E o que isso prova?Compson escreveu:Em tempo: pensei, pensei, pensei e não entendi qual o problema do cara com agasalho da GAP...
Eu vi um agasalho destes na 25 de março por 30 reais...
E o que isso prova?Compson escreveu:Em tempo: pensei, pensei, pensei e não entendi qual o problema do cara com agasalho da GAP...
Boa pergunta.Carnage escreveu:Uma pergunta me passou pela cabeça esta semana.
No centro de São Paulo, em frente ao Largo do Paissandú, foi aberta a Galeria Olido, um centro cultural.
A alguns anos já, quase todo dia tem eventos nesse centro, em sala aberta, quase sempre de música, e lota de gente.
Sempre nestes eventos fica uma molecada, espalhada pela rua Dom José de Barros, na casa de dezenas, às vezes mais de 100 pessoas, batendo papo.
E praticamente um terço desta molecada está sempre fumando maconha.
Pertunta: porque a PM, ou a Guarda Municipal, neste tempo todo, nunca fez uma revista nesse pessoal?
Fui no show do racionais ontem, no Memorial da América Latina.ZeitGeist escreveu:Boa pergunta.Carnage escreveu:Uma pergunta me passou pela cabeça esta semana.
No centro de São Paulo, em frente ao Largo do Paissandú, foi aberta a Galeria Olido, um centro cultural.
A alguns anos já, quase todo dia tem eventos nesse centro, em sala aberta, quase sempre de música, e lota de gente.
Sempre nestes eventos fica uma molecada, espalhada pela rua Dom José de Barros, na casa de dezenas, às vezes mais de 100 pessoas, batendo papo.
E praticamente um terço desta molecada está sempre fumando maconha.
Pertunta: porque a PM, ou a Guarda Municipal, neste tempo todo, nunca fez uma revista nesse pessoal?
Carnage escreveu:Uma pergunta me passou pela cabeça esta semana.
No centro de São Paulo, em frente ao Largo do Paissandú, foi aberta a Galeria Olido, um centro cultural.
A alguns anos já, quase todo dia tem eventos nesse centro, em sala aberta, quase sempre de música, e lota de gente.
Sempre nestes eventos fica uma molecada, espalhada pela rua Dom José de Barros, na casa de dezenas, às vezes mais de 100 pessoas, batendo papo.
E praticamente um terço desta molecada está sempre fumando maconha.
Pertunta: porque a PM, ou a Guarda Municipal, neste tempo todo, nunca fez uma revista nesse pessoal?
Fui no show do racionais ontem, no Memorial da América Latina.
Grande presença da GM e alguns PMs por perto.
Parece que é só na USP que não pode fumar maconha...
insigne Roman Barak:Roman Barak escreveu:Carnage escreveu:Uma pergunta me passou pela cabeça esta semana.
No centro de São Paulo, em frente ao Largo do Paissandú, foi aberta a Galeria Olido, um centro cultural.
A alguns anos já, quase todo dia tem eventos nesse centro, em sala aberta, quase sempre de música, e lota de gente.
Sempre nestes eventos fica uma molecada, espalhada pela rua Dom José de Barros, na casa de dezenas, às vezes mais de 100 pessoas, batendo papo.
E praticamente um terço desta molecada está sempre fumando maconha.
Pertunta: porque a PM, ou a Guarda Municipal, neste tempo todo, nunca fez uma revista nesse pessoal?
Fui no show do racionais ontem, no Memorial da América Latina.
Grande presença da GM e alguns PMs por perto.
Parece que é só na USP que não pode fumar maconha...
Elementar, meu caro Carnage: certamente a maconha que estava sendo consumida na USP não era proveniente da boca de fumo da qual o comandante da PM responsável pela ocupação da universidade coletava o seu "cafezinho". A prisão dos estudantes usuários foi apenas uma forma de aterrorizar os demais estudantes, dissuadindo-os de continuar consumindo o "produto" daquela específica boca de fumo. Já no show dos racionais, pode ter certeza que o comandante da PM tem participação nos lucros da boca fornecedora.
