Crise no Egito - População Invade as Ruas e Exige Renúncia do Ditador

[Tricampeão]

Como eu havia previsto, o Bahrein está pegando fogo.
Os manifestantes já conseguiram uma vitória importante: a libertação de presos políticos.
A mídia banal, que já demonstrou sua incompetência diversas vezes durante esses levantes, também não foi capaz de prever aquilo que havia sido anunciado aqui duas semanas atrás.
E demonstra-a mais uma vez, ao não enxergar a diferença enorme que há entre os acontecimentos no Egito, na Tunísia, na Argélia e no Iêmen, e os eventos que vêm ocorrendo no Bahrein.
Também, quem pensa que revolução se faz com Facebook, só podia ser mesmo cego para os contornos sutis da realidade.

[Bob Guccione]

Por isso, acredito que seja um levante orquestrado pela CIA.

Eis o velho maniqueísmo patético:

Quando o povo se levanta contra ditadura aliada dos EUA, é "revolução".

Quando o povo se levanta contra ditadura inimiga dos EUA, é "levante orquestrado pela CIA".

Só rindo mesmo... é muita cegueira ideológica!

[Bob Guccione]

Mais uma vez veremos que a mudança real nunca é obtida por meios pacíficos. Ou os egípcios arrotam grosso ou fica tudo do mesmo jeito.

Justamente por isso é que os líbios pegaram em armas. Sabem que não dá pra negociar com um maluco como Gaddafi, cujos aviões já metralharam e bombardearam centenas de civis. Não consta que os outros ditadores depostos tenham feito isso.

Por acaso viu o pronunciamento do ditador, recheado de delírios e ameaças? Não consta que os outros ditadores depostos tenham feito isso. Será que os gringos doparam o Gaddafi e o fizeram falar aquele monte de asneiras na TV? Ou seria um sósia treinado em Langley?

Parece que a situação na Líbia é mesmo grave. Até os chineses, aliados do regime, evacuaram seus cidadãos prontamente. Há deserção em massa nas forças armadas, na diplomacia e no governo. Será isso "invenção da mídia"?

O nobre colega é uma contradição ambulante.

Primeiro afirma que o levante foi "orquestrado pela CIA", devido ao fato dos líbios terem optado pela luta armada.

Logo em seguida, afirma que a "a mudança real nunca é obtida por meios pacíficos" e que é preciso "arrotar grosso", senão "fica tudo do mesmo jeito".

Ora, os líbios apenas seguem a mesma linha de atuação defendida pelo nobre colega. Se não "arrotarem grosso", sabem que nada mudará.

Simples assim.

Para quem não é hipócrita ou maniqueísta, é fácil entender.

[Hammermart]

Nem acho que se possa envolver o conceito de maniqueísmo nesse caso do Khadafi e da Líbia, afinal,, em que time joga esse Khadafi ? É apenas um louco

[Bob Guccione]

Nem acho que se possa envolver o conceito de maniqueísmo nesse caso do Khadafi e da Líbia, afinal,, em que time joga esse Khadafi ? É apenas um louco

De fato, mas mesmo assim há gente insistindo que o levante foi "orquestrado pela CIA".

E mesmo sendo um louco, há gente estranhando que os líbios pegaram em armas.

Daí o maniqueísmo.

[Compson]

Eu achava que um governante que manda helicópteros atirarem em manifestantes de seu país só podia ser um canalha, que merecia ser tirado a pontapés do poder e, até mesmo, ter suas calças arrancadas à força, postando-se o vídeo no Youtube.

Mas Fidel disse que é tudo coisa da imprensa preparando a invasão americana da OTAN. Então está dito... Deixem o cara de calças!

Nadie sería capaz de saber en este momento lo que allí está ocurriendo. Todas las cifras y versiones, hasta las más inverosímiles, han sido divulgadas por el imperio a través de los medios masivos, sembrando el caos y la desinformación.
(...)
Los medios masivos del imperio han preparado el terreno para actuar. Nada tendría de extraño la intervención militar en Libia, con lo cual, además, garantizaría a Europa los casi dos millones de barriles diarios de petróleo ligero, si antes no ocurren sucesos que pongan fin a la jefatura o la vida de Gaddafi.

[Hammermart]

Eu achava que um governante que manda helicópteros atirarem em manifestantes de seu país só podia ser um canalha, que merecia ser tirado a pontapés do poder e, até mesmo, ter suas calças arrancadas à força, postando-se o vídeo no Youtube.

