http://ultimosegundo.ig.com.br/politica ... 17914.htmlEm SP, petistas e tucanos temem parceria em programas sociais
DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO
A união dos programas sociais do governo federal e do governo do Estado de São Paulo foi recebida com desconfiança por petistas e tucanos, que dizem não conseguir mensurar o impacto eleitoral da medida.
Nesta quinta-feira (18), a presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciarão a associação do Bolsa Família, principal vitrine petista na ação social, ao Renda Cidadã, versão paulista do programa.
A medida é direcionada a pessoas com renda inferior a R$ 70 mensais.
Nos bastidores da Assembleia Legislativa e da Câmara Municipal de São Paulo, representantes dos dois partidos externaram preocupação com a iniciativa --inédita na administração paulista.
Do lado petista, há o temor de que o pacto firmado entre Dilma e Alckmin auxilie o PSDB a consolidar a imagem de que prioriza a agenda social no Estado.
Já o PSDB teme que o eleitorado interprete a ação como adesão a um "modelo assistencialista", historicamente criticado pelo partido.
A associação dos programas será oficializada nesta quinta-feira, no Palácio dos Bandeirantes, onde Dilma lançará o Brasil Sem Miséria para a região Sudeste.
Para conter insatisfeitos no PSDB, Alckmin acionou seu secretário da Casa Civil, Sidney Beraldo, que pediu aos deputados tucanos que participassem do evento.
O apelo para que a ação não fosse partidarizada também foi feito pelo presidente do PT em São Paulo, deputado estadual Edinho Silva. "Será um avanço histórico no modelo de gestão, com benefício para a sociedade. Não podemos partidarizar uma ação como essa", afirmou.
O mesmo discurso foi adotado pelo líder do PSDB na Assembleia, Orlando Morando. "É uma prova da postura republicana da presidente e do nosso governador", disse o tucano.
O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) também elogiou a medida, mas alfinetou a presidente. "É positivo [unir os programas]. E será uma ótima oportunidade para lembrar a presidente que os dois programas, o Bolsa Família e o Renda, têm o DNA do PSDB", afirmou.
Apesar dos discursos, os rumores de insatisfação chegaram ao governo. Em seu perfil no Twitter, kkkkkkkkk Lepique, secretário particular de Alckmin, afirmou: "Quanto à bobageira que tenho ouvido sobre a visita da presidente Dilma ao governador, só digo isso: sapo não pula por boniteza, mas por precisão".
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-estilo-dilmaFernando Henrique Cardoso recepciona Dilma em São Paulo
Presidenta participou de evento com Alckmin para assinatura do Pacto Brasil Sem Miséria
Ricardo Galhardo, iG São Paulo
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recepcionou a presidenta Dilma Rousseff na sede do governo paulista. Ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), FHC ciceroneou a presidenta e a recebeu com um abraço.
Dilma participou de um evento no Palácio dos Bandeirantes com os governadores da região Sudeste, para assinar o Pacto Brasil Sem Miséria. Com a presença de petistas e ministros do governo Dilma no encontro, a presidenta Dilma foi recebeida com muitos aplausos, assim como Fernando Henrique.
A presidenta e o ex-presidente sentaram-se lado a lado no evento em São Paulo. Estão presentes os ministros Helena Chagas (Comunicação Social), Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Affonso Florence(Desenvolvimento Agrário), Edson Lobão (Minas e Energia), Carlos Lupi (Trabalho) e Teresa Campello (Desenvolvimento Social), junto aos governadores Alckmin, Sérgio Cabral (Rio de Janeiro), Antonio Anastasia (Minas Gerais ) e Renato Casagrande (Espírito Santo).
Combate à miséria
O objetivo é retirar 2,7 milhões de brasileiros da extrema pobreza nos quatro Estados da região, onde 79% da população mais pobre se concentra nas áreas urbanas. Com a assinatura do termo de compromisso para superação da miséria com os governadores, os Estados e municípios passarão a localizar e cadastrar famílias cuja renda mensal por pessoa seja inferior a R$ 70 e que não sejam atendidas ainda por programas sociais.
De acordo com o governo federal, 300 mil famílias serão contempladas até 2014 no Estado de São Paulo por meio do acordo de complementação de renda do Bolsa Família. As pessoas que já são atendidas pelo Bolsa Família receberão esse valor extra por meio do programa estadual Renda Cidadã. Essa complementação de renda já existe no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.