Simples assim.
Você não assistiu o filme "Tropa de Elite"? Aqui em São Paulo as "milicias" agem um pouco diferente, mas o objetivo é o mesmo.
Olha, eu não li todas as notícias e opiniões postadas no tópico, apenas vou tentar resumir a minha ideia sobre os fatos.
Desde há muito os estudantes não vem mais sentido na vida, ou seja, pelo que lutar. Não dá pra comparar os universitários dos anos 1960 e 1970 com os de hoje, não vivemos numa ditadura militar - muito embora vivamos, sim, numa ditadura da idiotia dos meios de comunicação -, não há um inimigo "paupável" e contra o qual qualquer um que tenha mínima consciência dos direitos civis se oponha.
A insatisfação - que transcende a classe estudantil, avança por todos os estames da sociedade - com a vida é um fenômeno mundial que, diferentemente do que propagam, não tem genese na crise americana de 2008, é anterior. Lembrem-se que desde a década de 1980 se fala em desemprego, inflação e incerteza sobre a eficiência econômica dos governos para acabar com a desigualdade social e promover o crescimento dos países. Quem estuda economia vive falando em "crise cíclica". Pois é, vivemos apenas alguns momentos de melhora, mas de forma geral a nossa vida é mesmo uma bosta. Grosso modo é isso.
Com os estudantes universitários não poderia pesar consciência diferente. Eu, quando universitário, por vezes fui a festas da FFLECH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciencias Sociais da USP), local onde começou a "rebelião", com o claro propósito de comer coleguinhas estudantes sem maiores esforços. Sim, "maconhadas" e bêbadas, até as estudantes de filosofia, de grego, de antropologia e de ciência política davam pra mim... sem me desmerecer, mas é que na época eu não tinha um puto no bolso. Invariavelmente comia essas moças nos seus próprios aposentos e... bom, acho que me alonguei um pouco na digfressão. Eu queria dizer que o pessoal de lá, pelo que eu percebia, não tinha nenhuma perspectiva de emprego ao final do curso, nem mesmo do que fazer depois de receber o canudo (diploma). O que lhes restava era o movimento estudantil. Mas, porra, pra que um movimento estudantil se não havia mais ditadura militar e o PT já havia ocupado a prefeitura de São Paulo e feito merda?
Essa crise de identidade acomete os estudantes desde meados dos anos 1980, creio eu, com a "redemocratização" e o fim da República Velha. Os próprios estudantes envelheceram... alguns envelheceram tanto que perseguiram o vil metal, como os nossos pais, como dizia a canção do Belchior consagrada na voz da Elis Regina - é o caso dos ex-Ministro dos Esportes e do ex-prefeito de Duque de Caxias-RJ.
Fumar maconha é o que lhes restou.
E não só aqui, o mesmo ocorre na Europa e nos EUA... acabei de lembrar que nos anos 1980, toda semana tinha imagens dos estudantes da Coreia do Sul entrando em confronto com a polícia, onde estrá esse pessoal agora? Na certa, hoje são sócios da Hyundai...
Aos estudantes não cabe mais discurtir os rumos do ensino público, que a cada dia que passa deixar mais ainda de ser prioridade para o governo do PT - puxa, eu não quero ficar atacando o PT aqui, mas porra, eles não diziam que eram tão diferentes dos malufistas, dos demos, dos tucanos? Eu e as minhas digressões...
Daí os estudantes ficaram emputecidos porque nem maconha podem mais fumar.
Ora, o problema não é se esses estudantes possuem um horizonte tão miúdo que as suas reivindicações pela liberdade de fumar maconha não chega nem ao chinelo da categoria das motivações de luta dos estudantes dos anos 1960 e 1970 - redemocratização do País, para esclarecer.