Mas Fidel disse que é tudo coisa da imprensa preparando a invasão americana da OTAN. Então está dito... Deixem o cara de calças!

Nadie sería capaz de saber en este momento lo que allí está ocurriendo. Todas las cifras y versiones, hasta las más inverosímiles, han sido divulgadas por el imperio a través de los medios masivos, sembrando el caos y la desinformación.
(...)
Los medios masivos del imperio han preparado el terreno para actuar. Nada tendría de extraño la intervención militar en Libia, con lo cual, además, garantizaría a Europa los casi dos millones de barriles diarios de petróleo ligero, si antes no ocurren sucesos que pongan fin a la jefatura o la vida de Gaddafi.

Não tenho certeza de que o Kadahfi usa calças, está sempre usando uns vestidões...

[Compson]

Gaddafi diz que opositores estão a serviço da Al Qaeda e de Bin Laden
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noti ... laden.jhtm

Pronto, Al Qaeda e os americanos se uniram para derrubar o camarada. Parece até que o Donald Rumsfeld aprendeu árabe para conversar com Ayman al Zawahiri.

Se cair uma bomba atômica lá, a culpa vai ser da Coreia do Norte!

Bah! Isso sim é exemplo de imprensa isenta:

Colonel Qaddafi—A Life in Fashion
http://www.vanityfair.com/politics/feat ... 08#slide=1

Drawing upon the influences of Lacroix, Liberace, Phil Spector (for hair), Snoopy, and Idi Amin, Libya’s leader—now in his 60s—is simply the most unabashed dresser on the world stage.

Snoopy?!

[Tricampeão]

Esclarecida a situação na Líbia acima de qualquer dúvida, voltemos ao que interessa: as revoluções populares de verdade.
No Bahrein, há testemunhos de que a Arábia Saudita estaria por trás da repressão aos manifestantes, pois a própria polícia local teria se recusado a usar de violência contra a própria população.
Isso, sim, seria um desenvolvimento interessante. A polícia já se recusando a reprimir os manifestantes no Bahrein. Promissor.
Uma mera troca de guarda na Líbia, é certo, daria um pouco de fôlego a mais aos gringos filhos da puta neste momento difícil, mas nada que dure muito tempo, na minha opinião. A Líbia até que poderia assumir o lugar que de 1979 até hoje foi do Egito, e que antes foi do Irã. Mas os gringos não têm tempo hábil pra montar seu jogo. Foram pegos de surpresa. Estão tendo que improvisar. A verdade aparecerá muito antes do que apareceu no caso do Iraque, por exemplo.
Quanto a Gaddafi, terá o mesmo fim dos outros aliados dos Estados FALI-D-O-DOS que caíram em desgraça. Será morto. Os gringos não deixam gavetas abertas.
É claro, eu posso estar totalmente errado.
É claro, as pessoas cuja única fonte de informação é o Jornal Comprado Nacional podem ter razão neste caso.
É claro, as pessoas que nunca são capazes de entender o que está acontecendo no mundo, no país ou mesmo na sua cidade é que podem estar certas, desta vez.

[Bob Guccione]

Esclarecida a situação na Líbia acima de qualquer dúvida, voltemos ao que interessa: as revoluções populares de verdade.

Na realidade, o nobre colega foi confrontado com FATOS, daí preferiu se retirar do debate sobre a Líbia. Atitude sensata, pois não poderia justificar as contradições em seus argumentos. Melhor pedir o penico e mudar o foco, como já ensinavam os diversionistas que Stálin tanto detestava.

Pra variar, o mesmo discurso esquizóide: só é revolução popular "de verdade" quando ocorre em ditaduras aliadas dos EUA. Então tá.

E o delírio continua:

Agora Gaddafi virou "aliado" dos gringos (!) e será morto por eles (!!). Sendo que há pouco, o nobre colega afirmava que o levante líbio tinha sido orquestrado pela CIA (!!!). Francamente, eu não sabia que a CIA "orquestrava levantes" contra aliados dos EUA. Parafraseando o saudoso Stanislaw Ponte Preta, é o samba do comuna doido...

E como sempre, a arrogância incontida. O nobre colega se julga infinitamente mais sábio e esclarecido que aqueles que se atrevem a discordar de seu ponto de vista. Fosse no regime de Pol Pot, tamanho "intelectual" já estaria apodrecendo na vala há muito tempo. A não ser, é claro, que estivesse na outra ponta do revólver. O que eu não duvido.