Também como parte do plano Brasil Sem Miséria, Dilma vai assinar acordo de cooperação com a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) para que as concessionárias apoiem o programa na divulgação de informações e na localização das famílias de baixa renda. Outra meta do plano é levar energia elétrica a cerca de 11 mil famílias da região, além de, por meio do programa Água para Todos, facilitar a construção de cisternas e pequenos sistemas de irrigação.
O governo vai ainda assinar acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) para que as empresas nesses quatro Estados comprem produtos de agricultores familiares. Além disso, estão previstas no plano a instalação de 286 Unidades Básicas de Saúde e 86 Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e ações para expandir a rede de ensino técnico.
*Com Valor Online e Agência Estado
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... -e-alckminO estilo Dilma
Enviado por luisnassif, qui, 18/08/2011 - 19:44
Por Joaquim Aragão
Atualizado às 19:43
Pois eu acho que a Dilma está se saindo melhor do que a encomenda. Com seu estilo próprio, diferente do Lula, está inovando nos mais diversos aspectos da política. É fato novo sobre fato novo. Tanto na forma de tratar com a imprensa, a corrupção quanto na articulação política. De dependente do Lula ela não tem mais nada (daí concordar com a crítica do próprio Lula aos queremistas lulistas)!
Primeiramente cabe destacar que a conquista do poder por forças progressistas não tem o objetivo apenas ganhar as eleições. De nada adianta ganhá-las se o progressistas não conseguirem emplacar sua agenda (ver Obama). Ao contrário do Obama, Dilma está conseguindo impor a agenda progressista dela até à oposição conservadora! Por mais que esta queira e vá explorar o programa nas próximas eleições, a vitória da agenda é, do ponto de vista estratégico, mais importante que o embate eleitoral (e, claro, a Dilma terá mais argumentos ainda para o eleitor, pois conseguiu dobrar governos conservadores para sua agenda, e não o contrário!).
Quanto ao estilo "dilmista" de governar, ela pode irritar os “confrontistas” por aparentemente estar bajulando “ingenuamente” seus algozes (Folha, Alckmin, FHC, etc.), mas o que ela está querendo na verdade é consolidar cada vez mais as instituições democráticas, independentemente de algumas estarem na mão do bloco conservador.
A ida à Folha deve ser interpretada como uma sinalização da Presidenta de que o PT é o verdadeiro fiador das instituições democráticas. Apesar de não fazer coro às críticas contra Chavez, a direita brasileira terá cada vez mais dificuldades de acusar o governo de atentar contra as liberdades (usando instituições como o SIP, OAB e outras) como isso tem sido feito contra o governo venezuelano.
Esse reforço das instituições democráticas burguesas é mais do que um “cala-boca” para golpistas de plantão da direita: como o Lula já enfatizou várias vezes, elas são essenciais para o progresso social, sem as quais ele nunca poderia ter feito a carreira que fez. Inversamente, são os governos conservadores que primam mais pela falta de democracia, mesmo enchendo a boca com a defesa dela: a corrupção é desmedida, mas não noticiada pela imprensa, que se torna chapa-branca; a repressão contra movimentos sociais é dura, e por aí vai.
Portanto, defender as liberdades democráticas burguesas, as quais não são garantidas amplamente pelos governos da burguesia, é uma estratégica essencial para o progresso social. E quando a Dilma dá às mãos às instituições dominadas pelas forças conservadoras, ela não está entregando os pontos, pois a política dela continua cada vez mais progressista. E é a direita que fica desnorteada, pela perda de argumentos e pela adesão forçada à agenda do governo.
Por último cabe observar um outro aspecto da tática dilmista de governar: quando um ministro cai em função dos ataques da imprensa conservadora, ela vem o substituindo por uma figura alheia ao grupo de poder que se encastelava atrás do ministro substituído: assim, a queda de Jobim levou Amorim ao poder, para tristeza das viúvas da ditadura no setor militar; já a queda do Rossi, representante do agrobusiness, levou ao poder um político de fora desse mesmo bloco, para desespero dos latifundiários. Antes a direita e sua imprensa não tivessem mexido com o Rossi! Ou seja, a Dilma está fazendo a imprensa trabalhar para ela, contra a vontade desta!
Isso é um jogo sem risco? Claro que não, mas ela resolveu apostar nessa técnica. Até porque não podia continuar com a tática contemporizadora do Lula: ela não tem o carisma e o apoio popular do Lula para sobreviver aos escândalos, e não poderá governar com a corrupção andando solta, sobretudo em tempos de crise econômica e de necessidade de maior eficiência dos gastos. E o PT tem ainda de resgatar sua pretensão de honestidade, já tão desmoralizada, para continuar no poder: o rol sem fim de escândalos nos seus governos irá dificultar cada vez mais essa continuidade.