O problema é que a crise de desigualdade social - em meio ao sucesso econômico do País, vejam bem - levou ao aumento da violência e, por conseguinte, a ter a diretoria da Universidade de São Paulo de chamar a Polícia Militar para "fazer a segurança" nos campi (plural de campus), de forma ditatorial e em desprestígio do pluralismo de opiniões - o reitor bem que poderia ter levado essa discussão a todos os envolvidos e interessados antes de simplesmente "decidir" pelo tal convênio com a PM.
Mas o problema maior de todos é que saber, por que diabos, a PM, ao invés de se preocupar com segurança, efetivamente, resolveu agir como agia na época da ditadura militar, ou seja, deixar de se preocupar com os bandidos para ir importunar estudantes desiludidos com o sistema universitários e com falta de perspectiva de vida, cuja única válvula de escape é a tal da maconha?
Sim, a PM foi prender 3 pobres diabos - bodes expiatórios, se preferirem - que cometeram o deslize de serem usuários de substância ilegal, ao invés de procurar quem matou a garota morta dia desses dentro de um campus sem iluminação e sem nenhuma segurança - segurança que, aliás, deveria ser da obrigação de quem gerencia a universidade, não da Polícia Militar.
Os erros grosseiros provém muito mais dos "adultos" (reitoria da USP, PM, Governador de São Paulo) do que da "molecada", não acham?
Não pensem vocês que dou razão aos estudantes. Eles, a meu ver, não tem muita coisa na cabeça que se aproveite, seu discurso é totalmente incoerente e disconectado com a realidade contemporânea. E não poderiam ter ocupado a reitoria e danificado o prédio - apesar que, suspeito, a destruição foi mesmo provocada pela tropa de choque que ocupou o local a guiza de cumprir ordem judicial, ficando fácil, depois, por a culpa nos estudantes.
Mas insisto que os mais errados foram os "adultos", não os "moleques".
Assim ocorre na Europa e nos EUA, com o tal de "Ocupem Wall Street" - aliás, não sei bem se aquele movimento é de estudantes ou de cidadãos comuns que perderam o emprego e as residências com a crise econômica gerada pela especulação financeira.
Prendam os manifestantes e usem isso como desculpa para a própria incompetência e mau-caratismo, senhores Reitor da USP, Governador de São Paulo e Comandante da PM.
Eu sou a favor, pode pegar todo mundo que estiver com maconha, cocaína e demais derivados em seu poder!Compson escreveu:PUC e Mackenzie defendem que a polícia faça rondas em seu interior?
Simples assim...
Pois é.Compson escreveu:PUC e Mackenzie defendem que a polícia faça rondas em seu interior?
Simples assim...
Também sou a favor, mas desnecessário que isso se dê nos campus, basta ser no entorno.ZeitGeist escreveu: Eu sou a favor, pode pegar todo mundo que estiver com maconha, cocaína e demais derivados em seu poder!
Pode chamar de blitz universitária!
Muito, mas muito longe da questão que eu quis levantar.oGuto escreveu:Ou seja, aquela velha história do “por que só comigo?....e os outros?”
Convenhamos que não existe nenhuma razoabilidade nesse tipo de pensamento.
Seria o mesmo que exigir que sejam soltos todos os criminoso presos, apenas porque existem muitos que não estão.
Ora, na base desse torto raciocínio, ou se punem a todos ou não se pune ninguém, o que é de uma deslavada cretinice.
A PM não faz, nunca fez nem nunca fará a segurança dentro de condomínios particulares fechados. Onde fica essa analogia então?oGuto escreveu:Quem mora em condomínios verticais ou horizontais, sabe que, a despeito de toda a segurança existente contra o que seja externo, a maioria dos problemas (desde vandalismo a furtos, passando por tantos outros até de maior gravidade) são causados pelos próprios moradores ou de quem neles adentram sob suas autorizações.
