a lugar nenhum...
Esse comentário foi maldoso, rs.

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Re: "Para não dar de olhos fechados"

#192 Mensagem por caçador_novo » 20 Set 2011, 22:38

PRS escreveu:
Carnage escreveu:
Sério que vocês escreveram tudo isso??

Ah, eu não vou ler essa porra toda não...
Eu li.

Esse diálogo de vocês fez-me lembrar do Espártaco (refiro-me ao livro do Howard Fast, não à série televisiva - sou velho o bastante para referenciar livros, não episódios de mini-séries)

Numa parte do livro, que conta sobre a origem das muneras - as lutas de gladiadores - comenta-se que no início as lutas eram pouco apreciadas ,porque eram normalmente criminosos comuns ou legionários aposentados que ficavam lutando,muitas vezes batendo espada contra escudo e escudo contra escudo até a exaustão. A coisa só ficou interessante e virou sucesso quando vieram os prisoneiros de guerra e começou a matança.

Em outras palavras, parem de ficar circulando e vamos logo pra jugular. Isso aqui não é Fedro e sim Fanny Hill.

Apenas para jogar a carne já na arena ,considerem ambos o seguinte:

Todo relacionamento envolve suposição , vontade , expectativa e interpretação . Suposição do que a pessoa é ou fará, quanto à sua vontade em relação a ela , que gera uma expectativa que será alimentada ou diminuida pela interpretação que se dá aos atos (ou ausência deles).

Partindo do acima, pode-se dizer que:

99% da merda que ocorre na putaria é por erros de interpretação

99% da merda que ocorre no relacionamento civil é por erros de expectativa

Aguardo expectante

PS: sutil o P R S aparecendo no argumento. Só faltou a contra-parte, a qual ninguém sequer desconfia quem foi. :)
Gostei da sua conclusão. Além de concordar com ela, gostei muito da concisão.

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Re: "Para não dar de olhos fechados"

#193 Mensagem por Compson » 21 Set 2011, 14:26

[cont...]
Compson escreveu:O “senso crítico”, nesse caso, não passa na verdade de uma necessidade acrítica segundo a qual os pressuposto fundamentais do relacionamento não podem ser explicitados sob o risco de revelarem a própria vacuidade do relacionamento. É verdade que P pode vangloriar-se de ter sido ele, e não O ou R, que S representou como desejável, mas nada lhe garante, ao menos no curto e médio prazos, que a representação de S seja minimamente verdadeira! Pelo contrário, é muito provável que ela seja falsa...
Pois bem, suponhamos que S e P desejem-se mutuamente, ou seja, cada um represente o outro tal como desejável para sua própria autorrepresentação. Nesse caso, teremos 4 representações diferentes, nenhuma das quais necessariamente correta: autorrepresentação de S, representação de P por S, autorrepresentação de P, representação de S por P. De todo modo, S e P estão finalmente prontos para entrar em um relacionamento real, ou seja, para tentar coordenar quatro representações irreais.

Uma vez nessa situação, ambos são aprisionados por um dispositivo econômico, tal como pássaros numa gaiola. Começa a interminável negociação mediante a qual S procura fazer com que P se comporte de um modo condizente com a representação de P por S e vice-versa, sendo que cada um cede um pouco apenas na medida em que acredite que o outro esteja cedendo igual ou mais e nenhum tem plena consciência do que realmente significa cada representação. Na base disso, encontra-se o famoso “senso crítico”, a ideia de que cada um é soberano de seu próprio corpo e seu próprio desejo e de que o outro só pode ter acesso a esse desejo e a esse corpo na medida em que cumpra determinados requisitos.

Se esse jogo coordenativo de chantagens for bem sucedido, S e P podem finalmente se apresentar como um lindo e disciplinado casalzinho, como a encarnação do amor, da mesma forma que um urso que dança no picadeiro é a encarnação da sublimidade da música.

A putaria é, ao mesmo tempo, o ápice e a desativação desse dispositivo. É o ápice, pois o caráter de chantagem é colocado sem cerimônia alguma: eu, pagante, tenho dinheiro que a prostituta precisa/deseja; a prostituta, por sua vez, tem seu corpo e sua personagem/personalidade de que eu preciso/desejo dispor por um tempo limitado. Acertada a troca, explícitos e objetificados os termos dessa relação, esse “tempo limitado” pode encerrar um período de alguma liberdade em que eu, pagante, posso contar com a disposição do corpo dela não porque ela deseja dispor a mim (condição necessária a qualquer relação “civil”), mas porque ela torna-se indiferente entre dispor ou não.