[Bob Guccione]

Recordar é viver:

Durante os oitos anos de governo, Lula e Gaddafi estiveram juntos por pelo menos quatro vezes. Em 2003, ele visitou Trípoli e se reuniu com o ditador. Em 2006 e em 2009, os dois se encontraram em edições da Cúpula África-América do Sul, na Nigéria e na Venezuela. Ainda em 2009, na reunião da União Africana realizada em Sirte, na Líbia, Lula se dirigiu a Gaddafi como “meu amigo, meu irmão e líder”.

Contra fato, não há argumento.

Eis os verdadeiros aliados desse ditador maluco. E agora que Gaddafi caiu em desgraça, Lula finge que não conhece o "amigo e irmão".

Será que isso também é "invenção da mídia"?

Pois é...

[Compson]

Por falar em FATOS:

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[Tricampeão]

Enquanto isso, notícias recentes confirmam a suspeita de que a Casa de Saud está por trás da repressão aos manifestantes do Bahrein:
https://www.washingtonpost.com/wp-dyn/c ... 02699.html
O que tem um lado bom: quando o governo do Bahrein finalmente ceder, a Arábia Saudita também vai se enfraquecer.

Embora a situação na Líbia, conforme já demonstrado, seja irrelevante, ela pode ainda servir para alguma coisa.
Sabemos que algumas pessoas até hoje não sabem a diferença entre um levante popular de verdade e um golpe orquestrado pela CIA. São raras, é verdade, em função da maior disponibilidade de informação que a Internet proporcionou, mas existem.
Pode ser que algum de vocês tope com um desses aí e tenha vontade de esclarecer-lhe a respeito da situação corrente no Oriente Médio, por isso esta página pode ser útil:
https://www.washingtonpost.com/wp-srv/s ... -protests/
Ela traz a cronologia dos eventos recentes nos diversos países, permitindo a comparação direta e deixando claro que, na Líbia, o desenvolvimento tem seguido rumos não apenas completamente diferentes daqueles dos demais países, mas além disso totalmente absurdos.

[Tricampeão]

Compson, se você quer mostrar fotos, é melhor que procure pelas dos amigos do Gaddafi:
http://www.newstatesman.com/blogs/the-s ... afi-during
Obama, Blair, Berlusconi, esse pessoal antenado...

Fotos são legais, porque mesmo as pessoas que têm dificuldade em interpretar textos podem entender que Gaddafi já tinha virado amigo dos Estados FALI-D-O-DOS há muito tempo. As explicações que postamos lá atrás só serão entendidas por quem é capaz de raciocinar.

Ele também tem amigos no Brasil.
Odebrecht, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão.
Mas desses aí não consegui achar fotos.

[Tricampeão]

Prosseguindo com a análise, que espero algum dia possa ser entendida por todos os colegas, mesmo por aqueles que exibem deficit na interpretação de textos, explicarei por que acho tão importantes as manifestações no Bahrein.

No Egito e na Tunísia, a massa emputecida pedia a queda dos ditadores.
É claro que o que a massa emputecida queria na verdade era o fim das ditaduras, mas sabemos que os Estados FALI-D-O-DOS não permitirão facilmente que países em que investiram bilhões de dólares nos últimos anos saiam assim tão facilmente da sua influência e passem a atender aos desejos dos seus respectivos habitantes.
Assim, a mídia venal distorceu os anseios da massa e os substituiu pea reivindicação banal de simples queda dos ditadores, de maneira que os Estados FALI-D-O-DOS puderam simplesmente ordenar a seus fiéis subordinados que se mandassem, para que tudo voltasse ao normal.
A mídia venal existe para fazer essas coisas, como todos sabemos.
Se vai dar certo desta vez, ainda não sabemos.
Mas no Bahrein não dá pra fazer isso.
Os bahreinienses não estão pedindo o fim da ditadura. Os bahreinienses estão pedindo direitos civis. Coisas concretas, que não dá pra substituir por outras fictícias, como foi feito na Tunísia e no Egito.
O Bahrei é uma monarquia. Numa república, a troca de guarda, como aconteceu na Tunísia e no Egito e acontecerá na Líbia, é possível, mas numa monarquia é difícil. Vai ser difícil pedir pro rei cair fora de maneira a apaziguar a população.
De qualquer forma, a população está reivindicando direitos civis específicos, e não vai recuar antes de conseguir alguma coisa.