Folha reabilita o ideólogo da ditabranda
por Caio Navarro de Toledo
Os editores da Folha de S. Paulo sempre se regozijam com os resultados de pesquisas que asseguram que, do ponto de vista de sua formação escolar, os leitores do jornal seriam “altamente qualificados” (74% teriam cursado o ensino superior e 24% o ensino médio).
É possível afirmar também que, desde o final da ditadura militar, o jornal passou a abrir suas páginas para uma colaboração regular de acadêmicos e intelectuais críticos (a “campanha das diretas já” talvez tenha se constituído em momento privilegiado do congraçamento com esses setores). Creio que os vínculos com a academia se acentuaram quando os editores e colunistas do jornal (com cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado) passam a ser recrutados nas várias unidades de ensino e pesquisa das universidades públicas paulistas, em particular da USP.
Por meio de seus editores, alguns intelectuais e acadêmicos – vários deles de esquerda e alguns, inclusive, de convicções marxistas – são convidados a escrever colunas semanais enquanto outros têm artigos, entrevistas e depoimentos publicados nas diferentes seções do jornal (economia, política nacional e internacional, cultura, educação etc.); igualmente, escrevem cartas, têm seus livros resenhados, pedem que abaixo-assinados com fins acadêmicos e políticos sejam divulgados etc.(*)
Na inexistência de jornais ou revistas definidamente de esquerda e ampla circulação nacional – que poderiam servir de canal alternativo à grande mídia –, uma parte dos acadêmicos críticos e intelectuais socialistas acredita que é imprescindível travar o combate ideológico dentro dos meios de comunicação da burguesia. Embora possam ser críticos da linha editorial da Folha, muitos intelectuais e acadêmicos de esquerda não deixam de assinar o jornal e alguns destes colaboradores sentem-se prestigiados quando vêem seus textos ali reproduzidos. Assim, publicar na Folha ou ter seu livro ali discutido passa a ser uma prova de reconhecimento intelectual mais apreciada do que, inclusive, ver um texto ou uma resenha de livro divulgada em algumas revistas acadêmicas dirigidas por seus próprios pares.
Mas nem todos pensam assim. Sob uma outra perspectiva, existem aqueles, dentro das esquerdas, que são críticos da colaboração com a grande imprensa, particularmente com a Folha de S. Paulo posto que isso implicaria legitimar os aparelhos de hegemonia das classes dominantes. Em seu blog, a jornalista Elaine Tavares foi categórica:
“No que diz respeito aos jornalões nacionais como Globo, Folha de S. Paulo e Estadão, nunca houve dúvidas sobre o que eles defendem. Por isso sempre me causou espécie ver a intelectualidade brasileira de esquerda render-se ao feitiço da Folha, que insistiam em dizer que era o `mais democrático´ ou que `pelo menos abria um espaço para a diferença´” .
Embora o duradouro namoro entre a Folha e os acadêmicos de esquerda tenha sofrido um relativo abalo com o episódio do malfadado editorial “Limites a Chavez” (25/2/2009) – que denominou de “ditabranda” o período do regime militar pós-1964 –, alguns acadêmicos e intelectuais socialistas, talvez hoje em menor quantidade, continuam colaborando regularmente com o jornal. Importante lembrar também que o “episódio da ditabranda” provocou intensos protestos pela internet e uma expressiva manifestação de leitores, militantes sociais e blogueiros diante da sede da Folha; versões informam que centenas de assinaturas do jornal foram canceladas a fim de expressar o repúdio pela falsificação histórica e ofensa à memória de brasileiros e brasileiras mortos pela ditadura militar. (Um relato circunstanciado e analítico do episódio pode ser consultado AQUI)
Acredito que o recente caso da militarização do campus da USP poderá contribuir para lançar novas luzes sobre a ambivalente relação entre os intelectuais/acadêmicos e a Folha. Além da publicação de vários artigos de colunistas do jornal apoiando a presença da PM no campus da USP, deve-se destacar um fato: numa edição dominical, a Folha tomou a iniciativa de publicar um artigo de autoria de um jornalista que o conjunto da grande imprensa brasileira, nos últimos anos, havia decidido “colocar de quarentena”. Sabe-se que as editorias de O Globo, JB, O Estado de S. Paulo, Zero Hora, Veja, Época etc., hoje, dispensam os “bons serviços” do sr. Olavo de Carvalho. [Atualmente o ultradireitismo desse publicista é difundido em suas páginas na internet e reproduzido em blogs e sites inequivocadamente anti-esquerda (“Terrorismo nunca mais”, “Mídia sem Máscara” e outros), em artigos e livros de militares etc.]
