....E PARA QUEM NÃO TEVE A OPORTUNIDADE....
20/07/2006 - 00h04
São Paulo sofre, mas bate Estudiantes nos pênaltis
Marcius Azevedo
Do Pelé.Net
Em São Paulo
"Se o torcedor acha que vai encontrar tranqüilidade, pode esquecer. Ele vai sofrer e precisa ter essa consciência", avisou o goleiro Rogério Ceni na última terça-feira, véspera do confronto entre São Paulo e Estudiantes, válido pelas quartas-de-final da Copa Libertadores. O time paulista confirmou a previsão de seu camisa 1 na noite desta quarta, no Morumbi, e bateu os argentinos por 1 a 0 em duelo muito equilibrado. Com isso, levou a decisão para a disputa de pênaltis e venceu por 4 a 3, garantindo sua participação nas semifinais da competição pelo terceiro ano consecutivo.
"É claro que nós queríamos ter vencido no tempo normal. Mas assim, nos pênaltis, com mais sofrimento, é até mais emocionante. O importante é que nós passamos e continuamos na briga", comemorou o zagueiro Fabão depois da partida, durante a intensa festa feita pelos jogadores do São Paulo.
No primeiro duelo entre as duas equipes, na Argentina, o Estudiantes havia vencido por 1 a 0. No entanto, apesar da vantagem, o time visitante não foi covarde nesta quarta-feira e atacou o São Paulo, sobretudo no primeiro tempo, seguindo a previsão de Rogério Ceni e aumentando a dificuldade para os donos da casa.
Assim, o São Paulo ratificou seu histórico positivo como mandante, na Copa Libertadores, em duelos contra equipes argentinas. O time tricolor ostenta aproveitamento total de pontos na história do torneio, com nove vitórias em nove confrontos com times do país vizinho.
O triunfo diante do Estudiantes ainda confirma outro dado positivo acerca do histórico do São Paulo. Afinal, a equipe do Morumbi já havia eliminado argentinos em quatro mata-matas da Libertadores, e chegou ao título em três dessas oportunidades (a única vez que o time paulista passou por um rival do país vizinho e não faturou a taça foi em 2004, quando tirou o Rosario Central do caminho e perdeu para o Once Caldas na semifinal).
De quebra, o São Paulo exorcizou a imagem do que havia acontecido em 1994, no mesmo Morumbi. Naquela ocasião, na decisão da Copa Libertadores, o time paulista venceu o Vélez por 1 a 0 no tempo normal, mas foi superado por 5 a 3 nas penalidades e ficou com a segunda posição.
"Entramos muito nervosos em campo, até pela situação do confronto. Mas todos nos passaram muita confiança e nós conseguimos justificar os dois meses de preparação que tivemos para essa partida. A classificação representou um alívio muito grande e a possibilidade de comemorar com a nossa torcida", disse, aliviado, o zagueiro são-paulino Alex.
Nas semifinais da Libertadores, o São Paulo vai encarar o vencedor do confronto entre Vélez Sarsfield e Chivas, que se enfrentarão na próxima quinta-feira, em Buenos Aires. No primeiro duelo entre as duas equipes, no México, houve empate por 0 a 0.
O jogo
A vitória por 1 a 0 no primeiro duelo, na Argentina, e o fato de ter somado apenas um ponto em suas quatro primeiras partidas como visitante na Copa Libertadores suscitaram a idéia de uma postura cautelosa para o Estudiantes nesta quarta-feira. No entanto, a equipe argentina surpreendeu, marcou a saída de bola do São Paulo e foi ofensiva no duelo disputado no Morumbi, válido pelas quartas-de-final do torneio sul-americano.
Um pouco pela ousadia surpreendente do Estudiantes e muito por seu próprio nervosismo, o São Paulo não conseguiu concatenar uma jogada sequer em seu setor ofensivo durante a primeira etapa desta quarta-feira. O time paulista teve muitos problemas na saída de bola e sentiu falta de participação criativa do meia Danilo e do ala Júnior, ambos apagados. Com isso, os atacantes Leandro e Ricardo Oliveira precisaram sair muito da área para serem acionados e renderam menos do que poderiam ter feito.
Totalmente perdido e dando claros sinais de nervosismo, o São Paulo não conseguiu criar antes do intervalo. No entanto, foi premiado aos 44min, em falta cobrada pelo lateral-esquerdo Júnior da esquerda. O camisa 6 bateu cruzado, ninguém apareceu para cortar e o zagueiro Edcarlos, dentro da pequena área, desviou de pé esquerdo para inaugurar o placar no Morumbi.
"O que me deixa mais feliz no gol é que é um lance que nós treinamos muito. Trabalhamos muito as bolas paradas, tanto para fazer os gols quanto para evitar. Por isso, é muito bom quando vemos que todo o nosso esforço funciona", comemorou o camisa 4 do São Paulo.
O gol do São Paulo mudou totalmente o panorama do segundo tempo. Mais tranqüilo com a vantagem, o time paulista voltou com postura totalmente diferente para a segunda etapa e passou a criar seguidas oportunidades para marcar o segundo gol. Na melhor delas, aos 14min, Souza chutou cruzado da direita e o goleiro Herrera não conseguiu segurar. No rebote, com liberdade, Ricardo Oliveira concluiu à direita da meta.
Depois disso, os donos da casa voltaram a assustar em cobrança de falta de Rogério Ceni (que mandou por cima do gol aos 20min) e em finalização de longa distância do lateral-esquerdo Júnior (pegou rebote aos 26min, limpou a marcação para a esquerda e chutou à esquerda de Herrera).
O crescimento do São Paulo também foi auxiliado pelo evidente cansaço do Estudiantes. A equipe argentina não conseguiu manter a marcação sobre a saída de bola dos donos da casa, que tiveram espaço para trocar passes desde a intermediária. Além disso, os argentinos não ameaçaram sequer nos contra-golpes e apenas acompanharam o domínio do time tricolor.
Apesar da superioridade, porém, o São Paulo não conseguiu marcar e a decisão aconteceu nas penalidades. Danilo desperdiçou o quarto tiro dos donos da casa, mas Rogério Ceni defendeu a cobrança de Alayes e Carrusca chutou para fora, garantindo a classificação dos donos da casa para as semifinais.
SÃO PAULO
Rogério Ceni; Fabão, Edcarlos e Alex; Souza, Mineiro, Josué, Danilo e Junior; Leandro (Thiago) e Ricardo Oliveira
Técnico: Muricy Ramalho
ESTUDIANTES
Herrera; Ángeleri, Alayes, Huerta (Cardozo) e Álvarez; Ortiz, Galván (Cominges), Braña e Sosa (Carrusca); Lugüercio e Calderón
Técnico: Diego Simeone
Local: estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Árbitro: Carlos Chandía (Chile)
Auxiliares: Lorenzo Acuña e Mario Vargas (ambos do Chile)
Público: 66.086
Renda: 1.697.015,00
Cartões amarelos: Júnior (S), Calderón (E), Angeleri (E), Álvarez (E), Cominges (E)
Gol: Edcarlos, aos 44min do primeiro tempo
Pênaltis: Ricardo Oliveira, Rogério Ceni, Fabão e Júnior marcaram para o São Paulo, e Danilo perdeu; Calderón, Cominges e Lugüercio marcaram para o Estudiantes, e Alayes e Carrusca perderam