O dinheiro não é a reificação absoluta que dissolve as relações humanas, tal como tentou nos convencer um certo conservadorismo moral de máscara marxista. O dinheiro é o equivalente universal que permite desfazer as relações tradicionais “de sangue” garantidoras de privilégios particularistas arbitrários. A última dessas relações “de sangue” é a soberania do indivíduo sobre seu corpo, que lhe permite colocar como “espontâneos”, “não-artificiais” os critérios de troca que sustentam suas relações. A sociedade “burguesa” não é aquela que destrói esses laços de “sangue”, mas a que tenta evitar seu completo desmoronamento, restringindo-os ao âmbito da intimidade privada.

Um outro mundo será possível quando o que sustenta as relações humanas não for mais a instância ilusoriamente individual do desejo de se relacionar, mas a indiferença entre se relacionar ou não... Até lá, a putaria ou as relações civis são o mesmo nada da pré-história dos relacionamentos, diferindo apenas quanto à honestidade de seus participantes consigo mesmos.
Editado pela última vez por Compson em 21 Set 2011, 14:42, em um total de 1 vez.

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Re: "Para não dar de olhos fechados"

#194 Mensagem por Compson » 21 Set 2011, 14:40

PRS escreveu:Apenas para jogar a carne já na arena ,considerem ambos o seguinte:

Todo relacionamento envolve suposição , vontade , expectativa e interpretação . Suposição do que a pessoa é ou fará, quanto à sua vontade em relação a ela , que gera uma expectativa que será alimentada ou diminuida pela interpretação que se dá aos atos (ou ausência deles).

Partindo do acima, pode-se dizer que:

99% da merda que ocorre na putaria é por erros de interpretação

99% da merda que ocorre no relacionamento civil é por erros de expectativa
Não sei, mas para mim, 99% dos relacionamentos civis são um erro de expectativa. Na verdade, são um erro lógico: a impossibilidade de conjugar o conceito de relacionamento espontâneo com as práticas intercambiais dos relacionamentos específicos. Essa impossibilidade, aliada a alguns distúrbios neuro-hormonais associados, leva a pessoa a pensar que está vivendo uma "paixão indizível ou inexplicável".

99% da merda que ocorre na putaria decorre da incapacidade (que todo putanheiro mais experimentado um dia já sofreu) de assumir que os relacionamentos civis são impossíveis ou muito improváveis e de achar que a putaria serve, de algum modo, como substituto. Ou incapacidade da puta de entender que o desejo do putanheiro não é por ela, mas pela facilidade de dispor dela, o que é muito diferente...
Carnage escreveu:Porra, PRS, eu não li tudo não mesmo!

Só li agora o diálogo hipotético do Compson com a putinha de estimação dele e rachei de rir! Ficou muito bom!

Pena que não levou a lugar nenhum...
O objetivo era fazer os dois últimos posts na forma de diálogo, mas ia ficar grande pacas...

Mas o "não levar a lugar nenhum" não é necessariamente ficar no mesmo lugar... Ou talvez seja, mas o mesmo lugar não é exatamente o mesmo... Hã?!

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Re: "Para não dar de olhos fechados"

#195 Mensagem por oGuto » 21 Set 2011, 19:28

Agora que o caro Compson concluiu o seu arrazoado, nada impede que foquemos na jugular alheia.
Como bom “fiote” que sou, irei direto à do gladiador (se é para sucumbir, que seja diante do mais forte).
PRS escreveu: Todo relacionamento envolve suposição , vontade , expectativa e interpretação . Suposição do que a pessoa é ou fará, quanto à sua vontade em relação a ela , que gera uma expectativa que será alimentada ou diminuida pela interpretação que se dá aos atos (ou ausência deles).

Partindo do acima, pode-se dizer que:

99% da merda que ocorre na putaria é por erros de interpretação

99% da merda que ocorre no relacionamento civil é por erros de expectativa

Aguardo expectante
Tal assertiva me parece chupada de um desses manuais acerca das relações no mundo corporativo (praga mais do que disseminada nos dias atuais) e porcamente adaptada à situação discutida (no fundo, sei que tem a ver com nossas bases cognitivas, mas reconhecer isso não teria graça nenhuma).
Ademais, simplificar uma questão em nada beneficia uma eventual alteração de visão, ao contrário, convida ao comodismo do não pensar.
Portanto, o caro PRS nada acrescentou ao debate em questão, já que apenas esquematizou (simploriamente) como algo acontece, ignorando os agentes envolvidos

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