Embora de orientação conservadora ou liberal, os maiores veículos de comunicação do país, entre outras razões, afastaram o “filósofo” pelos problemas criados por seu estilo de intervenção; além de substituir a argumentação racional pela desqualificação pessoal dos autores dos quais diverge, sempre adota em seus textos uma linguagem desabrida e utiliza a verrina como arma contra os adversários políticos e ideológicos.
Não cabe aqui examinar o caráter e o significado do panfletarismo arqui-conservador desse senhor. Temos nítida consciência da pertinente questão crítica que a nós seria feita caso cometêssemos este desatino: examinar os trabalhos do “filósofo de província” não seria pura vacuidade intelectual ou “render-se ao seu jogo”? Isto posto, cabe sublinhar que apenas nos interessa aqui indagar as razões da Folha reabilitar um autor que outras publicações da grande imprensa brasileira, de forma sensata, hoje ignoram.
Por que, agora, a Folha de S. Paulo – que exalta a sofisticação e o refinamento intelectual de seus colaboradores – reabilitou um jornalista cujos escritos não seriam aceitos por qualquer direção de jornal orientado por um criterioso manual de redação? No artigo que o jornal acaba de publicar (seção “Tendências e debates” , 13/11/2011), por exemplo, afirma-se a USP está controlada pelas esquerdas: ontem, “stalinistas, trotskistas, maoístas etc.”; hoje, “pela estratégia gramsciana, que integra como instrumentos de guerra cultural o ´sex lib´, a apologia das drogas e a legitimação da criminalidade como expressão do “grito dos oprimidos”. Tendo em vista que, hoje, “não existe direita no jornalismo brasileiro” (1964. 31 de março, p. 122), a conclusão desta catilinária não pode ser outra: o ideário presente na USP é, “a ideologia, em suma, da própria Folha de S. Paulo”. Em suma, ficamos sabendo que a Folha de S. Paulo é um periódico de esquerda tal como o conjunto da elitista Universidade de São Paulo!
Deixando de comentar esta autêntica peça de ficção, é de se indagar se as razões da iniciativa da Folha não se explicariam em virtude das afinidades hoje existentes entre a direção do jornal e o “filósofo paulista” quando ambos examinam o regime de 1964. Como se desconhece uma autocrítica séria e consistente feita pela Folha sobre o emprego da noção “ditabranda” no editorial citado, deve-se reconhecer que continuariam existindo concordâncias entre a direção do jornal e o publicista sobre o assunto. Vejamos o que o jornalista, em várias ocasiões, escreveu:
“muita gente na própria esquerda já admitiu (…) a contribuição positiva do regime militar à consolidação de uma economia voltada predominantemente para o mercado interno – uma condição básica da soberania nacional. Tendo em vista o preço modesto que esta nação pagou, em vidas humanas, para a eliminação daquele mal (a ameaça totalitária representada pelo comunismo no pré-1964, CNT) e a conquista deste bem, não estaria na hora de repensar a Revolução de 1964 e remover a pesada crosta de slogans pejorativos que ainda encobre a sua realidade histórica?” (O Globo de 19/1/1999) (negrito meu).