Os riscos de incentivar a imprensa a buscar cada vez mais escândalos para rachar o governo é real, até porque é essa a estratégia já patente do bloco conservador. Ou seja, a fase do “aparente consenso”, sugerida pelo Nassif, acabou definitivamente: a oposição e a imprensa conservadora já encontrou sua tática de guerra.
Mas até agora Dilma comprovou saber gerenciar as crises, não deixando que elas prejudiquem as políticas públicas inovadoras. A “independência” do PR pode atrapalhar no momento. Mas quando os resultados positivos aparecerem, quero ver se eles não irão buscar seu pedacinho do sucesso.
Voltando ao ato com o Alckmin, essa capacidade fica claramente demonstrada: se o PSDB se dobra, porque o PR iria assumir o papel de oposição? Só porque o grupinho do Nascimento levou uma surra? E os outros, vão querer ficar de fora? O PV já está querendo voltar à base, vejam só...
Em suma: até agora, o Lula foi o presidente mais malandro (no bom sentido) da história nacional, superando as “imbatíveis raposas”. Dilma está mostrando que pode superar o seu mestre...
Por Chato Feliz
Senhores, é oficial: o senso crítico fugiu do país. Abram alas para o malabarismo retórico que interpreta qualquer arroto da presidente como o verso do mais sábio e profundo soneto em lingua portuguesa, porque ele chega forte (sem belas mulatas infelizmente). Não há ministro que entre que não seja lambido da cabeça aos pés, e não há ministro que saia que não seja demonizado. Não há bixo-grilo pró-Dilma que não receba total atenção e até mesmo veneração por parte da blogosfera. A polícia federal oscila mensalmente do céu ao inferno, conforme efetua prisões a corruptos da oposição ou da situação respectivamente. Os que temiam um FlaXFlu ideológico nas análises políticas que apertem o cinto porque o flamengo morreu. É pelada de um time só, com direito a aplauso pra gol contra (se o Lula pode fazer metáfora com futebol eu também posso).
Há tanta coisa errada a criticar (construtivamente principalmente), várias más indicações de ministros, há tantos problemas de agora que eram já completamente previsíveis desde antes da posse (e que foram previstos no blog), e no entanto virou tudo traço de genialidade, virou estilo, marca da presidente. Que apenas "ignorantes" e/ou mal intencionados não entendem. Aos olhos desse pessoal a forte e competente Dilma virou de repente um bonequinho de açúcar, e críticas gotas de água. Não é por aí, não é por aí mesmo.
A canoa de Dilma
Maria Cristina Fernandes
Do Valor
Foi a solidez da aliança da presidente Dilma Rousseff com o PMDB que derrubou Wagner Rossi da Agricultura e não o inverso. A carta do ex-ministro é cristalina. Vai no sentido oposto ao discurso com que o ex-ministro Alfredo Nascimento reassumiu sua cadeira no Senado. Enquanto o senador pelo PR acusou a presidente de abandoná-lo, Rossi isenta Dilma, a quem chama de "querida presidente", de qualquer responsabilidade sobre sua saída, e faz votos por seu sucesso.
Ao atribuir o desgaste aos interesses prejudicados pelas perspectivas eleitorais do PMDB em São Paulo o ex-ministro dá a exata medida da importância que o partido confere à aliança federal. A onda de denúncias contra si teria partido de quem não mais poderá "colocar o PMDB a reboque de seus desígnios" nas eleições paulistas. Mais do que as digitais insinuadas por Rossi, o que importa em sua declaração é a disposição do PMDB em manter uma aliança a salvo do assédio oposicionista.
Desde que Orestes Quércia (1938-2010) candidatou-se pela última vez ao governo paulista em 1998, o PMDB tem sido sigla auxiliar dos tucanos no Estado como seu principal fornecedor de vices em eleições majoritárias.
Com a morte de Quércia e a assunção de Temer ao comando do PMDB local, o partido resolveu ensaiar carreira solo com a candidatura do deputado federal Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo.
Como se trata de uma candidatura pemedebista, não poderia deixar de ter duas âncoras - o PT, com quem o partido já fez acordo de apoio mútuo no segundo turno, e a banda Geraldo Alckmin do PSDB, a quem Chalita deve sua ascensão na política paulista e com quem mantém relações estreitas.
