Vejam que, em vez de esconder-se atrás de sua própria obscuridade, oGuto agora está apelando para uma puta:
oGuto escreveu:Compson escreveu:Portanto, queira definir o que entende por “relacionamento real" e explicar por que essa definição exclui a putaria......
(v) Novamente, para não atravancar o debate discutindo o que seja real ou não, sugiro uma saída muito simples: quando efetuar o seu próximo TD , pergunte à própria puta qual seria a visão dela sobre essa questão.
Hipotetizemos a puta. Para o bem da discussão, vamos admitir que esta ainda não tenha se apaixonado pelo Compson, mesmo após os oito orgasmos que este lhe proporcionou só com oral. Pois bem, estão, o Compson e a Puta, deitados na cama do Lido:
Compson: Puta, o oGuto mandou perguntar se você considera o que você tem comigo como um relacionamento?
Puta: Não.
Compson: Por quê?
Puta: Porque com você eu só estou querendo ganhar uma grana, é só interesse...
Compson [tristonho]: Hum...
Puta: É que não rola afetividade, não é a mesma coisa, entende?
Compson: E com quem rola afetividade?
Puta: Meu namorado...
Compson: Afetividade como?
Puta: Ah, amor, cumplicidade, tesão, carinho...
Compson: Você quer dizer que um relacionamento baseia-se em afetividade, que, por sua vez, depende de amor, cumplicidade, tesão, carinho...?
Puta: É...
Compson: Partimos da premissa de que entre nós (e por extensão, no encontro entre qualquer puta e qualquer putanheiro) não existe nenhum relacionamento porque não existe afetividade?
Puta: Isso.
Compson: Bom, entre nós existe carinho, então posso descartar o item “carinho” como relevante para a diferença...
Puta: Não, peraí...
Compson: Peraí por quê?
Puta: Com meu namorado é carinho sincero, com você é carinho por dinheiro.
Compson: Então a verdadeira diferença não é carinho, mas sinceridade?
Puta: Pode ser.
Compson: Mas você não está sendo sincera comigo? Você diz que está me dando algo que eu quero, fazer e receber carinho, em troca de algo que você quer, dinheiro! Isso parece bastante sincero para mim...
Puta: Mas não é disso que eu estou falando.
Compson: Mas do que é que você está falando? [
Arnold,
in memoriam]
Puta: Estou falando que com você o carinho é em troca de dinheiro, com meu namorado é sincero, quer dizer, eu não espero nada em troca, não tem interesse...
Compson: Então a diferença não é exatamente sinceridade, mas interesse e desinteresse?
Puta [meio irritada]: Sim, ué... Você é sincero quando faz as coisas sem interesse.
Compson: Ok, mas se você não tem interesse no seu namorado, por que você faz carinho nele?
Puta: Porque é gostoso...
Compson: E fazer algo que é gostoso não é interesse?
Puta: Ah, sei lá, faço para agradar.
Compson: Bom, se aquele boquete que você fez em mim não foi para agradar, sinto lhe dizer que você falhou miseravelmente.
Puta: Foi, mas...
Compson: Se a diferença é “fazer para agradar”, então não há diferença alguma entre mim e seu namorado. Como, por definição, não há relacionamento entre nós dois, suponho que, até agora, não encontramos relacionamento entre você e seu namorado.
Puta [com sorriso irônico]: Mas você é bem burro, né?
Compson: Sou?
Puta: Você sabe do que eu estou falando...
Compson: Não, eu não sei! Me explica...
Puta [agressiva]: Com você é pago! Com meu namorado é de graça... Essa é a diferença!
Compson: Ok, vamos recapitular.
Puta [com ar de tédio]:: Aaah...
Compson: Você disse que não temos nenhum relacionamento.
Puta [fazendo um sim irônico com a cabeça]: ...
Compson: E que tem um relacionamento com seu namorado.
Puta: ...
Compson: E que a diferença é que comigo é por interesse, com seu namorado é por afetividade.
Puta: ...
Compson: E, pelo que concluímos, a afetividade se define pela ausência de interesse, que, por sua vez, se define pela ausência de pagamento, ou seja, pelo fato de você ter dado sem cobrar.
Puta: ...
Compson: Então, toda vez que você deu sem cobrar foi um relacionamento afetivo?
Puta: De certo modo... Não digo afetivo, mas pelo menos alguma atração o cara me despertou, se não pela pessoa, ao menos pelo carro, pelo
status...
Compson: Então você está mudando novamente a diferença: não é mais afetividade, e sim atração?
Puta: Atração é um tipo de afetividade.
Compson: Mas qual você considera a diferença fundamental entre sua relação com os putanheiros e com seus outros parceiros: afetividade ou atração?
Puta: Atração, pois afetividade mesmo eu não tive com todos os parceiros.
Compson: Você disse que já se sentiu atraída por
status?
Puta: Sim.
Compson: Mas qual a diferença entre sexo por
status e sexo por meus contados $200 contos?
Puta: Toda, ué.
Status me excita, gosto de homens com postura e poder. Tenho realmente vontade de dar para eles. No seu caso é só a grana mesmo, não tenho vontade nenhuma...
Compson: Nossa!
Puta: O quê?
Compson: Você mudou o critério de novo: agora não é mais a atração que o cara desperta, mas o desejo que você sente.
Puta: É, isso mesmo! Tem cara que eu desejo e dou de graça; tem cara que não desejo e, se quiser me comer, tem que pagar... É isso: o corpo é meu, eu dou pra quem e pelos motivos que eu quiser!
Compson: Sem dúvida! Mas você acha que isso é suficiente para determinar de uma vez por todas o que é e o que não é relacionamento?
Puta: Claro, sou maior de idade, pago minhas contas, eu decido quais são e quais não são meus relacionamentos conforme o meu desejo!
Compson: Mas o seu desejo não é o que você tem de mais particularista e mais interesseiro? Não estamos falando exatamente do contrário daquilo que nós definimos como “afetividade”?
Puta [levantando-se da cama]: Não, você está confundindo tudo. Existe o desejo enquanto querer coisas específicas e existe o desejo enquanto sentimento. O que media minha relação com os clientes é o desejo enquanto querer uma coisa específica, o dinheiro... Não existe sentimento, eu provavelmente nem vou lembrar de você amanhã! Isso é interesseiro!
Compson: Mas quando você tem “desejo-sentimento” você não deseja nada específico?
Puta [colocando a calcinha minúscula e ajeitando-a no rego com a bunda voltada para Compson]: Eu desejo pessoas. E desejo de um modo que não dá pra controlar, entende? Como sentimento!
Compson: Se o critério para ter um relacionamento com você é agradar seu capricho incontrolável, bom proveito para quem o desfrute!
Puta [colocando o sutiã]: Não é bem assim...
Compson: E que não me culpem por pagar para evitá-lo!
Puta [já praticamente vestida]: Não é capricho incontrolável... São meus
sentimentos reais que me levam a estabelecer
relacionamentos reais.
Compson: Mas que diabos são esses relacionamentos reais?
Puta [já vestida, esperando a grana na porta]: Ah, sei lá! Acabou o tempo! Pergunta pro oGuto, ele que me meteu nessa...
Compson: Tá bom!
Compson escreveu:Portanto, queira definir o que entende por "relacionamento real" e explicar por que essa definição exclui a putaria...