É também esclarecedora uma alocução dele dirigida aos militares brasileiros em livro editado pela Biblioteca do Exército,
“Não temos que nos (sic) envergonhar do que foi feito de bom durante todo o período militar, e, sobretudo, ninguém que tenha participado do regime de 1964 tem que abaixar a cabeça perante esses criminosos (comunistas brasileiros, CNT) que são cúmplices do genocídio (…) Não devemos permitir que essa gente julgue ninguém, pois eles não têm autoridade. Nosso dever é mostrar exatamente como eles têm sido e como estão comprometidos com o mal”. 1964. 31 de março, 2003. p. 144.
Provavelmente, nenhum editorial da FSP – com exceção do trecho do “mal menor” ou do “preço modesto” – endossaria os candentes termos presentes nas citações acima. Mas a questão persistiria: conhecendo as radicais opiniões desse autor – apoiador incondicional dos (modestos!) “crimes da ditadura” –, por que a Folha apela para esta voz justamente numa conjuntura na qual acadêmicos e intelectuais pedem a desmilitarização do campus da USP? Por que a Folha de S. Paulo apela para a voz deste proeminente ideólogo civil do regime militar de 1964, justamente numa conjuntura em que amplos setores da sociedade brasileira se mobilizam para que a Comissão da Verdade e Justiça consiga revelar e promover a verdade histórica sobre todo o período da ditadura militar, o esclarecimento dos fatos e as responsabilidades institucionais, à semelhança do que em ocorrendo no âmbito internacional?
Ao publicar o frágil e inconsistente “A USP e a Folha” – uma imposição de setores da ultra-direita brasileira (ou uma estratégica argumentativa visando reforçar a versão do “pluralismo das idéias” praticado pelo jornal) ? –, a pergunta se imporia: quem a Folha buscaria iludir?
Por último, é cedo para se saber se está em curso uma inflexão ainda mais à direita na Folha de S. Paulo. Pode-se, no entanto, concluir que a sistemática crítica aos estudantes e docentes da USP que resistem à militarização do campus – agora reforçada com a colaboração de um dos ideólogos da ditabranda – não é um bom sinal para os leitores progressistas e intelectuais de esquerda que aceitam colaborar com o jornal.
* Destaque-se, a este respeito, que, em setembro de 2005, sob o título “Intelectuais de esquerda criticam blindagem de Lula”, a FSP divulgou amplamente um abaixo-assinado organizado por acadêmicos marxistas da USP e da Unicamp. O caráter polêmico do abaixo-assinado residia no fato de que ele admitia – logo no início do debate sobre o chamado “mensalão” – a hipótese da instauração de um processo de impeachment contra Lula da Silva. Sabe-se que outros intelectuais e acadêmicos de esquerda não apoiaram o abaixo-assinado; criticava-se o fato desta iniciativa pouco se distinguir da “campanha neoudenista” orquestrada por partidos e mídia conservadora.
Caio Navarro de Toledo é professor aposentado do Departamento de Ciência Política, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Unicamp.
Na USP, o choro do derrotado
por Antônio David
Não é de hoje que a turma da direita procura desesperadamente os holofotes e microfones da imprensa para se autoproclamar os representantes da “maioria”, os que vieram para salvar os estudantes contra a “esquerda radical” que, segundo eles, toma conta do movimento estudantil da USP.
No dia seguinte mesmo da ocupação da Administração da FFLCH, alguns estudantes de direita postaram-se em frente do prédio ocupado, procurando as câmaras de TV para fazer o discurso que já conhecemos: que este movimento estudantil é uma minoria, e que eles são os verdadeiros porta-vozes da “maioria”.
Esqueceram-se os colegas de dizer que na última eleição para o DCE da USP, eles, porta-vozes da “maioria”, tiveram apenas 5% dos votos, num universo de mais de 8 mil votos. Onde estava a “maioria”, que não votou neles? Que eu saiba, a “maioria” não tem porta-vozes oficiais e não deu procuração a ninguém pra que fale em nome dela.