Se Chalita enfrentar o ex-governador José Serra em 2012 na capital paulistana levará Alckmin a ter um amigo e um correligionário em campos opostos - situação ainda mais confortável do que a de Serra em 2008 quando, na condição de governador, assistiu Gilberto Kassab e Alckmin se confrontarem pela prefeitura paulistana.
A desenvoltura do PMDB no Estado não está restrita à capital. Em entrevista a Vandson Lima, do Valor, o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Barros Munhoz (PSDB), apostou que o PMDB é a legenda que mais vai crescer no Estado em 2012.
No partido que rebocou o PMDB paulista até aqui quem menos tem a ganhar com a desenvoltura dos aliados de Temer é Serra - o que não é suficiente para assegurar veracidade às insinuações feitas por Rossi. Ao sugerir que Serra é o pauteiro de sua demissão, o ex-ministro, além de ignorar seus próprios malfeitos, talvez tenha superdimensionado a capacidade de o ex-governador encontrar ressonância depois de uma campanha em que destroçou seu capital político.
Tão ou mais eloquente que a sinuca eleitoral montada pelo PMDB paulista para os não alckmistas do PSDB é o feitio que vem adquirindo a gestão do governador em São Paulo.
Poucos aliados da presidente no PT têm aderido de maneira tão incondicional aos programas federais quanto Alckmin.
A acolhida que deu ontem a Dilma, com direito a abraço do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à entrada do Palácio dos Bandeirantes, foi apenas a parte mais visível dessa aproximação.
Já no primeiro mês de governo Alckmin anunciou sua adesão às metas para acabar com a miséria. Depois promoveu a unificação dos programas sociais do Estado, tal como ocorreu no governo petista. Os programas de transferência de renda que haviam sido desidratados na gestão José Serra ganharam nova musculatura.
Na educação, além de voltar atrás na política de bonificação dos professores por meta de desempenho, severamente criticada pelos petistas do setor, Alckmin também criou um programa de bolsa para universitários inspirado no Prouni. De uma só tacada aproximou-se de Dilma e afastou-se de Serra. A contrapartida da bolsa é a participação do estudante em atividades de fim de semana nas escolas públicas. O programa que as mantinha abertas sete dias por semana havia sido descontinuado por seu antecessor.
Na habitação, Alckmin também enviou um projeto à Assembleia Legislativa que concede benefícios fiscais às construtoras contratadas pela estatal paulista do setor, a CDHU, a exemplo do que já faz o Minha Casa Minha Vida.
No plano plurianual que acaba de apresentar, Alckmin resolveu incorporar o Índice de Responsabilidade Social. Criado pela Assembleia há 11 anos para mensurar os avanços alcançados pelo poder público na promoção do bem estar social, o índice atravessou dois governos de Alckmin sem que a gestão estadual lhe prestasse atenção. Foi a rota de aproximação com Dilma que levou o governador a resgatá-lo.
O PPA também mantém a agressiva política de investimentos anunciada por Alckmin no início de seu governo. Justiça lhe seja feita, foi Serra quem ousou na expansão dos investimentos com o acordo, selado com Lula, que permitiu ampliar a margem de endividamento do Estado. Alckmin vai se beneficiar do acordo feito por seu antecessor para continuar a expandir o transporte metropolitano, marca do governo Serra, e aderir a bandeiras dilmistas, como o investimento no estádio do Corinthians e o trem bala.
A acolhida calorosa que Dilma teve no Bandeirantes somada ao enfático apoio do PSD de Kassab contrasta com as manifestações petistas da semana. O ministro Paulo Bernardo, que tem 100% de seu orçamento familiar na folha de pagamentos do primeiro escalão federal, disse ao repórter Fernando Rodrigues ("Folha de São Paulo") que a presidente, "se estiver bem", é candidata natural à reeleição, mas terá que discutir com Lula a sucessão de 2014. Como os petistas não contestaram o juízo do ministro sobre as circunstâncias em que a sucessão da presidente deve se dar, autorizam a versão de que devem concordar com ele.
No leilão que o PT tão precocemente faz de Dilma tampouco passou desapercebido o lançamento do Instituto Lula. Custa a crer que acabar com a fome na Somália tenha sido a motivação dos sete ex-ministros - de Walfrido dos Mares Guia a Miguel Jorge - lá reunidos.
Está claro que Temer, Alckmin e Kassab têm planos para 2014 que não necessariamente passam por Dilma. Ao contrário dos petistas, no entanto, não demonstram que pretendem prescindir dela. E ainda lhe oferecem uma canoa para atravessar as marolas que o PT vem armando em seu caminho.
Maria Cristina Fernandes é editora de Política. Escreve às sextas-feiras
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