Seu principal líder é Rodrigo Souza Neves, estudante de História até ano passado e agora estudante de Gestão de Políticas Públicas, amplamente conhecido como “Malufinho”. O motivo? A foto, no final desse artigo. Se falo dele, é porque ele é de fato o líder, articulador, porta-voz e figura pública do grupo. A crítica não é personalista; o grupo é que parece ser.
Há alguns dias, durante uma reunião do Conselho de Centros Acadêmicos em Ribeirão Preto, Malufinho gabava-se dizendo que sua chapa “ganharia fácil” a eleição do Centro Acadêmico. Eu estava lá, e ouvi ele dizer isso. Pois bem, a eleição já aconteceu, e a chapa do Malufinho perdeu de lavada. A chapa concorrente teve mais que o dobro de votos. Nem no seu próprio curso Malufinho é maioria.
Agora que estamos em greve, com mais de 50% do campus Butantã parado (vale lembrar, o maior campus da USP), Malufinho e sua turma estão esperneando, dizendo que o adiamento da eleição foi golpe. Malufinho só esqueceu de dizer que ele não apenas estava na assembleia que deliberou pelo adiamento da eleição, como defendeu a proposta de não adiar a eleição. Todos ouviram sua defesa, e ele teve o mesmo tempo dado aos outros para defender sua proposta. Como pode, uma pessoa defender uma proposta, perder, e depois sair dizendo “é golpe”? Se é golpe, o coerente não seria ter dito que aquela votação não poderia acontecer? Mas Malufinho e sua turma parecem não se preocupar com a coerência.
Aos que não estavam na assembleia, um dado curioso: a votação foi mais ou menos 3 mil contra 10. (Isso mesmo, votaram contra o adiamento da eleição só os membros da chapa da direita que estavam na assembléia, umas dez pessoas. Os demais 3 mil votaram pelo adiamento da eleição). Essa deve ter sido a votação mais folgada da história das assembleias dos estudantes da USP.
Atentado à democracia é haver uma eleição no meio de uma greve tão grande, com tanta adesão. Se a eleição ocorresse na data original, um imenso contingente de estudantes não teria condições de votar, dada a impossibilidade de organizar a eleição e de organizar as atividades de greve ao mesmo tempo. Precisa dizer? Uma criança de dez anos é capaz de entender isso. Além disso, não há absolutamente nada no Estatuto do DCE que impeça uma assembléia de mudar a data da eleição numa situação como a que estamos vivendo. Mas Malufinho e sua turma parecem ignorar isso tudo.
Agora eles evocam o Estatuto do DCE. Que ironia! Pois, não bastasse Malufinho interpretar o Estatuto de maneira equivocada, ele se esquece que, segundo o Estatuto, a diretoria do DCE deve seguir as deliberações aprovadas nas instâncias do DCE (Art. 7), a saber, o Congresso dos Estudantes da USP, as Assembleias e o Conselho de Centros Acadêmicos. Será que Malufinho e sua turma reconhecem essas instâncias? Como eles inscreveram uma chapa, pressupõe-se que sim. Será? É duvidoso, haja vista o tanto de ataques que eles fazem contra as deliberações dessas instâncias.
Há alguns dias, a imprensa divulgou uma pesquisa feita pelo Datafolha, que supostamente dá razão para Malufinho e sua turma. A chamada em um jornal de grande circulação foi: “Pesquisa indica que maioria dos alunos da USP é a favor da PM no campus”. No entanto, uma leitura mais atenta mostra que não é bem assim.
Segundo o Datafolha, 58% dos entrevistados são a favor da presença da PM no campus. É possível que entre os docentes o percentual seja o mesmo. Mas, se os trabalhadores do campus tivessem sido entrevistados, muito provavelmente este percentual seria muito mais baixo. Sobretudo se a entrevista tivesse contemplado os trabalhadores terceirizados, muitos dos quais moradores da favela São Remo, que fica ao lado da USP, e que são vítimas diariamente da truculência e dos abusos policiais.
Mesmo se desconsiderarmos essa falha grosseira na pesquisa – afinal, os trabalhadores também são usuários do campus e também necessitam de segurança tanto quanto os estudantes -, ainda assim o resultado é favorável para os críticos da presença da PM no campus. Afinal, com a campanha violenta e diária que a mídia está fazendo contra nós, marcada pelo esforço de estigmatizar nosso movimento e de fazer o elogio da presença da PM no campus, este percentual deveria ser de no mínimo 90%.
Não é à toa que Malufinho e sua turma não vibraram quando saiu o resultado da pesquisa. 58% representa uma derrota para a Reitoria e uma vitória para o nosso movimento. Pois o que os estudantes querem não é a PM no campus; mas sim, segurança. E se muitos ainda acreditam que segurança rima com PM, não é porque a PM traga segurança, mas sim porque nós somos todos os dias bombardeados com mau jornalismo, que, de forma tendenciosa e antiética, ataca nosso movimento e faz a apologia da Polícia Militar.
É sintomático, aliás, que essa mesma pesquisa tenha mostrado que 79% dos entrevistados têm medo de andar pelo campus à noite. Ora, como têm medo, se agora a PM faz rondas ostensivas no campus? Sintoma de que os reais problemas de segurança do campus não foram resolvidos. De fato, não o foram. E não serão, enquanto Rodas for Reitor e enquanto não houver uma estatuinte paritária na USP, que abra a estrutura de poder feudal dessa universidade.
Isso tudo pra dizer que a mídia não apenas manipula as informações; ela inverte a realidade. Defesa da democracia e atentado à democracia parecem na mídia ocupar o lugar um do outro. Há alguns dias, Alckmin afirmava que “os estudantes precisam de uma aula de democracia”. No entanto, a Assembleia Legislativa nunca investigou nenhuma denúncia de corrupção contra seu Governo. Vivemos na era do cinismo.
Não poderia deixar de encerrar este artigo sem compartilhar essa bela foto, de Malufinho prestando solidariedade a seu grande mestre, no Encontro Estadual do PP em 2009. O site de onde copiei a foto está AQUI. (Aproveitem para guardar essa recordação (rs), antes que eles tirem do ar!)
O que dizer de Maluf? Não falarei das denúncias e dos processos que Paulo Maluf responde na Justiça. Todos já os conhecem. Lembrarei de algumas frases imemoriais, de sua autoria:
- Os EUA não têm AI-5; têm cadeira elétrica.
- Professora não é mal paga; é mal casada.
- O que fazer com um camarada que estuprou uma moça e matou? Tá bom, está com vontade sexual, estupra, mas não mata.
- O Collor é um bom rapaz, mas não aceitem atravessadores. Se quiserem um malufista, votem em mim.
- Nossa polícia é boa. O que atrapalha é essa política de direitos humanos para bandidos.
- Não se pode comprar deputados, porque eles saem por aí contando, e você se desmoraliza com o eleitorado.
- Vou pôr a ROTA na rua.
Com a palavra, Malufinho…
Antônio David é mestrando em filosofia na FFLCH/USP
PS 1 do Viomundo: Malufinho é o jovem de camisa azul, terno e gravata, com a mão no ombro do original. O autor do apelido é Ramos Toledo, que foi veterano de Rodrigo Souza Neves na História da USP, na época em que este organizou a sua primeira chapa para o CAHIS (Centro Acadêmico da História): “Lancei o apelido em uma de suas intermináveis colocações sobre o perigo marxista que rondava a universidade!”
PS 2 do Viomundo: Em função de observações feitas nos comentários, o próprio autor, Antônio David, fez um reparo no seu texto em relação à greve da USP. Leiam nos comentários.
Eu, particularmente, entendo ser melhor ficar na questão da maconha, nem que seja para excluí-la dessa mixórdia toda.Carnage escreveu:E incrível como a discussão sempre se reduz a "fumar macanho no campus".....